Diferentes Ambientes e Doses de Fósforo na Formação de Mudas de Tamarindeiro Adênio Louzeiro de Aguiar Júnior (1) ; Franklin Eduardo Melo Santiago (2); Flávia Louzeiro de Aguiar (3) ; Laércio da Silva Pereira (4) ; Gustavo Cassiano da Silva (5) (1) Estudante de Engenharia Florestal; Universidade Federal do Piauí, Campus Prof.ª Cinobelina Elvas (CPCE); adeniojunior_101@hotmail.com; (2) Estudante de Engenharia Agronômica, Universidade Federal do Piauí - CPCE, franklin.santiago@hotmail.com.br; (3) Estudante de Engenharia Agronômica, Universidade Federal do Piauí - CPCE, flavia-lo-uzeiro@hotmail.com; Estudante de Engenharia Agronômica, Universidade Federal do Piauí - CPCE, abreu91@hotmail.com; Estudante de Engenharia Agronômica, Universidade Federal do Piauí - CPCE, cassired@hotmail.com.br RESUMO A elaboração do presente trabalho teve como objetivo avaliar o crescimento de mudas de tamarindeiro em diferentes ambientes e doses de fósforo. Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial de 2x4 com cinco repetições, sendo quatro doses de P (P2O5), mais a testemunha (0,0; 2,5; 5,0; e 10,0 Kg m -3 ), e dois ambientes, luminosidade de 50% e a céu aberto. Os parâmetros avaliados foram: altura das mudas, diâmetro do colo, número de folhas, massa seca da parte aérea, massa seca de raiz, massa seca total e relação altura/diâmetro. As mudas foram avaliadas após 48 dias da semeadura, e foi possível concluir que o ambiente com luminosidade de 50% associado a dose de 10,0 kg m -3 de P2O5 corresponderam as melhores condições para a produção de mudas de tamarindeiro. Palavras-chave: Tamarindus indica, adubação fosfatada, mudas, luminosidade. INTRODUÇÃO O Tamarindus indica L. (tamarindeiro), é originário das Índias, entretanto, há muito tempo é cultivado no Brasil principalmente nos Estados da região Nordeste. É considerada uma espécie de grande importância, uma vez que se podem estabelecer usos específicos para toda a árvore, faz-se uso de sua madeira, dos frutos, sementes e folhas as quais são usadas principalmente para a forragem animal, produção de extratos medicinais, componentes industriais e condimentares. No entanto, é na fruticultura que essa espécie vem se destacando, pois sua polpa é amplamente usada no preparo de doces, bolos, sorvetes, xaropes, licores, refresco e principalmente sucos concentrados (FERREIRA et al., 2008). A produção de mudas é, sem duvidas, uma importante etapa para quem deseja um cultivo em larga escala e com qualidade, principalmente, em culturas perenes como é o caso do tamarindeiro. Segundo Barbosa (2003), as plantas quando fertilizadas com adubo mineral proporciona um aumento significativo no crescimento, vigor, taxa de sobrevivência em campo e precocidade das mudas. - Resumo Expandido - [479] ISSN: 2318-6631
De acordo com Malavolta et al. (1997), o fósforo desempenha importantes funções nas plantas, pois este faz parte de processos fisiológicos e moléculas essenciais no metabolismo das plantas, como é o caso do DNA (ácido desoxirribonucleico), o RNA( ácido ribonucleico), polímeros de nucleotídeos, ésteres, e Pi (fósforo inorgânica). Ainda segundo este mesmo autor, o fósforo quando aplicado em dozes ideais proporciona o desenvolvimento radicular, uma boa formação da planta e consequentemente, ocorre o aumento da produção. Para o melhor crescimento das mudas, é comum o uso de estufa, casa de vegetação, e telados como meio de controle de pragas e aclimatação, entretanto, há também uma necessidade de estudos da influência do ambiente a céu aberto no processo de produção das mudas. Contudo, estudos comparativos que discutam sobre a influência destes diferentes ambientes na produção de mudas ainda são escassos. Filho et al. (2003), observou em seus estudos que a influencia do ambiente foi significativa para mudas de jatobá (Hymenaea courbaril L.), onde ambientes a céu aberto apresento uma taxa de emergência superior ao ambiente protegido com tela sombrite 50%. Em mudas de Caesalpinia ferrea submetidas a sombreamento de 50% apresentou áreas foliares e a massa seca inferior as plantas cultivadas em ambiente aberto (LIMA et al. 2008). Assim, o objetivo do presente trabalho é avaliar o crescimento de mudas de tamarindeiro em diferentes ambientes (viveiro e céu aberto) e doses de fósforo. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no setor de viveiros do Campus Prof.