10º FÓRUM DE EXTENSÃO E CULTURA DA UEM RISCOS OCUPACIONAIS EM PROTÉTICOS



Documentos relacionados
CURSO DE ATUALIZAÇÃO. Gestão das Condições de Trabalho e Saúde dos Trabalhadores da Saúde

FISPQ - FICHA DE INFORMAÇÕES DE SEGURANÇA DE PRODUTO QUÍMICO

FICHA DE INFORMAÇÕES DE SEGURANÇA DE PRODUTO QUIÍMICO ( FISPQ )

CIPA GESTÃO 2013/2014

FISPQ (Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos) SAPÓLIO RADIUM PÓ (Limão, Pinho, Clássico, Lavanda, Bouquet e Laranja)

Administração Central Unidade de Ensino Médio e Técnico - Cetec. Ensino Técnico. Qualificação: Auxiliar de Farmácia

Dr. Felipe Groch CRO Especialização em Implantes Dentários

SORRISO BONITO E SAUDÁVEL PARA TODA A VIDA!

Dia Nacional da Prevenção

Espaço Confinado o que você precisa saber para se proteger de acidentes?

Entrevista n.º Quais são as suas responsabilidades em termos de higiene e segurança?

Reportagem Gestão de Resíduos

CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: FISIOTERAPIA INSTITUIÇÃO: FACULDADE ANHANGUERA DE TAUBATÉ

REGRAS DE SEGURANÇA NO LABORATÓRIO (NO FINAL DO MANUAL)

Rebrilhar Classic Alto Tráfego

PARASIL N90 SELANTE DE SILICONE NEUTRO 1. IDENTIFICAÇÃO DA SUBSTÂNCIA / PREPARAÇÃO E DA COMPANHIA / EMPRESA

PERCEPÇÃO DO GESTOR FRENTE AO USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL SÃO JOÃO DO MANHUAÇU - MG

FISPQ-FICHA DE INFORMAÇÃO SOBRE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUIMICOS.

CONCEITO DIVISÃO LABORAIS RISCOS CARACTERÍSTICA COR TIPOLOGIA DE RISCOS 16/03/2012. Riscos Operacionais. Riscos Ambientais

FICHA DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA DO PRODUTO QUÍMICO NAFTALINA

Seguro saúde - Primeira Etapa do Projeto

FISPQ (FICHA DE INFORMAÇÕES DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS.) LIMPA VIDROS MARANSO 1. IDENTIFICAÇÃO DO PRODUTO E DA EMPRESA:

TÍTULO: ERROS DE MEDICAÇÃO NA ENFERMAGEM: NO PACIENTE ADULTO HOSPITALIZADO INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO. Prevenção das Lesões por Esforços Repetitivos L E R

A importância da Ergonomia Voltada aos servidores Públicos

INSPEÇÃO DE SEGURANÇA

Vacinação para o seu filho do 6º ano do ensino básico (P6) Portuguese translation of Protecting your child against flu - Vaccination for your P6 child

INDUFIX FICHA DE INFORMAÇÕES DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS FISPQ 014 REVISÃO: 30/03/2014 PÁGINA 1/6 1 IDENTIFICAÇÃO DO PRODUTO E DA EMPRESA

Gestão Ambiental. Aula 5 Prof. Pablo Bosco

RELATÓRIO TÉCNICO. Amarelado. Característico ph 10,00 11,50 g/cm3 ( 20ºC )

A Empresa Recursos Humanos, Administração de Empresas e Seguros

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÃNDIA ESCOLA TÉCNICA DE SAÚDE CURSO TÉCNICO PRÓTESE DENTÁRIA FICHA DA SUBFUNÇÃO/COMPONENTE CURRICULAR

FICHA DE INFORMAÇÕES DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS FISPQ. Produto: POROSO SC - C Data da última revisão: 01/11/2010 Página: 1 de 5 POROSO SC - C

Proposta de programa Científico do Congresso da Associação Paulista de Medicina do Trabalho 2012

VESTIBULAR: Uma escolha profissional que interliga a família e a escola

VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL CIEVS- Centro de Informações Estratégicas em Saúde

