RESUMO» O desmatamento detectado em julho de 2007 em Mato Grosso pelo Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) alcançou 76 quilômetros quadrados. No acumulado do período (agosto de 2006 a julho de 2007) o desmatamento registrado pelo SAD atingiu 2.512 quilômetros quadrados.» Comparando com os doze meses do período anterior (agosto de 2005 a julho de 2006) - quando foram desmatados 6.086 quilômetros quadrados - o desmatamento no Estado está sendo significativamente menor, com uma redução de 59%.» Porém, há um aumento de 200% no desmatamento nos últimos três meses (maio a julho de 2007) se comparado ao mesmo período do ano anterior. Isso pode indicar uma retomada do desmatamento no Estado. Esse fato também coincide com um aumento dos preços das principais commodities (gado e soja) e com as perspectivas de expansão dos biocombustíveis.» O desmatamento ilegal em propriedades rurais não cadastrados no sistema de licenciamento ambiental (SLAPR), em assentamentos de reforma agrária e em Áreas Protegidas atingiu 65% do total desmatado em julho de 2007.» Resumimos o método desenvolvido pelo ICV para prever desmatamento futuros com base na taxa de desmatamento e proporção do remanescente florestal não-protegido. O método foi testado com sucesso e poderá ser usado para ações de combate ao desmatamento no próximo período (agosto 2007-julho 2008). Estatísticas de Desmatamento Em julho de 2007 o SAD detectou 76 quilômetros quadrados desmatados no Mato Grosso, o que representou um aumento de 64% em relação à área desmatada em junho de 2007 (46 quilômetros quadrados). Quando comparado ao desmatamento dos meses de julho de 2006 e 2005 o desmatamento aumentou em 145% e 77%, respectivamente (Figura 1). Figura 1. Desmatamento mensal no período de agosto de 2004 a julho de 2007. Geografia do Desmatamento A maioria do desmatamento (85%) ocorreu em propriedades rurais. Pouco mais de 14% aconteceu em Assentamento de Reforma Agrária e 0,35% em Áreas Protegidas. Entre os municípios, o desmatamento foi mais significativo em Juína (11 quilômetros quadrados) e Colniza (10 quilômetros quadrados). 1
Propriedades Rurais O desmatamento nas propriedades rurais em julho de 2007 foi de 65 quilômetros quadrados. Desse total, 38 quilômetros quadrados (50% do total) ocorreu em propriedades não cadastradas no Sistema de Licenciamento Ambiental (SLAPR) enquanto apenas 27 quilômetros quadrados (35% do total) foram desmatados nas propriedades registradas no SLAPR (Tabela 1, Figura 3). Tabela 1. Desmatamento detectado pelo SAD em Mato Grosso, por tipo de propriedade, em julho de 2007. Categoria Área (km²) % Propriedades rurais fora do SLAPR (A) 38,29 50,31 Propriedades rurais no SLAPR (B) 26,88 35,32 1. Respeitando a Reserva Legal 16,77 22,03 2. Irregular na Reserva Legal 10,11 13,28 Total Propriedades Rurais (C=A+B) 65,17 85,63 Assentamentos de Reforma Agrária (D) 10,67 14,02 Unidades de Conservação (E) 0,00 0,00 Terras Indígenas (F) 0,27 0,35 Total (G=C+D+E+F) 76,11 100,00 Assentamentos de Reforma Agrária Em julho de 2007, um total 11 quilômetros quadrados foram detectados pelo SAD nos Assentamentos de Reforma Agrária, o representou 14% do desmatamento total (Tabela 1). Os três assentamentos mais desmatados estão mencionadas na Tabela 2. Tabela 2. Assentamentos rurais mais desmatados em Mato Grosso em julho de 2007. Categoria Assentamentos Ranking Área (km²) Projeto de assentamento Tatuiby 1 9,58 Projeto de assentamento Tapurah / Itanhanga 2 0,43 Projeto de assentamento Confresa / Roncador 3 0,27 Áreas Protegidas Um total de 0,27 quilômetros quadrados de Áreas Protegidas foram ilegalmente desmatados em julho de 2007 em Mato Grosso. Houve um pequeno desmatamento nas Terras Indígenas somando 0,22 quilômetros quadrados de florestas derrubadas na Terra Indigena Escondido e 0,05 na Manoki (Tabela 3). 2
Tabela 3. Terras Indígenas mais desmatadas em Mato Grosso em julho de 2007. Terras Indígenas Ranking Área (km²) Escondido 1 0,22 Manoki 2 0,05 Unidades de Conservação: em julho de 2007 não houve desmatamento. Municípios Críticos Os três municípios que mais desmataram em julho de 2007 foram Juína, Colniza e Canabrava do Norte. O ranking do desmatamento por município é mostrado na Tabela 5. Tabela 5. Municípios mais desmatados em Mato Grosso em julho de 2007. Municípios Ranking Área (km²) Juína 1 11,37 Colniza 2 10,06 Canabrava do Norte 3 9,60 Marcelândia 4 7,86 Vila Rica 5 6,96 Alta Floresta 6 3,42 Santa Cruz do Xingu 7 2,97 Rondolândia 8 2,83 Aripuanã 9 2,77 Nova Xavantina 10 2,55 3
Figura 2. Dez municípios mais desmatados em Mato Grosso em julho de 2007. Figura 3. Desmatamento detectado pelo SAD no em julho de 2007. 4
