PREVALÊNCIA DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES EM HOSPITAL DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA DO MUNICÍPIO DE TRINDADE



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Transcrição:

Artigo apresentado no II Seminário de Pesquisas e TCC da FUG no semestre 2011-2 Coordenação, organização e formatação final: Prof. Dr. Rodrigo Irani Medeiros PREVALÊNCIA DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES EM HOSPITAL DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA DO MUNICÍPIO DE TRINDADE Amanda Rodrigues de Oliveira 1 Maria do Socorro da Silva 1 Sidiney Barbosa Teixeira 1 Prof. Me. George Harrison de Carvalho 2 RESUMO: A prevalência de doenças cardiovasculares (DCV) aumenta a cada ano mundo, Brasil e no Estado de Goiás,sendo responsável por grande número de óbitos. O objetivo deste trabalho foi avaliar a prevalência de DCV em um Hospital de Urgências de Trindade- Goiás (HUTRIN) e hospitais conveniados. Foi realizada uma pesquisa quantitativa descritiva constituída pela análise dos prontuários médicos arquivados, no período de 01 de janeiro de 2011 a 30 de outubro de 2011. A amostra foi 4865 prontuários de pacientes internados nos anos de 2009, 2010 e 2011. Dessas o número de doenças cardíacas totalizou 253 sendo 41,12%, 47,1% e 50% para população masculina e 58,9%, 52,9% e 50% para a população feminina respectivamente. Para a faixa entre 30 e 59 anos o resultado foi de 37,1%, 31,8% e 41,1% e pra a faixa de 60 a 79 anos encontrou-se 45,2%, 43,5% e 38,6%, para pacientes com idade igual ou maior a 80 anos ocorreu 17,7% 22,3% e 18,2% casos de DCV; respectivamente nos anos de 2009, 2010 e 2011 e para a faixa etária menor que 30 anos houve 2,4% em 2010 e 2,6% em 2011. Houve maior prevalência de DCV em mulheres, índice elevado em 2009, 2010 e 2011. A probabilidade de desenvolver a doença entre homens e mulheres foi maior na faixa etária entre 60 e 79 anos. Este estudo evidenciou que o infarto agudo do miocárdio se enquadra como importante causador de óbito por doença cardiovascular. Palavras-chaves: Doenças cardiovasculares, Infarto agudo do miocárdio, mortalidade. ABSTRAT: The prevalence of cardiovascular disease (CVD) increases every year the world, Brazil and the state of Goias in charge, so a large number of deaths. The objective of this study was to evaluate the prevalence of CVD in a Hospital Emergency Trinidad-Goiás (HUTRIN). It is a quantitative descriptive analysis made by the medical records filed in HUTRIN and hospitals to St. Camillus Hospital and Trinity of the period of January 1, 2011 to October 30, 2011. In a sample of 4865 patients hospitalized in the years 2009, 2010 and 2011 the number of cases of heart disease amounted to 253 and 41.12%, 47.1% and 50% for males and 58.9%, 52.9% and 50% for the female population respectively. For the range between 30 and 59 years the result was 37.1%, 31.8% and 41.1% and for the range of 60 to 79 years met 45.2%, 43.5% and 38 6% for patients aged 80 years or greater was 17.7% 22.3% and 18.2% of CVD cases, respectively in the years 2009, 2010 and 2011 and 1 Acadêmico do curso de Enfermagem da Faculdade União de Goyazes 2 Professor orientador da Faculdade União de Goyazes