01 Identificação do produto e da Empresa. 02 Composição e informações sobre os ingredientes. 03 Identificação de perigos

MEDIDAS DE PROMOÇÃO E PREVENÇÃO DE CÁRIE EM ESCOLARES ADOLESCENTES DO CASTELO BRANCO

PRIMER MASTER UNIVERSAL

QUEIXAS E SINTOMAS VOCAIS PRÉ FONOTERAPIA EM GRUPO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÃNDIA ESCOLA TÉCNICA DE SAÚDE CURSO TÉCNICO PRÓTESE DENTÁRIA FICHA DA SUBFUNÇÃO/COMPONENTE CURRICULAR

Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos REVISÃO 03 DATA DA REVISÃO: 26/06/2011 ACABAMENTO EPÓXI PARTE B FISPQ ACABAMENTO

Fique atento ao abuso de antibióticos na pediatria

ALVES 1,1, Paulo Roberto Rodrigues BATISTA 1,2, Jacinto de Luna SOUZA 1,3, Mileny dos Santos

Homeopatia. Copyrights - Movimento Nacional de Valorização e Divulgação da Homeopatia mnvdh@terra.com.br 2

FISPQ (Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos)

SEGURANÇA DO APLICADOR DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS

3 Manual de Instruções

PALAVRAS-CHAVE: Uso Racional de Medicamentos. Erros de medicação. Conscientização.

Lesões Músculo-esqueléticas na Medicina Dentária

AVALIAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA

I Congresso Baiano de Engenharia Sanitária e Ambiental I COBESA

FICHA DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA DE PRODUTO QUÍMICO


RELATÓRIO TÉCNICO. ph (Solução 0,2%) Aproximadamente 2,00. Ponto de Ebulição 110ºC Densidade 1,150 ( 20ºC ) Completamente solúvel em água.

FICHA DE INFORMAÇÕES DE SEGURANÇA PARA PRODUTOS QUÍMICOS

VIVER BEM OS RINS DO SEU FABRÍCIO AGENOR DOENÇAS RENAIS

MÓDULO VIII ACIDENTES COM PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS

Somos credenciados pelo MEC para os cursos de pós-graduação a distância. E somos registrados no CREA de Campos do Goytacazes-RJ. Estamos totalmente

1 Faculdade Santa Maria. 2 Faculdade São Francisco

QUALIDADE DO AR INTERIOR

FICHA DE DADOS DE SEGURANÇA

HOSPITAL DE CLÍNICAS UFPR

ERGONOMIA: ATIVIDADES QUE COMPROMETEM A SAÚDE DO TRABALHADOR

PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA. Orientações Gerais sobre as ações de Saúde Bucal no Programa Saúde na Escola

Redações vencedoras III Concurso de Redação (2015)

PROVA ESPECÍFICA Cargo 22

MULTI USO TRADICIONAL

Ficha de Informação de Segurança de Produtos Químicos VEDAPREN FAST - TERRACOTA

EXTRUTOP FICHA DE INFORMAÇÕES DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS FISPQ 017 REVISÃO: 30/03/2014 PÁGINA 1/6 1 IDENTIFICAÇÃO DO PRODUTO E DA EMPRESA

FICHA DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA DE PRODUTO QUÍMICO AMACIANTE DE ROUPAS 1) IDENTIFICAÇÃO DO PRODUTO E DA EMPRESA

ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE CONFORTO E SEGURANÇA DOS AMBIENTES DE TRABALHO EM UMA FÁBRICA DE RAÇÃO

FISPQ - FICHA DE INFORMAÇÕES DE SEGURANÇA DE PRODUTO QUÍMICO

FISPQ FICHA DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS

Biossegurança no uso de Cabine de Segurança Biológica no. manuseio de substâncias químicas, drogas e radioisótopos.

Ficha de Informação de Segurança de Produto Químico

Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos Tinta pó Branco Evereste -Pág. 01/06 Este produto atende a classificação para Cal de pintura

Chegar até as UBS nem sempre foi fácil...

ACIDENTES DE TRABALHO COM MATERIAL BIOLÓGICO E/OU PERFUROCORTANTES ENTRE OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE

CRIAÇÃO DA DISCIPLINA SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL NO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

A pneumonia é uma doença inflamatória do pulmão que afecta os alvéolos pulmonares (sacos de ar) que são preenchidos por líquido resultante da

ACIDENTES DE TRABALHO PREVINA-SE

FISPQ. FICHA DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA DE PRODUTO QUÍMICO NBR NOME DO PRODUTO: Solução Titulante

LER/DORT. Dr. Rodrigo Rodarte

FISPQ FICHA DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA DE PRODUTO QUÍMICO NBR 14725

FICHA DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA DE PRODUTO QUÍMICO MANTA PARA LAMINAÇÃO

TÍTULO: AUTORES: INSTITUIÇÃO: ÁREA TEMÁTICA 1-INTRODUÇÃO (1) (1).