ª Cinobelina Elvas da Universidade Federal do Piauí, situado no município de Bom Jesus, PI, localizado às coordenadas 09º04 28 S e 44º21'31 W, no período de 04 de fevereiro a 23 de março de 2013. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, em esquema fatorial de 2x4 com cinco repetições, sendo quatro doses de P (0; 2,5; 5,0 e 10,0 kg m -3 de P2O5) e dois ambientes, protegido (luminosidade de 50%) e a céu aberto. As sementes de tamarindo foram obtidas na feira municipal e em seguida submetidas à escarificação química em ácido sulfúrico por 15 minutos. A semeadura ocorreu em sacos plásticos de 2,0 dm -3, furados lateralmente e preenchido com substrato a base de solo+areia+esterco na proporção 3:2:1 v/v. Para a semeadura foram utilizadas três sementes por recipiente, e dez dias após a semeadura realizou-se o desbaste, permanecendo apenas a planta mais vigorosa. O adubo fosfatado utilizado foi o superfosfato simples, aplicados ao substrato na época do enchimento dos sacos plásticos. As irrigações foram realizadas com regador manual duas vezes ao dia. Aos 48 dias após a semeadura foram avaliados os seguintes parâmetros: altura de mudas (ALT), diâmetro do caule (D), número de folhas (NF), massa seca da parte aérea (MSPA), massa seca de raiz (MSR), massa seca total (MST) e relação altura/diâmetro (ALT/D). A altura foi medida da superfície do substrato até a inserção da última folha com régua graduada, o diâmetro do colo com paquímetro digital. Para obtenção das massas secas todo o material foi colocado em estufa com circulação de ar a 65º C, até atingir peso seco constante. Os dados da pesquisa foram submetidos à análise de variância empregando o sistema de análise estatística SISVAR, versão 4.0 (FERREIRA, 2000). As médias do fator ambiente foram comparadas entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade e as doses de fósforo foram submetidas à análise de regressão polinomial pelo software SigmaPlot versão 10.0. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na tabela 1 observa-se que a altura, massa seca da parte aérea e massa seca total foram influenciadas pela interação entre os diferentes ambientes e as doses de fósforo aplicadas, enquanto para a massa seca de raiz, houve efeito isolado dos dois fatores, já o diâmetro e número de folhas - Resumo Expandido - [480] ISSN: 2318-6631
foram influenciados apenas pelos diferentes ambientes. Não houve nenhum efeito significativo dos tratamentos sobre a relação altura/diâmetro. Tabela 1. Análise de variância dos parâmetros de crescimento de mudas de tamarindeiro em função de diferentes ambientes e doses de fósforo. FV ALT D NF MSPA MSR MST ALT/D Ambiente (A) 55,93** 22,60** 12,70** 22,68** 20,57** 23,77** 0,01 ns Fósforo (F) 1,81 ns 0,64 ns 1,61 ns 3,32* 6,49** 3,96* 0,53 ns Para A x F altura observou-se 3,99* que o ambiente 1,69 ns protegido 1,43 ns e a dose 3,07* de 10,0 kg 2,11 m -3 ns de P2O5 3,04* foi à combinação 0,42 ns que promoveu melhor resposta para esta variável, ou seja, 29,7 cm (Figura 1a). Ressalta-se que esta variável CV % apresenta grande 17,13 importância, 20,84 uma vez 19,54 que, define 31,07 o momento 33,59 em que a 30,47 muda se encontra 34,50 em estágio ótimo para ir a campo. Resultados semelhantes foram encontrados por Souza et al. (2007) FV: fatores de variação; ALT: altura; D: diâmetro; NF: número de folhas; MSPA: massa seca que alcançou maior altura (33,72 cm) quando aplicou 10 kg m -3 da parte aérea; MSR: massa seca de raiz; MST: massa de P2O5, também corroborado por seca total; ALT/D: relação altura/diâmetro. CV: coeficiente de variação; ** e * significativo a 1 e 5% de probabilidade pelo teste Tukey; ns: não Souza et al. (2003). significativo. Altura (cm) 32 30 28 26 24 22 20 18 16 14 12 Viveiro y= 0,0817x²-0,6748x+28,4298 R²= 0,68 Céu aberto y= -0,9337x+22,7600 R²= 0,97 (a) Massa seca da parte aérea (g planta -1 ) 1,8 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 Viveiro y= 0,0124x²-0,1343x+1,6295 R²= 0,64 Céu aberto y= -0,0846x+1,2700 R²= 0,99 Figura 1. Altura (a) e massa seca da parte aérea (b) de mudas de tamarindeiro em função de diferentes ambientes e doses de fósforo. A massa seca da parte aérea (Figura 1b) e massa seca total (Figura 2a) apresentaram comportamento quadrático, demonstrando haver um decréscimo na variável com o aumento das doses de fósforo, representando uma redução de 6 e 8%, respectivamente, quando aplicado a dose máxima no ambiente protegido. Provavelmente apenas o suprimento fornecido pelo substrato foi suficiente para promover o crescimento inicial das mudas de tamarindeiro. Corroboram Souza et al. (2007) que encontraram resultados semelhantes com produção de mudas de tamarindeiro em função de doses crescentes de fósforo. (b) - Resumo Expandido - [481] ISSN: 2318-6631
