Multiplicação in vitro de cultivares de batata em meios de cultura líquido.

Documentos relacionados
Eficiência comparativa na multiplicação in vitro da batata em sistema estacionário e sob agitação do meio líquido.

EFEITO DA BENZILAMINOPURINA (BAP) NA MICROPROPAGAÇÃO DA VARIEDADE CURIMENZINHA (BGM 611) DE MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz)

INFLUÊNCIA DA POSIÇÃO DE CULTIVO DA MICROESTACA NA MICROPROPAGAÇÃO DA MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz) Introdução

Cultivo in vitro de segmentos nodais de variedades silvestres de abacaxi.

INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO DE ACESSOS E MEIOS DE CULTURA NA MICROPROPAGAÇÃO DA MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz)

CRESCIMENTO in vitro DE PLÂNTULAS DE ORQUÍDEAS SUBMETIDAS A DIFERENTES PROFUNDIDADES DE INOCULAÇÃO E CONSISTÊNCIA DO MEIO DE CULTURA

;Agutr) Energia e Sustentabilidade

Micropropagação de framboeseira em diferentes concentrações de ferro - NOTA -

INFLUÊNCIA DO MEIO DE CULTURA E DE UM FERTILIZANTE SOLÚVEL NA MICROPROPAGAÇÃO DA MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz)

Produção de Mudas de Abacaxizeiro Pérola Utilizando a Técnica do Estiolamento In Vitro

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

CULTIVO in vitro DE EMBRIÕES DE CAFEEIRO: concentrações de meio MS e polpa de banana RESUMO

Estiolamento e Regeneração in vitro de Abacaxizeiro Pérola

Diferenciação de Tubérculos de Batata em Função da Concentração de Nitrogênio na Solução Nutritiva.

Produção de mudas pré-básicas de batata por estaquia a partir de plantas micropropagadas

MÉTODOS DE ASSEPSIA E CONTROLE OXIDAÇÃO EM GEMAS APICAIS DE AZALEIA RESUMO

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Enraizamento in vitro de Aechmea setigera, bromélia endêmica da Amazônia, Acre, Brasil

Franca, Mariana Almeida Micropropagação de cana-de-açúcar cultivar RB Mariana Almeida Franca. Curitiba: f. il.

ESTABELECIMENTO IN VITRO

da Embrapa Agroindústria Tropical - Rua Dra. Sara Mesquita, Bairro Pici Fortaleza, CE -

Analista da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Caixa Postal 007, , Cruz das Almas, BA. 2

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Indução e crescimento de calos em explantes foliares de hortelã-docampo

20º Seminário de Iniciação Científica e 4º Seminário de Pós-graduação da Embrapa Amazônia Oriental ANAIS. 21 a 23 de setembro

REGENERAÇÃO DE GEMAS DE ALGODOEIRO (Gossypium hirsutum L.) cv. BRS 201

CONCENTRAÇÕES DOS SAIS DO MEIO MS E EXTRATO DE CHIA NO CULTIVO DE EMBRIÕES DE CAFEEIRO in vitro RESUMO

UTILIZAÇÃO DO SISTEMA DE IMERSÃO TEMPORÁRIA (SIT) NA MICROPROPAGAÇÃO DA BATATA-DOCE

GERMINAÇÃO E DESENVOLVIMENTO IN VITRO DE ARAÇÁ (Psidium guineense Swart)

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

CULTURA NO CULTIVO IN VITRO DE ABACAXIZEIRO E BANANEIRA

GERMINAÇÃO in vitro DE Coffea canephora cv. Tropical EM DIFERENTES MEIOS DE CULTURA E AMBIENTES DE CULTIVO

MICROPROPAGAÇÃO IN VITRO DA MAMONA UTILIZANDO A CITOCININA 6- BENCILAMINOPURINA*

Nos países de clima tropical, a mandioca (Manihot esculenta Crantz) é considerada uma das

Micropropagação de Aechmea tocantina Baker (Bromeliaceae) Fernanda de Paula Ribeiro Fernandes 1, Sérgio Tadeu Sibov 2

Efeito de Diferentes Concentrações de BAP e Tipos de Explantes na Indução de Calo em Nim Indiano.

