RESSILABAÇÃO NO APAGAMENTO DA VOGAL POSTÔNICA NÃO-FINAL

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Transcrição:

364 RESSILABAÇÃO NO APAGAMENTO DA VOGAL POSTÔNICA NÃO-FINAL André Pedro da Silva -UFPB/UEPB/UVA Dermeval da Hora - UFPB/CNPq 0 Introdução É difícil definir uma estrutura prosódica sem antes fazer menção à sílaba. Sabemos que a sílaba do português tem uma estrutura binária de constituintes, é o que chamamos de ataque e rima e que estes, por sua vez, também são maximamente binários. De acordo com a estrutura silábica do português, apresentada por Bisol (2005, p. 117), o menor padrão silábico do português é V e o maior CCVCC, determinando, dessa forma, o tamanho mínimo e o máximo de segmentos da sílaba. Sendo assim, discutiremos neste trabalho o princípio de boa-formação silábica que condicionam a síncope, propondo a regra variável da postônica não-final. Para alcançar nosso objetivo, analisamos os dados acerca deste fenômeno recolhidos no município de Sapé, localizada no interior da Paraíba, que conta com 47.353 pessoas, 35.516 das quais são moradores da zona urbana. A população desta pesquisa compõe-se de 36 informantes, sendo 18 homens e 18 mulheres da zona urbana da cidade. Dentre esses informantes, encontramos pessoas que exercem as seguintes profissões: professor, pedreiro, comerciante, horticultor, motorista, bibliotecário, auxiliar administrativo, vigilante, como também senhoras do lar, aposentados e estudantes. Olhando nossos dados, percebemos que, durante o processo de apagamento da vogal postônica não-final, a ressilabação só aconteceu quando tivemos uma seqüência OL (Obstruíntes + Líquidas), ficando vedada a formação de Fricativas + Líquidas. A seqüência OL está de acordo com o Princípio de Seqüenciamento de Soância (PSS), desenvolvido por Clements (1990). Esta é a proposta para as generalizações que governam a ordem periférica de segmentos dentro da sílaba, colocada por alguns gramáticos, desde o princípio do século passado. De acordo com esse princípio, a partir de uma escala de soância, os segmentos com posição mais alta ficam no núcleo da sílaba; já os segmentos com posição mais baixa ficam nas margens. E essa regularidade de estrutura da sílaba deve-se ao Ciclo de Soância (CLEMENTS, op. cit.), no qual o contorno da soância da sílaba ótima aumenta maximamente no início e cai minimamente no final como uma curva. Os sons obstruíntes são os menos soantes, e as vogais são as mais soantes. A ordem da escala de soância seria: Oclusiva > Nasal > Líquida > Glide > Vogal. 1. Algumas Considerações sobre Fonologia Métrica Somos conhecedores de algumas propostas, como a de Liberman e Prince (1977), que utilizou apenas árvore e em seguida vieram com uma nova reformulação, com uso de árvore e grade. Da proposta de Prince (1983) em que só se fez uso de grade. Halle e Vergnaud (1978) trabalhando com a idéia de grade com constituintes. Vejamos, em uma rápida comparação, com estas propostas se diferenciam: (1) a. Liberman e Prince (1977) só árvore s w s s w s w bor bo le ta b. Liberman e Prince (1977) árvore e grade

365 s w s s w s w bor bo le ta 1 2 3 4 5 6 7 c. Prince (1983) só grade x x x x x x x borboleta d. Halle e Vergnaud (1978) grade com constituintes ( * ) (*. *.) (* *)(* *) borboleta Assim como Prince (1983) a proposta apresentada por Halle e Vergnaud (1987) também delimita em linhas verticais a proeminência acentual e vão além: eles estabelecem parâmetros bem definidos que nortearão a construção dos constituintes e a indicação das marcas (1d). Esta proposta toma forma à medida que se exige que sejam projetadas, num plano abstrato, todas as sílabas em uma Linha 0, por meio de asteriscos e estes elementos marcados pelos asteriscos são os licenciados para serem portadores de acento. Logo após, em uma Linha 1, projeta-se os cabeças após os constituintes já terem sido inseridos na Linha 0. Deve-se atender ao seguinte parâmetro para se fazer a projeção dos cabeças (Cf. MAGALHÃES, 2004): (2) Constituintes de proeminência terminal ([+HT]) são de cabeça esquerda ou direita E para construção dos constituintes, deverá seguir o parâmetro (3): (3) Construa constituintes (da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda sobre a Linha 0. Devido a eficácia da operacionalidade do modelo de Halle e Vergnaud, resolvemos tomá-lo como base para nossa pesquisa, juntamente à proposta defendida por Bisol (1992, 1994, 2005), em seus estudos sobre o português brasileiro. Bisol (1992), em sua análise, vale-se do modelo de Halle e Vergnaud, além de alguns mecanismos da fonologia lexical. Bisol (1994) aponta duas regras de acento para as palavras do português (4) (4) Regra do Acento Primário a. Atribua um asterisco (*) à sílaba pesada final, i. é, sílaba de rima ramificada. b. Nos demais casos, forme um constituinte binários (não iterativamente) com proeminência à esquerda do tipo (*.), junto à borda direita da palavra. A partir da regra (4b) temos uma possibilidade de análise dos nossos dados. Algo que possa responder a pergunta de por que apagar a vogal postônica não-final? Segundo Bisol, esta regra é a de Formação de Constituintes Prosódicos (FCP) que estabelece uma relação de forte/fraco entre duas sílabas, criando um constituinte binário.

