OCORRÊNCIA DA FAMILIA FELIDAE EM FRAGMENTOS FLORESTAIS DO SUL DE MINAS GERAIS, BRASIL

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Transcrição:

6ª Jornada Científica e Tecnológica e 3º Simpósio de Pós-Graduação do IFSULDEMINAS 04 e 05 de novembro de 2014, Pouso Alegre/MG OCORRÊNCIA DA FAMILIA FELIDAE EM FRAGMENTOS FLORESTAIS DO SUL DE MINAS GERAIS, BRASIL Talita Nazareth de ROMA 1 ; Katia Regina de Carvalho BALIEIRO 2 ; Diogo Lopes GONÇALVES 3 RESUMO Sabe-se que muitos felinos têm sido afetados pela fragmentação de seus habitats ao ponto de muitos estarem ameaçados de extinção. Uma medida para iniciar o processo de recuperação é conhecer as espécies que ocorrem em cada região. Desta forma, foi realizado um levantamento parcial da ocorrência de felinos no Município de Inconfidentes/MG. Os dados apresentados referem-se a ocorrência da Família Felidae no intervalo de julho de 2012 a julho de 2014, quando foram reunidos registros por meio de observações diretas e indiretas, constando de registros de pegadas em parcelas de areia e imagens com emprego de adaptadores fotográficos. Foram obtidos registros diretos e indiretos de dois táxons da Ordem Carnivora Família Felidae, são eles: a espécie Puma concolor (Linneus, 1771) e o gênero Leopardus sp. INTRODUÇÃO O Brasil detém a segunda maior diversidade mundial de mamíferos com uma estimativa de 688 espécies. Destas, 251 espécies estão no Bioma Mata Atlântica, sendo 160 mamíferos endêmicos deste bioma (REIS et al., 2011). A flora e a fauna brasileira são frequentemente ameaçadas pelo desmatamento e consequente fragmentação das florestas (ALVES, 2009). A fragmentação de habitats é um processo que ocorre quando este é dividido em componentes menores em decorrência do uso da terra pelo homem. Segundo Rambaldi & Oliveira (2003) o homem é o principal modificador ou destruidor destes hábitats em consequência de sua expansão social e econômica. 1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais Câmpus Inconfidentes. Inconfidentes/MG, email: tnroma@gmail.com; 2 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais Câmpus Inconfidentes. Inconfidentes/MG, email: kabalieiro@gmail.com; 3 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Câmpus Inconfidentes. Inconfidentes/MG, email: diogolopesg@gmail.com;

Mamíferos de médio e grande porte são importantes elos dos ecossistemas e despertam interesse natural nas pessoas sob os mais diferentes aspectos (Reis et al. 2011). Alguns promovem regeneração e manutenção do local pela dispersão de sementes como as antas, macacos, roedores, gambas e porcos do mato; enquanto outros promovem a manutenção do equilíbrio ecológico regulando o tamanho populacional de outros vertebrados, realizada por médios e grandes carnívoros predadores (PARDINI et al., 2003). Existem 18 gêneros de felídeos descritos na atualidade, sendo predadores extremamente eficientes com aguçados sentidos de visão, olfação e audição, dentre eles destacam-se os gatos-do-mato, jaguatiricas, onças e outras. Possuem crânio robusto e rostro curto, proporcionando grande força na mordida. Com relação à dentição apresentam caninos fortes e dentes carniceiros desenvolvidos, sendo uma das famílias mais especializadas em carnivoria. O número de dentes é reduzido, os quais, em conjunto com as garras retráteis, são utilizados na captura de suas presas (REIS et al.,2011). Este relato tem como objetivo descrever a ocorrência de exemplares da Família Felidae, dentre a mastofauna silvestre presente em fragmentos de mata do sul de Minas Gerais visando à divulgação científica em prol da conservação dos indivíduos e de suas áreas de vida. Ademais, fomenta a proteção dos fragmentos florestais em favor da gestão ambiental integrada promovendo a qualidade e quantidade de recursos naturais disponíveis de modo a assegurar a sustentabilidade regional. MATERIAIS E MÉTODOS Áreas de fragmentos florestais estacionais semi-deciduais no Município de Inconfidentes sul de Minas Gerais, coordenadas geográficas 22 19 02 S, 46 19 40 W e altitude média de 855 m foram percorridas em julho de 2012 para pesquisa prévia de vestígios. Empregou-se a observação direta por meio de registro fotográfico e, indireta por meio de vestígios identificados em armadilhas de pegadas. Nas trilhas e locais onde foram observados vestígios de animais instalou-se quatro adaptadores fotográficos e nove armadilhas de pegadas. A inspeção dos locais para coleta de registros foi efetuada diariamente. Neste trabalho de pesquisa o registro fotográfico de pegadas em parcelas de areia previamente cevadas ocorreu de julho de 2012 a julho de 2014 enquanto o

