COMPORTAMENTO DE CÃES DE ABRIGO COM E SEM ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL EM TRÊS CATEGORIAS Autores: SADRYNNE MENDES ARAUJO SANTOS, BRUNA FERNANDA CARVALHO CUNHA, JULIANA PEREIRA LOPES, ISABEL CRISTINA DE SANTANA ALVES, MARIANA NOGUEIRA PEREIRA, MARIANY FERREIRA, AURICLECIA LOPES DE OLIVEIRA AIURA Introdução A ciência do bem-estar animal vem estudando formas para avaliar o grau de bem-estar para animais de criação, companhia, silvestres, de zoológicos e também de laboratório, principalmente para atender a sociedade atual de forma ética e sustentável (ROCHLITZ, ). Assim, atualmente são utilizadas diversas técnicas que visam promover a melhoria da qualidade de vida dos animais e, nos últimos tempos há uma crescente utilização do enriquecimento ambiental, a fim de contribuir para essa melhora, sendo uma maneira de medir o grau de bem-estar como adequado ou inadequado. O enriquecimento ambiental pode além de melhorar o bem-estar, promover mudanças comportamentais nos animais (LOUREIRO, ), que frequentemente tem sido alteradas devido a situação da sociedade atual, pois sabe-se que a globalização decorrente da evolução do mercado capitalista não somente tem afetado todos os setores da sociedade, mas também a área animal. Com ênfase nos cães, por exemplo, a alta carga horária de trabalho e os estresses cotidianos resultaram em menor contato dos proprietários com seus animais de estimação, além do aumento de construções urbanas com apartamentos minúsculos, que não dão ao animal nenhuma condição de expressar seus comportamentos naturais. Este fenômeno acarretou inúmeros malefícios ao modo de vida desses animais, resultando em mudanças de comportamento decorrente dessas frustrações e que por vezes se agravam em doenças psicológicas que não são reversíveis apenas com terapia comportamental, sendo necessárias ações medicamentosas. Os proprietários veem-se em situação crítica onde a presença de comportamentos indesejados nos cães influenciam na decisão do abandono desses animais. Assim, é evidente a importância do trabalho de ONGs e protetores da causa animal, que apesar de terem seus recursos limitados, na maioria das vezes sem nenhum auxilio público, procuram trazer a dignidade para a vida dos animais recolhidos nas ruas que se encontram nessa situação pelo abandono. Contudo sabe-se que o cativeiro é um fator limitante, e leva muitos animais a terem um comportamento diferenciado, até neurótico, sendo considerado um comportamento anormal, já que os locais onde permanecem confinados não proporcionam a eles as mesmas condições que seu habitat natural, interferindo no seu bem-estar (NEASPET, ). Essa condição de cativeiro pode se assemelhar a situação dos abrigos animais, que na maioria das vezes trabalham com a densidade maior do que a recomendada e por muitas vezes não oferecem nenhum tipo de distração, podendo também prejudicar os comportamentos naturais do cão. Dessa forma o uso do enriquecimento ambiental sendo um estimulador e promotor do bem-estar, poderá possibilitar aos cães abrigados uma melhor qualidade de vida, enquanto esperam por adoção. Nesse sentido, objetivou-se avaliar as respostas comportamentais de cães em uma instituição de abrigo animal frente a introdução do enriquecimento ambiental. Material e métodos O experimento ocorreu no período de de abril a 8 de maio de 6. Foram escolhidos 7cães jovens, adultos e idosos da Associação de Recolhimento e Cuidados com Animais (ARCA), na cidade de Janaúba-MG. Os cães foram divididos em dois grupos e colocados em dois canis coletivos do abrigo no qual em um deles havia a presença do enriquecimento ambiental feito por brinquedos para a formação dos tratamentos (com e sem brinquedos). Cada grupo foi exposto aos dois ambientes por duas semanas ininterruptas. Os brinquedos foram ofertados ao grupo correspondente no período das oito às dezessete horas. Os brinquedos utilizados para o fornecimento do enriquecimento ambiental possuíam características que estimulavam a alimentação, a cognição, a interação intraespecífica e os sentidos dos cães. Cada grupo foiaprovado exportopelo aos doisdeambientes por duas semanas ininterruptas. Comitê Ética em Pesquisa da Unimontes Processo N de de Maio de 6
Foram instaladas duas câmeras filmadoras em cada canil para obtenção das imagens a fim de se obter os comportamentos dos cães sem influencia humana. As imagens utilizadas para avaliação se concentraram entre 9: as 7: horas, sendo observado de cinco em cinco minutos. O Etograma proposto para a análise dos comportamentos foi descrito por Gonçalves (), sendo este, complementado com comportamentos que apareceram durante as analises de vídeo influenciado pela presença do enriquecimento ambiental. Os comportamentos analisados se classificavam em: Comportamentos de locomoção, repouso, limpeza e desparasitação, promotores de conforto, comportamentos lúdicos sozinhos, comportamentos lúdicos com outros cães, observação do meio, marcação odorífera, vocalização, agressividade, alimentação e interesses pelo enriquecimento ambiental. Para as análises estatísticas foi utilizado teste de frequência Qui-quadrado, utilizando o programa Statistical Analyses System (SAS 9., SAS Institute, Cary, NC, USA). Resultados e discussão A tabela apresenta a distribuição dos comportamentos realizados pelos cães por idade dentro de cada tratamento. Observa-se que dentro do tratamento sem brinquedo as maiores frequências são do comportamento de dormir sendo este nos cães idosos. Já quando os cães tem contato com os brinquedos o comportamento de dormir se distribui mais igualmente pelas idades. Observa-se também, que a vigilância é maior nos cães jovens que nos adultos e idosos mesmo com a presença do enriquecimento. Outro fator observado foi que os cães jovens mesmo sem a presença do enriquecimento apresentam comportamentos lúdicos como o de rolar, e também interagem brincando com outros do grupo. O fato dos cães estarem confinados nos canis poderia ser fonte de estresse, mas os cães por serem animais sociáveis interagem entre eles conferindo boa ambientação dos animais (CAMPOS et al. 6). No tratamento com brinquedo, há a maior frequência de interesse pelo brinquedo nos cães idosos, comportamento inesperado, mostrando que estes animais foram atraídos pelos objetos expostos mesmo que não os utilizassem de forma correta, pois o play ground e o tubo, são brinquedos para cães adultos que praticam Agillity (BITCÃO, ) e os cães do experimento não passaram por nenhum ensinamento de como usar os mesmos. O comportamento catar aparece com maior frequência entre os cães idosos nos dois tratamentos. Este comportamento pode está ligado à idade do animal uma vez que cães idosos estão sujeitos a várias enfermidades e pode ser considerado como comportamento compulsivo dependendo da frequência (PERUCA, ), e neste caso caracterizado como uma doença psicológica. Considerações finais Os cães sob de abrigo apresentaram comportamentos comuns a cada categoria, podendo ser indicativo da presença do bem-estar entre eles. Agradecimentos A Associação de Recolhimento e Cuidados com os animais (ARCA) de Janaúba, pela disponibilidade do espaço do abrigo e utilização dos cães. Referências bibliográficas Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unimontes Processo N de de Maio de 6
BITCÃO. Brinquedos para cada idade do cachorro. Blog.. Disponível em: <https://www.bitcao.com.br/blog/brinquedos-para-cada-idade-docachorro/>. Acesso em: /7/7 CAMPOS, A. S, et al. "Guia brasileiro de produção, manutenção ou utilização de animais em atividades de ensino ou pesquisa científica: introdução geral." Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, 6. GONÇALVES, M. A. L. Cães de proteção e cães de condução de gado: Aspectos de Comportamento e Endocrinologia. Dissertação (Mestrado em Psicologia). Instituto Superior de Psicologia Aplicada. Lisboa.. LOUREIRO, S. B. M. Enriquecimento ambiental num núcleo cativo de lobo(canis lupus). Dissertação (Mestrado em Biologia da Conservação) Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa,. NEASPET. Núcleo de estudo em animais Silvestre e Pets. Bem Estar em Animais Silvestres. Blog.. Disponível em:. Acesso em: /6/7 PERUCA, J. Comportamento compulsivo em cães. Monografia. Graduação em medicina veterinária. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.Faculdade de Medicina Veterinária.. ROCHLITZ, I. Housing and welfare. In: Rochlitz, I. (ed.) The welfare of cats. Springer, The Netherlands, p. 77-,. TABELA Distribuição dos comportamentos realizados pelos cães por idade dentro dos tratamentos. Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unimontes Processo N de de Maio de 6
Idades Idosos Sem brinquedos (N=7)** 6 9 9,6 9,79, 6,9,,,,,8 9,7,,,,, 6 6,6 7 6,9,, 9,89,, 9 Adultos Jovens Com brinquedos (N=9)** 6 7 Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unimontes Processo N de de Maio de 6 9
Idosos 6, 88 6,,9,9,,7 9,8 7,89,,7,9,9 6, 9 6,,9,8,,,8 Adultos Jovens Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unimontes Processo N de de Maio de 6