BENEFÍCIOS ECONÔMICOS E DO SANEAMENTO NO ESTADO DE SÃO PAULO

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Transcrição:

BENEFÍCIOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA EXPANSÃO DO SANEAMENTO NO ESTADO DE SÃO PAULO São Paulo, Novembro de 2013

1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 3 2 INVESTIMENTOS NECESSÁRIOS À UNIVERSALIZAÇÃO DO SANEAMENTO NO ESTADO DE SÃO PAULO E GERAÇÃO DE EMPREGOS... 4 3 GANHOS DA UNIVERSALIZAÇÃO DO SANEAMENTO À SAÚDE... 8 3.1 MODELO BÁSICO...10 3.2 BASE DE DADOS E MÉTODO DE ESTIMAÇÃO...12 3.3 RESULTADOS ENCONTRADOS...13 3.4 BENEFÍCIOS TOTAIS...15 4 IMPACTOS DO INVESTIMENTO EM SANEAMENTO SOBRE O MERCADO IMOBILIÁRIO..18 4.1 MODELO BÁSICO...18 4.2 BASE DE DADOS E MÉTODO DE ESTIMAÇÃO...19 4.3 RESULTADOS ENCONTRADOS...20 4.4 BENEFÍCIOS TOTAIS...22 5 CONCLUSÕES...26 6 REFERÊNCIAS...27

2 SUMÁRIO DE QUADROS QUADRO 1 PERFIL DO ATENDIMENTO PARA UNIVERSALIZAÇÃO DO SANEAMENTO NO ESTADO DE SÃO PAULO... 5 QUADRO 2 INVESTIMENTOS EM ÁGUA E ESGOTAMENTO SANITÁRIO...... 6 QUADRO 3 - INTERNAÇÕES NO SUS E ATENDIMENTO DE ÁGUA E ESGOTO NO BRASIL... 9 QUADRO 4: INCIDÊNCIA DE DIARREIA E VÔMITO POR 100 MIL HABITANTES POR DECIL DE RENDA... 12 QUADRO 5: EFEITOS MARGINAIS SOBRE A INCIDÊNCIA DE DIARRÉIA... 14 QUADRO 6: REDUÇÃO ESTIMADA NA INCIDÊNCIA DE DIARREIA COM A UNIVERSALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ÁGUA E DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO... 15 QUADRO 7: BENEFÍCIOS DIRETO, INDIRETO E TOTAL ESTIMADOS COM A REDUÇÃO NA INCIDÊNCIA DE DIARREIA... 17 QUADRO 8: EFEITOS MARGINAIS DO MODELO DE VALORIZAÇÃO IMOBILIÁRIA... 21 QUADRO 9: RESULTADOS DO IMPACTO PARCIAL DE SANEAMENTO NO VALOR ANUAL MÉDIO DO ALUGUEL POR TIPO DE ATENDIMENTO DE SANEAMENTO... 22 QUADRO 10: RESULTADOS DO IMPACTO PARCIAL DE SANEAMENTO NO VALOR ANUAL MÉDIO DO ALUGUEL (EM %) POR TIPO DE ATENDIMENTO DE SANEAMENTO... 22 QUADRO 11: BENEFÍCIOS ECONÔMICOS TOTAIS DA UNIVERSALIZAÇÃO DO SANEAMENTO NO MERCADO IMOBILIÁRIO, VALORES ANUAIS DE 2013 E VALOR TOTAL... 23 QUADRO 12: BENEFÍCIOS ECONÔMICOS DA UNIVERSALIZAÇÃO DO SANEAMENTO NO MERCADO IMOBILIÁRIO: 10 MELHORES EM TERMOS RELATIVOS (R$ DE SETEMBRO DE 2013)... 24 QUADRO 13: BENEFÍCIOS ECONÔMICOS DA UNIVERSALIZAÇÃO DO SANEAMENTO NO MERCADO IMOBILIÁRIO: COMPARAÇÃO GRÁFICA ENTREE OS 10 MELHORES EM TERMOS RELATIVOS (R$ DE SETEMBRO DE 2013)... 24 QUADRO 14: BENEFÍCIOS ECONÔMICOS DA UNIVERSALIZAÇÃO DO SANEAMENTO NO MERCADO IMOBILIÁRIO: OS 10 MELHORES EM TERMOS ABSOLUTOS (R$ DE SETEMBRO DE 2013)... 25 QUADRO 15: BENEFÍCIOS ECONÔMICOS DA UNIVERSALIZAÇÃO DO SANEAMENTO NO MERCADO IMOBILIÁRIO: COMPARAÇÃO GRÁFICA ENTREE OS 10 MELHORES EM TERMOS ABSOLUTOS (R$ DE SETEMBRO DE 2013)... 25

3 1 INTRODUÇÃO Dentre os principais motores de desenvolvimento humano, o saneamento básico é um dos que menos avançou nos últimos anos. Sua melhora está intimamente ligada à qualidade de vida da população e indiretamente ligada à manutenção da atividade econômica. É natural supor que quanto maior o número de pessoas com acesso a serviços de água e esgoto, menor o risco de contração de vários tipos de doenças, principalmente aquelas de veiculação hídrica. Além disso, quanto menos doentes, mais produtivas elas se tornam, faltando menos ao trabalho e trabalhando com mais vigor. De forma a verificar os potenciais benefícios gerados pela ampliação da política pública voltada ao saneamento básico, este Estudo pretende analisar os impactos da universalização do abastecimento geral de água e esgotamento sanitário em diferentes dimensões para os municípios do estado de São Paulo. O Estudo contém 5 Seções, incluindo esta introdução. A Seção 2 estima os recursos necessários para universalização do saneamento no estado até 2020, apresentando o perfil de atendimento ao longo do tempo e o número estimado de novos postos de trabalho criados em decorrência das inversões. A Seção 3 analisa os benefícios, sobre a saúde, dos impactos do saneamento. A Seção 4 estima os impactos dos investimentos em saneamento sobre o mercado imabiliário. A Seção 5, por fim, apresenta as conclusões do Estudo. Este documento foi baseado em fontes públicas devidamente citadas ao longo do texto.