registro de imagens ocorreu entre março e julho de 2014, quando quatro armadilhas fotográficas do tipo câmera trap (Tigrinus ) foram dispostas em pontos distintos no interior dos fragmentos florestados. A identificação das pegadas foi procedida com auxilio do Manual de Rastros de Mamíferos Silvestres Brasileiros (BECKER & DALPONT, 1999). RESULTADOS E DISCUSSÕES Foram obtidos registros diretos e indiretos de dois táxons da Ordem Carnivora Família Felidae, são eles: um indivíduo da espécie Puma concolor (Linneus, 1771) e um indivíduo do gênero Leopardus sp. A seguir, informações relevantes sobre os táxons registrados. - Puma concolor (Linneus, 1771) Conhecida como onça parda ou suçuarana é um animal de grande porte com orelhas pequenas e arredondadas e cauda comprida. Sua coloração é parda ou avermelhada uniforme (Figura 1). Os machos adultos pesam de 67 a 105 kg e as fêmeas de 30 a 60 kg. A reprodução pode ocorrer o ano todo, sem estação definida, nascendo de 1 a 6 filhotes, a maturidade sexual de machos ocorre, em média aos 36 meses enquanto em fêmeas pode se dar aos 30 meses (REIS et al., 2009; MIRANDA et al., 2009). São predadores oportunistas, sendo sua dieta composta por mamíferos, aves, répteis e invertebrados (REIS et al., 2011). Historicamente, a distribuição de onça-parda abrangia grande parte da América do Norte até a América do Sul, atualmente encontra-se na lista de espécies ameaçadas de extinção. Por serem predadores de topo de cadeia alimentar, as onças-pardas influenciam diretamente na ecologia da comunidade de fauna e, indiretamente na ecologia da comunidade de flora, das áreas onde ocorrem (SILVEIRA, 2004). Fonte: Roma (2014) Figura 1: Registro fotográfico da Puma concolor (a) e pegada dianteira (b).

- Leopardus sp O gênero Leopardus apresenta-se distribuído amplamente na Região Neotropical e consta em diversos biomas, tanto em áreas tropicais como em áreas desérticas. Em relação ao gradiente altitudinal, ocorre desde o nível do mar até altitudes de 5100 m. Tem porte pequeno e a pelagem com variedade de padrões de manchas (Figura 2), tais como rosetas aglutinando-se e formando bandas ou listras oblíquas no sentido escápulo inguinal ou bandas irregulares em séries verticais ao invés de predominantemente rosetas (NASCIMENTO, 2010) Seus hábitos oportunistas possibilitam o consumo de uma ampla variedade de presas pequenas e de médio porte (REIS et al., 2009; MIRANDA et al., 2009). Fonte: Roma (2014) Figura 2: Registro fotográfico de Leopardus sp. Existem poucas informações disponíveis relativas aos aspectos ecológicos dos pequenos felídeos. A seguir descrevem-se informações básicas sobre as três espécies de maior destaque na região, conforme os autores Reis et al. (2009) e Miranda et al.,(2009). L. pardalis (jaguatirica) é a maior espécie do gênero, podendo os machos atingir 16,5 kg enquanto o L. tigrinus (gato-do-mato) é a menor espécie de felino do Brasil, pesando até 3,5 kg e tendo proporções semelhantes às do gato doméstico. O L. wiedii (gato-maracajá) tem peso médio de 3,3 kg e pode ser confundido com L. tigrinus, mas neste a proporção da cauda em relação ao corpo é maior. Conforme descreveram Reis et al. (2009), devido à destruição de habitats e à caça pela sua pelagem, as três espécies são consideradas espécies vulneráveis no Brasil. O isolamento de fragmentos de mata pode não resultar, de imediato, em uma redução no número de espécies. Imediatamente após o seu isolamento pode haver um aumento nesse número devido à busca por refúgio nestes fragmentos, mas a tendência ao longo do tempo é que este número se reduza, por exacerbamento de