366 Isto significa que nas palavras em que ocorrem o apagamento da vogal postônica nãofinal haveria necessidade de uma outra regra, que seria a da extrametricidade para dar conta deste fenômeno. Assim, a extrametricidade faz com que a sílaba final, pela condição de perifericidade, fique invisível, fazendo com que a regra comece a operar a partir da segunda sílaba, formando um pé binário subjacente. E esta sílaba invisível se reintegra ao pé binário por Adjunção da Sílaba Perdida (ASP) e o acento cairá na antepenúltima sílaba, como podemos observar em (5): (5) a. b. c. d. câmara xícara grávida árvore léxico câ.ma.ra xí.ca.ra grá.vi.da ár.vo.re silabação <ra> <ra> <da> <re> Ex (síl) (*.) (*.) (*.) (*.) FCP (4b) (*..) (*..) (*..) (*..) ASP [câmara] [xícara] [grávida] [árvore] Saída Tomando por base essa perspectiva, palavras como câmara e xícara, tornam-se, respectivamente, cama e xica. Mas nem sempre a extrametricidade sozinha resolve o apagamento da vogal postônica não-final. Isto porque há determinadas palavras que necessitam de uma reformulação silábica quando acontece o apagamento, como em: (6) a. música > musca; pérola > perla; mágica > masca; física > fisca; príncipe > prinspe, em que apaga-se a vogal postônica não-final e o ataque desta sílaba suprimida junta-se à sílaba precedente, formando, assim, uma coda desta sílaba. b. chácara > chacra; xícara > xicra; ângulo > anglo; óculos > oclos; máscara > mascra, em que apaga-se a vogal postônica não-final e o ataque que resta agrega-se à sílaba seguinte, resultando em uma sílaba com ataque complexo. c. bêbado > bebo; cágado > cago; crédito > creto; pássaro > passo; fígado > figo, em que, ao apagar a vogal postônica não-final, ocorre também o apagamento do ataque da sílaba seguinte, havendo, dessa forma, uma união do ataque da sílaba sincopada com a vogal da sílaba seguinte. Como se pode observar, em nossos dados surgiram três possibilidades de resultados no que tange ao de apagamento da vogal postônica não-final. Observemos que em todos os casos de ressilabação, seja tanto com a sílaba precedente quanto com a sílaba seguinte, só ocorrerá tal processo em consonância à condição de boa formação e ao princípio de soância, seguindo, claro, o molde silábico do português (Cf. COLLISCHONN, 2005, p. 117). Em (6a), no momento em que se dá o apagamento da vogal postônica não-final, as consoantes restantes se unem às precedentes pelo fato de apenas os fonemas /S/, /N/, (/l/) e /r/ ocuparem posição pós-vocálica (Cf. CAMARA Jr., 2002, p. 52). Desse modo, elas podem ocupar perfeitamente a posição de coda. Vale lembrar também que, em alguns casos, pode acontecer de esta consoante sofrer alguma modificação sonora, como música > musca e física > fisca. Ao observarmos (6b), vemos que está tudo dentro dos padrões da condição de boa formação, uma vez que a consoante restante após o pagamento da vogal postônica não-final é uma obstruinte, consoante perfeita para se ocupar a posição primeira de um ataque complexo. Pois, segundo Collischonn (2005, p. 109) o ataque complexo, em português, é constituído de uma obstruinte seguida de uma líquida, apesar de nem todas as seqüências de obstruintes + líquidas serem permitidas. Já em (6c), observamos que à medida que a vogal postônica não-final é apagada, apagase também a consoante que ocupa a posição de ataque da sílaba seguinte, devido a impossibilidade de, no português brasileiro, uma obstruinte ocupar a posição de coda. Bem como ter um ataque formado com duas consoantes obstruíntes, já que esta formação atingiria o

