Análise de índices de conforto térmico na cidade de Belém, PA durante a época menos chuvosa

Documentos relacionados
SAZONALIDADE TERMOHIGROMÉTRICA EM CIDADES DE DIFERENTES DIMENSÕES NO ESTADO DO PARÁ

Relação entre os alagamentos na cidade de Belém-PA, a pluviosidade e o nível da maré

ESTUDO DO CONFORTO TÉRMICO EM CIDADES DE DIFERENTES DIMENSÕES NO ESTADO DO PARÁ.

Variabilidade da Precipitação Pluviométrica no Estado do Amapá

SAZONALIDADE DO CONFORTO TÉRMICO NA ILHA DO MARAJÓ PA

TRABALHO DE CAMPO: CONFORTO TÉRMICO NO PARQUE DO POVO MANUAL DE ORIENTAÇÃO

A TEMPERATURA E A UMIDADE DO AR EM NOVA ANDRADINA/MS EM AGOSTO DE 2008 ÀS 20h 1

Análise da variação da temperatura e precipitação em Belém em anos de El Niño e La Niña.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DIRETORIA DE PESQUISA

RELATÓRIO TÉCNICO CIENTÍFICO

Sazonalidade da precipitação e umidade relativa do ar em cidades de diferentes portes na Região Amazônica Brasileira

ESTUDO DO CONFORTO TÉRMICO DIURNO EM ESCOLAS PÚBLICAS NO MUNÍCIPIO DE BRAGANÇA-PA.

ESTUDO DO GRAU DE CONFORTO HUMANO A PARTIR DE ÍNDICES BIOMETEOROLÓGICOS NO MUNICÍPIO DE PALMAS TO.

Estudo sobre as características climáticas na área urbana do município de Carapicuíba, São Paulo. Bruna de Abreu. Universidade de São Paulo

ANÁLISE DO CONFORTO TÉRMICO NA CIDADE DE EUCLIDES DA CUNHA PAULISTA SP

UFPA- FAMET- Brasil- Belém-

APLICAÇÃO DO MODELO THORNTHWAITE-CAMARGO PARA EVAPOTRANSPIRAÇÃO POTENCIAL EM QUATRO CIDADES PARAIBANAS

ARTIGO COM APRESENTAÇÃO BANNER - CLIMATOLOGIA, UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

COMPARAÇÃO DE VARIÁVEIS METEOROLÓGICAS OBSERVADAS EM DUAS CIDADES DO SERTÃO PARAIBANO

Comparação de Variáveis Meteorológicas Entre Duas Cidades Litorâneas

Sazonalidade da radiação solar e temperatura do ar na Região Amazônica Brasileira

EIXO TEMÁTICO 8: CLIMA E PLANEJAMENTO URBANO/RURAL.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DEPARTAMENTO DE PESQUISA RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO (X) PARCIAL ( ) FINAL

ANÁLISE TEMPORAL DA SENSAÇÃO TÉRMICA NAS CIDADES DE PATOS E SÃO GONÇALO (SOUSA), PARAÍBA, BRASIL

VARIAÇÕES SAZONAIS DA ILHA DE CALOR URBANA NA CIDADE DE BELEM - PA

Análise termohigrométrica nos eixos viários centrais da malha urbana original de Sinop-MT

Variação vertical da temperatura do ar na Floresta Nacional de Caxiuanã em dois períodos distintos (chuvoso e seco).

CALHA PET CONSTRUÇÃO DE CALHAS DE GARRAFA PET PARA APROVEITAMENTO DA ÁGUA DA CHUVA E REDUÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Variabilidade mensal e sazonal da temperatura e umidade do solo no Projeto ESECAFLOR / LBA

XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE DOIS MÉTODOS DE EVAPOTRANSPIRAÇAO PARA QUATRO CIDADES PARAIBANAS

ANÁLISE TERMOHIGROMÉTRICA NOS EIXOS VIÁRIOS CENTRAIS DA MALHA URBANA ORIGINAL DE SINOP-MT

ÍNDICE DE ANOMALIA DE CHUVA APLICADO EM IMPERATRIZ MA

20º Seminário de Iniciação Científica e 4º Seminário de Pós-graduação da Embrapa Amazônia Oriental ANAIS. 21 a 23 de setembro

MECANISMOS DE TROCAS TÉRMICAS ESQUEMA P/ EXPLICAÇÃO DOS MECANISMOS DE TROCAS TÉRMICAS SECAS

UMIDADE RELATIVA DO AR NO MUNICÍPIO DE ASSÚ: ESTUDO DE CASO DAS ILHAS SECAS NO DIA 19/11/2014

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE DOIS MÉTODOS DE EVAPOTRANSPIRAÇAO DE REFERÊNCIA (ET0) PARA A REGIÃO AGRESTE DE ALAGOAS

EVAPORAÇÃO MENSAL E ANUAL PELO MÉTODO DE THORNTHWAITE PARA MATINHAS - PARAÍBA, BRASIL

As influências do fluxo de ventos e das trocas térmicas por radiação nos registros da temperatura externa do ar

Eixo 8: Clima e Planejamento Urbano ou Rural

INFILTRAÇÃO DE ÁGUA NO SOLO ARENOSO E ARGILOSO UTILIZANDO O MÉTODO DE ANEL SIMPLES NO MUNICÍPIO DE CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA - PA.

Gênese e a dinâmica climática no Estado do Tocantins: variações no eixo Alto Parnaíba (MA) Pedro Afonso (TO) Conceição do Araguaia (PA)

Balanço Hídrico Climatológico e Classificação Climática da Região de Sinop, Mato Grosso

BOLETIM CLIMÁTICO Nº 69

Meteorologia e Climatologia. Professor Filipe

:: Julho/ Dezembro-Ano IV, nº 2, ISSN Análise da Dinâmica Climatológica no Município de São Gonçalo/RJ: Triênio

Avaliação do índice de desconforto térmico humano e sensação térmica para as cinco regiões brasileiras em período de El Niño Oscilação-Sul (ENOS)

A cidade e o campo: características térmicas e higrométricas em Rosana/SP - Brasil 1

INFLUÊNCIA DA RADIAÇÃO SOLAR GLOBAL NO AMBIENTE INTERNO: ESTUDO EXPERIMENTAL EM CÉLULAS DE TESTE

2. ALTERAÇÕES NAS PRECIPITAÇÕES OBSERVADAS NA REGIÃO DE MANAUS - AM. MOTA, M. R.; FREITAS, C. E. C. & BARBOSA, R. P.

ANÁLISE PRELIMINAR DA TEMPERATURA E UMIDADE RELATIVA DO AR NA ÁREA URBANA DE TEFÉ-AM.

EFEITOS DE FRENTES FRIAS NO COMPORTAMENTO CLIMÁTICO DO MUNICÍPIO DE VITÓRIA (ES)

Revista Brasileira de Geografia Física

VARIABILIDADE HORÁRIA DA PRECIPITAÇÃO EM PALMAS-TO

PALAVRAS CHAVE: climatologia, precipitação, anomalias de precipitação.

ESTUDO DA PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA NO MUNICÍPIO DE CAMPINAS DO PIAUÍ

Clima de Passo Fundo

Clima: Composição da atmosfera, elementos e fatores climáticos. Lucas Mendes Objetivo - 3º ano Frente 1 - Módulos 12 e 13

Estudo da sensação térmica no município de Mata Grande em Alagoas

CAPÍTULO 6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES

COMPORTAMENTO DO REGIME PLUVIOMÉTRICO MENSAL PARA CAPITAL ALAGOANA MACEIÓ

COMPORTAMENTO DE ALGUNS ELEMENTOS CLIMÁTICOS EM RELAÇÃO À COBERTURA DO SOLO NUMA AREA URBANA NO MUNICÍPIO DE ANANINDEUA - PA

MESOCLIMAS DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

PERFIL TRIMESTRAL, MENSAL E HORÁRIO DA VELOCIDADE E DIREÇÃO DO VENTO AS MARGENS DA BAIA DE CAXIUANÃ, MELGAÇO, PA: ESTUDO DE CASO.

TENDÊNCIAS DE ÍNDICES DE EXTREMOS CLIMÁTICOS PARA A REGIÃO DE MANAUS-AM

AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DO CONFORTO TÉRMICO DE UMA CIDADE EM ÁREA DE TRANSIÇÃO CLIMÁTICA: ARAPIRACA, ALAGOAS, BRASIL.

VARIAÇÃO DO CLIMA E PROCESSO DE URBANIZAÇÃO: ESTUDO DE CASO REGIONAL ISIDORO NO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE/MG

CONFORTO AMBIENTAL Aula 2

Climatologia do conforto térmico humano durante o verão para a cidade de Pelotas-RS, parte 1: índice de calor

Lucio Alberto Pereira 1 ; Roseli Freire de Melo 1 ; Luiza Teixeira de Lima Brito 1 ; Magna Soelma Beserra de Moura 1. Abstract

1 Mestranda (CNPq) do Programa de Pós-graduação em Meteorologia/Universidade Federal de

INFORMATIVO CLIMÁTICO

Colégio Santa Dorotéia

Introdução Agrometeorologia e Climatologia

AVALIAÇÃO DO CONFORTO TÉRMICO NO CENTRO URBANO DE JOÃO PESSOA-PB

A INFLUÊNCIA DE ANOS DE EL NIÑO NA ANÁLISE DA TEMPERATURA DO AR NO MUNICÍPIO DE TERESINA- PIAUÍ, BRASIL

O software auxilia no processo de adequação de edificações ao clima local.

UECEVest T.D de Geografia Prof. Kaynam Sobral

Docente: Profa. Dra. Angela Laufer Rech Turma: 4 período 2 Semestre 2017

ISSN Julho, Boletim Agrometeorológico 2013: Estação Agroclimatológica da Embrapa Amazônia Ocidental, no Km 29 da Rodovia AM-010

ESTIMATIVA DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO POTENCIAL NO BRASIL

Análise dos Eventos Extremos de Precipitação para cidade de Belém e Região Metropolitana.

A INFLUÊNCIA DE ALGUMAS VARIÁVEIS ATMOSFÉRICAS A EXTREMOS DE PRODUTIVIDADE DE TRIGO NO RIO GRANDE DO SUL.

EFEITO DO CONFORTO TÉRMICO SOBRE A ESTIMATIVA DA TAXA DE CONCEPÇÃO E A PRODUÇÃO DE BOVINOS LEITEIROS

Gênese e a dinâmica climática no Estado do Tocantins: uma abordagem preliminar comparativa entre Porto Nacional e Araguaína

BOLETIM CLIMÁTICO Nº 46

MICROCLIMAS URBANOS NO CENTRO DE JOÃO PESSOA-PB

ESTAÇÃO DO VERÃO. Características gerais e como foi o Verão de 2018/2019 em Bauru. O verão é representado pelo trimestre dezembro/janeiro/fevereiro;

ESTIMATIVA DA PRECIPITAÇÃO EFETIVA PARA A REGIÃO DO MUNICÍPIO DE IBOTIRAMA, BA Apresentação: Pôster

ESTUDO DA TENDÊNCIA TEMPORAL DA PRECIPITAÇÃO EM PRESIDENTE PRUDENTE - SP. Vagner Camarini ALVES 1 RESUMO

XII SIMPÓSIO DE RECURSOS HIDRÍCOS DO NORDESTE ANÁLISE DA FREQUÊNCIA DA OCORRÊNCIA DE CHUVA EM UM DIA QUALQUER EM TERESINA/PI

ESTUDO DE CASO DA VARIAÇÃO HORÁRIA DA UMIDADE RELATIVA DO AR EM TERESINA PI NO ANO DE Raimundo Mainar de Medeiros (UFCG)

INFLUÊNCIA DE ANO DE LA NINÃ (1996), EL NINÕ (1997) EM COMPARAÇÃO COM A PRECIPITAÇÃO NA MUDANÇA DE PRESSÃO ATMOSFÉRICA NO MUNICIPIO DE TERESINA PIAUÍ

JANEIRO / 2013 Versão 1.0 N O 1

PROGNÓSTICO CLIMÁTICO DE VERÃO. Características do Verão

INFLUÊNCIA DOS OCEANOS PACÍFICO E ATLÂNTICO NA VARIABILIDADE DA TEMPERATURA EM BELÉM-PARÁ.