processos competitivos, e escassez progressiva de recursos ambientais, que interferem na qualidade de vida das espécies nativas (ALVES, 2009). Em consequência, espécies que possuam necessidade de grandes áreas para exercer seu nicho são excluídas dos fragmentos que não forneçam uma área mínima para a sua sobrevivência, ou algum recurso chave. A fragmentação limita o potencial de dispersão e colonização de espécies, pois cria barreiras a estes processos, reduzindo a habilidade ou possibilidade de obtenção de alimentos para algumas espécies, já que algumas precisam movimentar-se por grandes áreas para se alimentar. Além disto, pode dividir populações em subpopulações que não mais se encontram, causando a endogamia, e outros problemas associados a pequenos tamanhos de população (PRIMACK & RODRIGUES, 2001). A diminuição da área de hábitat de boa qualidade para uma espécie rara afeta muito as chances de ela continuar existindo. A fragmentação pode ser a causadora direta de uma drástica diminuição no tamanho efetivo de muitas populações animais e de sua variabilidade genética, reduzindo a longevidade e as chances adaptativas (DOTTA, 2005). Algumas ações que podem ser implementadas decorrem da criação de uma Unidade de Conservação, o que garantirá a proteção e a regeneração destes fragmentos em prol da formação de corredores ecológicos. Posteriormente, estudos específicos sobre rotas de dispersão e tamanho de área de vida destas espécies de carnívoros, através de métodos como a radio-telemetria poderão ser viabilizados, já que nesta região, a floresta ciliar é inexistente em diversos pontos, diminuindo as chances de trânsito e o fluxo de trocas gênicas entre as espécies mais ameaçadas. Outras ações concorrentes que vão ao encontro das propostas, referem-se ao arcabouço jurídico que garanta sustentável ocupação e uso dos solos em favor da proteção das áreas de recarga de aquíferos e dos demais serviços ambientais que os fragmentos propiciam. CONCLUSÕES Os dados desta pesquisa revelaram registros diretos de duas categorias taxonômicas da Ordem Carnívora e Família Felidae sendo elas 1 (um) indivíduo da espécie Puma concolor (Linneus, 1771), que atualmente está na categoria vulnerável à extinção e 1 (um) indivíduo do gênero Leopardus com as três espécies mais comuns descritas como vulneráveis.

REFERÊNCIAS BLIOGRÁFICAS ALVES, T. R. Diversidade de mamíferos de médio e grande porte e sua relação com o mosaico vegetacional na fazenda experimental Edgárdia, UNESP, Botucatu/SP. 2009. 113p. Dissertação (Mestrado) Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agronômicas, Botucatu. BECKER, M. e DALPONT, J. C. Rastros de mamíferos silvestres brasileiros: um guia de campo. 2ª edição. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1999. 180p. DOTTA, G. Diversidade de mamíferos de médio e grande porte em relação à paisagem da Bacia do Rio Passa-Cinco, São Paulo. 2005. 116p. Dissertação (Mestrado) Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. MIRANDA, João M. D., MORO-RIOS, R. F., SILVA-PEREIRA, J.E., PASSOS, F.C. Guia Ilustrado mamíferos da Serra de São Luiz do Purumã Paraná, Brasil. Pelotas, 2009. 200p. Ed. USEB, (Manuais de Campo USEB, 12). NASCIMENTO, F. O. Revisão taxionômica do gênero Leopardus Gray, 1842 (Carnivora, Felidae). 2010. 357p. Tese (Doutorado) Universidade de São Paulo. PARDINI, R.; DITT, E. H.; CULLEN, JR., L.; BASSI, C.; RUDRAN, R. Levantamento rápido de mamíferos terrestres de médio e grande porte. In: CULLEN JUNIOR, L; RUDRAN, R; PADUA-VALLADARES, C. (Org). Métodos de estudos em biologia da conservação e manejo da vida silvestre. Curitiba: Ed. UFPR; Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, p. 169-179, 2003. PRIMACK, R.B.; RODRIGUES, E. Biologia da conservação. Editora: E. Rodrigues. 2001. 327 p. RAMBALDI, D. M.; OLIVEIRA, D. A. S. Fragmentação de Ecossistemas: causas, efeitos sobre a Biodiversidade e recomendações de políticas públicas. Ministério do Meio Ambiente/ Secretaria de Biodiversidade e Florestas. Brasília, 2003. 510p. REIS, N. R., PERACCHI, A. L., FREGONESI, M. N., ROSSANEIS, B. K. Guia Ilustrado mamíferos do Paraná- Brasil. Ed. USEB (Manuais de Campo USEB, 13).Pelotas, 2009. 220p. REIS, N. R., PERACCHI, A. L., PEDRO, W. A., LIMA, I. P. Mamíferos do Brasil. Londrina, 2011. 439 p. : il.; 27cm. ROMA, T. N. Acervo pessoal de finalidade científica. 2014. SILVEIRA, L. Ecologia comparada e conservação da onça-pintada (Panthera onca) e onça-parda (Puma concolor), no Cerrado e Pantanal. 2004. 240p. Tese (Doutorado) - Universidade de Brasília.