DOMINGO IV DO TEMPO COMUM

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Transcrição:

A HOMILIA E O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA ANO C DOMINGO IV DO TEMPO COMUM CIC 436, 1241, 1546: Cristo, o Profeta 436 Cristo vem da tradução grega do termo hebraico «Messias», que quer dizer «ungido». Só se torna nome próprio de Jesus porque Ele cumpre perfeitamente a missão divina que tal nome significa. Com efeito, em Israel eram ungidos, em nome de Deus, aqueles que Lhe eram consagrados para uma missão d Ele dimanada. Era o caso dos reis 1, dos sacerdotes 2 e, em raros casos, dos profetas 3. Este devia ser, por excelência, o caso do Messias, que Deus enviaria para estabelecer definitivamente o seu Reino 4. O Messias devia ser ungido pelo Espírito do Senhor 5, ao mesmo tempo como rei e sacerdote 6, mas também como profeta 7. Jesus realizou a expectativa messiânica de Israel na sua tríplice função de sacerdote, profeta e rei. 1241 A unção com o santo crisma, óleo perfumado que foi consagrado pelo bispo, significa o dom do Espírito Santo ao novo baptizado. Ele tornou-se cristão, quer dizer, «ungido» pelo Espírito Santo, incorporado em Cristo, que foi ungido sacerdote, profeta e rei 8. 1546 Cristo, sumo sacerdote e único mediador, fez da Igreja «um reino de sacerdotes para Deus seu Pai» 9. Toda a comunidade dos crentes, como tal, é uma comunidade sacerdotal. Os fiéis exercem o seu sacerdócio baptismal através da participação, cada qual segundo a sua vocação própria, na missão de Cristo, sacerdote, profeta e rei. É pelos sacramentos do Baptismo e da Confirmação que os fiéis são «consagrados para serem... um sacerdócio santo» 10. CIC 904-907: a nossa participação na função profética de Cristo 904 «Cristo [...] realiza a sua missão profética não só através da hierarquia [...], mas também por meio dos leigos. Para isso os constituiu testemunhas, e lhes concedeu o sentido da fé e a graça da Palavra» 11 : 1 Cf. 1 Sm 9, 16; 10, 1; 16, 1.12-13; 1 Rs 1, 39. 2 Cf. Ex 29, 7; Lv 8, 12. 3 Cf. 1 Rs 19, 16. 4 Cf. Sl 2, 2; Act 4, 26-27. 5 Cf. Is 11, 2. 6 Cf. Zc 4, 14; 6, 13. 7 Cf. Is 61, 1; Lc 4, 16-21. 8 Cf. Ordo Baptismi parvulorum, 62 (Typis Polyglottis Vaticanis 1969) p. 32 [Celebração do Baptismo das crianças, 62, Segunda edição típica (Coimbra, Gráfica de Coimbra Conferência Episcopal Portuguesa, 1994), p.61]. 9 Cf. Ap 1, 6; 5, 9-10; 1 Pe 2, 5.9. 10 II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 10: AAS 57 (1965) 14. 11 II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 35: AAS 57 (1965) 40. DOMINGO IV DO TEMPO COMUM: A HOMILIA E O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA ANO C 1

«Ensinar alguém, para o trazer à fé, é dever de todo o pregador e, mesmo, de todo o crente» 12. 905 Os leigos realizam a sua missão profética também pela evangelização, «isto é, pelo anúncio de Cristo, concretizado no testemunho da vida e na palavra». Para os leigos, «esta acção evangelizadora [...] adquire um carácter específico e uma particular eficácia, por se realizar nas condições ordinárias da vida secular» 13. «Este apostolado não consiste só no testemunho da vida: o verdadeiro apóstolo procura todas as ocasiões de anunciar Cristo pela palavra, tanto aos não-crentes [...] como aos fiéis» 14. 906 Aqueles de entre os fiéis leigos que disso forem capazes e que para tal se formarem, podem também prestar o seu concurso à formação catequética 15, ao ensino das ciências sagradas 16 e aos meios de comunicação social 17. 907 «Os fiéis, segundo a ciência, a competência e a proeminência de que desfrutam, têm o direito e mesmo por vezes o dever, de manifestar aos sagrados pastores a sua opinião acerca das coisas atinentes ao bem da Igreja e de a exporem aos restantes fiéis, salva a integridade da fé e dos costumes, a reverência devida aos pastores, e tendo em conta a utilidade comum e a dignidade das pessoas» 18. CIC 103-104: a fé, o princípio da vida eterna 103 Por esta razão, a Igreja sempre venerou as divinas Escrituras tal como venera o Corpo do Senhor. Nunca cessa de distribuir aos fiéis o Pão da vida, tomado à mesa quer da Palavra de Deus, quer do Corpo de Cristo 19. 104 Na Sagrada Escritura, a Igreja encontra continuamente o seu alimento e a sua força 20, porque nela não recebe apenas uma palavra humana, mas o que ela é na realidade: a Palavra de Deus 21. «Nos livros sagrados, com efeito, o Pai que está nos Céus vem amorosamente ao encontro dos seus filhos, a conversar com eles» 22. CIC 1822-1829: a caridade 1822 A caridade é a virtude teologal pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas por Ele mesmo, e ao próximo como a nós mesmos, por amor de Deus. 12 São Tomás de Aquino, Summa theologiae, 3 q. 71, a. 4, ad 3: Ed. Leon. 12, 124. 13 II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 35: AAS 57 (1965) 40. 14 II Concílio do Vaticano, Decr. Apostolicam actuositatem, 6: AAS 58 (1966) 843; cf. Id, Decr. Ad gentes, 15: AAS 58 (1966) 965. 15 Cf. CIC cân 774.776.780. 16 Cf. CIC cân 229. 17 Cf. CIC cân. 822 3. 18 CIC cân 212 3. 19 II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Dei Verbum, 21: AAS 58 (1966) 827. 20 II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Dei Verbum, 24: AAS 58 (1966) 829. 21 Cf. 1 Ts 2, 13. 22 II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Dei Verbum, 21: AAS 58 (1966) 827-828. DOMINGO IV DO TEMPO COMUM: A HOMILIA E O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA ANO C 2

1823 Jesus faz da caridade o mandamento novo 23. Amando os seus «até ao fim» (Jo 13, 1), mani festa o amor do Pai, que Ele próprio recebe. E os discípulos, amando-se uns aos outros, imitam o amor de Jesus, amor que eles recebem também em si. É por isso que Jesus diz: «Assim como o Pai Me amou, também Eu vos amei. Permanecei no meu amor» (Jo 15, 9). E ainda: «É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei» (Jo 15, 12). 1824 Fruto do Espírito e plenitude da Lei, a caridade guarda os mandamentos de Deus e do seu Cristo: «Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor» (Jo 15, 9-10) 24. 1825 Cristo morreu por amor de nós, sendo nós ainda «inimigos» (Rm 5, 10). O Senhor pede-nos que, como Ele, amemos até os nossos inimigos 25, que nos façamos o próximo do mais afastado 26, que amemos as crianças 27 e os pobres como a Ele próprio 28. O apóstolo São Paulo deixou-nos um incomparável quadro da caridade: «A caridade é paciente, a caridade é benigna; não é invejosa, não é altiva nem orgulhosa; não é inconveniente, não procura o próprio interesse, não se irrita; não guarda ressentimento, não se alegra com a injustiça, mas alegra -se com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta» (1 Cor 13, 4-7). 1826 Sem a caridade, diz ainda o Apóstolo, «nada sou». E tudo o que for privilégio, serviço, ou mesmo virtude..., se não tiver caridade «de nada me aproveita» 29. A caridade é superior a todas as virtudes. É a primeira das virtudes teologais: «Agora permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e a caridade; mas a maior de todas é a caridade» (1 Cor 13, 13). 1827 O exercício de todas as virtudes é animado e inspirado pela caridade. Esta é o «vínculo da perfeição» (Cl 3, 14) e a forma das virtudes: articula-as e ordena-as entre si; é a fonte e o termo da sua prática cristã. A caridade assegura e purifica a nossa capacidade humana de amar e eleva -a à perfeição sobrenatural do amor divino. 1828 A prática da vida moral animada pela caridade dá ao cristão a liberdade espiritual dos filhos de Deus. O cristão já não está diante de Deus como um escravo, com temor servil, nem como o mercenário à espera do salário, mas como um filho que corresponde ao amor «d Aquele que nos amou primeiro» (1 Jo 4, 19): «Nós, ou nos desviamos do mal por temor do castigo e estamos na atitude do escravo, ou vivemos à espera da recompensa e parecemo-nos com os mercenários; ou, finalmente, é pelo bem em si e por amor d Aquele que manda, que obedecemos [...], e então estamos na atitude própria dos filhos» 30. 23 Cf. Jo 13, 34. 24 Cf. Mt 22, 40; Rm 13, 8-10. 25 Cf. Mt 5, 44. 26 Cf. Lc 10, 27-37. 27 Cf. Mc 9, 37. 28 Cf. Mt 25, 40.45. 29 Cf. 1 Cor 13, 1-4. 30 São Basílio Magno, Regulae fusius tractatae, prol. 3: PG 31, 896. DOMINGO IV DO TEMPO COMUM: A HOMILIA E O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA ANO C 3

1829 Os frutos da caridade são: a alegria, a paz e a misericórdia; exige a prática do bem e a correcção fraterna; é benevolente; suscita a reciprocidade, é desinteressada e liberal; é amizade e comunhão: «A consumação de todas as nossas obras é o amor. É nele que está o fim: é para a conquista dele que corremos; corremos para lá chegar e, uma vez chegados, é nele que descansamos» 31. CIC 772-773, 953: a comunhão na Igreja 772 É na Igreja que Cristo realiza e revela o seu próprio mistério, como a meta do desígnio de Deus: «recapitular tudo n Ele» (Ef 1, 10). São Paulo chama «grande mistério» (Ef 5, 32) à união esponsal de Cristo e da Igreja. Porque está unida a Cristo como a seu esposo 32, a própria Igreja, por seu turno, se torna mistério 33. E é contemplando nela este mistério, que São Paulo exclama: «Cristo em vós eis a esperança da glória!» (Cl 1, 27). 773 Na Igreja, esta comunhão dos homens com Deus pela «caridade, que não passa jamais» (1 Cor 13, 8), é o fim que comanda tudo quanto nela é meio sacramental, ligado a este mundo que passa 34. «A sua estrutura está completamente ordenada à santidade dos membros de Cristo. E a santidade aprecia-se em função do grande mistério, em que a esposa responde com a dádiva do seu amor ao dom do Esposo» 35. Nesta santidade que é o mistério da Igreja, Maria precede-nos todos como «a Esposa sem mancha nem ruga» 36. E é por isso que «a dimensão mariana da Igreja precede a sua dimensão petrina» 37. 953 A comunhão da caridade: na sanctorum communio, «nenhum de nós vive para si mesmo, e nenhum de nós morre para si mesmo» (Rm 14, 7). «Se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele; se um membro for honrado por alguém, todos os membros se alegram com ele. Vós sois Corpo de Cristo e seus membros, cada um na parte que lhe diz respeito» (1 Cor 12, 26- -27). «A caridade não é interesseira» (1 Cor 13, 5) 38. O mais insignificante dos nossos actos, realizado na caridade, reverte em proveito de todos, numa solidariedade com todos os homens, vivos ou defuntos, que se funda na comunhão dos santos. Pelo contrário, todo o pecado prejudica esta comunhão. CIC 314, 1023, 2519: aqueles que no Céu verão Deus face a face 314 Nós cremos firmemente que Deus é o Senhor do mundo e da história. Muitas vezes, porém, os caminhos da sua Providência são-nos desconhecidos. Só no fim, quando acabar o nosso conhecimento parcial e virmos Deus «face a face» 31 Santo Agostinho, In epistulam Iohannis ad Parthos tractatus 10, 4: PL 35, 2056-2057. 32 Cf. Ef 5, 25-27. 33 Cf. Ef 3, 9-11. 34 Cf. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 48: AAS 57 (1965) 53. 35 João Paulo II, Ep. ap. Mulieris dignitatem, 27: AAS 80 (1988) 1718. 36 Cf. Ef 5, 27. 37 João Paulo II, Ep. ap. Mulieris dignitatem, 27: AAS 80 (1988) 1718, nota 55. 38 Cf. 1 Cor 10, 24. DOMINGO IV DO TEMPO COMUM: A HOMILIA E O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA ANO C 4

(1 Cor 13, 12), é que nos serão plenamente conhecidos os caminhos pelos quais, mesmo através do mal e do pecado, Deus terá conduzido a criação ao repouso desse Sábado 39 definitivo, em vista do qual criou o céu e a terra. 1023 Os que morrem na graça e amizade de Deus e estão perfeitamente purificados, vivem para sempre com Cristo. São para sempre semelhantes a Deus, porque O vêem «tal como Ele é» (1 Jo 3, 2), «face a face» (1 Cor 13, 12) 40 : «Com a nossa autoridade apostólica, definimos que, por geral disposição divina, as almas de todos os santos mortos antes da paixão de Cristo [...] e as de todos os outros fiéis que morreram depois de terem recebido o santo Baptismo de Cristo e nas quais nada havia a purificar no momento da morte, ou ainda daqueles que, se no momento da morte houve ou ainda há qualquer coisa a purificar, acabaram por o fazer [...] mesmo antes de ressuscitarem em seus corpos e do Juízo universal e isto depois da Ascensão ao céu do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, estiveram, estão e estarão no céu, associadas ao Reino dos céus e no paraíso celeste, com Cristo, na companhia dos santos anjos. E depois da paixão e morte de nosso Senhor Jesus Cristo, essas almas viram e vêem a essência divina com uma visão intuitiva e face a face, sem a mediação de qualquer criatura» 41. 2519 Aos «puros de coração» é prometido que verão a Deus face a face e serão semelhantes a Ele 42. A pureza do coração é condição prévia para a visão. Já desde agora, permite-nos ver segundo Deus, aceitar o outro como um «próximo» e compreender o corpo humano, o nosso e o do próximo, como um templo do Espírito Santo, uma manifestação da beleza divina. 39 Cf. Gn 2, 2. 40 Cf. Ap 22, 4. 41 Bento XII, Const. Benedictus Deus: DS 1000; cf. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 49: AAS 57 (1965) 54. 42 Cf. 1 Cor 13, 12; 1 Jo 3, 2. DOMINGO IV DO TEMPO COMUM: A HOMILIA E O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA ANO C 5