ESTIMATIVA DOS FLUXOS TURBULENTOS NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO Maria Helena M. MARTINS 1,2 e Amauri P. de OLIVEIRA 1

ANÁLISE DE ARQUIVOS CLIMÁTICOS PARA A SIMULAÇÃO DO DESEMPENHO ENERGÉTICODE EDIFICAÇÕES

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DA PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA NO MUNICÍPIO DE PÃO DE AÇÚCAR DURANTE 1977 A 2012

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA CONCEITOS INICIAIS. Professor: Emerson Galvani

Transcrição:

Análise de índices de conforto térmico na cidade de Belém, PA durante a época menos chuvosa João de Athaydes Silva Júnior 1, Antonio Carlos Lôla da Costa, Simaia do Socorro Sales das Mercês 1, Everaldo Barreiros de Souza, Simone Nazaré Rodrigues da Silva, Rafael Ferreira da Costa 3, Bruno Takeshi T. Portela, Meriane M. Taques, Luciano da Silva Borges, Maria do Carmo Felipe de Oliveira, Alan Pantoja Braga 4, Paulo Henrique L. Gonçalves 5, João Roberto P. Feitosa 6, Daniel B. Metcalfe 7, José Raimundo Abreu de Sousa 8 1 Universidade Federal do Pará, Núcleo de Altos Estudos Amazônico, Rua Augusto Corrêa, nº 01, Guamá, - Campus Profissional e-mail: athaydes@ymail.com Universidade Federal do Pará, Instituto de Geociências, Faculdade de Meteorologia, Rua Augusto Corrêa, nº 01, Guamá, - Campus Básico e-mail: lola@ufpa.br 3 Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Diretoria de Recursos Hídricos, Tv. Lomas Valentinas, nº 177, Belém, PA.. 4 - Instituto Nacional de Meteorologia, Eixo Monumental Via S1 Sudoeste Brasília-DF. 5 Universidade Federal de Viçosa, DEA, PPGMA, Viçosa, MG. 6 Universidade Federal do Oeste do Pará, Faculdade de Física Ambiental, Santarém, PA. 7 Environmental Change Institute, University of Oxford, Oxford, UK. 8 - Instituto Nacional de Meteorologia, º DISME/Belém, PA. ABSTRACT: Because the climate of a region has great influence on human activities, this work examined the response of two indices of thermal comfort applied in Bethlehem, PA and compared the results with subjective information collected in the field through appropriate questionnaires. It was found that both IC and TE indices used are suitable to be applied to this city. RESUMO: Devido o clima de uma região tem grande influência sobre as atividades humanas, neste trabalho se analisou a resposta de dois índices de conforto térmico aplicados na cidade de Belém, PA e se comparou os resultados obtidos com informações subjetivas coletadas em campo através de questionários adequados. Foi constatado que os dois índices utilizados IC e TE são adequados para serem aplicados a esta cidade. Palavras-chave: Meteorologia, conforto térmico 1 INTRODUÇÃO No decorrer da historia da humanidade sempre houve a interação sociedade-clima, independentemente da forma que ocorreu positiva ou não. Quando se configurou de forma positiva, tivemos a consolidação de inúmeras civilizações pelo planeta e na segunda hipótese, a historia amarga inúmeros casos de desgraças, fome, crises, colapsos da humanidade, restando só a adaptação ao meio ou a migração em massa para outras regiões devido as condições climáticas que foram expostas. Na atualidade, os debates relacionados aos problemas socioambientais têm levado mais em conta o papel do clima como um dos elementos fundamentais na interação entre o homem e a natureza, se preocupando com as proporções dos riscos e impactos ambientais ligados a atmosfera (Monteiro e Mendonça, 001). Nas últimas décadas, a ocupação do território adquiriu novas características, que claramente entraram em conflito com a preservação do meio ambiente. A intensificação de atividades garimpeiras, mineradoras, somado as atividades pecuárias, trouxeram para a região