2 for the age group below 30 years was 2.4% in 2010 and 2.6% in 2011. A greater prevalence of CVD in women, the index remained high in the years 2009, 2010 and 2011. The likelihood of developing the disease between men and women was greatest between the ages of 60 and 79 years. This study showed that acute myocardial infarction fits an important cause of death from cardiovascular disease. KEY WORK: Cardiovascular Disease, Acute myocardial infarction, mortality.. 1 INTRODUÇÃO As doenças cardiovasculares (DCVS) alteram o funcionamento do sistema circulatório, o qual é formado pelo coração, vasos sanguíneos e linfáticos com a função de irrigar todo o tecido do corpo humano inclusive o músculo cardíaco, através do bombeamento sanguíneo realizado pelo coração e seus anexos (MS 2010). O coração é composto por duas bombas em série: uma propele o sangue através dos pulmões, para as trocas de oxigênio e dióxido de carbono circulação pulmonar, e a outra propele o sangue para os demais tecidos do corpo circulação sistêmica. O fluxo sanguíneo através do coração é unidirecional e se estabelece pelo arranjo apropriado das válvulas cardíacas. Embora a ejeção cardíaca seja intermitente, o fluxo sanguíneo para os tecidos do corpo periférico é contínuo pela distensão da aorta e seus ramos durante a contração ventricular sístole e retração elástica das paredes das grandes artérias, que propele o sangue durante o relaxamento ventricular diástole, (Berne et al 2004). A possibilidade de desenvolvimento de doenças cardíacas é avaliada com base na análise conjunta de características e fatores que aumentam a probabilidade do indivíduo vir a ter a doença. O conhecimento desses fatores de risco é de grande importância para o estabelecimento e estratégias de prevenção (Castro et al 2004). Entre eles os mais significantes são: dislipidemias, diabetes mellitus, tabagismo, hereditariedade, hipertensão arterial, sendo que a obesidade e a inatividade física são os fatores mais significativos para desenvolvimento de DCV, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (Castro et al 2009)

3 Um fato que agrava esse quadro de morbidade das DCV é que, aproximadamente um terço dos óbitos ocorre precocemente em adultos entre 34 e 64 anos, nessa faixa etária as principais causas de óbitos são as doenças isquêmicas do coração, as cerebrovasculares, as hipertensivas e o infarto agudo do miocárdio (IAM), este liderando a principal causa de morte (Ishitani et al 2006). As mulheres são as mais suscetíveis a essas doenças, ocorrendo mais mortes por DCV (41,3%) do que as próximas sete causas de mortes combinadas, apesar do risco de câncer de mama ser a principal preocupação das mulheres, a maior incidência de morte se refere às doenças cardiovasculares, um índice de 53% quando comparado aos 4% do câncer de mama (Fernandes et al 2008). O infarto agudo do miocárdio lidera o total de óbitos por DCV, sendo que 50% das mortes acontecem nas primeiras horas de evolução dos sintomas (Santos & Piaggi 2008). Esta patologia acontece quando o tecido do miocárdio é destruído em determinadas regiões do coração onde o fluxo sanguíneo coronariano não é suficiente para sua irrigação (Martins 2007). Ressalta-se que essas causas de mortalidade por doenças cardiovasculares são em grande parte evitáveis, diante da probabilidade da diminuição da ocorrência, isto é, se houver assistência ou prevenção oportuna (Ishitani et al 2006). 1.2 PREVALÊNCIAS DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES NO BRASIL E NO MUNDO. Estudos mais recentes revelam que as DCV são as principais causas de morte no mundo, correspondendo a 30% do total de óbitos (Wan Euken e Morais, 2009). Nos Estados Unidos da América as DCV contribuem com 38,5% de todas as mortes do país, liderando a principal causa de mortalidade (Morton et al.2007). Segundo (Azevuun & Piegas, 2008),no mundo e no Brasil as DCV são responsáveis por 16,6 milhões de mortes ao ano, com perspectiva para 2020 de aumentar esses valores, se persistirem como principal causa de mortalidade e