MULTIPLICAÇÃO IN VITRO DE ARAÇÁ-VERMELHO (PSIDIUM CATTLEIANUM SABINE VAR. HUMILE) MYRTACEAE 1

INFLUÊNCIA DOS MEIOS DE CULTURA NA TAXA DE MULTIPLICAÇÃO DE EXPLANTES DE Gypsophila cv. Golan

EFEITO DA CONCENTRAÇÃO DO MEIO MS NA MICROPROPAGAÇÃO DA MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz) Introdução

GERMINAÇÃO IN VITRO DE Coffea arabica e Coffea canephora

MEIOS DE CULTURA PARA MICROPROPAGAÇÃO IN VITRO DE BATATA

Produção de Batata-Semente em Sistema de Canteiros.

AVALIAÇÃO DE DIFERENTES EXPLANTES E COMBINAÇÕES DE REGULADORES VEGETAIS (BAP E ANA) NO CULTIVO IN VITRO DE Physalis pubences L.

Efeito do BAP na Indução de Brotações Adventícias em Catingueira

Multiplicação in vitro de Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P.Queiroz sob Diferentes Concentrações de Isopenteniladenina

INDUÇÃO DE MÚLTIPLOS BROTOS DA CULTIVAR DE ALGODÃO BRS-VERDE. *

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 289

Eng. Agrôn., Dr., pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS, 4

ANÁLISE DA TAXA DE MULTIPLICAÇÃO IN VITRO ENTRE AS CULTIVARES DE BATATA-INGLESA ÁGATA E ATLANTIC

Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 5918

Concentrações de citocinina e carvão ativado na micropropagação de pimenta-do-reino

PROTOCOLO DE PRODUÇÃO DE MUDAS IN VITRO DE Tabernaemontana catharinensis DC.

Estabelecimento in vitro da pitanga vermelha (Eugenia uniflora L.)

EM ÁPICES CAULINARES EM DUAS CULTIVARES DE BANANEIRA (Musa sp.)

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

CELL DIFFERENTIATION AND PLANT REGULATORS ON BANANA

GERMINAÇÃO IN VITRO E DESENVOLVIMENTO INICIAL DE COROA- DE-FRADE (Melocactus zehntneri)

MICROPROPAGAÇÃO DE VARIEDADES DE MANDIOCA CULTIVADAS NO NORDESTE

Multiplicação in vitro do hibrido de morangueiro CRxSC adaptado as condições do Norte de Minas

Efeito do BAP (6-benzilaminopurina) na Multiplicação in vitro de Catingueira

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Vegetal, Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane s/n, , Jaboticabal-SP. RESUMO

EFEITO DA POSIÇÃO DE COLETA DE EXPLANTES NO ESTABELECIMENTO IN VITRO DE Araucaria angustifolia (BERTOL.) KUNTZE

EFEITOS DE SUBSTRATOS E RECIPIENTES NA ACLIMATAÇÃO DE PLÂNTULAS DE ABACAXIZEIRO [Ananas comosus (L.) Merril] CV. PÉROLA 1

CRIOPRESERVAÇÃO DE GENÓTIPOS DE MANDIOCA

Anais do Seminário de Bolsistas de Pós-Graduação da Embrapa Amazônia Ocidental

INFORMAÇÕES GERAIS DO TRABALHO

Uso de fertilizante de liberação lenta na multiplicação de batatasemente

Indução de brotação in vitro em curauá: sistema de cultivo e concentrações de BAP

ISSN Abacaxizeiro Ornamental, Ananas comosus var. erectifolius, em Meio Líquido e Gelificado

Tecnologias para produção de mudas de pequenas frutas e frutas nativas. Márcia Wulff Schuch Prof Titular Fruticultura FAEM/UFPel P PP

Controle da Contaminação in vitro de Explantes de Nim Indiano.

ASSEPSIA DE PROPÁGULOS VEGETATIVOS DE CANA-DE-AÇÚCAR PARA CULTIVO In vitro 1. INTRODUÇÃO

Concentrações de BAP sobre a proliferação in vitro de brotos de Lippia alba

PROPAGAÇÃO CLONAL IN VITRO DO GENÓTIPO CSRN 142 DE Ricinus communis L. UTILIZANDO O FITORREGULADOR TIDIAZURON*

Utilização de 6-benzilaminopurina na indução de brotações laterais de caules de abacaxizeiro cultivados em viveiros

Micropropagação de Ananas bracteatus (Shultz) cv. striatus Hort.