Octoato de Cobalto 6% Página 1 de 5 Ultima Revisão: 26/08/2008

ANEXO VII: NR 9 - PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS ( )

1 IDENTIFICAÇÃO 2 E CAUSA O QUE É O ESTRESSE? EDITORIAL INTRODUÇÃO DEFINIÇÃO EDITORIAL ÍNDICE COMBATA O ESTRESSE COMO IDENTIFICAR O ESTRESSE?

Substâncias perigosas: Esteja atento, avalie e proteja

DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES RELACIONADOS AO TRABALHO EM PROFISSIONAIS DA LIMPEZA

Ficha de Informações de Segurança de Produto Químico. Data da última revisão: Setembro/2014

CENSO ESCOLAR - EDUCACENSO A IMPORTÂNCIA DE ATUALIZAR OS DADOS NO CENSO ESCOLAR

Lista das frases de risco e de segurança

SAÚDE MENTAL DO ENFERMEIRO E O SETOR DE EMERGÊNCIA: UMA QUESTÃO DE SAÚDE NO TRABALHO

Análise da qualidade de vida no trabalho em uma empresa prestadora de serviços de fotocópias e serviços diversos no município de Bambuí/MG

O AR QUE RESPIRAMOS Professor Romulo Bolivar.

Comércio de Produtos Químicos

Transcrição:

10º FÓRUM DE EXTENSÃO E CULTURA DA UEM RISCOS OCUPACIONAIS EM PROTÉTICOS Danielle Hoeltgebaum 1 Jessica Santos Machado 2 Paula Nishiyama 3 Simone Aparecida Galerani Mossini 4 O laboratório de prótese dentária pode reunir vários riscos que podem causar danos ao organismo de quem os manipula. No entanto são poucos os trabalhos voltados à saúde dos protéticos. O presente estudo teve como objetivo identificar os riscos ocupacionais a que os trabalhadores de laboratórios de próteses dentárias estão expostos, bem como realizar ações educativas visando à promoção, proteção e recuperação da saúde. Foi realizado um estudo observacional em laboratórios envolvidos na confecção de próteses dentárias. Participaram do estudo 94 profissionais, trabalhando em 32 laboratórios de próteses odontológicas, no município de Maringá. Questionários aplicados avaliaram funções executadas, riscos aos quais estão expostos, percepção sobre biossegurança e sinais e sintomas apresentados pelos trabalhadores entrevistados. Os resultados mostraram deficiências em conhecimentos e práticas de biossegurança, utilização de agentes químicos de toxicidade importante, condições de proteção individual e coletiva ausentes ou inadequadas. Há também sobrecarga de trabalho, indicada pela existência de jornadas extensas. Através da observação da conduta dos profissionais entrevistados diante dos riscos a que estão expostos pudemos verificar a necessidade de uma reavaliação das atitudes dos profissionais no que se refere aos danos à saúde. Também foi observada a necessidade de inclusão de temas de saúde no trabalho na formação dos profissionais, e melhores informações para os que já estão atuando. Palavras-chave: Riscos ocupacionais. Protéticos. Saúde do trabalhador. Área Temática: Saúde Coordenadora do projeto: Paula Nishiyama pnishiyama@uem.br, Departamento de Ciências Básicas da Saúde, Universidade Estadual de Maringá. Introdução O laboratório de prótese dentária pode reunir riscos à saúde do trabalhador de natureza diversa, que podem ser prejudiciais à saúde do trabalhador. Com relação aos riscos químicos, existem muitos materiais que são utilizados no laboratório de prótese que podem causar danos ao organismo de quem os manipula. Pode-se incluir neste grupo: solventes, ácidos, gases e vapores durante a polimerização das 1 Acadêmica do curso de Farmácia, Universidade Estadual de Maringá. Bolsista AFIS Fundação Araucária. 2 Acadêmica do curso de Odontologia, Universidade Estadual de Maringá. Bolsista AFIS Fundação Araucária. 3 Doutora em Saúde Coletiva, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Maringá 4 Doutora em Ciências Biológicas, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Maringá