4 incapacitação. No estado de Goiás, assim como no restante do país as DCV representam maior causa de morbidade e mortalidade ( Jardim et al 2007), sendo que 25,5% morrem por infarto agudo do miocárdio (DATASUS, 2009). No município de Trindade GO as DCV configura como a principal causa de morte adulta dessa região, com cerca de 25,2% das mortes por IAM (DATASUS 2008). A qualidade de vida é um conceito intensamente marcado pela subjetividade, envolvendo todos os componentes essenciais da condição humana, que seja, psicológico, social cultural ou espiritual ( Martins, 1996). O enfermeiro é um intermediador entre a saúde e os componentes essenciais da condição humana. Com esse contexto, a assistência de enfermagem e os cuidados prestados aos indivíduos acometidos pelas DCV dependerão da percepção do enfermeiro, no âmbito da educação e saúde, da atenção de baixa e alta complexidade, para realizar promoção e/ou recuperação da saúde. 2 MÉTODOS Esta é uma pesquisa de abordagem quantitativa descritiva cujo referencial é o conhecimento epidemiológico da prevalência de casos de doenças cardiovasculares no município de Trindade - Goiás, visto que até o presente momento não há relatos de nenhum trabalho dessa natureza realizada no Município de Trindade- GO. A pesquisa foi realizada no Hospital de Urgência de Trindade (HUTRIN) e hospitais conveniados, Hospital São Camilo e Hospital Trindade. Foram analisados os prontuários médicos arquivados no HUTRIN do período de 01 de janeiro de 2011 a 30 de outubro de 2011, e os prontuários de 01 de janeiro de 2009 a 30 de dezembro de 2010 arquivados no hospital São Camilo e no Hospital Trindade. A amostra totalizou 4861 internações nas três unidades pesquisadas, sendo suficiente para a extração dos dados propostos no projeto.

5 Os prontuários foram separados e analisados por faixa etária, sexo e a patologia pelo qual foi o diagnóstico que motivou a internação, o método para calcular a prevalência dos casos foi o mesmo cálculo usado para cálculo de prevalência em epidemiologia, o total de óbitos fornecidos pelo programa do sistema de vigilância em saúde do município de Trindade e o programa de tabulação Tabnet utilizado foi do ministério da saúde foram calculados em porcentagem. Em seguida os resultados colocados em evidência através de tabelas para melhor elucidação dos dados a análise estatística para calcular a (X 2 ) a qui-quadrada foi o GraphPrisma pad 5 com índice de significância p 0,05. Esse trabalho iniciou-se após a aprovação do comitê de ética da Faculdade União de Goyazes (protocolo nº054/2011-2) junto à instituição de pesquisa de campo, para análise de prontuários 3 RESULTADOS Dos resultados encontrados referentes na amostra de 4865 de pacientes internados nos anos de 2009, 2010 e 2011 o número de casos de doenças cardíacas foram 253 sendo 41,12%, 47,1% e 50% para população masculina e 58,9%, 52,9% e 50% para a população feminina respectivamente (tabela 1) e (figura 1). Não houve diferença estatística entre a população masculina e feminina nos anos de 2009 p<0.15 nem no ano de 2010 p<0.87 os dados referentes a 2011 foram homogêneos para ambos os sexos (tabela 1). Quanto à faixa etária, os resultados das amostras encontrados para 30 e 59 anos foi de, 37,1%, 31,8% e 41% de DCV, respectivamente nos anos de 2009, 2010 e 2011. Para 60 a 79 anos encontraram-se 45,2%, 43,5% e 38,6%, para pacientes com idade igual ou maior há 80 anos, ocorreram 17,7% 22,3% e 18,2% de DCV; para a faixa etária menor que 30 anos e houve 2,4% em 2010 e 2,6% em 2011 (Tabela 1) e (figura 2). Observa-se que não houve dados estatísticos para a faixa etária de menores de 30 anos no ano de 2009 na fonte pesquisada. Esses

6 resultados foram estatisticamente insignificantes devido à homogeneidade dos resultados com p > 0.05. Em relação aos óbitos por doenças cardíacas, a somatória das amostras revelou o total de 132 mortes contabilizado em 2009, 2010 e 2011. Esses dados foram obtidos através do programa de tabulação de mortalidade por doenças especificas de uma determinada região ou município (TABNET-DATASUS). Os resultados de óbitos, encontrados, referentes aos anos de 2009, 2010 e 2011 para IAM foram respectivamente de 34,88%; 36,9% e 33,3% (tabela 2) e (figura 3). Já para ICC(Insuficiencia Cardiaca Congestiva) os resultados referentes aos mesmos anos foram de 25,6%, 27,7% e 33,3% (tabela 2) e (figura 3). Para cardiomiopatia os valores foram de 15,4% e 25% e doenças isquêmicas os resultados foram de 10,8% e 12,5% referentes aos anos de 2010 e 2011 (Tabela 2). Observou-se que em 2009 não houve óbitos segundo fonte pesquisada. Tabela 1: Fatores sócio-demográficos relacionados às doenças cardiovasculares Variáveis Total de pacientes internados Janeiro / Dezembro 2009 Janeiro / Dezembro 2010 Janeiro / Outubro 2011 nº % nº % nº % 1844 2488 533 Total de pacientes com DCV 124 6,73 85 3,41 44 8,25 Sexo Masculino 51 41,12 40 47,1 22 50 Feminino 73 58,9 45 52,9 22 50 Faixa etária Menor de 30 anos 0 0 2 2,4 1 2,6 30 a 59 anos 46 37,1 27 31,8 18 41 60 a 79 anos 56 45,2 37 43,5 17 38,6 80 anos ou mais 22 17,7 19 22,3 8 18,2 Fonte: Hospital de Urgência e Emergência de Trindade- GO, Hospital São Camilo, Hospital Trindade Trindade - Goiás.

