Conselho da União Europeia Luxemburgo, 3 de abril de 2017 (OR. en) 7775/17 RESULTADOS DOS TRABALHOS de: Secretariado-Geral do Conselho data: 3 de abril de 2017 para: Delegações COHOM 44 CFSP/PESC 300 DEVGEN 49 FREMP 37 n.º doc. ant.: 7533/17 COHOM 39 COPS 102 CFSP/PESC 271 DEVGEN 46 FREMP 34 Assunto: Conclusões do Conselho sobre a promoção e proteção dos direitos da criança Conclusões do Conselho (3 de abril de 2017) Junto se enviam, à atenção das delegações, as conclusões do Conselho sobre a promoção e proteção dos direitos da criança, adotadas pelo Conselho na sua 3530.ª reunião, realizada em 3 de abril de 2017. 7775/17 jp/fc 1 DGC 2B PT
ANEXO CONCLUSÕES DO CONSELHO SOBRE A PROMOÇÃO E PROTEÇÃO DOS DIREITOS DA CRIANÇA Conselho dos Negócios Estrangeiros, 3 de abril de 2017 1. O Conselho está profundamente preocupado com as contínuas e graves violações e abusos dos direitos humanos a que estão sujeitas tantas crianças em todo o mundo. A UE reconhece cada criança enquanto titular de direitos e procura promover a proteção dos direitos da criança em todo o mundo, e assegurar o respeito pelo superior interesse da criança em todas as políticas que lhes digam respeito. Tendo em conta a adoção da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável 1 e o seu princípio orientador de "não deixar ninguém para trás", a Declaração de Nova Iorque para os Refugiados e os Migrantes 2, e em consonância com o compromisso da UE de integração dos direitos humanos em todos os setores políticos no contexto da ação externa da UE reiterado na Estratégia Global 3, o Conselho saúda as Diretrizes revistas para a promoção e proteção dos direitos das criança ("as Diretrizes"), que visam intensificar os esforços para garantir que as crianças nas situações mais marginalizadas e vulneráveis são efetivamente tidas em conta nas políticas e na ação da UE. O Conselho recorda também as suas conclusões sobre a promoção e proteção dos direitos da criança (dezembro de 2014) 4 e as Diretrizes da UE sobre as crianças e os conflitos armados (junho de 2008). 1 2 3 4 Transformar o Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, Resolução adotada pela Assembleia Geral, 25 de setembro de 2015 (UNGA A/RES/70/1). Declaração de Nova Iorque para os Refugiados e os Migrantes, A/71/L.1*, 13 de setembro de 2016. Estratégia global para a política externa e de segurança da União Europeia. https://europa.eu/globalstrategy/en/global-strategy-foreign-and-security-policy-european-union As Conclusões do Conselho sobre a promoção e proteção dos direitos da criança (dezembro de 2014) abordam principalmente a política interna da UE. 7775/17 jp/fc 2
2. O Conselho considera importante que estas Diretrizes promovam uma abordagem de reforço dos sistemas identificando todas as medidas, estruturas e intervenientes necessários à proteção dos direitos de todas as crianças, incluindo e em especial as que se encontram nas situações mais vulneráveis e marginalizadas, como por exemplo, se bem que não exclusivamente, as crianças deslocadas internamente, migrantes e refugiadas, as crianças não acompanhadas, as crianças com deficiência, as crianças pertencentes a minorias, as que vivem em situação de pobreza ou em situações de conflito e de fragilidade, as crianças privadas da sua liberdade ou em conflito com a lei, as crianças privadas de educação e as crianças forçadas a trabalhar, as vítimas do casamento infantil, precoce e forçado e de outras práticas nocivas, como a mutilação genital feminina. Esta abordagem tem também em conta as diferentes necessidades de raparigas e rapazes com base no sexo e na idade. 3. A UE continuará a empenhar-se ativamente nos processos conducentes à elaboração do pacto global sobre os refugiados e do pacto global sobre a migração. Neste contexto, o Conselho destaca a necessidade de proteger os direitos humanos e as liberdades fundamentais de todas as crianças refugiadas e migrantes, independentemente do seu estatuto, e de dar sempre primazia ao interesse superior da criança, inclusive das crianças não acompanhadas e das separadas das suas famílias, no pleno respeito da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança (CDC) e dos seus Protocolos Facultativos, envidando esforços para proporcionar às crianças refugiadas e migrantes um ambiente que propicie a plena realização dos seus direitos e capacidades. A proteção das crianças integra todas os elementos da política europeia de migração. Em conformidade com as Diretrizes, o Conselho: 4. Reafirma que a CDC e os seus três Protocolos Facultativos relativo à Venda de Crianças, à Prostituição Infantil e Pornografia Infantil, relativo à Participação de Crianças em Conflitos, e relativo a um Procedimento de Comunicação constituem as principais normas internacionais no que toca à promoção e proteção dos direitos da criança. A UE continuará a apoiar e a incentivar os países parceiros a ratificarem e aplicarem estes instrumentos. 7775/17 jp/fc 3