2 INVESTIMENTOSS NECESSÁRIOS À UNIVERSALIZAÇÃO DO SANEAMENTO NO ESTADO DE SÃO PAULO E GERAÇÃO DE EMPREGOS 4 Esta Seção tem por objetivo estimar os investimentos necessários para a universalização do saneamento no Estado de São Paulo em 2020, bem como o número de postos de trabalho gerados em decorrência dessass inversões. Para isso, foram utilizados parâmetros em linha com as metas de Sabesp e do Plansab: 99% para água, 95% para coleta de esgoto e 90% esgoto. universalização da para tratamento de Com base nesses parâmetros, estimaram-se as curvas de atendimento, em termos de economias, para universalização dos serviços de saneamento de São Paulo até 2020. O Quadro 1 apresenta o perfil dessas curvas.

5 QUADRO 1 PERFIL DO ATENDIMENTO PARA UNIVERSALIZAÇÃO DO SANEAMENTO NO ESTADO DE SÃO PAULO Milhões de economias 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 95,8% 83,2% 62,5% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 99,0% 95,0% 90,0% 2019 2020 Economias Potenciais Água Coleta Tratamento Fonte: Elaboração própria *Diferentemente do que faz o PLANSAB, o perfil para tratamento de esgoto é calculado como porcentagem do total de esgoto produzido e não da quantidade coletada Hoje, o estado de São Paulo possui atendimento de 95,8% para água, 83,2% para coleta e 62,5% para tratamento de esgoto. A partir desses parâmetros e da tendência de crescimento da população brasileira, fornecida pelo IBGE, calculou-se o perfil de atendimento das economias ao longo do tempo, considerando que os serviços de saneamento estejam universalizados (curva mais alta do gráfico). A partir do perfil de atendimento do total das economias e dos parâmetros de universalização, calculou-se a evolução dos serviços de atendimento de água, coleta e tratamento de esgoto. Espera-se que em 2020, o estado de São Paulo atinja 99,0% de atendimento com rede de água, 95,0% de atendimento com rede de esgoto e um tratamento igual a 90,0% do total de esgoto produzido. Com base nessas projeções estimou-se que são necessários investimentos da ordem de R$ 35 bilhões para universalização dos serviços de atendimento de água e esgotamento sanitário

6 no estado de São Paulo até 2020. O Quadro 2 separa os investimentos entre intervenções em água e intervenções em esgoto. QUADRO 2 INVESTIMENTOS EM ÁGUA E ESGOTAMENTO SANITÁRIO Tipo de investimento Valor total entre 20111 e 2020 (R$ mil) % do total Média anual (R$ mil) Água 14.766.609,91 42% Esgoto 20.277.272,56 58% Total 35.043.882,47 100% Fonte: Elaboração própria 1.640.734,43 2.253.030,28 3.893.764,72 Estima-se que para universalização dos serviços de água do estado de São Paulo, serão necessários investimentos da ordem de R$ 14,8 bilhões, uma média anual de R$ 1,6 bilhões no período 2011-2020. Para o caso de esgotamento sanitário, estima-see investimentos da ordem de R$ 20,3 bilhões, uma média de R$ 2,2 bilhões anualmente no período considerado. Apenas a título de exemplo, a SABESP investiu, entre 2011 e 2012, uma média de R$ 2,5 bilhões, o que representa mais de 64% do total anual necessário para a universalização dos serviços de saneamento em São Paulo. Em 1999, o Departamento Econômico do BNDES desenvolveu um Modelo de Geração de Emprego (MGE) que permite estimar o aumento no número de postos de trabalho decorrente de um aumento na demanda. A premissa básica por traz do modelo é que todo aumento de demanda corresponde a um aumento equivalente na produção. Ao estabelecer uma relação entre o número de trabalhadores e a produção de determinado setor, é possível estimar quantos empregos serão gerados a partir do aumento da demanda nesse setor. Na atualização do MGE, feita em 2004, o BNDES estimou que especificamente para o setor de construção civil, um aumento de R$ 20 milhões 1 na demanda gerariam um total de 1 Valores atualizados para 2011.

7 530 novos empregos. Desses, 176 seriam empregos diretos no próprio setor, 83 seriam empregos indiretos no próprio setor e 271 seriam empregos gerados em outros setores da economia, devido ao aumento de gastos dos trabalhadores. No caso em análise, os R$ 35 bilhões investidos para universalizar os serviços de água e esgoto do estado certamente impactariam no setor de construção civil e, consequentemente, no nível de empregos. A partir do MGE, estima-se que, entre 2011 e 2020, seriam gerados anualmente o equivalente a 93 mil novos empregos na economia, totalizando 836 mil novos postos de trabalho. A próxima seção trata da relação entre saneamento e saúde, mensurando os impactos que o primeiro apresenta sobre o segundo.