7 Tabela 2: Óbitos por causa específica de doença cardiovascular Patologia Janeiro / Dezembro 2009 Janeiro / Dezembro 2010 Janeiro / Outubro 2011 Nº % Nº % Nº % Total de óbitos 43 65 24 IAM 15 34,88 24 36,9 8 33,3 ICC 11 25,6 18 27,7 8 33,3 Cardiomiopatia 0 0 10 15,4 6 25 Doença isquêmica 0 0 7 10,8 3 12,5 Fonte: TABNET- DATASUS 2011, Núcleo de vigilância epidemiológica de Trindade- GO

8 Figura 1: índice de doenças cardiovasculares por faixa etária Figura 2: Evolução de IAM e ICC

9 4 DISCUSSÃO Os resultados dessa pesquisa revelam que no ano de 2009 as doenças cardiovasculares quando comparadas ás amostras masculina e feminina, essa última foi mais suscetível em detrimento à outra, com 58,9% dos casos acometendo a população feminina e 41,1% para a masculina, esse resultado confirma a afirmativa de Fernandes et al. (2008), que relata, em pesquisa, que o gênero feminino está mais propício a desenvolver doenças cardiovasculares do que o masculino. Contudo, nos anos de 2010 e 2011 houve uma ligeira queda nos índices femininos e um pequeno aumento no índice masculino sendo que em 2010 dos casos analisado a amostra feminina foi de 52,9% enquanto a masculina foi de 47,1%. Já em 2011 os valores foram idênticos para ambos os gêneros. (Figura 1). Essa diminuição nos casos na população feminina pode ser atribuída à maior procura das mulheres por assistência médica e menor interesse da população masculina de priorizar os cuidados com sua saúde, Chagas et al ( 2009). Ademais, fatores de risco como o tabagismo e o sedentarismo caracterizam-se como um grande aliado ao descuido do homem em relação á prevenção de doenças crônicas degenerativas, tornando-o mais suscetível a desenvolver DCV. Quanto à faixa etária, este estudo notou um aumento considerável da incidência de DCV na idade entre 30 a 59 no ano de 2011 (Figura 2), esses dados concordam com estudo de Bassamese et al,( 2009) que identificou 40% de mortes por DCV situada na faixa etária menor de 60 anos. Em contrapartida, uma pesquisa do ministério da saúde comparou à incidência de DCV em 15 capitais do país, e em 09 destas capitais a prevalência teve maior significância de casos de doenças cardíacas na faixa etária maior que 60 anos, mesmos resultados encontrados por Mascarenhas (2009) no município de Lajedo do Tabocal BA. Entretanto, nos anos de 2009 e 2010 dos resultados encontrados nessa pesquisa a prevalência de doenças cardíacas permanece maior entre 60 a 79 anos. Todavia estudos de Ishitani et al, 2006 revelam que um terço das mortes por DCV ocorrem precocemente na faixa entre 30 e 64 anos, em virtude dessas divergências, e de grande relevância que estudo em relação à faixa etária