resinas, manipulação de metais, confecção de porcelanas e também a poeira proveniente da confecção de próteses nas quais são usados estes materiais. As ligas metálicas odontológicas estão entre os materiais mais utilizados pelos técnicos em prótese dentária, sendo os metais mais empregados o cromo, níquel e cobalto (KAISER, 2002; ANUSAVICE, 2005; QUEIROZ, 2010). Há muitos anos, as ligas metálicas vêm sendo empregadas para a confecção de dispositivos de restauração oral, próteses removíveis, implantes, aparelhos ortodôntico, entre outros. Para isso, os metais passam por um processo chamado de fundição, que exige muito cuidado e atenção do profissional. Quando essa operação é realizada de forma incorreta, sem atenção especial ao uso de equipamentos de proteção individual (EPI), pode acarretar sérias consequências à saúde de quem a executa, pelo fato desses metais liberarem pós e fumos, ao serem manipulados, sendo inalados e ingeridos, podendo causar doenças graves (ANUSAVICE, 2005; QUEIROZ, 2010). Associado aos metais, os trabalhadores estão expostos a substâncias voláteis, como os monômeros acrílicos, materiais refratários e abrasivos com potencial pneumoconiogênico, sílica (moldagem, resinas compostas) que podem estar relacionados a casos de silicose. A ergonomia também assume grande importância, porque os profissionais podem desenvolver os chamados Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho - DORT. Esses profissionais são considerados com grupo de risco para dermatites de contato causadas pela exposição a vários materiais alergênicos, resinas, acrilatos, entre outros (ELLERO; LEPERA, 2008). Assim, é de suma importância levar informações a estes profissionais sobre prevenção, realizando-se, promoção da saúde e melhoria da qualidade de vida dos profissionais, que atuam nesta área. Portanto, o objetivo deste projeto é identificar os riscos a que os trabalhadores estão expostos nos laboratórios de prótese dentária, e avaliar a necessidade de ações educativas ou mudanças nas formas de trabalho desses profissionais. Materiais e Métodos Foi realizado um estudo observacional, por meio de visitas em laboratórios de próteses dentárias de Maringá no período de 22/06/12 à 10/07/12. No total foram visitados 32 laboratórios, para observação do processo de trabalho dos técnicos e auxiliares em prótese dentária, da rotina de trabalho e, principalmente, do conhecimento em relação aos riscos ocupacionais a que estão expostos durante suas atividades. Durante a vista foi aplicado um questionário aos funcionários de cada laboratório, com questões abordando o indivíduo, biossegurança e saúde. O funcionamento geral foi analisado por meio da observação direta e de um segundo questionário, respondido pelo protético responsável, a respeito do número e função dos funcionários, uso de EPIs, disposição da área física, ventilação, lavagem dos instrumentos, biossegurança e produtos confeccionados. Todos os participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O estudo foi aprovado pelo Comitê Permanente de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (COPEP) da Universidade Estadual de Maringá (CAAE N 02760812.1.0000.0104). Durante as visitas, foi entregue um folder para cada entrevistado, contendo informações sobre os principais riscos ocupacionais a que estavam expostos no ambiente de trabalho, formas de prevenção e como proceder em caso de acidentes.

