Marina Andrada Maria Pesquisadora em Tecnologia, DSc

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Transcrição:

Marina Andrada Maria Pesquisadora em Tecnologia, DSc

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Desmitificando o uso de lodo de ETE em solos

Destinação em aterro Uso no solo Instituto SENAI de Tecnologia em Meio Ambiente A produção de lodo de esgoto é um processo que aumenta com o crescimento da população humana. Soluções para a sua disposição e melhor aproveitamento são imprescindíveis. Pode conter elementos químicos e patógenos danosos à saúde e ao meio ambiente. Constitui fonte de matéria orgânica e de nutrientes para as plantas e sua aplicação no solo pode trazer benefícios.

Destinação em aterro Uso no solo Instituto SENAI de Tecnologia em Meio Ambiente A aplicação do lodo de esgoto no solo se enquadra nos princípios de reutilização de resíduos de forma ambientalmente adequada. Elevação do custo do tratamento de efluente decorrente da destinação do lodo; Ampliação de áreas destinadas a aterros sanitários. Possibilidade de incremento de receita; Ganhos ambientais com a minimização de fertilizantes sintéticos e melhoria da qualidade dos solos.

Uso no solo agrícola e florestal O lodo pode atuar como um importante insumo agrícola, de interesse na fertilização de culturas, de preferência aquelas que não são de consumo direto pelos humanos, bem como na recomposição de solos degradados. O reflorestamento, por não constituir uma atividade que envolve produtos para consumo alimentar, e pelo fato de poder ser instalado em áreas distantes de núcleos urbanos, apresenta grande vantagem em relação às culturas comerciais quanto ao uso do lodo de esgoto. Sua aplicação em áreas agrícolas, florestais e em áreas degradadas promove benefícios às propriedades físicas do solo, uma vez que o lodo melhora a infiltração, a retenção de água e a aeração do solo.

Composição do lodo Todos os contaminantes da água, com excessão dos gases dissolvidos, contribuem para a carga de sólidos, entre eles a matéria orgânica, sais, minerais e microrganismos. Os sólidos são classificados pelas suas características físicas em: Sólidos em suspensos (diâmetro > 10 µm); Sólidos coloidais (entre 10 e 10-3 µm); e Sólidos dissolvidos (<10-3 µm). E características químicas: Sólidos orgânicos (volatilizados a 550 C); e Sólidos inorgânicos ou minerais (fixos).

Composição do lodo Água (99,9 %) Sólidos (0,1 %) Matéria Orgânica Nutrientes (N, P) Organismos Patogênicos (vírus, bactérias, protozoários, helmintos) LODO

Aterro sanitário Reutilização Instituto SENAI de Tecnologia em Meio Ambiente Resíduos sólidos do tratamento de esgoto Material gradeado Material do desarenador Lodo primário Lodo secundário Escuma

Processos biológicos Visam remover a matéria orgânica (dissolvida e suspensa) do efluente, por reações bioquímicas, realizadas por microrganismos. A matéria orgânica é utilizada como fonte de carbono pelos microrganismos, favorecendo o seu crescimento e reprodução, aumentando a formação de biomassa. Processo de estabilização do lodo: Redução da matéria orgânica biodegradável; Redução da presença de microrganismos; Baixo potencial para geração de odores. Processos de tratamento biológicos têm como princípio utilizar microrganismos para promover a estabilização da fração biodegradável da matéria orgânica.

Sistema aeróbio x anaeróbio Sistema anaeróbio Sistema aeróbio Menor geração de lodo com maior estabilização. Maior geração de lodo com menor estabilização.

Remoção do lodo O excesso de lodo produzido deve ser descartado para manter o bom desempenho da estação de tratamento. Deve-se sempre descartar o lodo mais velho, estabilizado e de baixa qualidade para o processo de tratamento.

Qualidade do lodo Floco intumescido Floco pulverizado Floco ideal

Tratamento do lodo O tratamento do lodo dependerá do processo pelo qual foi originado, podendo compreender as seguintes etapas quando não estabilizado: Adensamento, para remoção da umidade (prensa, centrífuga, flotador etc). Estabilização, para remoção da matéria orgânica (digestão biológica, estabilização química ou tratamento térmico). Condicionamento, para preparar para a desidratação (condicionamento químico e térmico). Desidratação, remoção de mais umidade e volume (leito de secagem, prensa, centrífuga). Higienização, eliminação de patógenos (adição de cal, tratamento térmico, compostagem, radiação, etc) Disposição final, em aterros sanitários, aplicação no solo, incineração.

Exigências legais Resolução CONAMA Nº 375, de 29 de agosto de 2006 Define critérios e procedimentos, para o uso agrícola de lodos de esgoto gerados em estações de tratamento de esgoto sanitário e seus produtos derivados, e dá outras providências.

MONITORAMENTO!!! (ACOMPANHAR E AVALIAR)

Critérios a serem avaliados e monitorados No lodo: Processo de redução de patógenos; Processos para redução da atratividade de vetores; Determinação de indicadores microbiológicos e patógenos; Determinação de substâncias inorgânicas; Determinação de ph, umidade, carbono orgânico, N total, N Kjeldahj, N amoniacal, N nitrito/nitrato, P total, K total, Ca total, Mg total, S total, Na total e sólidos voláteis. No solo: Determinação da fertilidade; Determinação de condutividade elétrica; Determinação da elevação de ph provocada por lodos derivados de tratamento com cal.

Elaboração de Projeto Agronômico Caracterização do Sistema de Tratamento de Esgotos de origem do lodo; Caracterização do lodo; Caracterização das áreas de aplicação do lodo; Determinação da taxa de aplicação do lodo; Apresentação do plano de aplicação e manejo; Estabelecimento do monitoramento; Apresentação da Anotação de Responsabilidade Técnica - ART.

Área de aplicação do lodo Distante de nascentes e olhos de água; Distante de lagoas, lagos, reservatórios, captações, poços de abastecimento de água residenciais; Distante de matas nativas remanescentes; Distante de unidades de conservação; Deve-se preocupar com a vizinhança e o acesso ao local.

Cuidados Não se aplica de forma genérica à efluentes industriais; Não deve ser considerado o uso das frações sólidas decorrentes do gradeamento e desarenador; Deve ser utilizado apenas o lodo estabilizado; O lodo deve ser classificado como não perigoso de acordo com ABNT 10.004; É proibida a utilização em pastagens e cultivos de olerícolas, tuberculos e raízes e culturas inundadas, bem como as demais culturas cuja parte comestível entre em contato com o solo.

Marina Andrada Maria, DSc Pesquisadora em Tecnologia Instituto SENAI de Tecnologia em Meio Ambiente mamaria@fiemg.com.br (31) 3489-2234 SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial