Valores de referência para força muscular respiratória em crianças brasileiras

Documentos relacionados
Reference values for respiratory muscle strength in brazilian children: a review

VALORES DE REFERÊNCIA PARA FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA EM ADULTOS: EQUAÇÕES PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA

GEORGE JUNG DA ROSA VALORES DE REFERÊNCIA DAS PRESSÕES RESPIRATÓRIAS MÁXIMAS PARA CRIANÇAS DE 7 A 10 ANOS

COMPORTAMENTO DA FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA EM IDOSAS ATIVAS E SEDENTÁRIAS

pesquisa original Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG Belo Horizonte (MG), Brasil.

Equações preditivas e valores de normalidade para pressões respiratórias máximas na infância e adolescência

PRESSÕES RESPIRATÓRIAS MÁXIMAS: VALORES ENCONTRADOS E PREDITOS EM INDIVÍDUOS SAUDÁVEIS

VALORES ENCONTRADOS E PREDITOS PARA AS PRESSÕES RESPIRATÓRIAS MÁXIMAS DE CRIANÇAS BRASILEIRAS

Novos valores de referência para pressões respiratórias máximas na população brasileira*

PESQUISA ORIGINAL. PUCRS Porto Alegre (RS), Brasil. 2. Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS) Porto Alegre (RS), Brasil.

Avaliação da Força Muscular Respiratória em Idosas Saudáveis

Altina Hissnauer Leal 1, Tatiana Akemi Hamasaki 1, Maurício Jamami 2, Valéria Amorim Pires Di Lorenzo 2, Bruna Varanda Pessoa 3

CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO LUCAS ANÁLIA FERNANDA PAIVA REIS LAURENCE AMARAL PARADA PRESSÕES RESPIRATÓRIAS MÁXIMAS: EM INDIVÍDUOS SAUDÁVEIS PORTO VELHO

(83) Faculdade Maurício de Nassau

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS E FORMAÇÃO INTEGRADA

ANÁLISE DO ÍNDICE DE PERCEPÇÃO DE ESFORÇO NA AVALIAÇÃO DAS PRESSÕES RESPIRATÓRIAS MÁXIMAS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

ANÁLISE DA FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA DE PORTADORES DE LESÃO MEDULAR DE NÍVEL TORÀCICO EM DIFERENTES POSTURAS.

Avaliação da força muscular respiratória em idosos

Comparação das pressões respiratórias máximas entre escolares das redes pública e privada

COMPARAÇÃO DE FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA EM OBESOS E EUTRÓFICOS

TÍTULO: AVALIAÇÃO DO EFEITO DE APRENDIZAGEM NA MEDIDA DE PRESSÃO INSPIRATÓRIA E EXPIRATÓRIA MÁXIMA EM ADULTOS SAUDÁVEIS

Revista Paulista de Pediatria ISSN: Sociedade de Pediatria de São Paulo Brasil

COMPARAÇÃO DOS VALORES OBTIDOS E PREVISTOS DAS PRESSÕES RESPIRATÓRIAS MÁXIMAS EM ADULTOS JOVENS

PROVAS DE FUNÇÃO RESPIRATÓRIA ESPIROMETRIA

MUSCULAR INSPIRATÓRIA DE PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA CORONARIANA: RELAÇÃO ENTRE DUAS METODOLOGIAS DISTINTAS DE AVALIAÇÃO

A ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NA FUNÇÃO RESPIRATÓRIA DE UM PACIENTE COM FIBROSE PULMONAR IDIOPÁTICA: ESTUDO DE CASO

EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA TRANSCUTÂNEA DIAFRAGMÁTICA EM PACIENTES PORTADORES DE DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA

Força muscular respiratória e sua relação com a idade em idosos de sessenta a noventa anos

Valores de referência em função pulmonar. Carlos AC Pereira Centro Diagnóstico Brasil-SP

Comparison of measured and predicted values for maximum respiratory pressures in healthy students

FRAQUEZA MUSCULAR RESPIRATÓRIA INTERFERE OU NÃO NA CAPACIDADE FUNCIONAL DE INDIVÍDUOS ADULTOS JOVENS SEDENTÁRIOS

Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Medicina Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente. Lídia Miranda Barreto

ANÁLISE DAS MANIFESTAÇÕES LOCAIS E SISTÊMICAS EM PACIENTES COM DPOC

Avaliação das pressões respiratórias através do bocal e máscara facial*

J Bras Pneumol 2004; 30(6)

FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA DE ADOLESCENTES BRASILEIROS: VALORES ENCONTRADOS E PREDITOS

Endereço p/ correspondência: R: Santos Dumont, nº 18/201, Tubarão SC, Cep: , Tel: (48)

Autor(es) MARIANA TELLINI PIETROBON. Orientador(es) MARLENE APARECIDA MORENO. Apoio Financeiro PIBIC/CNPQ. 1. Introdução

O CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS DE UMA ESCOLA MUNICIPAL¹

FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA DE PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA: RELAÇÃO ENTRE DUAS METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO

CAPACIDADE PULMONAR E FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA EM CRIANÇAS OBESAS

REVISTA SALUS JOURNAL OF HEALTH SCIENCES

FUNÇÃO MUSCULAR RESPIRATÓRIA DE ADOLESCENTES COM SOBREPESO/OBESIDADE GRAU I E EUTRÓFICOS

PALAVRAS-CHAVE DPOC. Reabilitação pulmonar. Força muscular respiratória.

ORIGINAL RESEARCH. 93,29±29,02% e CVF 103,78±26,12%. As pressões (cmh 2

& EFEITOS DE UM TREINAMENTO MUSCULAR RESPIRATÓRIO SOBRE A CAPACIDADE FUNCIONAL DE UM PACIENTE ASMÁTICO

ÍNDICE. CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO Introdução Pertinência do trabalho Objectivos e Hipóteses de Estudo...

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

Respiratory muscular function of adolescents with overweight/obesity degree I and healthy

EFEITO DE DIFERENTES AMBIENTES DE EXERCÍCIO FÍSICO SOBRE A ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA DE PREENSÃO PALMAR E FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA EM IDOSAS

RESULTADO DA TÉCNICA DE ACELERAÇÃO DE FLUXO EXPIRATÓRIO (AFE) ATRAVÉS DE ANÁLISE ESTETOACÚSTICA.

Avaliação da força muscular respiratória em crianças e adolescentes com sobrepeso/obesos

Comparing peak and sustained values of maximal respiratory pressures in healthy subjects and chronic pulmonary disease patients ARTIGO ORIGINAL

CLASSIFICAÇÃO GOLD E SINTOMAS RESPIRATÓRIOS EM IDOSOS ESTUDO GERIA

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA APÓS UM PROGRAMA DE HIDROTERAPIA EM PACIENTES HIPERTENSAS

INFLUÊNCIA DA GORDURA E PRESSÕES RESPIRATÓRIAS NA APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA DE MULHERES CLIMATÉRICAS

Epidemiologia Analítica

ANÁLISE DOS DESFECHOS DA FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA DE SUJEITOS COM DPOC E ICC PARTICIPANTES DO PROJETO DE REABILITAÇÃO CARDIOPULMONAR 1

Artigo Original. Influência do método Reequilíbrio Toracoabdominal sobre a força muscular respiratória de pacientes com fibrose cística 123

Projeto acadêmico não lucrativo, desenvolvido pela iniciativa Acesso Aberto

RELAÇÃO ENTRE O NOVO ÍNDICE DE ADIPOSIDADE CORPORAL COM O ÍNDICE DE MASSA CORPORAL EM CRIANÇAS. Ivair Danziger Araújo

Influência do índice de massa corporal e nível de atividade física na força muscular respiratória e função pulmonar de adolescentes

Estado nutricional e função pulmonar em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica

RESUMO OBESIDADE E ASMA: CARACTERIZAÇÃO CLÍNICA E LABORATORIAL DE UMA ASSOCIAÇÃO FREQUENTE. INTRODUÇÃO: A asma e a obesidade são doenças crônicas com

PERFIL NUTRICIONAL DE ESCOLARES DAS ESCOLAS DE CANÁPOLIS/MG E CAMPO ALEGRE DE GOIÁS/GO

EQUAÇÕES DE REFERÊNCIA PARA O TESTE DE CAMINHADA DE SEIS MINUTOS EM ADULTOS JOVENS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

Manovacuometria realizada por meio de traqueias de diferentes comprimentos

Efeitos do apoio dos membros superiores sobre a força muscular respiratória e função pulmonar de doentes com doença pulmonar obstrutiva crónica

Índice de massa corporal e prevalência de doenças crônicas não transmissíveis em idosos institucionalizados

Influência da idade e do sexo na força muscular respiratória Influence of age and sex on respiratory muscle strength

LETÍCIA SILVA GABRIEL

ISSN Acadêmico de Graduação do Curso de Fisioterapia da Universidade de Cuiabá (UNIC) MT. 2

Distúrbios ventilatórios 02/05/2016. PLETISMOGRAFIA (Volumes e Rva) FUNÇÃO PULMONAR ALÉM DA ESPIROMETRIA. Distúrbio Ventilatório OBSTRUTIVO

FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA EM PACIENTES COM DPOC: Comparação entre valores obtidos e preditos por diferentes equações

Evento: XXV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

AVALIAÇÃO DE PACIENTES PÓS TRANSPLANTE RENAL 1

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PEDIATRIA E SAÚDE DA CRIANÇA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

ATUAÇÃO DA FISIOTERIA RESPIRATÓRIA EM PACIENTES FIBROCÍSTICOS

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA CURSO DE BACHARELADO EM FISIOTERAPIA. Raquel Petry Bühler

Síndrome Overlap: diagnóstico e tratamento. Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS)

CORRELAÇÃO DA FORÇA MUSCULAR PERIFÉRICA COM A FORÇA RESPIRATÓRIA NA DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA

FATORES ASSOCIADOS À DESISTÊNCIA DE PROGRAMAS MULTIPROFISSIONAIS DE TRATAMENTO DA OBESIDADE EM ADOLESCENTES

AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA EM CRIANÇAS DE UMA CRECHE NA CIDADE DE FORTALEZA UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

09/07/2014. Alterações musculoesqueléticas: Diagnóstico e manejo. Definições das alterações musculares. Origem das alterações musculares

PERFIL NUTRICIONAL E CONSUMO DE AÇÚCAR SIMPLES COMO FATOR DE RISCO NO DESENVOLVIMENTO DE OBESIDADE INFANTIL

RELAÇÃO ENTRE QUALIDADE DE VIDA E ATIVIDADE FÍSICA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NACIONAL

SUPORTE VENTILATÓRIO NO PACIENTE NEUROMUSCULAR. Versão eletrônica atualizada em Março 2009

Crescimento e função pulmonar. Growth and pulmonary function

Avaliação do grau de dispneia no portador de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica pela Escala de Dispneia - Medical Research Council.

Comparação entre o manovacuômetro nacional e o importado para medida da pressão inspiratória nasal

Wélita Cesar de Carvalho Jesus 1. Giulliano Gardenghi 2

UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

6º Simposio de Ensino de Graduação

O and 32.4±6.8 to 32.4±9.0 cmh 2. O, respectively; whereas for supine position these measurements ranged

Predictive equations for respiratory muscle strength according to international and Brazilian guidelines

Efeito do Treino de Endurance Intervalado na tolerância ao esforço medido pela Prova de Marcha de 6 minutos

Frequência de sucesso de pré-escolares e escolares com e sem sintomas respiratórios nos testes de função pulmonar

Ana Paula Aires², Ariane de Oliveira Botega², Flaviana Pedron², Gabriela Pinto², Naiani Ramos², Priscila Pereira² e Ana Lúcia de Freitas Saccol³

J. Health Biol Sci. 2016; 4(2):82-87 doi: / jhbs.v4i2.659.p

Avaliação da força muscular respiratória e capacidade funcional em pacientes com fibrose cística ARTIGO ORIGINAL

Transcrição:

Valores de referência para força muscular respiratória em crianças brasileiras J Hum Growth ARTIGO Dev. 2016; ORIGINAL 26(3): 374-379 Camila Isabel Santos Schivinski 1, Renata Maba Gonçalves 2, Tayná Castilho 3 DOI: http://dx.doi.org/10.7322/jhgd.122914 Resumo: Introdução: Apesar da reconhecida importância da análise das pressões respiratórias máximas (PRM) em pediatria, tanto no seguimento de enfermidades que afetam a função dos músculos respiratórios, quanto da adequação do crescimento e desenvolvimento infantil, existe ampla variabilidade e regionalização quantos aos valores e equações de referência. Objetivo: Descrever os valores de referência e equações preditivas das pressões respiratórias máximas para crianças brasileiras. Método: Revisão de literatura realizada nas bases de dados LILACS, MEDLINE e Science Direct, utilizando os descritores estabelecidos pelo DeCS da Biblioteca Virtual em Saúde: valores de referência, criança, força muscular respiratória, equações preditivas, e seus sinônimos em inglês. Resultados: Encontrou-se seis ensaios clínicos, com valores de referência para a população pediátrica, realizados em diferentes regiões brasileiras. Observou-se relação entre os valores das PRM e fatores como idade, estatura e massa corporal. Porém, houve relevante diferença entre os dados nos estados brasileiros e divergência entre os valores preditos. Conclusões: Há consenso ao relacionar as pressões respiratórias máximas e fatores antropométricos, bem como uma infl uência regional. Os valores preditos e as equações de referência foram divergentes entre os trabalhos encontrados. Palavras-chave: valores de referência, criança, força muscular respiratória, equações preditivas. INTRODUÇÃO A avaliação e a monitorização da função respiratória em crianças sofreram um apreciável progresso nos últimos 30 anos. O aperfeiçoamento nos equipamentos, a confiabilidade dos estudos e suas aplicações clínicas têm contribuído muito para o cuidado em saúde nesse grupo etário 1,2. Dentre os parâmetros frequentemente analisados para avaliação da função respiratória estão as pressões respiratórias máximas (PRM), que se tornaram sinônimos da força dos músculos respiratórios 3. As PRM podem ser mensuradas em seus componentes inspiratório (Pressão Inspiratória Máxima - PIMáx) e expiratório (Pressão Expiratória Máxima - PEMáx), por meio de instrumentos específicos como o manovacuômetro 4,5. Essas medidas são úteis na prática clínica por se tratarem de aferições simples e não-invasivas, porém necessitam de cooperação por parte do indivíduo examinado, o que pode subestimar os resultados, mesmo na ausência de fraqueza muscular 6. Esse evento é ainda mais sensível na avaliação de crianças menores 7. Além disso, hoje se sabe que alguns fatores podem influenciar as PRM,como idade, sexo, tabagismo, nível de atividade física e fatores antropométricos 6-10. Alguns estudos também sugerem que a etnia exerça influência sobre os valores das PRM. Em um estudo multicêntrico envolvendo adultos malaios, chineses e indianos, foram constatadas diferenças étnicas significativas nas PRM 11. Trabalhos nacionais também apontam nessa direção quando consideram as dimensões territoriais e a multiplicidade étnica da formação do povo brasileiro 12-14. Especificamente na população pediátrica, observa- -se aumento dos valores das PRM com a maior idade, e uma correlação positiva com o peso e altura 11,15-19. Até o 1 Ph.D. in Children and Adolescent Heath from the Medical School of UNICAMP; Professor of the Undergraduate and Graduate Programs at UDESC. 2 Master s Degree in Physiotherapy from Santa Catarina State University UDESC. 3. Graduate student in Physiotherapy at Santa Catarina State University UDESC Corresponding author: Camila I Santos Schivinski - e-mail: cacaiss@yahoo.com Suggested Citation: Schivinski CIS, Gonçalves RM, Castilho T. Reference values for respiratory muscle strength in brazilian children: a review. J Hum Growth Dev. 2016; 26(3): 374-379. DOI: http://dx.doi.org/10.7322/jhgd.122914 Manuscript submitted: 18 May 2016, accepted for publication 26 Jun 2016. J Hum Growth Dev. 26(3): 374-379. Doi: http://dx.doi.org/10.7322/jhgd.122914 1

J Hum Growth Dev. 2016; 26(3): 374-379 momento, os dados mais referenciados sobre valores de referência para as PRM de crianças hígidas são dos trabalhos de Gaultier 19, Wilson 18, Szeinberg 15, Tomalak 20 e Domènech 17, havendo grande variabilidade nos valores encontrados. Não obstante, alguns autores 21,22 utilizaram- -se de equações preditas para população adulta, como as de Black e Hyatt 23 e Neder 12, na discussão de seus resultados em trabalhos envolvendo doentes pediátricos. A aplicabilidade clínica das equações para avaliação das PRM em pediatria se dá, principalmente, no acompanhamento de enfermidades crônicas, como as doenças neuromusculares, asma e fibrose cística; porém sem valores de referência amplamente aceitos para crianças brasileiras. Ainda são poucos e na maior parte recentes os dados publicados sobre o tema no Brasil. Schmidt 24, Barreto 25 e Heinzmann- -Filho 26 propuseram valores de referência e equações preditivas para esta faixa etária, e os estudos de Nascimento 27 e Barreto 25 verificaram a aplicabilidade das equações estrangeiras às suas amostras de crianças. Diante do exposto, reconhece-se que a identificação e estabelecimento de valores de referência das PRM para escolares brasileiros hígidos pode contribuir para uma maior compreensão da dinâmica muscular e ventilatória dessa população, bem como viabilizar estudos comparativos de melhor qualidade metodológica e proporcionar maior confiabilidade no seguimento clínico desse grupo etário. No entanto, os diversos trabalhos, em suas diferentes populações, não apresentam consenso quanto aos valores de referência das PRM, bem como nas variáveis que se correlacionam com seus valores em suas equações, o que pode indicar que as diferenças regionais tenham forte influência nesses resultados. Assim, o objetivo é descrever os valores de referência e equações preditivas das pressões respiratórias máximas para crianças brasileiras. 2010), como título, autores, ano e revista científica. Tal procedimento foi adotado a fim de identificar publicações repetidas e facilitar o processo de seleção. Este processo envolveu dois avaliadores cegos, os quais respeitaram os critérios de inclusão previamente estabelecidos. Inicialmente os avaliadores conduziram a leitura dos títulos, seguida dos resumos. Foram lidos na íntegra os artigos que não apresentaram subsídios suficientes para exclusão por esta análise prévia, e as publicações compatíveis foram elencadas para corrente revisão (Figura 1). RESULTADOS No total, a pesquisa identificou 18 artigos nas bases de dados consultadas. Conforme o diagrama (Figura 1) foram excluídos 12 trabalhos por um processo sequencial, os quais não corresponderam aos critérios de inclusão estabelecidos. Ao final da apuração, apenas seis ensaios clínicos cumpriram a totalidade dos critérios, sendo incluídos na seleção. 6 artigos excluídos pelo título 5 artigos excluídos pelo resumo 18 artigos encontrados nas bases de dados: Medline, Lilacs, Science Direct. 12 artigos restantes para análise do resumo MÉTODO Trata-se de manuscrito elaborado a partir de base empírica de literatura, utilizando recursos da busca eletrônica em três bases de dados: LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde), MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online) e Science Direct. As consultas foram conduzidas no período de fevereiro a outubro de 2015. A partir de uma análise preliminar, foram identificados os descritores estabelecidos pelo DeCS (Descritores em Ciências da Saúde) da Biblioteca Virtual em Saúde relacionados ao tema, sendo eles: valores de referência, criança, força muscular, respiratória, equações preditivas, e seus sinônimos em inglês. Consideraram-se como critérios para inclusão do artigo na amostra: artigos indexados em periódicos da área, publicados a partir do ano de 1980, relacionadas à apresentação de valores de referência e equações preditivas da PRM para crianças brasileiras. Foram excluídos capítulos de livros, teses e dissertações, assim como a literatura não escrita em língua portuguesa ou inglesa. Os dados referentes aos artigos selecionados foram tabulados em uma planilha do Excel (Microsoft Office, 1 artigo excluído pela leitura na íntegra 7 artigos restantes para análise na íntegra 6 ensaios clínicos incluídos na presente revisão Figura 1: Diagrama esquemático do processo de coleta de informações a partir das bases empíricas de literatura do LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde), MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online) e Science Direct. Com base na análise das publicações selecionadas, a tabela 1 apresenta informações sobre as características de cada pesquisa incluída: ano, autores, método, tamanho amostral e faixa etária, além dos valores das pressões inspiratórias 2 J Hum Growth Dev. 26(3): 374-379. Doi: http://dx.doi.org/10.7322/jhgd.122914

e expiratórias máximas. As equações preditivas das PRM propostas nos referidos estudos estão expostas na tabela 2. Observa-se relação entre os valores das PRM e fatores como idade, estatura e massa corporal, bem como J Hum Growth Dev. 2016; 26(3): 374-379 relevante diferença entre os dados nos estados do país analisados. Há divergência entre os valores preditos obtidos através das equações de referência propostas até o momento. Tabela 1: Estudos brasileiros sobre valores de referência das PRM em pediatria Estudo Local N Faixa etária Valores de referência encontrados Faixa PIMáx PEMáx PIMáx PEMáx etária M M F F Schmidt et al. (1999) RS 672 6-14 6 83 72 62 62 7 71 74 61 63 8 82 71 69 67 9 85 82 70 66 10 82 82 69 74 Nascimento et al. (2012) RN 40 7-10 - 70,55 77,40 61,50 77,40 Barreto (2012) MG 90 6-12 - 80,65 84,35 76,14 74,55 Heinzmann-Filho et al. (2012) RS 171 4-12 4-6 73,5 85,67 60,62 71,54 7-9 89,73 104,4 80-83 87,83 10,12 104,12 119,96 94,94 112,18 Gomes et al. (2014) SP 148 5-10 5 46,36 42,10 43,68 56,36 6 63,33 51,81 47,27 55 7 65,00 56,15 68,46 65,00 8 64,5 61,66 66,11 70,5 9 88,33 68,12 67,5 90 10 80,66 65,00 67,5 79,33 Borja et al. (2015) RN 144 7-11 7-8 45,42 57,63 30,02 41,13 9-11 52,72 67,13 37,32 50,63 Fonte: quadro elaborado pelos autores com base nos estudos referenciados. Legenda: RS: Rio Grande do Sul; RN: Rio Grande do Norte; MG: Minas Gerais; SP: São Paulo; N: tamanho da amostra; PIMáx: pressão inspiratória máxima (cmh2o); PEMáx: pressão expiratória máxima (cmh2o); M: sexo masculino; F: sexo feminino. Tabela 2: Equações preditivas das PRM propostas pelos estudos brasileiros Schmidt et al. Barreto Heinzmann-Filho Gomes et al. Borja et al. (1999) (2012) et al. (2012) (2014) (2015) Meninos PIMáx -324.296 +(-21.833 A) 21.46+(14.3 FVC) 17.879-(0.674 H) -62.2+1.26 A+ 62.1+15.4 (sexo=1) +(-0.122 H) (1.65 TC)+(2.54 TS) -(0.604 W) 0.50 BM+80.1 H + 7.3 Age PEMáx -188.261+(-9.698 A) 60.5+(13.2 FEV 1 ) 47.417+(0.898 W) 49.6+7.23 A+0.47 73.7+16.5 sexo +(-0.122 H) -(9.17 sexo=0) + (3.166 A) BM+ (37.3 H) + 9.5 Age Meninas PIMáx 12.989+(1.059 A) 14.226-(0.551 H) 7.31+3.2 A+0.47 62.1+15.4 (sexo=0) Idem meninos. + (0.34 H) - (0.638 W) BM+9.7 H + 7.3 Age PEMáx 53.732+(3.702 A) 60.5+(13.2 FEV1) 30.045+(0.749 W) -10.8+4.05 A 73.7+16.5 sexo9.5 Age +(4.368 H) - (9.17 sexo=1) + (4.213 A) + 0.08 BM+30.4 H + 9.5 Age Fonte: quadro elaborada pelos autores com base nos estudos referenciados. Legenda: PIMáx: pressão inspiratória máxima (cmh2o); PEMáx: pressão expiratória máxima (cmh2o); I: idade (anos); ( ): notação gráfi ca de multiplicação; H: altura (cm); P: peso (kg); PT: prega tricipital (cm); CT: circunferência tricipital (cm); CVF: capacidade vital forçada (litros); VEF 1 : volume expiratório forçado no primeiro segundo (litros); MC (massa corporal); Age: faixa etária de 7 a 8 anos = 0, 9 a 11 anos = 1. DISCUSSÃO A análise de valores de referência e equações preditivas de PRM para população brasileira foi inicialmente conduzida em adultos, em 1985 28. Na sequência, outros pesquisadores realizaram estudos com o mesmo objetivo, porém, identificaram relevantes divergências entre os resultados obtidos nos diferentes estados do país 12,14. Assim como em adultos, em pediatria também se tem estudado o comportamento das PRM. Nessa população, o foco dos estudos tem sido direcionado a predizer valores de normalidade para cada faixa etária e auxiliar no seguimento de diferentes enfermidades que afetem a função dos músculos respiratórios, direta ou indiretamente. Para crianças brasileiras, são poucos os trabalhos identificados na literatura, conforme apresenta os quadros 1 e 2, apesar de reconhecida sua aplicabilidade clínica e relação com a adequação antropométrica 26. Equações e valores previstos para essas medidas são frequentemente divulgados tanto na literatura internacional como nacional, levando-se em conta fatores como idade, sexo, altura e região geográfica 8,14. Em pediatria é especialmente importante compreender a evolução da força muscular respiratória seja no acompanhamento clínico, ou do desenvolvimento e do J Hum Growth Dev. 26(3): 374-379. Doi: http://dx.doi.org/10.7322/jhgd.122914 3

J Hum Growth Dev. 2016; 26(3): 374-379 crescimento infantil, visto que os valores das PRM aumentam com a idade 9. Além disso, já é consenso a indicação clínica da monitorização dos músculos respiratórios em crianças com doenças neuromusculares, dispneia inexplicável ou desproporcional ao esforço despendido, miopatia por corticoesteróides, e nas doenças respiratórias crônicas que comprometem a função destes músculos, como por exemplo a fibrose cística e a asma 5,7,29. O primeiro trabalho brasileiro incluindo crianças foi desenvolvido por Schmidt 24, nos municípios de Panambi e Cruz Alta no Rio Grande do Sul. Incluiu 672 participantes e propôs valores de referência e equações preditivas para as PRM, em função da idade e altura. Estas foram consideradas as melhores variáveis preditoras para as PRM, mas o estudo também identificou correlação entre as PRM, peso e IMC. Para aferição da PIMáx e da PEMáx, as crianças permaneceram sentadas e fizeram uso de clipe nasal durante cinco provas. O estudo não menciona critérios de reprodutibilidade e de aceitabilidade. Recentemente, Nascimento 27 investigaram a aplicabilidade das equações de Wilson 18, pois são amplamente utilizados na literatura e apresentam valores de referência, em uma amostra de crianças do Rio Grande do Norte, de 7 a 10 anos de idade, e compararam os resultados encontrados com os de Szeinberg 15 e Domènech-Clar 17. Participaram 40 escolares eutróficos o trabalho não se reporta ao cálculo amostral e cada manobra foi realizada segundo o modelo de Black e Hyatt 23, de três a sete vezes. Foi considerado o maior valor obtido, atendidos os critérios de aceitabilidade e reprodutibilidade. Resultados de PRM semelhantes aos de Domènech-Clar 17 foram constatados, e inferiores aos de Szeinberg 15. A aplicação das equações de Wilson 18 puderam predizer os valores das PRM na amostra estudada. Em relação às equações de Wilson 18, essas foram realizadas na população britânica adulta e pediátrica, e seus valores de referência para PImáx são: 75cmH2O em meninos e 63 cmh2o em meninas, PEmáx: 96 e 80cmH2O para meninos e meninas, respectivamentoe. O trabalho de Wilson 18 juntamente com os valores de PMR obtidos no estudo de Domènech-Clar 17, aplicado na população espanhola, e o estudo de Szeinberg 15 são os valores de referência mais amplamente utilizados na literatura. Em 2012, Barreto 25 avaliou 90 crianças mineiras hígidas com o objetivo de propor uma nova equação de predição para PRM e verificar a aplicabilidade das equações de Wilson 18, Schmidt 24 e Domènech-Clar 17 à sua amostra. Utilizaram o modelo de Black e Hyatt 23 e as normas da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia 4 para a condução das avaliações. Para análise da correlação entre as PRM e outras variáveis, considerou-se altura, peso, IMC, circunferência do braço, prega cutânea tricipital, capacidade vital forçada (CVF) e volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF 1 ), idade, sexo, PIMáx e PEMáx, sendo que os dados espirométricos (CVF e VEF 1 ), a prega e a circunferência tricipital apresentaram as melhores correlações com as PRM. As equações de Wilson 18, Schmidt 24 e Domènech- -Clar 17 não foram capazes de predizer os valores de PRM para a amostra estudada. Os autores sugeriram estudos regionalizados que pudessem predizer os valores das PRM no Brasil. O estudo de Heinzmann-Filho 26 avaliou 171 participantes, de ambos os sexos, e encontrou correlação entre as PRM e as variáveis idade, altura, peso e CVF, sendo que nos modelos de regressão a PIMáx teve predição melhor com altura e peso, enquanto a PEMáx com peso e idade. Concluíram os autores que o comportamento dessas pressões pode ser explicado em função da idade, altura e peso. Um dos estudos mais recentes foi o de Gomes 30, o qual avaliou 148 crianças, meninos e meninas, com idades entre cinco e 10 anos. O estudo foi realizado na cidade de São Paulo. Para os dois sexos, foi constatada correlação entre as PRM e massa corporal, idade e estatura. Ao comparar os valores obtidos com as equações propostas por Wilson 18, não houve diferença significativa para PIMáx, para ambos os sexos, e PEMáx para meninas. Porém, houve diferença significativa quando os valores foram comparados com os preditos por Heinzmann Filho 26. O último estudo nacional publicado até o momento foi de Borja 31. Esse trabalho foi realizado no Rio Grande do Norte e envolveu 144 crianças entre sete e 11 anos. Os autores observaram correlação entre PIMáx, sexo, idade e peso. E além dessas variáveis, a PEMáx também teve correlação significativa com altura. Porém com a análise de regressão, somente as variáveis sexo e idade contribuíram significativamente para as PRM. Os resultados desse estudo foram semelhantes ao trabalho de Domènech-Clar 17. Nesse contexto brasileiro, e considerando a importância do conhecimento dos valores das PRM como desfecho na avaliação da saúde e do índice prognóstico para doenças infantis, ainda é necessário o desenvolvimento de equações preditivas e valores de referência das PRM nesse grupo etário. Não obstante, diante da perspectiva de variabilidade metodológica, da falta de consenso entre os valores de referência e as equações preditivas das publicações aqui apresentadas, torna-se premente a condução de estudos com padronização na técnica de coleta dos dados e amostragem numericamente consistente, para obtenção de resultados confiáveis que possam ser utilizados nacional e regionalmente. Reitera essa ideia a American Thoracic Society, em sua revisão de normas de 1991, de que os valores de referência devem ser regionalizados para refletirem o seu comportamento em cada população 32. Dessa maneira, a utilização de equações internacionais ou de regiões diversas do Brasil, país este de dimensão continental e grande diversidade étnica, pode não refletir a funcionalidade dos músculos respiratórios de população de interesse, ocasionando super ou subestimação de valores. Ainda, estudo desta natureza corrobora para o estado da arte no cenário da pesquisa com valores de referência e equações preditivas das pressões respiratórias máximas para crianças brasileiras, bem como norteiam a realização de estudos com base empírica experimental a partir das particularidades das diversas regiões brasileiras. Assim, conclui-se que as pesquisas divulgadas nas bases empíricas de literatura do LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde), MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online) e Science Direct são convergentes de que há relação significativa entre as PRM e a idade, estatura e massa corporal de crianças, entretanto ainda persistem divergências entre os valores preditos obtidos através das equações de referência existentes. 4 J Hum Growth Dev. 26(3): 374-379. Doi: http://dx.doi.org/10.7322/jhgd.122914

J Hum Growth Dev. 2016; 26(3): 374-379 REFERÊNCIAS 1. Hammer J, Eber E. Progress in Respiratory Research: Pediatric Pulmonary Function Testing. Basel: Karger, 2005. 2. Fauroux B, Aubertin G. Measurement of maximal pressures and the sniff manoeuvre in children. Paediatr Respir Rev. 2007;8(1):90-93. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.prrv.2007.02.006. 3. Troosters T, Gosselink R, Decramer M. Respiratory muscle assessment. Eur Respir Mon. 2005;31:57-71. DOI: http://dx.doi.org/10.1183/1025448x.00031004. 4. Souza RB. Pressões respiratórias estáticas máximas. J Pneumol. 2002;28(3):155-165. 5. Ribeiro SNS, Fontes MJF, Duarte MA. Avaliação da força muscular respiratória e da função pulmonar por meio de exercício em crianças e adolescentes com asma: ensaio clínico controlado. Pediatria. 2010;32(2):98-105. 6. ATS. Statement on Respiratory Muscle Testing. Am J Respir Crit Care Med. 2002;166(4);518-624. DOI: http://dx.doi.org/10.1164/rccm.166.4.518. 7. Fauroux B, Lofaso F. Measurements of Respiratory Muscle Function in Children. In: Hammer J, Eber E. Progress in Respiratory Research: Pediatric Pulmonary Function Testing. Basel: Karger; 2005. 138-47. DOI: http://dx.doi.org/10.1159/000083531. 8. Chen HI, Kuo CS. Relationship between respiratory muscle function and age, sex, and other factors. J Appl Physiol. 1989;66(2):943-948. 9. Harik-khan RI, Wise RA, Fozard JL. Determinants of maximal inspiratory pressure: The Baltimore longitudinal study of aging. Am J Respir Crit Care Med. 1998;158:1459-1464. DOI: http://dx.doi.org/10.1164/ ajrccm.158.5.9712006. 10. Evans JA, Whitelaw WA. The assessment of maximal respiratory mouth pressures in adults. Respir Care. 2009;54:1348-1358. 11. Johan A, Chan CC, Chia HP, Chan OY, Wang YT. Maximal respiratory pressures in adult Chinese, Malays and Indians. Eur Respir J. 1997;10(12):2825-2828. DOI: http://dx.doi.org/10.1183/09031936.97.10122825. 12. Neder JA, Andreoni S, Lerario MC, Nery LE. Reference values for lung function tests. II. Maximal respiratory pressures and voluntary ventilation. Braz J Med Biol Res. 1999;32:719-727. DOI: http://dx.doi. org/10.1590/s0100-879x1999000600007. 13. Parreira VF, França DC, Zampa CC, Fonseca MM, Tomich GM, Britto RR. Pressões respiratórias máximas: valores encontrados e preditos em indivíduos saudáveis. Rev Bras Fisioter. 2007;11(5):361-368. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/s1413-35552007000500006. 14. Costa D, Gonçalves HA, Lima LP, Ike D, Cancelliero KM, Montebelo MIL. Novos valores de referência para pressões respiratórias máximas na população brasileira. J Pneumol. 2010;36(3):306-12. DOI: http:// dx.doi.org/10.1590/s1806-37132010000300007. 15. Szeinberg A, Marcotte JE, Hoizin H, Mindorff C, England S, Tabachnik E, Levison H. Normal values of maximal inspiratory and expiratory pressures with a portable apparatus in children, adolescents, and young adults. Pediatr Pulmonol. 1987;3(4):255-259. DOI: http://dx.doi.org/10.1002/ppul.1950030411. 16. Choudouri D, Aithal M, Kuhlkarni VA. Maximal Expiratory Pressure in Residential and Non-Residential School Children. Indian J Pediatr. 2002;69:229-232.DOI: http://dx.doi.org/10.1007/bf02734229. 17. Domènech-clar R, López-andreu JÁ, Compte-torrero L, Diego-damiá A, Macián-gisbert V, Perpiñá- -tordera M et al. Maximal static respiratory pressures in children and adolescents. Pediatr Pulmonol. 2003;35(2):126-132. DOI: http://dx.doi.org/10.1002/ppul.10217. 18. Wilson SH, Cooke NT, Edwards RH, Spiro SG. Predicted normal values for maximal respiratory pressures in caucasian adults and children. Thorax. 1984;39:535-538. DOI: http://dx.doi.org/10.1136/thx.39.7.535. 19. Gaultier C, Zinman R. Maximal static pressures in healthy children. Respir Physiol. 1983;51(1):45-61. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/0034-5687(83)90101-9. 20. Tomalak W, Pogorzelski A, Prusak J. Normal Values for Maximal Static Inspiratory and Expiratory Pressures in Healthy Children. Pediatr Pulmonol. 2002;34(1):42-46. DOI: http://dx.doi.org/10.1002/ppul.10130. 21. Coelho CC, Aquino ES, Lara KL, Peres TM. Repercussões da insuficiência renal crônica na capacidade de exercício, estado nutricional, função pulmonar e musculatura respiratória de crianças e adolescentes. Rev Bras Fisioter. 2008;12(1):1-6. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/s1413-35552008000100002. 22. Oliveira EA, Fernandes FE, Torquato JA. Verifi cação do padrão respiratório e força muscular respiratória em pacientes pediátricos com neoplasias encefálicas. Pediatria. 2009;31(3):143-151. 23. Black LF, Hyatt RE. Maximal respiratory pressures: normal values and relationship to age and sex. Am Rev Respir Dis. 1969;99(5):696-702. DOI: http://dx.doi.org/10.1164/arrd.1969.99.5.696. 24. Schmidt R, Donato CRF, Do Valle PHC, Costa D. Avaliação da Força Muscular Respiratória em crianças e adolescentes. Praxis. 1999;1(1):41-54. 25. Barreto LM. Comparação dos valores medidos e preditos de pressões respiratórias máximas em escolares saudáveis - Criação de uma nova equação de referência preditiva de força muscular respiratória (Dissertação). Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2012. J Hum Growth Dev. 26(3): 374-379. Doi: http://dx.doi.org/10.7322/jhgd.122914 5