3 GANHOS DA UNIVERSALIZAÇÃO DO SANEAMENTO À SAÚDE 8 O serviço de saneamento básico inclui o abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos. Esses componentes estão diretamente relacionados à qualidade de vida da população e ao desenvolvimento de atividades econômicas relacionadas com a preservação do meio ambiente, como o turismo. No que tange á qualidade de vida, é importante destacar à maior incidência de doenças relacionadas ao esgotamento sanitário precário, principalmente as diarreias relacionadas às infecções gastrointestinais. O Quadro 3Erro! Fonte de referência não encontrada. mostra, para as unidades da federação, o número de internações por doenças diarreicas no SUS em 2012, e os índices de atendimento de água e esgoto referentes ao ano de 2011 2. O mesmo Quadro mostra que as Regiões Norte e Nordeste são aquelas com o maior número de internações por diarreia e com os menores índices de atendimento de água, e principalmente, de atendimento em esgoto. De fato, os estados do Maranhão, Pará, Piauí, Acre, Rondônia e da Bahia possuíam em 2012 os maiores índices de internação por 100.000 habitantes, enquanto o índice de atendimento de esgoto nestes estados não passou de 30% (ainda distante da média nacional, 40%). Da mesma forma, os estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal, Sergipe, Minas Gerais e Rio Grande do Sul apresentam os menores índices de internação por diarreia por 100.000 habitantes, e a maioria destes estados têm índices de atendimento de esgoto bem acima da média nacional. Ou seja, os dados sugerem que há uma relação direta entre índices de atendimento de água e esgoto e o número de internações por doenças gastrointestinais ocorridas em um 2 Foram consideradas como internações por diarreia aquelas cujo diagnóstico principal foi: Cólera, Febres tifóide e paratifoide, Shiguelose, Amebíase, Diarreia e gastroenterite origem infecc presumível ou Outras doenças infecciosas intestinais.

9 determinado município. Ainda que não se possa afirmar com certeza que essa relação é direta, certamente esta é uma componente importante no entendimento do padrão de internações. QUADRO 3 - INTERNAÇÕES NO SUS E ATENDIMENTO DE ÁGUA E ESGOTOO NO BRASIL Unidade da Federação População Estimada em 2012 (IBGE) Norte Rondônia 1.407.886 389 170 128.834 57.338 Acre 574.355 534 231 174.169 76.027 Amazonas 2.900.240 195 104 68.599 37.520 Roraima 337.237 158 102 69.479 46.355 Pará 6.341.736 713 300 246.665 106.424 Amapá 498.735 199 116 68.733 40.190 Tocantins 1.184.895 266 134 91.220 46.409 Nordeste Maranhão 5.730.467 725 230 247.535 82.187 Piauí 2.873.010 652 179 217.524 60.550 Ceará 7.547.620 214 85 74.460 29.854 Rio Grande do Norte 2.815.244 261 71 87.871 24.525 Paraíba 3.468.594 292 98 98.369 32.761 Pernambuco 8.008.207 176 71 65.193 25.610 Alagoas 2.856.629 275 138 103.525 52.288 Sergipe 1.817.301 87 38 30.158 13.392 Bahia 13.214.114 363 122 124.521 42.182 Sudeste Minas Gerais 18.127.096 109 38 45.053 13.890 Espírito Santo 3.155.016 170 64 58.696 22.303 Rio de Janeiro 14.558.545 54 28 19.799 10.054 São Paulo 37.630.106 55 21 20.970 7.640 Sul Paraná 9.694.709 198 55 69.349 19.650 Santa Catarina 5.448.736 130 36 51.213 13.722 Rio Grande do Sul 10.309.819 121 38 44.569 13.840 Centro-Oeste Mato Grosso do Sul 2.111.036 175 76 61.509 28.528 Mato Grosso 2.560.584 264 107 91.519 37.238 Goiás 5.116.462 238 81 77.181 27.620 Distrito Federal 2.097.447 77 41 30.852 15.700 Brasil 172.385..826 201 73 70.983 25.998 Fonte: DataSUS e SNIS Internações no SUS em 2012 Núm. de Internações x 100.000 hab. Total 0 a 4 anos Valor Pago (R$ x 100 mil hab.) Total 0 a 4 anos Índices de Atendimento (SNIS 2011) Pop. Atendida com Água (%) Pop. Atendida com Esgotamento Sanitário (%) 41,7 3,7 62,6 20,1 79,6 26,5 80,8 18,5 42,0 3,3 37,6 4,2 73,3 13,5 50,4 10,5 64,9 5,9 72,9 28,2 75,0 19,9 71,1 25,6 68,8 15,6 73,4 16,6 81,6 15,0 78,6 29,5 86,6 65,5 84,6 40,5 88,2 59,3 95,7 86,7 89,6 56,1 86,0 17,8 88,2 25,8 85,3 30,4 85,2 30,6 83,8 38,9 99,5 93,7 82,4 48,1 Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), grande parte de todas as doenças que se alastram nos países em desenvolvimento são provenientes do uso de água de má qualidade,