10 acometida por doenças cardiovasculares sejam estudadas com maior complexidade no país incluindo todos os municípios, para que medidas de prevenção e promoção à saúde sejam mais bem direcionadas aos maiores indivíduos suscetíveis a desenvolver tais doenças. Em relação às mortes por doença cardiovascular especifica, o infarto agudo do miocárdio no ano de 2009 teve um índice considerável de maior causa de mortes 34,88%. Da mesma maneira, em estudo de Santos e Piaggi, (2008) o infarto agudo de miocárdio liderou o total de óbitos por doenças cardíacas. Porém, a insuficiência cardíaca nos anos de 2010 e 2011, no presente estudo, demonstrou elevado índice de mortalidade sendo 27,7% em 2010 e 33,3% em 2011. (Figura 3) Neste estudo o infarto agudo do miocárdio ainda é a principal causa de morte por doenças cardiovasculares e a insuficiência cardíaca congestiva vem contribuindo com um valor significante para as causas de mortes especificas de doenças cardíacas. Tal quadro pode ser explicado pela maior gama de causas cardíacas para o desenvolvimento de insuficiência cardíaca congestiva, como hipertensão arterial sistêmica, doença coronariana e disfunção ventricular (Lessa, 2001). 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Na análise da pesquisa conclui-se que, o índice de prevalência de doenças cardiovasculares é maior na população feminina, com um pequeno aumento no índice da população masculina referentes aos anos estudados. Ao compararmos as faixas etárias, o estudo mostrou que a probabilidade de desenvolver DCV foi em adultos entre 60 e 79 anos. Este trabalho evidenciou ainda que o Infarto Agudo do Miocárdio se enquadra como a principal causa de óbito por doenças cardiovascular seguido da insuficiência cardíaca congestiva. Essa linha de pesquisa, uma vez que é pioneiro neste município, sugere que a secretária de saúde e profissionais de saúde possam discutir estratégias e

11 políticas de saúde são relevantes para promoção e recuperação da saúde em relação as doenças cardiovascular. Todavia, o enfermeiro é o profissional que tem maoir contato direto com o paciente, lhe proporcionando um relacionamento de confiança, esse fato facilita as espectativas de um a assistência adequada seja de alta ou baixa complexidade a pessoa assistida pela equipe de saúde. 6 BIBLIOGRAFIA AVEZUM, A.; GUIMARÃES, H. P.; PIEGAS, L. S. Fatores de risco associados com Infarto Agudo do Miocárdio na região metropolitana de São Paulo e no Brasil, Arquivos Brasileiros de Cardiologia - Volume 84, Nº 3, Março 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/abc/v84n3/a03v84n3.pdf> Acesso em: 04/04/2011 Bassanesi, S.L, Azanbuja.M.I, Achutti. A. Mortalidade por doenças cardiovasculares e Desigualdades Sociais em Porto Alegre: da Evidencia á Ação. Disponível em www.scielo.br/ ; acessado em: 20/11/2011. BERNE, R. M. LEVY, M. N. STANTON, B. A. Fisiologia. 5ª. Edição; Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. GOIÁS. Secretaria de Estado da Saúde. Caderno de informações de saúde de Goiás. Disponível em www.ibge.cidades.go.gov. Acesso em: 22/04/2011 CASTRO, L. C. V. et al. Nutrição e doenças cardiovasculares: os marcadores de risco em adultos. Rev. Nutr., Campinas, v. 17, n. 3, Sept. 2004. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s1415-52732004000300010&lng=en&nrm=iso> Acesso em : 04/04/2011 FERNANDES, C. E. et al. I Diretriz Brasileira sobre Prevenção de Doenças Cardiovasculares em Mulheres Climatéricas e a Influência da Terapia de Reposição Hormonal (TRH) da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e da Associação Brasileira do Climatério (SOBRAC). Arq Bras Cardiol.2008;91(1 supl.1):1-23. Disponível em: <http://publicacoes.cardiol.br/consenso/2008/diretriz_dcv_mulheres.pdf> Acesso em :18/04/2011 JARDIM, T. S. V. et al. Evolução dos fatores de risco cardiovasculares em profissionais da área de saúde em um intervalo de 15 anos. Arq Bras Cardiol 2010; 95(3) :p. 332-338. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/abc/v95n3/aop08210.pdf> Acesso em :18/04/2011 ISHITANI, L. H. et al. Desigualdade social e mortalidade precoce por doenças cardiovasculares no Brasil. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 40, n. 4, Aug. 2006

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