5. Destaca a indivisibilidade dos direitos da criança consagrados na CDC e a primazia que deve ser dada aos quatro princípios gerais da Convenção; o superior interesse da criança, a não discriminação, o direito a ser ouvida, e o direito à vida, à sobrevivência e ao desenvolvimento, que devem orientar a aplicação de todos os outros artigos da Convenção. 6. Reafirma a importância de promover a igualdade de género entre todos os rapazes e raparigas dedicando especial atenção a combater as discriminações e a violência com base no género, nomeadamente a violência sexual, e garantindo o empoderamento das raparigas, porque são frequentemente as raparigas que ficam mais para trás. Para tal, o Conselho recorda as Diretrizes da UE relativas à violência contra as mulheres e à luta contra todas as formas de discriminação de que são alvo. 7. Salienta a necessidade de reforçar a capacidade das crianças de participarem nas tomadas de decisões e nos processos que lhes digam respeito, em conformidade com o artigo 12.º da CDC e o Comentário Geral n.º 12 5. 8. Recorda as suas conclusões de 19 de maio de 2014 sobre uma abordagem da cooperação para o desenvolvimento baseada nos direitos, englobando todos os direitos humanos, e saúda a promoção de uma abordagem de reforço dos sistemas baseada nos direitos, sempre guiada pela CDC, tal como definido nestas Diretrizes. 9. Reconhece, em consonância com a proposta da Comissão Europeia de um novo Consenso Europeu sobre o Desenvolvimento 6, que a UE deve continuar a reforçar a integração dos direitos da criança em todos os setores e todos os programas, e deve reforçar a programação que tenha em conta a situação das crianças. Relativamente aos programas de financiamento da UE no domínio da ação externa, o Conselho convida a Comissão e o SEAE a continuarem a desenvolver disposições que obriguem os beneficiários que trabalham diretamente com crianças a instituir políticas de proteção das crianças como condição prévia ao financiamento por parte da UE. 5 6 Comentário Geral n.º 12 sobre o direito da criança a ser ouvida, CRC/C/GC/12, julho de 2009. Proposta de um novo Consenso Europeu sobre o Desenvolvimento O nosso mundo, a nossa dignidade, o nosso futuro, COM(2016) 740 final, de 22 de novembro de 2016 7775/17 jp/fc 4
10. Reconhece a necessidade de apoiar e incentivar os países parceiros a adotarem uma estratégia nacional relativa aos direitos da criança baseada numa análise da situação dos direitos das crianças nos respetivos países que tenha em conta os seus direitos e as questões de género. Subsequentemente, deverão ser elaborados e executados orçamentos nacionais que tenham em conta a situação das crianças a fim de dar visibilidade às crianças nos orçamentos, em especial às crianças em situações vulneráveis 7. 11. Congratula-se com a importância atribuída a incentivar e apoiar os países parceiros na recolha e utilização de dados discriminados em função do género, idade, rendimentos, deficiência e outros fatores, que tornam a desigualdade e a discriminação visíveis e fornecem informações sobre grupos marginalizados, vulneráveis e de difícil acesso, inclusive sobre a governação e outras questões, em sintonia com a abordagem da UE baseada nos direitos. 12. Reconhece a importância de incentivar e apoiar os países parceiros a promulgarem e reverem a legislação nacional e os procedimentos administrativos conexos a fim de assegurar a sua compatibilidade com as normas e padrões internacionais pertinentes em matéria de direitos da criança, em particular a CDC e os seus Protocolos Facultativos, bem como a desenvolverem e reforçarem instituições independentes para os direitos da criança, incluindo instituições nacionais dos direitos humanos (INDH) e/ou provedores da criança e mecanismos governamentais para coordenar a ação entre departamentos governamentais a todos os níveis e entre o governo e a sociedade civil. 7 Conforme indicado no Comentário Geral n.º 19 (CRC/C/GC/19, 2016), n.º 3, as "crianças em situações vulneráveis" são particularmente suscetíveis a violações dos seus direitos; trata-se, por exemplo, mas não exclusivamente, de crianças com deficiência, crianças refugiadas, crianças pertencentes a minorias, crianças em situação de pobreza, crianças que beneficiam de cuidados alternativos e crianças em conflito com a lei. 7775/17 jp/fc 5
13. O Conselho reitera o seu apoio ao trabalho dos intervenientes internacionais e regionais pertinentes no domínio dos direitos da criança, sobretudo os órgãos da ONU e os organismos da ONU criados por um tratado, nomeadamente a Comissão dos Direitos da Criança e os procedimentos e mecanismos especiais das Nações Unidas, em especial o Relator Especial sobre a Venda e a Exploração Sexual de Crianças, incluindo a prostituição infantil, a pornografia infantil e outro material sobre abuso sexual de crianças, o Representante Especial do Secretário-Geral da ONU para as Crianças e os Conflitos Armados, o Representante Especial para a Violência contra as Crianças e o Grupo de Trabalho do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre Crianças e Conflitos Armados. 14. A operacionalização das Diretrizes é um esforço conjunto e uma responsabilidade partilhada das instituições da UE e dos Estados-Membros, nas suas capitais e no terreno. O Grupo dos Direitos do Homem (COHOM) do Conselho prestará apoio à implementação, envolvendo simultaneamente, se for caso disso, outros grupos do Conselho. Terão lugar regularmente trocas de pontos de vista sobre a implementação, avaliação e revisão das presentes Diretrizes. O Conselho insta a Alta Representante a complementar estas Diretrizes gerais com orientações específicas para as delegações da UE no que respeita a questões como a proteção das crianças. 7775/17 jp/fc 6