10 sendo que tais doenças apresentam diversas formas de contágio, como a alimentos contaminados e até mesmo por contato físico. ingestão de água e Dessa forma, o saneamento básico está intimamente relacionado às condições de saúde da população e, mais do que simplesmente garantir acesso aos serviços, instalações ou estruturas que citam a lei, a promoçãoo do saneamento envolve, também, medidas de educação da população em geral e conservação do meio ambiente. Gamper-Rabindran et al (2007) apontam que o abastecimento de água canalizada pode ter influências diretas e indiretas sobre a mortalidade infantil à medida que a canalização da água potável tende a eliminar a exposição das crianças à água contaminada e à falta de higiene dos alimentos consumidos, a partir de uma idade precoce devido a curta duração do aleitamento materno. De forma indireta, o abastecimento de água encanada pode reduzir a mortalidade infantil quando os cuidadores das crianças se tornam aptos a dedicar mais de seu tempo ao acolhimento das crianças em vez de realizarem atividade de coleta de água. (Merrick apud Gamper-Rabindran et al, 2007). Dentro das doenças que mais acometemm os indivíduos, e relacionadas à contaminação alimentar ou falta de higiene, está a diarreia. Sendo assim, pretende-se analisar o efeito do saneamento básico nos casos de diarreia e vômito utilizando a metodologia adotada por Rosenberg et al (2000), que analisam os fatores que impactam a morbidade de diversas doenças a partir de dados de cross-section, sendo o saneamento básico um dos fatores relevantes incluídos na análise. 3.1 Modelo básico Dentro do contexto de análise econômica de saúde pública, o modelo de Grossman (1972) foi pioneiro para o estudo da demanda por saúde e por bens médicos. O aspecto mais importante da abordagem é o conceito de saúde como um bem durável (teoria de capital humano aplicada à saúde) e a ideia de que melhores condições de saúde trazem mais bem- no ramo da estar para os indivíduos. Becker (2007) argumentaa que esta literatura ensejou diversas aplicações economia da saúde. No Brasil, aplicações deste modelo estendem-se para o estudo da mortalidade infantil no Brasil (Kassouf, 1993; Alves e Beluzzo, 2004). Outro exemplo é o

11 artigo de Corman e Grossman (1985), que busca avaliar os determinantes, principalmente de política pública, focalizada em saúde nos EUA a partir de um modeloo estático. Além de fatores relacionados diretamente à política pública, os autores consideram a importância de insumos relacionados ao atendimento médico e rede hospitalar no modelo, assim como o papel da educação no aumento da produtividade da saúde. Neste estudo, entre os insumos importantes para o desenvolvimento da saúde, serão considerados os impactos de saneamento como variáveis importantes de política pública. Conforme citado anteriormente, o problema de saúde analisado será a incidência de casos de diarreia e vômitos na população do Estado de São Paulo. O modelo considerará que os casos de diarreia estão associados com três grupos causais: variáveis ambientais; variáveis de desenvolvimento econômico-social; e variáveis de política. Como a base de dados, que será discutida com detalhes na sequencia, é uma cross-section, as variáveis ambientais entre as regiões pode ser captada por variáveis binárias (dummies) regionais ou de zonas (urbanas e rurais). No caso das variáveis de desenvolvimento econômico-social, serão utilizadas variáveis de rendimento familiar per capita, gênero, educação do indivíduo e do chefe da família, estado civil, etnia, idade, dummy se mora com a mãe, dummy para posse de plano de saúde, número de membros da família, número de banheiros, dummy para geladeira e material da casa/parede. Com relação às variáveis de infraestrutura (e política pública local), cita-se: atendimento percebido de abastecimento de água e esgotamento sanitário, dummy para lixo coletado, dummy para participação no programa saúde da família. Boa parte do incremento dessa infraestrutura é de responsabilidade municipal, exceção feita ao Programa Saúde da Família. Logo, a equação básica a ser estimada é: CDV f Região, Desenvolvimento, Políticas Públicas (1) Em que: i é a unidade que representa os indivíduos da amostra;

12 é uma dummy paraa incidência de diarreia e vômito nas últimas duas semanas; ã é um conjunto de dummies regionais; é um conjunto de variáveis de desenvolvimento socioeconômico relacionadas anteriormente; í ú é um conjunto de variáveis de política relacionadas anteriormente. 3.2 Base de Dados e Método de Estimação A base de dados utilizadaa é a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) de 2008 divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As PNADs são compostas pela pesquisa básica, em que são perguntados aspectos gerais dos domicílios e de seus moradores relativos ao período referência, e o suplemento, que investiga com mais detalhe um determinado assunto. Em 2008, o tema do suplemento foi Um Panorama da Saúde no Brasil que permite identificar os indivíduos impactados por diarreia ou vômito no período de referência da pesquisa. QUADRO 4: INCIDÊNCIA DE DIARREIA E VÔMITO POR 100 MIL HABITANTES POR DECIL DE RENDA Classe de Renda (per capita) 0 a R$ 100 R$ 100 a R$ 200 R$ 200 a R$ 300 R$ 300 a R$ 400 R$ 400 a R$ 500 R$ 500 a R$ 600 R$ 600 a R$ 700 R$ 700 a R$ 800 R$ 800 a R$ 900 R$ 900 a R$ 1000 mais de R$ 1000 Incidência / 100 mil habitantes 1.056,73 516,07 540,54 436,08 155,10 416,29 265,60 316,60 659,34 315,86 223,88 A amostra foi restrita aos indivíduos do primeiro quartil de renda, por serem esses os mais impactados por problemas de diarreia na amostra. O método de estimação utilizado foi a análise de Mínimos Quadrados Ordinários com correção de White nos erros padrão (White,

13 1980). Já a estratégia de identificação do efeito consiste em verificar quanto da incidência de diarreia e vômito no estado deve-se à falta de saneamento básico. 3.3 Resultados Encontrados O Quadro 5 resume o efeitos marginais (preços marginais) do modelo estimado. Como pode ser visto, considerandoo um nível de significância de 5%, há um efeito negativo e estatisticamente significante do atendimento percebido na incidência de diarreia e vômitos, isto é, o aumento no atendimento de água e esgotamento sanitário através de rede geral de distribuição reduzem os casos de diarreia e vômito.