Risco de Desmatamento Originalmente o Estado do Mato Grosso abrigava cerca 527 mil quilômetros quadrados de florestas. Desse total, cerca de 37% (195 mil quilômetros quadrados) já havia sido desmatadas até 2005 enquanto 63% (332 mil quilômetros quadrados) ainda permaneciam como florestas. Da área florestal remanescente, a maioria (234 mil quilômetros quadrados) são florestas não protegidas (ou seja, não foram designadas como Unidades de Conservação ou Terras Indígenas), onde o risco de desmatamento é maior. Modelos para prever a localização de futuros desmatamentos nas florestas remanescente são essenciais para orientar ações de combate ao desmatamento. Para isso, desenvolvemos um método para identificar áreas com maior risco de desmatamento no Mato Grosso. Isso foi feito combinando as taxas de desmatamento dos últimos três anos (2003 a 2005) e a área de floresta remanescente (excluindo-se as Áreas Protegidas). Testamos esse método com os resultados do desmatamento de 2006 e 2007 para verificar a sua consistência. Inicialmente, dividimos a área florestal original do Estado em células de 25 quilômetros quadrados e selecionamos para a análise todas as células com mais de 50% de área florestal. Calculamos para cada célula a taxa de desmatamento no período 2003 a 2005 (usando os dados de desmatamento do Prodes/Inpe) e a área dos remanescentes florestais em 2005 (excluindo as Áreas Protegidas). Em seguida, classificamos as células em quatro níveis de risco de desmatamento (baixo, médio, alto e muito alto) (Tabela 6). As células com risco de desmatamento muito alto representaram 11% do total, enquanto as áreas de risco alto representaram 10%, contra 21% e 58% para as áreas de risco médio e baixo, respectivamente. As áreas de maior risco de desmatamento se concentram regiões noroeste e norte do Estado, nos municípios de Colniza, Aripuanã, Cotriguaçu, Nova Bandeirantes, Juara e Paranaíta. Além disso, há varias áreas criticas em toda a região das cabeceiras do rio Xingu, a leste do eixo da BR-163 e a oeste do eixo da BR-158, especialmente nos municípios de Marcelândia, Santa Carmem, Nova Ubiratã, Feliz Natal, Gaúcha do Norte e Querência. Finalmente, há áreas críticas de desmatamento no centro-norte do Estado, próximo do rio Arinos, nos municípios de Nova Maringá, Brasnorte, Tapurah e Porto dos Gaúchos (Figura 4, Tabela 7). Tabela 6. Classificação do risco de desmatamento 5
Figura 4. Mapa do risco de desmatamento para 2006 (a esquerda aparece o desmatamento efetivamente ocorrido em 2006 e 2007, detectado pelo SAD) Tabela 7. Municípios com maior área de risco de desmatamento muito alto para 2006 6
Avaliação do modelo de risco de desmatamento Testamos o modelo de risco de desmatamento, baseado nos dados de 2003 a 2005 do Prodes, combinando o mapa de risco com o desmatamento detectado pelo SAD em 2006 e 2007. O desmatamento detectado em 2006 e 2007 pelo SAD confirma a previsão do risco de desmatamento baseada em dados dos anos anteriores. Em 2006, 75% do desmatamento ocorreu em áreas de risco alto ou muito alto, enquanto 20% foi em áreas de risco médio e apenas 5% em áreas de risco baixo (Tabela 8). A previsão continuou válida para o ano 2007, porém com um nível de acerto menor, com 65% do desmatamento ocorrendo em áreas classificadas como risco alto ou muito alto em 2005 (Tabela 8). Tabela 8. Desmatamento detectado em 2006 e 2007 por classe de risco Recomendações de uso do mapeamento de risco de desmatamento O mapeamento do risco de desmatamento pode ser utilizado para programar ações de curto prazo que visam prevenir desmatamentos futuros. A priorização de áreas de maior risco permite aumentar a eficácia das campanhas de combate ao desmatamento e aumentar o custo-benefício dessas ações. Com base em dados atualizados do SAD, é possível fazer uma previsão de risco de desmatamento para o período de Agosto/07 a Julho/08. Essa previsão pode ser utilizada para planejar campanhas de notificação para inserção de imóveis rurais no Sistema de Licenciamento Ambiental das Propriedades Rurais do Estado (SLAPR). Como as taxas de desmatamento tendem a ser muito menores nas propriedades cadastradas no SLAPR, e a responsabilização de eventuais infrações é mais simples, essas campanhas poderão contribuir para minimizar a ocorrência de desmatamentos ilegais neste novo período. 7
Notas: Notas: Equipe Responsável: Coordenação Geral: Carlos Souza Jr. e Adalberto Veríssimo (Imazon); Laurent Micol e Sérgio Guimarães (ICV). Equipe: Amintas Brandão Jr., Anderson Costa (Sensoriamento Remoto) e Rodney Salomão (Geoprocessamento) Imazon; Roberta Roxilene dos Santos e Ricardo Abad (Geoprocessamento) ICV. Fonte de Dados: As estatísticas de desmatamento são geradas a partir dos dados do SAD (Imazon); a SEMA-MT forneceu a base de dados fundiária (Áreas Protegidas, propriedades rurais e assentamentos). Apoio Embaixada do Reino dos Paises Baixos Fundação Lucile & David Packard 8