J Hum Growth Dev. 2016; 26(3): 374-379 26. Heinzmann-fi lho JP, Vidal PCV, Jones MH, Donadio MV. Normal values for respiratory muscle strength in healthy preschoolers and school children. Respir Med. 2012;106(12):1639-1646. DOI: http://dx.doi. org/10.1016/j.rmed.2012.08.015. 27. Nascimento RA, Campos TF, Melo JBC, Borja RO, Freitas DA, Mendonça KMPP. Valores encontrados e preditos para as pressões respiratórias máximas de crianças brasileiras. J Hum Growth Dev. 2012;22(2):166-172. DOI:http://dx.doi.org/10.7322/jhgd.44946. 28. Camelo JS, Terra Filho J, Manço JC. Pressões respiratórias máximas em adultos normais. J Pneumol. 1985;11(4):181-184. 29. Petrini MF, Haynes D. In Search of Maximum Inspiratory and Expiratory Pressure Reference Equations. Respir Care. 2009;54(10):1304-1305. 30. Gomes ELFD, Peixoto-souza FS, Carvalho EFT, Nascimento ESP, Sampaio LMM, Eloi JS, et al. Maximum Respiratory Pressures: Values Found and Predicted in Children. J Lung Pulm Respir Res. 2014;1(3). DOI: http://dx.doi.org/ 10.15406/jlprr.2014.01.00014. 31. Borja RO, Campos TF, Freitas DA, Macêdo TMF, Mendonça WCM, Mendonça KMPP. Valores preditos para as pressões respiratórias máximas em crianças. Cons Saúde. 2015;14(2):187-194. DOI: http://dx.doi. org/10.5585/conssaude.v14n2.5109. 32. ATS. Lung function testing: selection of reference values and interpretative strategies. American Thoracic Society. Am J Respir Crit Care Med. 1991;144(5):1202-1218. DOI: http://dx.doi.table 1: Brazilian studies on reference values for MRP in children. This article is distributed under the terms of the Creative Commons Attribution 4.0 International License (http:// creativecommons. org/ licenses/ by/ 4. 0/ ), which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided you give appropriate credit to the original author(s) and the source, provide a link to the Creative Commons license, and indicate if changes were made. The Creative Commons Public Domain Dedication waiver (http:// creativecommons. org/ publicdomain/ zero/ 1. 0/ ) applies to the data made available in this article, unless otherwise stated. Abstract: Introduction: Reference values and equations show strong variability and regional differences, despite a well-established role of the assessment of respiratory muscle strength (RMS) in children, with the objective to follow up on diseases that affect the function of respiratory muscles and enable adequate growth and development. Objective: To describe reference values and prediction equations of maximal respiratory pressures for Brazilian children. Methods: Literature review was conducted using databases LILACS, MEDLINE and Science Direct, and descriptors established by DeCS of the Virtual Health Library: reference values, child, respiratory muscle strength, predictive equations and their respective synonyms in English. Results: Six clinical trials were carried out, which determined reference values for children in various Brazilian regions. There was a relationship among RMS values and other factors, such as age, height and body mass. However, there was a signifi cant difference among the data in the Brazilian states and divergence among the predicted values. Conclusion: There is a consensus on the relationship among RMS, anthropometric factors and regional infl uences. The articles studied reported diverging predicted values and reference equations. Keywords: Reference Values. Child. Respiratory Muscle Strength. Predictive Equations. 6 J Hum Growth Dev. 26(3): 374-379. Doi: http://dx.doi.org/10.7322/jhgd.122914