um rápido processo de crescimento de centros urbanos, cada vez mais numerosos, cujo resultado final foi à rápida degradação ambiental e um rápido crescimento urbano de forma desorganizada. O clima de uma região tem grande influência sobre as atividades humanas, assim como as atividades antrópicas contribuem para as alterações no meio ambiente. Uma das mais acentuadas modificações provocadas pela urbanização é a alteração dos padrões climáticos. Áreas com solos impermeabilizados cada vez maiores e a construção de edificações de grande porte causam variações nas características climáticas locais, possibilitando o surgimento de microrregiões termicamente desconfortáveis denominadas ilhas de calor (Maitelli, 1991; Goldreich, 199; Jáuregui, 199). Neste trabalho iremos utilizar algumas metodologias para calcular índices de conforto térmico e correlacionar com dados oriundos de questionários aplicados em campo. METODOLOGIA O presente estudo foi realizado no município de Belém, Capital do Estado do Pará, que faz divisas ao oeste com a Baía do Guajará, ao sul com o Rio Guamá, ao norte com a Baía de Santo Antônio e a leste com o Município de Ananindeua, conforme a Figura 01a. Sua população estimada é de 1.437.600 habitantes (IBGE, 009). O município possui uma área territorial de 1.065 Km², em que estão compreendidos 39 ilhas e sua coordenada geográficas é 01ºS 7 e 048º30 W. A Cidade de Belém possui uma altitude média de 10 metros acima do nível médio do mar, com um relevo predominantemente plano, com 60 % de sua área acima da cota de 4 metros com relação ao nível do mar (Costa, 1998). Este trabalho foi desenvolvido na área urbana da cidade de Belém, PA, com a utilização de uma estação meteorológica automática instalada em uma região central da cidade de Belém, o bairro de São Braz, conforme a Figura 1b. Neste ponto está sendo realizada coleta de informações meteorológicas a intervalos de 30 minutos. O clima na cidade, segundo a classificação de Köppen (1900-1936) é do tipo Am, ou seja, clima tropical chuvoso de monção. A média anual da temperatura do ar é de 6,0 ± 0,4ºC, com máximas e mínimas variando de 31,5 ± 0,7 a,0 ± 0,3ºC, respectivamente, durante o ano (INMET, 199). Figura 1a e 1b Localização geográfica de cidade de Belém e localização da estação meteorológica automática. Na realização da presente análise, foram utilizados dois índices de conforto térmico para averiguar a que melhor se adéqua a região e aplicado um questionário as pessoas que passavam pelo ponto de medida, para conhecermos sua opinião, referente ao seu conforto térmico no momento, com três opções de escolha (Frio, Normal e Calor). Como não houve a