CONCENTRAÇÕES DE 6-BENZILAMINOPURINA (BAP) E CINETINA (CIN) E TEMPOS DE CULTIVO NA MICROPROPAGAÇÃO DE BANANEIRA THAP MAEO

Efeito da concentração de vitaminas e das fontes de carbono no superbrotamento da mamona utilizando o genótipo BRS Nordestina

Micropropagação de Amoreira-preta 'Cherokee I 111.Efeito de Cinetina e Meios de Cultura

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 13

PROPAGAÇÃO IN VITRO DE SETE CAPOTES (Campomanesia guazumifolia)

EFEITOS DE BAP E SACAROSE SOBRE EXPLANTES NODAIS DE Derris urueu (KiIlip et Smith) Macbride VISANDO À INDUÇÃO DE BROTAÇÕES

ESTABELECIMENTO in vitro DE ROSEIRA: EFEITO DO REGULADOR DE CRESCIMENTO BAP

Aclimatização ex vitro de Aechmea setigera, bromélia endêmica da Amazônia, Acre, Brasil

REGENERAÇÃO IN VITRO DE SEMENTES DO BANCO ATIVO DE GERMOPLASMA DE MAMONA

INDUÇÃO AO ESTIOLAMENTO IN VITRO DE BROTOS DE ABACAXI cv. PÉROLA RESUMO SUMMARY

MULTIPLICAÇÃO DE ABACAXIZEIROS ORNAMENTAIS EM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE BAP E PERÍODOS DE AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO IN VITRO

Produção de Mudas de Melancia em Bandejas sob Diferentes Substratos.

INDUÇÃO DO SUPERBROTAMENTO DA MAMONA BRS-PARAGUAÇU ATRAVÉS DO CULTIVO IN VITRO

MULTIPLICAÇÃO DE EXPLANTES NO CULTIVO IN VITRO DE

ESTABELECIMENTO IN VITRO DE AROEIRA-VERMELHA EM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE BENZILAMINOPURINA E ACIDO NAFTALENO ACÉTICO 1

Comparação de Diferentes Sistemas de Cultivo in vitro de Jatropha curcas Rosetânia Neves da Conceição 1 e Gessiel Newton Scheidt 2

21 o Seminário de Iniciação Científica da Embrapa Amazônia Oriental 20 a 22 de setembro de 2017 Belém - Pará

AVALIAÇÃO DA GERMINAÇÃO DE Cattleya loddigesii Lindley SOB DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE ÁGUA SANITÁRIA COMERCIAL NA DESINFECÇÃO DE SEMENTES RESUMO

EFEITO DE DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE NITROGÊNIO E DE SACAROSE SOBRE A PROPAGAÇÃO IN VITRO DA SAMAMBAIA-ESPADA [ Nephrolepis exaltata (L.

REGENERAÇÃO DE EMBRIÕES A PARTIR DE CALO EMBRIOGÊNICO FRIÁVEL DO TIPO HFSE DE DUAS ESPÉCIES DE CAFÉ (Coffea canephora, Coffea arabica)

IN VITRO DE AMOREIRA-PRETA CV. TUPY

Transcrição:

Multiplicação in vitro de cultivares de batata em meios de cultura líquido. Jonny Everson Scherwinski Pereira 1 ; Gerson Renan de Luces Fortes 1 Embrapa Acre, C. Postal 321, 69908-970, Rio Branco - AC. E-mail: jonny@cpafac.embrapa.br; 2 Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, C. Postal 02372, 70770-900, Brasília, DF. RESUMO O objetivo do trabalho foi avaliar o comportamento in vitro de cinco cultivares de batata em três diferentes meios de cultura de multiplicação de consistência líquida. Explantes das cultivares Baronesa, Cristal, Eliza, Macaca e Pérola, com 0,8 a 1,0 cm de comprimento e uma gema axilar, foram cultivados em três diferentes meios de cultura de consistência líquida, assim constituídos: MS, formado pelo meio básico de MS; M2, formado pelos sais de MS, acrescido de 30 g.l -1 de sacarose, 2,0 mg.l -1 do ácido pantotênico, 0,4 mg.l -1 de tiamina e os reguladores de crescimento ácido naftalenoacético (ANA) (0,01 mg.l -1 ) e ácido giberélico (AG 3 ) (0,25 mg.l -1 ) e M2M, formado pelos sais de MS na concentração plena, 0,25 mg.l -1 de AG 3, 5,0 mg.l -1 de ácido pantotênico, 1,0 mg.l -1 de tiamina e 20 g.l -1 de sacarose. A cultivar Macaca teve a maior taxa de multiplicação e crescimento in vitro, enquanto a Cristal foi a que apresentou o menor desempenho para estes parâmetros. Independentemente da cultivar, os melhores resultados foram observados quando as cultivares foram cultivadas no meio de cultura M2M. Palavras-chaves: Solanum tuberosum, micropropagação, meio líquido, propagação clonal. ABSTRACT In vitro multiplication of potato cultivars in liquid culture media The purpose of this work was to evaluate the in vitro behavior of five potato cultivars in three different liquid culture media. Potato explants of Baronesa, Cristal, Eliza, Macaca and Pérola cultivars ranging from 0.8 to 1.0 cm length and one axillary bud, were cultivated in three different liquid culture media: MS, was accomplished by MS salts and vitamins. M2, formed by MS salts, added with sucrose (30g L -1 ), panthotenic acid (2.0 mg L -1 ), thiamine (0.4 mg L -1 ), NAA (0.01 mg L -1 ) and GA 3 (0.25 mg L -1 ). The M2M medium was formed by the MS salts added with GA 3, (0.25 mg L -1 ) panthotenic acid (5.0 mg L -1 ), thiamine (1.0 mg L -1 ) and sucrose (20 g L -1 ). The Macaca cultivar had the highest multiplication rate and growth, while Cristal cv. was the one presenting the lowest scores for these parameters. Regardless the cultivar the best results were observed when the explants were cultivated in M2M culture medium. Keywords: Solanum tuberosum, micropropagation, liquid medium, clonal propagation.