14 QUADRO 5: EFEITOS MARGINAIS SOBRE A INCIDÊNCIA DE DIARRÉIA Efeito Marginal Variáveis (Erro Padrão) Abastecimento de Água (Rede Geral) -0.0014488 (0.0001577) Esgotamento Sanitário (Rede Geral) -.000988 (0.0000833) Dummy de Sexo Masculino -.0013542 (0.0000537) Anos de Estudo -.0000804 (70.96e-06) 0 ou inferior a 1 ano.0000816 (90.50e-06) Anos de Estudo -.0004736 (60.95e-06) Anos de Estudo ao Quadrado 4.40e-06 (90.03e-08) 15 ou mais -.0012676 (0.0000634) Branco.0043227 (0.0006301) Negro.0062554 (0.0006372) Amarelo.0001681 (0.0007234) Pardo.0048986 (0.0006304) Mora com a Mãe -.0015103 (0.0000835) Posse de Plano de Saúde.0021177 (0.0000767) Renda Domiciliar per capita (log. natural) -.0020138 (0.0000566) Região Metropolitana -.0014451 (0.0000553) Número de Crianças até 14 anos.0007498 (0.0000206) Número de Banheiros -.0028513 (0.0000673) Dummy Lixo Coletado -.0058251 (0.0001011) Dummy de Existência de Geladeira -.0049955 (0.0001713) Dummy de Zona Urbana.0034295 (0.0001127) Constante.0286721 (0.0007268)

15 Com base no modelo estimado foi construído um cenário de redução nos casos de diarreia e vômito caso houvesse universalização do atendimento, isto é, em que todos os domicílios possuíssem atendimento em água e esgotamento sanitário através de rede geral. Os resultados podem ser visualizados no Quadro 6. No modelo estimado, encontra-se para os indivíduos no primeiro quartil de renda domiciliar, uma incidência declarada de diarreia nos últimos 14 dias 3 de 0,64% %, que, com a universalização, chega a 0,62% %. Supondo que ao longo do ano essas incidências se mantêm, encontramos uma redução nos casos declarados de diarreia de 46.340. QUADRO 6: REDUÇÃO ESTIMADA NA INCIDÊNCIA DE DIARREIA COM A UNIVERSALIZAÇÃO DOS SERVIÇOSS DE ÁGUA E DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO Variável Valor Total de pessoas no primeiro quartil de renda domiciliar 9.825.228 Incidência de diarreia esperada nas 2 últimas semanas Situação atual 0,64% Com universalização 0,62% Redução esperada nos casos de diarreia e vômito em 12 meses (52 semanas) 46.340 3.4 Benefícios Totais De forma a contabilizar os benefícios econômicos da universalização do saneamento na redução do problema de diarreia no estado, dois tipos de custo foram contabilizados: Custos Diretos e Indiretos. Na lógica econômica, a redução nos referidos custoss gera um potencial benefício econômico para a população. Os custos diretos referem-scom diarreia ou vômito. Sendo assim, verificaram-se dois tipos de custos aos custos médicos/hospitalares incorridos pelos indivíduos diretos: (i) Consulta Médica: Levantou-se quantos, dos indivíduos acometidos pela doença da amostra, procuraram consulta médica. O valor atribuído a cada consulta médica 3 A PNAD 2008 teve como data de referência o dia de 27 de setembro de 2008 (IBGE, 2008).

16 (ii) baseou-se no salário (com encargos) de um profissional do Programa Mais Médico e na estimativa de seis consultas por hora para cada profissional do programa; Medicamentos: Levantou-se quantos, dos indivíduos acometidos pela doença da amostra, compraramm algum tipo de medicamento no mesmo período em que tinha a doença. Considerou-se que o medicamento adquirido pelo paciente seria o antibiótico específico para tratamento. O valor atribuído ao medicamento baseou- se na menor cotação de preço do medicamento em sites de consulta farmacêutica. Para calcular os custos indiretos, supõe-se que a doença tenha causado perda de produtividade do trabalho por absenteísmo. Logo, para cada indivíduo acometido pela doença, verificou-se a quantidade de pessoas que declararam que, devido à diarreia, se afastaram de suas atividades (aproximadamente 8% do total) e o número médio de dias em que ficaram afastadas (em média 3,27). Essa proporção foi atribuída ao total de casos de diarreia reduzidos por conta da universalização do saneamento (ver Quadro 6). Os dias de atividade que deixariam de ser perdidos por conta da diarreia, caso houvesse universalização nos serviços de água e esgotamento sanitário no Estado de São Paulo, foram multiplicados pelo salário diário com base em um rendimento vinculado ao salario mínimo federal, a valores de setembro de 2013. O total de benefícios econômicos da universalização do saneamento na saúde (por meio da análise dos casos de diarreia e vômito) é expresso como a soma do custo direto (consultas, medicamentos) e indireto (perda de produtividade), conforme apresentado no Quadro 7. 4 4 Vale ressaltar que os efeitos médios obtidos por indivíduo foram extrapolados paraa valores em 12 meses utilizando o total de indivíduos do 1º quartil de renda do Estado de São Paulo segundo os microdados da PNAD 2008.