A partir das informações obtidas foi avaliada a necessidade de se implantar medidas educativas a esses profissionais. Discussão de Resultados Participaram do estudo 94 funcionários entre técnicos, auxiliares, secretárias e office-boys cujas idades variam entre 13 e 77 anos e o tempo de profissão entre 2 dias a 57 anos. Identificou-se que 45 trabalhadores têm contato direto com metais, 11 realizam polimento, 13 trabalham com resina, 10 fazem escultura, 11 são auxiliares, 6 realizam trabalhos de ortodontia, 16 são ceramistas, 9 fazem enceramento, 7 trabalham com gesso, 7 realizam acrilização, 3 trabalham com cera, 5 são office-boys, 5 são secretárias e 2 trabalham com porcelana. A jornada de trabalho é variada, sendo excessiva em algumas situações (16 horas/dia), mas em geral de 3 a 16 horas diárias. A ventilação e a iluminação nas salas onde são realizadas as atividades de fundição são aparentemente adequadas em praticamente todos os laboratórios, com exceção de um laboratório que apresentava uma sala pouco ventilada e iluminada para a realização dos trabalhos. No que se refere à alimentação, em praticamente todos os laboratórios não são preparadas refeições no local de trabalho, por não contarem com local apropriado. Entretanto, de acordo com informações obtidas dos trabalhadores, são consumidos lanches, e em alguns laboratórios o consumo ocorre na própria bancada de trabalho. Quando questionados em relação ao entendimento sobre segurança durante o processo de trabalho, a maioria dos profissionais (96%) respondeu ter algum conhecimento sobre biossegurança e sobre os riscos do não uso de EPIs. Os responsáveis técnicos de todos os laboratórios entrevistados disseram manter disponíveis EPIs no local de trabalho, entre eles luvas, óculos de proteção, jaleco, máscara, protetor de ouvido, sendo os mais utilizados pelos trabalhadores os óculos e as máscaras. Apenas 21 profissionais responderam não usar nenhum EPI. Aerossóis são frequentemente formados no laboratório durante a usinagem de metais, no acabamento de núcleos fundidos ou estruturas metálicas de prótese parcial removível, e também durante o acabamento e polimento de próteses acrílicas, e podem ser prejudiciais à saúde dos funcionários se aspirados. O uso de EPIs de forma correta pode reduzir o potencial dano desses procedimentos, assim torna-se necessária uma maior conscientização dos profissionais para essa situação e, campanhas de esclarecimento sobre os riscos ocupacionais, para motivá-los a se proteger de maneira adequada. Quando os trabalhadores foram questionados sobre queixas de saúde ou sinais e sintomas apresentados, obtivemos o seguinte resultado: 10 profissionais (11%) relataram dificuldade respiratória devido a problemas de adenóide, desvio de septo, peso excessivo, cansaço, bronquite, presença de poeira no ambiente de trabalho; 8 profissionais (9%) apresentavam dor de garganta ou tosse seca constantes por motivo do pó cerâmico no ambiente, poeira em geral e cigarro; 18 (19%) apresentavam irritação nos olhos causada pela presença de poeira, pela queima de metais, poeira de gesso e porcelana e conjuntivite crônica; 14 (15%) apresentavam problemas digestivos causados por alimentação inadequada; 26 (28%) relataram sentir dores de cabeça por causa de problemas oftalmológicos, má alimentação, mudança de tempo, estresse, e sem motivo aparente; 29 (31%) relataram dores musculares devidas à má postura, movimentos repetitivos e choque térmico; 4 (4%) apresentavam tonturas, porém a causa não foi relatada; 23 (24%) apresentam algum

tipo de alergia por frio, alergia crônica, material de trabalho e metal; 1 (1%) apresentavam feridas de difícil cicatrização causada por micose. Em relação a necessidade de afastamento do trabalho, 6 profissionais (6%) relataram já terem se afastado do trabalho devido à problemas de saúde, sendo 1 afastamento por dengue, 1 por bronquite, 1 por cálculo renal, 1 por depressão, 1 por alergia, urticária e depressão e 1 por doença cardíaca. Quando questionados sobre a percepção de contaminação do ar durante atividades realizadas no laboratório de prótese (tabela 1), 33 profissionais relataram notar algum tipo de contaminação, 12 profissionais (13%) percebem poeira no ar, sendo que para apenas 1 causa incômodo, 17 (18%) relataram sentir cheiro forte, causando incômodo em 6 deles, 4 (4%) percebem poeira e cheiro forte, com 2 sentindo incômodo. Tabela 1 - Percepção da contaminação do ar durante atividades realizadas nos laboratórios de prótese. Tipo de contaminação nº Incômodos* Poeira 12 1 Cheiro forte 17 7 Poeira e cheiro forte 4 3 Total 33 11 * mal-estar, irritação nos olhos e nariz, dores de cabeça, tontura. Durante o estudo foi possível observar que há necessidade de uma readequação em relação ao mobiliário, para que possa oferecer uma posição de trabalho adequada sem que esta cause dores musculares, bem como a redução da jornada de trabalho no caso de alguns profissionais. Locais adequados para realizar refeições ajudam a evitar contaminação por materiais tóxicos presentes nos laboratórios e os longos períodos de jejum, reduzindo assim os problemas estomacais. Entre as operações que geram risco mais expressivo no laboratório de prótese dentária estão a fundição e polimento das ligas metálicas, que expõem os técnicos a fumos metálicos e às poeiras das ligas, dos materiais abrasivos e dos refratários. Os metais liberam fumos e poeiras no ar, que podem ser absorvidos pelo organismo através da inalação pelos pulmões. Também podem ser absorvidos por contato cutâneo e pela via digestiva. Os metais caracterizam-se por apresentarem um considerável risco à saúde desses profissionais. Estudos epidemiológicos e experimentais sugerem que a exposição ao cromo e ao níquel está associada ao câncer de pulmão e ao câncer nasal (IARC grupo 1). Compostos de cromo e cobalto são provavelmente carcinogênicos para os humanos (IARC grupo 2B). Através das visitas realizadas nos laboratórios de próteses dentárias nota-se que há muita desinformação e pouco conhecimento entre os protéticos a respeito dos riscos à que estão expostos ao manipularem metais, pois, muitos profissionais se recusaram a participar deste estudo por nunca terem ouvido falar sobre este tipo de intoxicação e considerarem que este material não apresenta riscos. Conclusões Embora as atividades relacionadas à moderna prótese dentária sejam descritas como seguras, apresentem poucos perigos e avanços técnicos permanentes, doenças ocupacionais persistem entre os trabalhadores, o que torna duvidosa a segurança descrita das atividades.