escolha da opção Frio, ela não foi computada nas análises. A escolha do índice de conforto térmico que melhor se adéqua as características locais deverá estar relacionada com a opinião dos indivíduos entrevistados durante a coleta dos dados. Para essa estimativa das condições ambientais utilizamos o Índice de Calor (IC) e o índice de Temperatura Efetiva (TE). Neste trabalho são analisados os dias 11, 1, 13 e 14 de novembro de 008, no período das 08 às 19 horas, obtidos no ponto de coleta de dados..1 Índices de conforto térmico O Índice de Calor (IC) é um índice que combina a temperatura e a umidade relativa do ar para determinar uma temperatura aparente, que representa o quanto quente estamos sentindo realmente, mostrada na equação 01. O corpo humano geralmente resfria-se pela transpiração, ou suando, na qual a água do suor evapora e retira calor do corpo. Entretanto, quando a umidade relativa do ar é alta, a taxa de evaporação da água é reduzida. Assim, o calor é removido do corpo a uma taxa mais baixa, mantendo mais calor no corpo do que teria numa situação de ar seco. O IC foi elaborado a partir de medidas subjetivas de quanto calor se sente para dados valores de temperatura e umidade relativa do ar, nas situações em que as temperaturas estão elevadas, estando à pessoa à sombra em condições de vento fraco. Os níveis de alerta e suas conseqüências a saúde humana está ilustrada na tabela 01. A expressão para cálculo do IC à sombra é dada por: IC = 4,379 +,0490153 T + 10,1433317 0,475541 T 6,83783 10 3 T 5,481717 10 4 6 + 8,58 10 T 1,99.10 Onde, T é a temperatura do bulbo seco (ºF) e UR é a umidade relativa. + 1,874 10 3 T Eq. 01 Tabela 01 - Níveis de alerta e suas conseqüências a saúde humana do IC. O índice de Temperatura Efetiva (TE) foi definido pela correlação entre as sensações de conforto e as condições de temperatura e umidade procurando concluir quais são as condições de conforto térmico. Usou-se a equação proposta por Thom (1959) para calcular o índice de temperatura efetiva, o qual limita a faixa de conforto entre 18 e 5,6ºC e qualquer valor acima ou abaixo deste intervalo são considerados como stress ao calor e ao frio, respectivamente. TE = 0,4 ( TS + Tu) + 4, 8 Onde: Ts é temperatura do bulbo seco e Tu é a temperatura do bulbo úmido; 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Nas Figuras 0a e 0b são apresentados os índices de calor e de temperatura efetiva, respectivamente, para a cidade de Belém, PA, no período de 11 a 14 de novembro de 008. Como se pode observar na Figura 0a, durante os dias estudados, metade de do tempo obtivemos uma condição de conforto térmico, que segundo a escala na Tabela 01, aponta como cautela extrema e obtivemos apenas 5 horas em condições que não houve alerta para síndromes do calor, indicando as horas mais confortáveis do dia, no período noturno, das 01h30min as 07h30min, momento este que a superfície da cidade já conseguiu dissipar parte da energia térmica acumulada durante o dia. Na Figura 03b, observou-se que em média no período entre as 8h30min até as 0h45min convivemos a situação de stress térmico por calor, o que corresponde a mais de 50% do dia nesta situação. No dia 13, observou-se uma anomalia tanto na curva do IC como do TE, devido a um volume de 14,7 mm que precipitou no local entre as 15h30min e 17h30min e a sua nebulosidade associada, o que ajudou a dissipar boa parte do calor e reduzir a quantidade da radiação solar incidente na superfície. Figura 0a Índice de calor na cidade de Belém, PA nos dias 11 a 14 de novembro de 008 e suas zonas de alerta e na Figura 0b temos o Índice de Temperatura Efetiva na cidade de Belém, PA nos dias 11 a 14 de novembro de 008 e sua zona de stress térmico Nas figuras 03a e 03b são apresentados a média dos índices de calor e de temperatura efetiva para o período analisado e informações relativas à opinião das pessoas entrevistadas, respectivamente, para a cidade de Belém, PA, no período de 11 a 14 de novembro de 008. Nas figuras 03a e 03b, verificou-se que os dois índices de conforto térmico utilizados são adequados para a região apresentando um coeficiente de correlação bom, com valores de r = 0,8 e r = 0,83, para os índices de calor e de temperatura efetiva, respectivamente. Figura 03a Índice de calor na cidade de Belém, PA nos dias 11 a 14 de novembro de 008 e suas zonas de alerta e na Figura 03b temos o Índice de Temperatura Efetiva na cidade de Belém, PA nos dias 11 a 14 de novembro de 008 e sua zona de stress térmico.

4 - CONCLUSÕES Diante dos resultados das análises, conclui-se que tanto o índice de calor como o índice de temperatura efetiva são adequados para serem aplicados na cidade de Belém obtendo uma boa correlação com a opinião dos indivíduos entrevistados durante a campanha de coleta de dados. 5 - AGRADECIMENTOS Agradeço ao CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico pelo financiamento desta pesquisa, ao professor e aos alunos da UFPA/IG/FM da disciplina de Meteorologia Ambiental do segundo semestre de 008 e colaboradores. 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COSTA, A.C.L. Estudo de Variações Termo-Higrométricas de Cidade Equatorial devido ao Processo de Urbanização. O caso de Belém - PA. Tese de Doutorado em Engenharia Ambiental, EESC-USP. São Carlos, SP. 3p., 1998. GOLDREICH, Y. Urban climate studies in Johannesburg, A sub-tropical city located on a ridge - A review. Atmospheric Environment, v. 6B, n. 3, p. 407-40, 199. IBGE, 009. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Acessado em 0-03-010. INMET, Instituto Nacional de Meteorologia, Normais Climatológicas 1961 a 1990. Brasília, DF, 199. JAUREGUÍ, O. E. Aspects of heat-island development in Guadalajara, México. Atmospheric Environment, v.6b, n.3, p. 391-396. 199. MAITELLI, G. T.; ZAMPARONI, C. A. P. G.; LOMBARDO, M. A. Ilha de calor em Cuiabá-MT: Uma abordagem de clima urbano. In: Encontro Nacional de Estudos sobre Meio Ambiente, 3, Londrina-PR, comunicações, Londrina - PR, p.561-571, 1991. MONTEIRO, C. A. F., MENDONÇA, F. Clima urbano. Editora Contexto, São Paulo, SP, 19 p., 001.