2 Por estar diretamente relacionada à produtividade e qualidade dos tubérculos produzidos, a utilização de sementes de alto padrão fitossanitário é fundamental para a exploração comercial de batata, merecendo atenção especial por parte dos produtores. A degenerescência devido ao efeito cumulativo de viroses na produção, traz a necessidade de se buscar novas técnicas que permitam o aumento da taxa de multiplicação, em curto espaço de tempo, de materiais comprovadamente livres de patógenos (Assis, 1999; Lopes & Reifschneider, 1999; Pereira et al., 2001; Pereira & Fortes, 2004a, b). Rotineiramente, a técnica de micropropagação vem sendo aplicada para este fim e representa uma das formas mais viáveis de se propagar plantas de batata isentas de doenças, especialmente viroses. Na etapa de multiplicação, a capacidade dos explantes sobreviverem, desenvolverem e se multiplicarem é conseqüência de vários fatores, pois a cultura de tecidos, como técnica de propagação vegetativa, necessita ser adaptada às necessidades das espécies e cultivares por estas diferirem geneticamente entre si, podendo apresentarem resultados diferentes sob as mesmas condições de cultivo. Além disso, o uso de meios de cultura apropriados constitui-se condição básica, pois é ele que vai proporcionar os nutrientes necessários para o crescimento e diferenciação dos tecidos (Ziv, 1995; Kozay et al., 1997). Outro fator a ser considerado é o estado físico dos meios de cultura. A maioria dos trabalhos com batata in vitro, baseia-se no uso de meios de cultura semi-sólidos (Ávila et al., 1994; Pereira et al., 2000). Entretanto, a utilização de meios de cultura de consistência líquida podem proporcionar igual ou até maior eficiência na multiplicação in vitro, pela facilidade da preparação e manipulação, redução dos custos pela eliminação do ágar e possibilidade de utilizar menor quantidade de meio de cultura para o cultivo dos explantes (Pereira & Fortes, 2000; Fortes & Pereira, 2003; Pereira & Fortes, 2003). Por estas vantagens, têm sido observado um crescente aumento em se ajustar protocolos visando o cultivo em meio líquido (Levin et al., 1997; Escalona et al., 1999; Feuser et al., 2001) Para a batata, Pereira & Fortes (2000; 2004b) verificaram que para algumas cultivares, o meio líquido mostrou-se mais eficiente quando comparado ao meio semi-sólido, sugerindo ser um importante fator a ser observado em trabalhos futuros de multiplicação in vitro desta espécie. O objetivo do trabalho foi avaliar o comportamento in vitro de cinco cultivares de batata em três diferentes meios de cultura de consistência líquida. MATERIAL E MÉTODOS

Utilizou-se material propagativo de batata (Solanum tuberosum L.) que se encontrava sob multiplicação em meio de cultura formado pelos sais e vitaminas de MS (Murashige & Skoog, 1962) e que estava acondicionado em sala de crescimento a 25 2ºC, fotoperíodo de 16 horas e radiação de 35 mol.m -2.s -1. Explantes de batata das cultivares Baronesa, Cristal, Eliza, Macaca e Pérola, com tamanho aproximado de 0,8 a 1,0 cm e uma gema axilar, foram cultivados em três diferentes meios de cultura de consistência líquida, assim constituídos: M2, formado pelos sais de MS, acrescido de 30 g L -1 de sacarose, 2,0 mg L -1 do ácido pantotênico, 0,4 mg L -1 de tiamina e os reguladores de crescimento ácido naftalenoacético (ANA) (0,01 mg L -1 ) e ácido giberélico (AG 3 ) (0,25 mg L -1 ) (Chandra, 1991); M2M, formado pelos sais de MS na concentração plena, adicionado de 0,25 mg.l -1 de AG 3, 5,0 mg.l -1 de ácido pantotênico, 1,0 mg.l -1 de tiamina e 20 g.l -1 de sacarose (Pereira & Fortes, 2003); e, o meio básico de MS, rotineiramente utilizado em trabalhos de multiplicação da batata. O experimento seguiu um esquema fatorial 3 x 5, totalizando 15 tratamentos. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados. Cada tratamento foi repetido quatro vezes, sendo cada parcela formada por 10 explantes. Utilizaram-se frascos Erlenmeyers de 250 ml com 15 ml de meio líquido, os quais foram mantidos sob agitação contínua, em mesa agitadora do tipo orbital (80 a 90 rpm). Os cultivos foram mantidos em sala de crescimento a 25±2 C, fotoperíodo de 16 horas e radiação luminosa de 35 mol m -2 s -1, fornecida por lâmpadas fluorescentes (Sylvania, 40w) brancas frias. Os dados foram coletados após 21 dias de cultivo dos explantes. As variáveis avaliadas foram: altura de brotação (porção compreendida entre a região do colo e a inserção da última folha) e taxa de multiplicação do material vegetal (contagem do número de gemas formadas no final do período de cultivo, excluindo-se a apical). Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade. Os dados referentes à taxa de multiplicação (x) foram transformados segundo x 0,5. RESULTADOS E DISCUSSÃO Tanto para a altura de brotações quanto para a taxa de multiplicação do material vegetal não foi verificado interação significativa entre cultivares x meio de cultura (Tabela 1). Entre os genótipos testados, a cultivar Macaca foi a que apresentou os melhores resultados para a variável altura de brotações, independentemente do meio de cultura onde foi cultivada. A cultivar Cristal, apresentou o menor crescimento em meio líquido, com brotações medindo, em média, 3,6 cm. A taxa de multiplicação foi significativamente maior na cultivar Macaca 3

4 (8,6:1) e menor na Cristal (6,4:1). As outras cultivares testadas não apresentaram diferenças significativas entre si quanto a esta variável (Figura 1A e C). Quando se avaliou a altura de brotações em razão do tipo de meio de cultura utilizado, verificou-se que, independentemente dos genótipos testados, os melhores resultados foram obtidos quando o material foi cultivado nos meios M2M e M2. Entretanto, para taxa de multiplicação resultados superiores foram obtidos quando os genótipos se desenvolveram no meio M2M (Figura 1B e D). Estes resultados confirmaram a hipótese de que a composição do meio de cultura constitui-se como fator importante para a melhoria nos resultados, principalmente em relação a taxa de multiplicação do material vegetal. França (2000), trabalhando com meio de cultura MS de consistência semi-sólida e com as cultivares Baronesa, Macaca e Cristal, obteve taxa de multiplicação média de 5,5:1, portanto, inferior às médias obtidas neste trabalho com meio liquido. TABELA 1. Análise da variação para altura de brotações e taxa de multiplicação de cultivares de batata em função de diferente meios de multiplicação de consistência líquida. Quadrado Médio Causas da variação GL Altura de brotações Taxa de multiplicação Cultivar (A) 4 13,133** 0,257** Meio de cultura (B) 2 6,533** 0,549** Blocos (C) 3 A x B 8 0,313 ns 0,006 ns Resíduo 42 0,195 0,013 C.V. (%) 8,2 3,9 ** - significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F. ns não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