17 QUADRO 7: BENEFÍCIOS DIRETO, INDIRETO E TOTAL ESTIMADOS COM A REDUÇÃO NA INCIDÊNCIA DE DIARREIA R$ de Benefício setembro de 2013 Benefício Indireto (em 12 meses) Redução do absenteísmo no trabalho 8.211.349 Benefício Direto (em 12 meses) Benefício devido à redução no número de consultas 377.444 Benefício devido à redução no número de medicamentos 114.399 Benefício Total na Saúde (em 12 meses) 8.703.192 Benefício Total na Saúde (perpetuidade) 209.211.347 O total de benefícios anuais da universalização na saúde chega à cifra de 8,7 milhões de reais. Esse valor, se considerarmos como uma perpetuidade (ou seja, a contabilização da recorrência desse valor ao longo dos anos seguintes) e uma taxa de juros real de 4.16% a.a. (taxa de juros SELIC a.a. de outubro de 2013 taxa de inflação INPC 12 meses acumulada em setembro de 2013 5 ), chega ao Valor Presente Liquido de 209,2 milhões de reais e valores de setembro de 2013. 5 Fonte: IPEADATA. Consulta feita em outubro de2013.

4 IMPACTOS DO INVESTIMENTO EM SANEAMENTO SOBRE O MERCADO IMOBILIÁRIO 18 Diversas atividades econômicas e características locais são internalizadas no valor da terra. A investigação dos reflexos econômicos da ausência de saneamento básico também se relaciona à qualidade da ocupação urbana. De acordo com o levantado pelo estudo de Neri (2007), o saneamento qualifica o solo urbano, pois possibilita construções de maior valor agregado e a valorização de construções existentes, o que implica aumento do capital imobiliário das cidades. Em geral, famílias de mais baixa renda sofrem mais com problemas de saneamento. Para verificar esse efeito, será utilizado um modelo de preços hedônicos que busca explicar os preços dos imóveis com base nas suas características intrínsecas, assim como características da vizinhança e de saneamento. O mercado imobiliário analisado será o do Estado de São Paulo. 4.1 Modelo básico O método de preços hedônicos deriva da hipótese de que bens complexos ou heterogêneos podem ser descritos por um vetor de características mensuráveis (Lancaster, 1966), ou seja, é possível calcular o preço implícito dessas características, revelado a partir da observação do montante específico de características associados a ele. Essa estimação de preços implícitos é resultado da decomposição do preço do bem em relação às suas diferentes características. Dentro do mesmo contexto, Rosen (1974) argumenta que a diferença de preços entre dois bens substitutos pode ser atribuída aos vetores diferentes de características que os mesmos apresentam. Rosen iniciou o estudo hedônico no mercado imobiliário, pois atribui preços para mercados onde não existe um mercado explícito, como no caso dos dormitórios e banheiros de uma residência, por exemplo (Kanemoto, 1988). Não existe nenhuma base teórica para selecionar o conjunto de atributos das casas que devem ser inseridos. Assim, costuma-se estimar os modelos com o maior número de variáveis

19 possíveis, com foco nas informações sobre as residências, características socioeconômicas da vizinhança entre outras. Para verificar o impacto seguinte hipótese: de saneamento no mercado imobiliário, pretende-se testar a Hipótese: O acesso à rede geral de água e esgoto qualifica o solo urbano, pois possibilita construções de maior valor agregado e a valorização de construções existentes, o que implica aumento do capital imobiliário das cidades. Uma vez aceita a hipótesee acima, de que o saneamento impacta positivamente no valor dos imóveis, é possível estender os benefícios da universalização que seriam intrínsecos ao mercado imobiliário. 4.2 Base de Dados e Método de Estimação Para estimar o modelo hedônico para o Estado de São Paulo, foram utilizados os microdados da Amostra do Censo Demográfico de 2010. No Censo, temos informação do quanto as famílias do Estado dispenderam de aluguel naquele ano, assim como todas as características dos imóveis em que residem. Os resultados podem ser estendidos para todo o Estado por conta da representatividade da pesquisa para a região de interesse. As variáveis físicas dos imóveis empregadas foram: aluguel em R$ de setembro de 2013 (utilizando Índice FIPE-ZAP de aluguéis para a Cidade de São Paulo); o número de cômodos; o número de garagens; dormitórios e banheiros; atendimento percebido de abastecimento de água e esgotamento sanitário; material de parede; variável binária identificando se o imóvel é casa ou apartamento; variável dummy indicando se o imóvel possuía energia elétrica; tempo de deslocamento para o trabalho; variável binária indicando se a moradia era adequada; e variáveis binárias controlandoo por efeitos regionais (Região Metropolitana, zonas rurais ou urbanas). Sendo assim, a equação estimada pode ser descrita por: ln P = X β + d θ + u n n n n Em que:

20 n = 1,, N denota os individuos da amostra; P representa o valor do aluguel; X é um vetor de características d incluem as dummies regionais e de zona rural e urbana u representa um termo de erro estocástico. Para estimar a equação pretendida, foi utilizado o método de Mínimos Quadrados Ordinários com correção de White nos erros padrão (White, 1980). Como o valor pago de aluguel é dado em unidades monetárias, o modelo foi estimado utilizando-se o logaritmo natural dessa variável a fim de minorar o efeito da heterocedasticidade. Portanto, sob a hipótese de que as características não observadas são não correlacionadas com as observadas, os resultados estimados são consistentes e eficientes assintoticamente, refletindo, na média, o verdadeiro impacto das variáveis pretendidas na valorização imobiliária. 4.3 Resultados Encontrados O Quadro 8 resume os efeitos marginais (preços marginais) do modelo hedônico estimado. Com base no efeito positivo encontrado (e estatisticamente significante a 5%) do atendimento percebido de água e esgotamento sanitário impactam positivamente no valor dos imóveis, foram construídos cenários de universalização e estimados os preços que deveriam vigorar, caso houvesse universalização do atendimento.

21 QUADRO 8: EFEITOS MARGINAIS DO MODELO DE VALORIZAÇÃO IMOBILIÁRIA Efeito Marginal Variáveis (Erro padrão) 0.0802818 Abastecimento de Água (Rede Geral) (0.0213212) 0.1584695 Esgotamento Sanitário (Rede Geral) (0.0071503) Material predominante nasparedes 0.0849855 Alvenaria (com revestimento) (0.0306321) -0.0612579 Alvenaria (sem revestimento) (0.0307859) -0.2409977 Madeira aparelhada (0.0326377) -0.1673060 Taipa revestida (0.0843402) -0.0718101 Taipa não revestida (0.0845449) -0.2554805 Madeira (0.0435859) 0.5678715 Número de Cômodos (ln) (0.0044769) 0.0441981 Número de Dormitórios (0.0020536) 0.2098253 Número de Banheiros (0.0026945) -0.0666565 Dummy de casa (0.0106684) 0.3298211 Dummy de apartamento (0.0111924) 0.2449991 Existência de Energia Elétrica (Rede Geral) (0.0486681) 0.0579725 Existência de Energia Elétrica (Outras fontes) (0.0515468) 0.0550250 Abastecimento de Água (Poço) (0.0228117) 0.0384311 Abastecimento de Água (Chuva) (0.1688387) 0.0499414 Esgotamento Sanitário (Fossa Séptica) (0.0090515) -0.0002176 Esgotamento Sanitário (Fossa Rudimentar) (0.0095405) -0.0399549 Esgotamento Sanitário (Vala) (0.0135814) Tempo Máximo de Deslocamento -0.0045256 6 a 30 minutos (0.0022371) -0.0402231 30 a 60 minutos (0.0025961) -0.0824254 60 a 120 minutos (0.0033571) -0.1276409 Mais de 120 minutos (0.0071083) 0.0229945 Dummy de percepção de moradia adequada (0.0590566) -0.0405698 Dummy de percepção de moradia semi adequada (0.0589967) 0.1346344 Dummy de zona urbana (0.0110306) 6.8852540 Constante (0.0862872)

22 Os resultados no valor médios dos alugueis podem ser visualizados Quadro 10. no Quadro 9 e no QUADRO 9: RESULTADOS DO IMPACTO PARCIAL DE SANEAMENTO NO VALOR ANUAL MÉDIO DO ALUGUEL POR TIPO DE ATENDIMENTO DE SANEAMENTO Atendimento do Domicílio Número de Domicílios - Estado de SP Ganho imobiliário anual médio com universalização (R$ de set/03) Água Esgoto Água e Esgoto Sem água e sem esgoto Apenas em água Apenas em esgoto Em água e esgoto 179.564 149 729 793.678 0 734 49.050 246 0 12.030.962 0 0 13.053.253 900 734 246 0 QUADRO 10: RESULTADOS DO IMPACTO PARCIAL DE SANEAMENTO NO VALOR ANUAL MÉDIO DO ALUGUEL (EM %) POR TIPO DE ATENDIMENTO DE SANEAMENTO Atendimento do Domicílio Ganho imobiliário, em %, com universalização Água Esgoto Água e Esgoto Sem água e sem esgoto Apenas em água Apenas em esgoto Em água e esgoto Ganho médio (ponderado por domicílios) 3,03% 0,00% 2,76% 0,00% 0,04% 14,78% 14,87% 0,00% 0,00% 0,77% 18,26% 14,87% 2,76% 0,00% 0,81% 4.4 Benefícios Totais De forma a contabilizar os benefícios econômicos na valorização imobiliária, advindos da universalização do saneamento, os efeitos médios obtidos por domicílio foram extrapolados