Para a massa seca de raiz a aplicação de fósforo apresentou um comportamento quadrático, proporcionando um efeito negativo desta variável com redução de 59,2% na dose máxima em relação à dose zero de P2O5 (Figura 2b). (a) 2,2 0,34 Massa seca total (g planta -1 ) 2,0 1,8 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 Viveiro y= 0,0162x²-0,1773x+1,9887 R²= 0,69 Céu aberto y=-0,1029x+1,5300 R²=0,99 Massa seca de raíz (g planta -1 ) 0,32 0,30 0,28 0,26 0,24 0,22 0,20 0,18 0,16 y= 0,0031x²-0,0428x+0,3222 R²= 0,99 Figura 2. Massa seca total de mudas de tamarindo em função de diferentes ambientes e doses de fósforo (a) e massa seca de raiz em função de doses de fósforo (b). Para o número de folhas as maiores médias foram encontradas quando as mudas de tamarindeiro foram cultivadas em ambiente protegido, proporcionando 19,8% de incremento nesta variável em relação a céu aberto (Tabela 2). Mendonça et al, (2008) constataram, num trabalho realizado em ambientes de telado e a céu aberto, que as mudas de tamarindo produziram números de folhas semelhantes em ambos ambientes, diferindo assim dos resultados encontrado no presente trabalho. Para o diâmetro do colo houve um incremento de 27,3% quando cultivadas em ambiente com protegido (Tabela 2). Segundo Daniel et al. (1997) o diâmetro do colo é um índice biométrico de bastante relevância na produção de mudas em geral, pois indica incrementos iniciais de desenvolvimento e a capacidade de sobrevivência da muda no campo. A maior massa seca de raiz foi obtida em mudas produzidas em ambiente com protegido, tendo um aumento de 37,9% (Tabela 2), consequentemente maior probabilidade de estabilidade no campo, uma vez que a mesma é responsável pela absorção de água e nutrientes do solo. Provavelmente este ambiente sombreado proporcionou um melhor microclima, com temperaturas mais amenas e menor evapotranspiração. Tabela 2. Valores médios do número de folhas (NF), diâmetro do colo (D) e massa seca da raiz (MSR). - Resumo Expandido - [482] ISSN: 2318-6631
Ambiente NF D MSR (mm) (g) Céu aberto 9,90 b 2,18 b 0,18 b 50% de luminosidade 12,35 a 3,00 a 0,29 a Médias 5,71 1,30 0,12 CV % 19,54 20,84 33,59 CONCLUSÕES - Médias Na produção seguidas de letras de iguais mudas não diferem do entre tamarindeiro si pelo teste de o Tukey ambiente a 5% de probabilidade. protegido, com 50% de luminosidade, proporcionou os melhores resultados na produção de mudas. - Dentre as doses de fósforo, a que apresentou melhor desempenho foi a de 10,0 kg m -3 de P2O5. AGRADECIMENTOS Os autores manifestam seus agradecimentos à UFPI, por disponibilizar a estrutura física para a realização desta pesquisa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, Z.; SOARES, I.; CRISÓSTOMO, L. A. Crescimento e absorção de nutrientes por mudas de gravioleira. Revis. Bras. de Fruticultura, Jaboticabal, v. 25, n. 3, p. 519-522, 2003. DANIEL, O; VITORINO, A.C.T.; ALOVISI, A.A.; MAZZOCHIN, L.; TOKURA, A.M.; PINEIRO, E.R.; SOUZA, E.F. Aplicação de fósforo em mudas de Acácia mangium Willd. Revista Árvore, v.21, n.2, p.163-168, 1997. FERREIRA, D. F. Análise estatística por meio do SISVAR (sistema para análise de variância) para windows versão 4.0. In: reunião anual da região brasileira da sociedade internacional de biometria, 45., 2000, são carlos. Anais... São carlos: ufscar, 2000. P. 255-258. FERREIRA, E. A.; MENDONÇA, V.; SOUZA, H. A.; RAMOS, D. J. Adubação Fosfatada e Potássica na Formação de mudas de Tamarindo. Scientia Agraria, Curitiba, v.9, n.4, p.475-480, 2008. FILHO, J L.S.; BLANK, M. F.A.; BLANK, A.F.; RANGEL, M.S. Produção de Mudas de Jatobá (Hymenaea Courbaril L.) Em Diferentes Ambientes, Recipientes e Composições de Substratos. CERNE, V.9, N.1, p.109-118, 2003. MALAVOLTA, E. et al. Avaliação do estado nutricional das plantas: princípios e aplicações. 2. ed. Piracicaba: Potafos, 1997. MENDONCA, V.; ABREU, N. A. A. de, SOUZA, H. A.; TEIXEIRA, G. A.; HAFLE, O. M.; RAMOS, J. D. Diferentes ambientes e Osmocote na produção de mudas de tamarindeiro (Tamarindus indica). Ciência Agrotecnologia, v.32, n. 2, p. 391-397, 2008. - Resumo Expandido - [483] ISSN: 2318-6631
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