5 A B 6,3 a 5,9 b 5,6 bc 5,5 c 5,8 a 5,6 a 4,7 b 3,6 d Macaca Pérola Eliza Baronesa Cristal Cultivar M2M M2 MS Meio de cultura C D 8,6 a 7,8 b 7,7 b 7,3 b 6,4 c 8,6 a 7,4 b 6,7 c Macaca Baronesa Eliza Pérola Cristal Cultivar M2M M2 MS Meio de cultura Figura 1. Altura de brotações (A, B) e taxa de multiplicação (C, D) de batata em meio de cultura de consistência líquida em razão da cultivar e do meio de cultura, após 21 dias de cultivo. LITERATURA CITADA ASSIS, M. Novas tecnologias na propagação de batata. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.20, n.197, p.30-33, 1999. ÁVILA, A.; PEREYRA, L.S.M.; COLLINO, D.J.; ARGÜELLO, J.A. Effects of nitrogen source on growth and morphogenesis of three micropropagated potato cultivars. Potato Research, Wageningen, v. 37, p.161-168, 1994. CHANDRA, R. Problems in in vitro conservation of potato germplasm at CPRI, Shimla. Journal of Indian Potato Association, New Deli, v.18, n.3-4, p.162-166, 1991. ESCALONA, M; LORENZO, J.C.; GONZÁLEZ, B.; DAQUINTA, M.; GONZÁLEZ, J.L.; DESJARDINS, Y.; BORROTO, C.G. Pineapple (Ananas comosus L. Merr) micropropagation in temporary immersion systems. Plant Cell Reports, New York, v.18, p.743-748, 1999. FEUSER, S.; NODARI, R.O.; GUERRA, M.P. Eficiência comparativa dos sistemas de cultura estacionária e imersão temporária para a micropropagação do abacaxi. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.23, n.1, p.06-10, 2001. FORTES, G.R.L.; PEREIRA, J.E.S. Batata-semente Pré-básica: Cultura de Tecidos. In: PEREIRA, A.S.; DANIELS, J. (Eds.). O cultivo da batata na região sul do Brasil. Brasília: Embrapa, DF : Embrapa Informação Tecnológica, 2003. p.421-433.

6 FRANÇA, R.B. Aspectos bioquímicos de cultivares de batata (Solanum tuberosum L.) multiplicadas in vitro sob diferentes concentrações de sacarose e crescimento em casa de vegetação. 2000. 50 f. Dissertação (Mestrado em Fisiologia Vegetal) Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2000. KOZAY, T.; KUBOTA, C.; JEONG, B.R. Environmental control for the large-scale production of plants through in vitro techniques. Plant Cell, Tissue and Organ Culture, Dordrecht, v.51, p.49-56, 1997. LEVIN, R.; ALPER, Y.; STAV., R.; WATAD, A. Methods and apparatus for liquid media and semi-automated micropropagation. Acta Horticulturae, Wageningen, v.447, 659-663, 1997. LOPES, C.A.; REIFSCHNEIDER, F.J.B. Manejo integrado das doenças da batata. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.20, n.197, p.56-60, 1999. MURASHIGE, T.; SKOOG, F. A revised medium for rapid growth and bioassays with tobacco tissue cultures. Physiologia Plantarum, Copenhagen, v.15, p.473 497, 1962. PEREIRA, J. E. S.; FORTES, G. R. L. Multipliation in vitro de la papa em meio sólido y líquido: influencia de diferentes medios de cultura. Horticultura Argentina, v. 19, n.46, p.24, 2000. PEREIRA, J. E. S.; FORTES, G. R. L.; SILVEIRA, A.O. Influência do número de gemas e da posição de inoculação dos explantes sobre a multiplicação in vitro da batata. Horticultura Brasileira, v.18, suplemento, p.179-180, 2000. PEREIRA, J.E.S.; MEDEIROS, C.A.B.; FORTES, G.R.L.; PEREIRA, A.S.; DANIELS, J. Avaliação de dois sistemas hidropônicos na produção de material pré-básico de batata. Horticultura Brasileira, Brasília, v.19, suplemento CD-Rom, 2001. PEREIRA, J. E. S.; FORTES, G. R. L. Protocolo para a produção de material propagativo de batata em meio líquido. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.38, n.9, p.1035-1043, 2003. PEREIRA, J. E. S.; FORTES, G. R. L. Produção de mudas pré-básicas de batata por estaquia a partir de plantas micropropagadas. Horticultura Brasileira, Brasília, v.22, n.2, p.185-191, 2004a. PEREIRA, J. E. S.; FORTES, G. R. L. Organogênese de ápices meristemáticos de batata em meios de isolamento e multiplicação in vitro. Horticultura Brasileira, Brasília, v.22, n.2, p.196-200, 2004b. ZIV, M. The control of bioreactor environment for plant propagation in liquid culture. Acta Horticulturae, Wageningen, v.393, 25-38, 1995.