23 para os 13.053.253 domicílios de São Paulo 6 e para valores anuais, gerando os resultados apresentados no Quadro 11. QUADRO 11: BENEFÍCIOS ECONÔMICOS TOTAIS DA UNIVERSALIZAÇÃO DO SANEAMENTO NO MERCADO IMOBILIÁRIO, VALORES ANUAIS DE 2013 E VALOR TOTAL Atendimento do domicílio Ganho anual médio Ganho anual total Sem água e sem esgoto Apenas em água Apenas em esgoto Em água e esgotoo Total (em reais por ano) R$ R$ R$ R$ 900,04 734,18 246,00 - R$ R$ R$ R$ R$ 161.614.867 582.699.768 12.066.216-756.380.851 Total (em reais - perpetuidade) R$ 18.182.231.9888 O total de benefícios anuais da universalização chega à cifra de 756,,4 milhões de reais. Esse valor, se considerarmos como uma perpetuidade (ou seja, a contabilização da recorrência desse valor ao longo dos anos seguintes) e uma taxa de juros real de 4.16% a.a. (taxa de juros SELIC a.a. de outubro de 2013 taxa de inflação INPC 12 meses acumulada em setembro de 20137), chega ao Valor Presente Liquido de 18,2 bilhões de reais e valores de setembro de 2013. Em termos de potencial de valorização, o Quadro 12 e o Quadro 13QUADRO 13 apresentam os dez municípios com maior potencial de valorização relativa. Por sua vez, o Quadro 14 e o Quadro 15 apresentam os dez municípios com maior potencial de valorização absoluta. Note-se que as grandes cidades paulistas figuram entre as que mais ganham, em termos absolutos, com a universalização do esgotamento sanitário. 6 O total de os 13.053.253 domicílios foram calculados com base nos microdados do Censo de 2010. 7 Fonte: IPEADATA. Consulta feita em outubro de 2013.

24 QUADRO 12: BENEFÍCIOS ECONÔMICOS DA UNIVERSALIZAÇÃO DO SANEAMENTO NO MERCADO IMOBILIÁRIO: 10 MELHORES EM TERMOS RELATIVOS (R$ DE SETEMBRO DE 2013) Valorização Imobiliária com universalização água e esgoto Município Valorização anual média Percentual Ilhabela Itapura Jumirim Paulicéia Jarinu Bertioga Hortolândia Juquitiba Salto Grande Itapecerica da Serra 756 14,91% 800 12,64% 549 10,13% 557 9,70% 517 9,16% 506 8,84% 498 8,71% 478 8,61% 509 8,53% 422 8,50% QUADRO 13: BENEFÍCIOS ECONÔMICOS DA UNIVERSALIZAÇÃO DO SANEAMENTO NO MERCADO IMOBILIÁRIO: COMPARAÇÃO GRÁFICA ENTRE OS 10 MELHORES EM TERMOS RELATIVOS (R$ DE SETEMBRO DE 2013)

25 QUADRO 14: BENEFÍCIOS ECONÔMICOS DA UNIVERSALIZAÇÃO DO SANEAMENTO NO MERCADO IMOBILIÁRIO: OS 10 MELHORES EM TERMOS ABSOLUTOS (R$ DE SETEMBRO DE 2013) Valorização Imobiliária com universalização água e esgotoo Município Valorização anual total Percentual São Paulo Hortolândia Campinas Guarulhos Cotia Osasco Itapecerica da Serra Praia Grande 147.390.251 0,51% 28.167.583 8,71% 24.531.883 0,90% 17.239.345 0,84% 16.166.247 5,12% 16.046.507 1,28% 14.763.134 8,50% 14.191.909 2,71% São Bernardo do Campo 13.594.234 0,93% Ubatuba 12.191.346 7,98% QUADRO 15: BENEFÍCIOS ECONÔMICOS DA UNIVERSALIZAÇÃO DO SANEAMENTO NO MERCADO IMOBILIÁRIO: COMPARAÇÃO GRÁFICA ENTRE OS 10 MELHORES EM TERMOS ABSOLUTOS (R$ DE SETEMBRO DE 2013)

26 5 CONCLUSÕES Estima-se que são necessários investimentos da ordem de R$ 35 bilhões para universalização dos serviços de atendimento de água e esgotamento sanitário no estado de São Paulo até 2020. Para universalizar o atendimento de água no estado são necessários R$ 14,8 bilhões (42% do total). No caso do atendimento de esgoto, a cifra é de R$ 20,3 bilhões (58% do total). Em termos anuais, é preciso mobilizar R$ 1,6 bilhões para universalizar o atendimento de água no estado até 2020. No caso de esgotamento sanitário, a inversão anual necessária é da ordem de R$ 2,2 bilhões até 2020. Utilizando o Modelo de Geração de Empregos (MGE) do BNDES, estima-se que seriam criados, em média, 93 mil novos postos de trabalho até a universalização do saneamento em 2020. Isso significa um total de 836 mil novos empregos criados entre 2011 e 2020. A universalização dos serviços de saneamento no estado poderiam reduzir em mais de 46.000 os casos de diarreia. Ano a ano seria possível economizar R$ 8,7 milhões com redução de gastos com medicamentos e aumento da produtividade. Trazido a valor presente, isso significaria uma economia de R$ 209 milhões. Estimou-se que a universalização do atendimento de água poderia trazer um incremento médio de 0,04% no valor dos aluguéis dos imóveis do estado. A universalização do atendimento de esgoto, por sua vez, aumentaria os aluguéis em 0,77%. Anualmente, os ganhos com aluguéis chegaria a R$ 756,4 milhões. Isso significaria um incremento de renda de R$ 18,2 bilhões, caso trazido a valor presente. Em termos absolutos, a valorização imobiliária traria enormes ganhos às maiores cidades do estado. O município de São Paulo seria o maior beneficiado com um aumento de 0,51% (R$ 147 milhões) no valor dos imóveis. Em segundo e terceiro lugares encontram- e 0,90% (R$ se, respectivamente, Hortolândia e Campinas com 8,71% (R$ 28 milhões) 24 milhões. Em termos relativos, os maiores beneficiados em termos de valorização imobiliária seriam Ilhabela (14,91%),, Itapura (12,64%) e Jumirim (10,13%).

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