Laura Deppermann Miguel ART02064 - Oficina De Criação Tridimensional I - Turma A (2009/1) Prof. Carlos Augusto Camargo PROJETO FINAL Estou no curso de artes porque é o que sempre quis. O lápis me acompanha desde sempre e para sempre, espero. O plano é seguir trabalhando com ele, com ilustração e desenho, mas sempre aberta para qualquer tipo de experiência nova (quem diria que um dia eu gostaria de cerâmica?). Apanhando um pouco em uma e outra disciplina, vou aos pouquinhos descobrindo o curso e conhecendo a minha postura em relação ao que quero da arte. Espero ter mais respostas até o fim do curso! Bom, sigo sendo o rebelde sem causa. Ou o com todas as causas, tanto faz. Vou-me e até lá!
Meu artista escolhido foi o Gustavo Possamai, que estava inclusive fora das sugestões de artistas apresentados para revisitação. Encontrei o trabalho dele, intitulado O Grande Veículo, no blog do Bando de Barro. Como acredito que ninguém descreve um trabalho melhor do que o próprio autor, a obra pelas palavras dele: Foi na disciplina de formas que iniciei o processo, com modelagem em gesso, usando meus pés[...]. Eles foram feitos com barbotina e coloridos com engobe. [...] comecei a usar barbotina branca (que encolhe pouco), mas queria pés com cores mais naturais, não branco. Misturei óxido vermelho na barbotina branca, foi bastante, mas numa porcentagem que não fez diferença. Então passei a usar engobe vermelho na peça ainda crua. Mas o engobe com óxido de ferro que devia ficar vermelho (segundo o fornecedor do óxido) começou a ficar preto. No final das contas fiz as cópias com barbotina branca, passei engobe e queimei em 1.000ºC, depois passei outra camada de engobe com um pouco de 096 alcalino para fixar. Essa segunda camada de engobe apliquei como uma pátina, ajudou muito a dar volume para os pés. Bem, voltando ao conceito: Na época eu estava pesquisando bastante arte oriental, que é carregada de simbolismos e, no fundo, parece ter uma unidade que é acordar o homem para um sentido mais profundo na existência... Algo próximo ao que os artistas das performances almejaram nos anos 60. Mas as performances pretendiam acordar o homem de seu condicionamento e estado alienado através do choque, de cenas chocantes. [...] Na época intitulei o trabalho de "O Grande Veículo", e para a abertura da exposição os pés foram dispostos em círculo Já nos primeiros dias da exposição, quando fui visitá-la, alterei a disposição dos pés. Antes era um círculo fechado e os pés estavam voltados para o centro, uma forma de concentração, contração. Depois, eles foram voltados para fora, mantendo o local onde estavam como centro, mas desta vez como centro gerador, de expansão. Espalhei os pés pelo espaço mantendo o sentido de expansão, direcionados para fora. Eles iam se afastando cada vez mais desse centro. Hoje já não sei se o título que receberam faz tanto sentido pra mim. A idéia foi surgindo aos poucos... Primeiro a construção dos pés por conta da disciplina na Universidade, que possibilitam várias montagens porque eles funcionam como módulos. O que limita pode ser sua forte carga simbólica. Para as plantas eu queria algo vertical, que desse uma idéia de verticalidade, ascendência. Escolhi um broto de árvore: a gente olha e observando bem já imagina ela maior, acontece uma dinâmica na imaginação, uma projeção. Então quis inserir esse "algo" que expande dentro da forma do pé, dentro desta base. Dentro desses "vasos" como você falou uma vez... porque não deixamos de ser vasos,,, se o vaso contém algo que não é o próprio vaso, nós também contemos algo que não é apenas o corpo. Trabalhei dentro deste raciocínio. Esse "algo a mais" não é necessariamente a alma ou algo religioso no sentido de uma crença, mas uma constatação. A religião pode entrar nisso no seu sentido mais original, com o sentido de integração, união. Então há contenção (pelo vaso) e expansão (pelo conteúdo). Pode ser um pulsar; a disposição dos pés na galeria estava em sentido de expansão, mas eles em si são contenção, mas sustentam algo que expande. Você está percebendo o jogo?
Bom, percebi o jogo, mas meu trabalho acabou sendo muito menos poético e significativo que o do Gustavo. Resolvi me apropriar da idéia de um vaso com formato humano. Como o próprio Gustavo disse, não deixamos de ser vasos. Contemos algo muito maior que nós mesmos. A idéia principal era justamente o choque, deslocar o conhecido e óbvio para um contexto inesperado e levemente perturbador. Uma proposta parecida com a do trabalho original. Acabei escolhendo, enfim, a cabeça. Modelei ela manualmente, com argila da palhoça, com jornal dentro para segurar o formato, em tamanho natural, e colori com engobe vermelho. Aconteceram alguns problemas na execução... Depois de queimar a peça a 1000ºC, o engobe encolheu menos que a cabeça, e começou a descascar, além de ter ficado com uma cor muito clara. Deixei-a para ser queimada de novo, em temperatura mais alta, mas o forno estragou (de novo) e não sei quando ela será queimada.
Peça crua. A idéia é, como no trabalho do Gustavo, usá-la como vaso. A planta ainda não foi escolhida. Fiquei em dúvida sobre como nomearia esta peça, já que não desenvolvi nenhum significado poético mais profundo. Acabei por escolher dois nomes, Mente Fértil, pela óbvia ironia que a peça inspira, ou A Cabeça do Namorado, este segundo carinhosamente escolhido por ti, Carusto J.