367 Princípio de Ciclo de Sonoridade (PCS). De acordo com este princípio, a curva de sonoridade aumenta maximamente na demissílaba inicial e cai minimamente na final (Cf. COLLISCHONN, 2005, p. 113). Ainda segundo este princípio, deve haver uma ascensão relativamente rápida do grau 0 ao grau 2 (Cf. SILVA, p. 6), conforme a escala de sonoridade (7): (7) Escala de Sonoridade Vogal > Líquida > Nasal > Obstruinte 3 2 1 0 2. O Apagamento da Vogal Postônica Não-Final Sabemos que o processo de apagamento era bastante comum no latim e atingia unicamente as vogais breves e átonas, vizinhas à sílaba tônica. No português coloquial e dialetal do século XVI, com a intensificação do acento, a penúltima vogal das proparoxítonas começou a cair: árvore > arve, diálogo > diaglo, pêssego > pesgo (Cf. WILLIAMS 1961 apud AMARAL, 1999, p. 89). Essa redução silábica é previsível, pois todo falante tem consciência das regras fonotáticas da língua ao reduzir sílabas, apagar segmentos ou inserir outros num ambiente propício. Como já falamos acima, em nossa pesquisa, percebemos que o apagamento acontece atendendo às condições de boa-formação silábica e ao princípio de soância, os quais vão bloquear a junção de segmentos que não podem fazer parte da sílaba no momento da ressilabação, como expusemos acima. Um caso bastante interessante aconteceu com apenas duas palavras do nosso corpus: número e estômago. Este é um processo chamado de perda compensatória, em que cai a vogal que segue a nasal labial, surgindo, ali, uma homorgânica. Uma das alterações fonéticas do latim vulgar gerou-se em português entre m e r, devido ao apagamento da vogal intermediária, a labial de transição b: humeru- > hum ru > ombro (Cf. SAID ALI, 1966, p. 31). No romanço, segundo Nunes (1969, p. 137), o apagamento pôs em contato consoantes que jamais haviam sido cogitadas a formarem grupos silábicos. Em alguns casos, a segunda consoante se mantém inalterada, mas a primeira sofre inúmeras alterações, dentre elas...caindo por completo, e ainda intercalando uma consoante parasita, de qualidade idêntica à dela. Logo o m é a que se insere, haja vista que ela é uma consoante da natureza da primeira do grupo, facilitando, assim, a pronúncia. Quando seguido de uma vibrante ou uma lateral, um b será exigido: túm(u)lu-, tombro (arc. cf. pop. tumblo), câm(e)ra-, cambra (pop), núm(e)ru-, nombro (arc. cf. pop. numbro), etc. Para Nunes (1969) o fato de varias línguas românicas fazerem uso dessa inserção, leva a crer que provém da língua vulgar. Em nossa pesquisa, as duas palavras acima citadas, tomaram as seguintes formas: numbro e istombu, respectivamente. Um outro fato que nos chamou a atenção foi a violação da restrição de distância mínima na escala de soância (7) nas palavras número e câmara, i. é, na formação da seqüência NL, como ataque complexo. Podemos observar em nossos dados que estas palavras, quando sincopadas, resultaram nas palavras nu.mro e ca.mra, respectivamente, embora a língua portuguesa não aceite que as nasais ocupem a primeira posição de um ataque complexo. Silva (2005) diz que:...o e ortográfico postônico medial pode se manifestar como uma vogal central alta não-arredondada que transcrevemos por [ö]. Tal vogal ocorre em posição postônica medial no português brasileiro, em fala informal, em palavras como número, cérebro e tráfego (p. 90). Ainda segundo Silva (op. cit.), no português europeu, a omissão do e em palavras como número > númro pode ser opcionalmente omitido [ numru] ~ [ numöru] número, formando grupos consonantais anômalos na posição postônica. O mesmo exemplo número - númro