Cada tipo de trabalho provoca diferentes tipos de desgaste do corpo durante o processo produtivo, podendo gerar variadas sintomatologias, ligadas ao trabalho executado. Em geral, os técnicos em prótese dentária estudados trabalham em locais bem iluminados e limpos, mas nem sempre esta é a realidade. No presente estudo, observamos que o trabalho dos técnicos em prótese leva a riscos físicos, químicos, e a cargas fisiológicas e psíquicas, entretanto, apesar de terem conhecimento disto, não tomam muitas precauções para evitá-los ou diminuí-los. Há a necessidade de maior motivação e orientações aos protéticos para a prevenção de doenças relacionadas ao trabalho e possíveis intoxicações devido aos produtos utilizados durante o processo de trabalho, uma vez que parte dos profissionais avaliados mostraram-se negligentes com relação aos riscos a que estão expostos. Informações sobre estes riscos são deficientes, visto que estão expostos a materiais de alta toxicidade, inclusive com potencial carcinogênico. Dessa maneira, ações educativas a esta classe de profissionais se fazem necessárias. Estas ações devem ter por objetivo a melhoria da saúde e da qualidade de vida. Referências ANUSAVICE, K. J. Materiais Dentários de Philips. Editora Elsevier; 2005. QUEIROZ, Fernanda Tebaldi Henriques. Riscos e Cargas no Trabalho dos Técnicos em Prótese Dentária (Protético). 2010. 167 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública e Meio Ambiente) - FIOCRUZ, Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca; Rio de Janeiro, 2010. IARC Monographs on the Evaluation of the Carcinogenic Risk to Humans, Chromium, Nickel and Welding, 1990; vol 49, International Agency for Research on Cancer, Lyon, France. IARC Monographs on the Evaluation of the Carcinogenic Risks to Humans, Chlorinated drinking water, Chlorination by products, some other halogenated products compounds, cobalt and cobalt compoundas, 1991; vol 52, International Agency for Research on Cancer, Lyon, France. ELLERO, S. M; LEPERA, J. S. Occupational health risks for dental laboratory technicians. Revista de Odontologia UNESP, 37(2):133-139, 2008. CAPLA, V. S.; SILVA, M.; CARTAXO, Q.;ULISSE, J.; ARIOLI FILHO, N.; BATISTA, J. D.; ULISSES, A. Avaliação das Condutas de Biossegurança em Laboratórios de Prótese Dentária de João Pessoa, PB, Brasil. Pesquisa Brasileira em Odontopediatria e Clínica Integrada, Vol. 10, Núm. 1, enero-abril, 2010, pp. 101-106. Universidade Estadual da Paraíba, Brasil, 2010. KAISER, Frank. PPR no laboratório/ en el laboratório. Ed. Maio, 2002. p. 177-220. CIT-RS; FIOCRUZ/MS; ATOX. Monografias em Toxicologia de Urgência Para uso da Rede Nacional de Centros de Assistência Toxicológica. Porto Alegre, 1997. Vol. 6.