368 também é apontado por Massini-Cagliari (1995, p. 159) ao mencionar o processo de apagamento da vogal postônica não-final. Houve casos em que o processo de apagamento da vogal postônica não-final não se realizou, porém outros fenômenos foram encontrados, como: a. Dissimilação: acreditamos que pelo fato dos sons serem semelhantes, os informantes pronunciem [lâmpida] por lâmpada; [pérula] por pérola; [abóbura] por abóbora e [pétulas] por pétala. b. Perda de mais de um segmento: [fosfu], [foscu], [fosfru], [fosque] por fósforo; [exesto], [execo] por exército; [helicopo], [helicopis] por helicóptero; [tecno] por técnico; [sabu] por sábado; [epa] por época; [penes] por pênalti; [oco] por óculos e [uça] por úlcera. c. Rotacismo: [celebro] por cérebro e [ocro] por óculos. d. Monotongação: [farmacetico] por farmacêutico. e. Vozeamento: [pedala] por pétala; [musga] por música. f. Desvozeamento: [masco] por mágico; [trasco] por trágico. 3. O Acento em Relação ao Apagamento da Vogal Postônica Não-Final O sistema de acento do português compartilha muitas propriedades com o sistema de acento de outras línguas. Porém, queríamos chamar a atenção a duas: (8) a) a localização do acento é livre e móvel dentro de uma liberdade limitada, ou seja, nas três últimas sílabas da palavra; b) as sílabas terminadas em consoante são consideradas pesadas. Em (8a) podemos perceber que o acento tem função distintiva, uma vez que este é móvel, logo ele tem função distintiva, pois diferencia semanticamente palavras de grafias idênticas, como: sábia - sabia - sabiá, dúvida - duvida, sílaba - silaba. Receberá o acento na penúltima sílaba a maioria dos nomes terminados em vogal. Porém se terminarem em consoante, o acento incidirá predominantemente na última sílaba. Já o acento antepenúltimo será excepcional. A segunda propriedade (8b) é uma evidência de que o acento é sensível ao peso, pois se a penúltima sílaba for pesada, o acento antepenúltimo será bloqueado (*mu.sir.ca). Vale lembrar que o apagamento da vogal postônica não-final não é geral. Em nossos dados, algumas palavras se mostraram mais resistentes a este processo, como: matemática, médico, cântico, fábrica e elétrico. Porém o processo de apagamento torna-se favorável quando se cria uma seqüência de consoantes que se ajustam ao padrão silábico, como em: arvre, xicra, mascra, oclos, petla, musclo, para, respectivamente, árvore, xícara, máscara, óculos, pétala, músculo. Isto acontece porque a seqüência oclusiva + líquidas é considerada como sendo um ataque complexo bemformado. Já cômoda mostrou-se desfavorecedora, já que não consegue resultar em com.da, nem tampouco co.mda, uma vez que não se ajustam ao padrão da língua. 4. O Pé na Estrutura Proparoxítona Em (5), quando falamos sobre a extrametricidade, levamos em consideração que este é um constituinte prosódico invisível para os propósitos de aplicação da regra. Analisamos como se a entidade extramétrica não estivesse presente. Mas nem todos constituintes podem ser

369 considerados extramétricos. A extrametricidade só pode ser marcada em constituintes fonológicos ou morfológicos como segmento, mora, sílaba, pé e sufixo, etc. Para que isso aconteça, o constituinte deve seguir a condição de perifericidade, i. é, estar na periferia, na borda, designada de seu domínio. A posição de borda não-marcada (ou a mais comum) da extrametricidade é a borda direita. Sendo assim, tomamos por base a idéia de extrametricidade de Bisol (1992, 1994), Lee (1995) e Wetzels (1992) para podermos marcar a última sílaba dos vocábulos proparoxítonos como extramétrica, fazendo com que este vocábulo tome as formas de um troqueu silábico, já que este é o principal mecanismo que torna possível eliminar moldes ternários básicos da teoria métrica, como em: (9) (x..) σ σ σ Acreditamos e seguimos esta teoria extramétrica porque, coincidentemente, a vogal que sofre a regra da síncope nas proparoxítonas é a mesma que carrega a marca da extrametricidade no radical (Cf. BISOL 1992, p. 49; BISOL, 1994, p. 25 e HARRIS, 1983, p. 101). Dessa forma, chegamos à explicação de (5). Ao analisarmos nossos dados usando a teoria de Wetzels, que segue a idéia de Hayes (1981), teríamos (10). Como se pode ver, nesta análise é considerada a sensibilidade à sílaba pesada e ainda diz que o pé mórico caracteriza o português. Usando este sistema de pés móricos, quando da escansão dos pés, a primeira busca é a de uma sílaba pesada; na falta dessa, organizam-se os pés móricos com as sílabas leves. Nos vocábulos proparoxítonos, a sílaba tônica poderá ser leve ou pesada, o que indicará estruturas prosódicas diferenciadas para (10a, b, c) e (10d). De acordo com Wetzels, embora o pé inicialmente seja reconhecido como um pé degenerado na penúltima sílaba, ele termina sua análise optando por deixar que a sílaba não escandida seja simplesmente adjunta ao pé. (10) a. b. c. d. ca ma ra xi ca ra gra vi da ar vo re ca ma<ra> xi ca<ra> gra vi<da> ar vo<re> Extr. (*.) (*.) (*.) (*) Troqueu mórico (* ) (* ) (* ) (* ) Regra Final [câmara] [xícara] [grávida] [árvore] Saída Já Lee, afirma que o domínio do acento do não-verbo é o radical e a extrametricidade está sujeita à condição de perifericidade. Sendo assim, as proparoxítonas são tidas como um caso marcado, uma vez que apresentam pé binário de cabeça à esquerda, enquanto a regra geral cria pé binário de cabeça a direita. As representações em (11) formam um constituinte binário de cabeça à esquerda, ou seja, um troqueu. Em relação ao extramétrico, a vogal temática é visível na derivação, no nível flexional, por Stray Adjunction. (11) a. b. c. d. ca ma r]a xi ca r]a gra vi d]a ar vo r]e (*.) (*.) (*.) (*.) Troqueu (* ) (* ) (* ) (* ) Regra Final [câmara] [xícara] [grávida] [árvore] Saída Como se vê, todas as análises chegam a um mesmo denominador comum: inserir a proparoxítona na regra geral do acento do português. Vale observar que apenas Bisol e Lee têm análises coincidentes, no que tange às proparoxítonas, em relação às estruturas apresentadas na formação dos pés. Sendo assim, ficamos com a proposta do troqueu silábico o qual temos como

370 melhor molde para as proparoxítonas, atribuindo-lhe a regra da extrametricidade à sílaba final, como em (13): (13) ca ma ra xi ca ra gra vi da ar vo re Extr. ca ma<ra> xi ca<ra> gra vi<da> ar vo<re> Troqueu Silábico (*.) (*.) (*.) (*.) Regra Final (*..) (*..) (*..) (*..) Saída [câmara] [xícara] [grávida] [árvore] Assim, por considerarmos que o pé do português é um troqueu silábico, chamado também de troqueu irregular, uma vez que se forma com duas sílabas leves (ca.sa) quanto com uma sílaba pesada e outra leve (jus.to), e que palavras com esse tipo de pé constituem a maior parte do léxico do português, independentemente da extensão da palavra (bicicleta), esta análise apresenta estruturas idênticas entre um troqueu com uma sílaba pesada e outra leve (mús.cu.lo) e troqueu com duas sílabas leves (cô.mo.da). Tomando por base que o apagamento da postônica não-final atinge a parte fraca de um pé, acreditamos que o pé métrico do português é silábico, tendo em vista que é a perda de uma sílaba fraca. Referências AMARAL, M. P. do (1999). As proparoxítonas: teoria e variação. Tese (Doutorado em Lingüística Aplicada), PUCRS, Porto Alegre. BISOL, L. (1992). O Acento: Duas Alternativas de Análise. Ms. (1994) O acento e o pé binário. Letras de Hoje 29, PUCRS. 25-36. (org.). (2005). Introdução a Estudos de Fonologia do Português Brasileiro. Porto Alegre, EDIPUCRS. CAMARA JR, J. M. (2002). Estrutura da língua portuguesa. Petrópolis: Vozes. CHOMSKY, N. & HALLE, M. (1968). The Sound Pattern of English. New York, Harper & Row. HALLE, M. & VERGNAUD, J. R. (1987). An Essay on Stress. Cambridge, Mit Press. HARRIS, J. W. (1983). Syllable Structure and Stress in Spanish: a Non-linear Analysis. LI Monograph 8. MIT Press. Cambridge. MA. HAYES, B. (1981). A Metrical Theory of Stress Rules. Indiana University Linguistics Club, Bloomington, Indiana. (1992). Metrical Stress Theory: Principles and Case Studies. Los Angeles, University of California. KIPARSKY, P. (1979). Metrical Structure Assignment is Cyclic. LI, Cambridge, Mass. V 10, n. 3, p. 421-441. LEE, S. H. (1994). A regra do Acento do Português: outra alternativa. Letras de Hoje, Porto Alegre. 37-42. (1995). Morfologia e Fonologia Lexical do Português do Brasil. Tese (doutorado). UNICAMP. LIBERMAN, M. & PRINCE, A. (1977). On Stress and Linguistic Rhytman. LI, Cambridge, Mass. V 8, p. 249-336. LIBERMAN, M. (1975). The Intonational System of English, doctoral dissertation, Massachusetts Institute of Technology, Cambridge. [Distributed by Indiana University Linguistics Club Bloomington].

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