Crise econômica e mercado de trabalho: Medidas de Auxílio ao trabalhador. Alexandre Ferraz Economista do DIEESE. Doutor em Ciência Política pela USP.

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Transcrição:

Crise econômica e mercado de trabalho: Medidas de Auxílio ao trabalhador Alexandre Ferraz Economista do DIEESE. Doutor em Ciência Política pela USP.

O Papel do CODEFAT diante da crise As soluções de auxílio ao mercado de trabalho ao alcance do conselho

Objetivo da Medida e Amparo Legal A medida dispõe sobre o pagamento de parcelas adicionais do Seguro-Desemprego aos beneficiários dos subsetores de atividade econômica e respectivas Unidades da Federação, segundo critérios estabelecidos pela Resolução CODEFAT nº 592, de 11 de fevereiro de 2009, cuja dispensa tenha ocorrido no mês de janeiro de 2016 a junho de 2016 A medida esta amparada pelo inciso V, do art.19 da Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990, e a Lei nº 8.900, de 30 de junho de1994 A mesma medida já foi adotada diante da crise econômica mundial de 2008, que se irradiou para os países periféricos atingindo o Brasil de forma mais violenta no ano passado e este ano. O FAT tem ampla margem para as despesas com pagamento de benefícios, garantidas pelas reservas de liquidez no extramercado, aplicadas no Banco do Brasil. O Objetivo é garantir um auxilio ao trabalhador por conta da crise e preservar sua qualificação e parte da renda até sua recolocação no mercado de trabalho.

Principais causas da desaceleração econômica: condicionantes internos Para receber as parcelas adicionais o trabalhador deve se matricular em um curso de qualificação oferecido pelo SINE desde que este esteja disponível na sua região e no seu arco de atuação profissional. Além do mais, o trabalhador deve estar inscrito no SINE e se comprometer a comparecer as entrevistas de emprego para as vagas a que for encaminhado, desse que sejam na sua área de atuação e num raio máximo de 20 quilômetros do local de moradia. Os demitidos sem justa causa com direito a este benefício devem obrigatoriamente ter tido seu vinculo rompido com empregadores dos setores discriminados no ANEXO 1 desta resolução. Os setores classificados com base na CNAE 2.0, grupo, são os que tiveram maior variação da demissão sem justa causa entre o primeiro quadrimestre de 2015 comparado a 2016. Os mesmos setores respondem por 28% do emprego total, segundo os dados da Rais 2014, e 24% dos demitidos sem justa causa, segundo o CAGED.

Síntese do mercado de trabalho em uma conjuntura de crise A PNAD contínua do IBGE revela que no primeiro trimestre de 2016 o número de desempregados chegou a 11.089 trabalhadores, contra 7.934 trabalhadores no mesmo período do ano anterior. O que equivale a uma taxa de 10,9% de desocupação, contra 7,9 em 2015. Os dados da PED mostram que o tempo médio de busca por emprego subiu de 22 semanas em média em abril de 2014 na região metropolitana de São Paulo, para 27 semanas em abril de 2015, chegando a 34 semanas em abril de 2016. Conforme noticiado no jornal Folha de São Paulo, em 27/05/2016, desde o começo do ano 2,8 milhões de pessoas já receberam a última parcela do seguro desemprego até maio de 2016, um aumento de 8% em relação ao mesmo período de 2015.

A situação atual do mercado de trabalho brasileiro

Produto Interno Bruto PIB Brasil 2000 / 2016. Fonte: IBGE. Elaboração própria. * Estimativa do BACEN / Boletim Focus.

Evolução do número de desocupados Brasil Março de 2012 / Maio de 2016. Fonte: IBGE / PNAD Contínua. Elaboração própria.

Evolução da taxa de desocupação Brasil Março de 2012 / Maio de 2016. Fonte: IBGE / PNAD Contínua. Elaboração própria.

Evolução da taxa de desemprego Regiões Metropolitanas Janeiro de 2014 / Maio de 2016. Fonte: DIEESE-SEADE / PED. Elaboração própria.

Movimentação do emprego celetista Brasil Janeiro de 2012 / Maio de 2016. Fonte: MTE / CAGED. Elaboração própria. Nota: Os dados foram extraídos em 28/06/2016.

Evolução da ocupação, segundo o setor de atividade Brasil Janeiro de 2015 / Maio de 2016. Fonte: IBGE / PNAD Contínua. Elaboração própria.

Regiões Metropolitanas selecionadas - PED (Março de 2016) Fonte: Convênio Dieese/ Seade/ MTPS - FAT.Pesquisa de Emprego e Desemprego - PED. (1) A amostra não comporta desagregação para esta categoria. Região Região Tempo médio de Procura (em semanas) Fortaleza 28 Porto Alegre 29 Salvador 50 São Paulo 33 Distribuição dos desempregados, por classe de tempo de procura (%) Total Até 30 dias Mais de 1 a 2 meses Mais de 2 a 3 meses Mais de 3 a 6 meses Mais de 6 a 12 meses Mais de 1 ano Fortaleza 100,0 18,6 18,4 (1) 19,8 23,7 (1) Porto Alegre 100,0 14,1 15,5 13,7 23,0 26,9 (1) Salvador 100,0 (1) 10,1 9,9 18,7 30,6 23,8 São Paulo 100,0 17,3 14,0 9,7 23,4 25,0 10,7

Evolução do tempo de procura por emprego Regiões Metropolitanas selecionadas Fonte: Convênio Dieese/ Seade/ MTPS - FAT.Pesquisa de Emprego e Desemprego - PED. (1) A amostra não comporta desagregação para esta categoria. Região e Período Distribuição dos desempregados, por classe de tempo de procura (em %) Total Até 5 meses Mais de 5 meses Fortaleza Março/15 100,0 65,5 34,5 Março/16 100,0 60,6 39,4 Porto Alegre Março/15 100,0 67,2 32,8 Março/16 100,0 53,6 46,4 Salvador Março/15 100,0 42,1 57,9 Março/16 100,0 32,9 67,1 São Paulo Março/15 100,0 66,0 34,0 Março/16 100,0 52,7 47,3

Saques do FGTS por demissão sem justa causa Fonte: FGTS/CAIXA

O setor com pior variação no saldo do CAGED até julho de 2016 Setor Variação Indústria do material de transporte -5,63 Construção Civil -5,34 Indústria de produtos minerais não metálicos -4,81 Indústria metalúrgica -4,47 Indústria mecânica -4,36 Indústria do material elétrico e de comunicações -3,33 Indústria da madeira e do mobiliário -3,27 Comércio varejista -3,27

Variação nas Demissões sem Justa Causa Fonte: CAGED/TEM Elaboração: DIEESE. CNAE 2.0. GRUPOS Competência Declarada jan-abril/2016 jan-abril/2015 2016 x 2015 Telecomunicações por Satélite 197 95 107,4% Fabricação de Produtos do Fumo 645 367 75,7% Siderurgia 5.893 3.374 74,7% Coquerias 35 22 59,1% Atividades de Apoio à Extração de Petróleo e Gás Natur 3.488 2.236 56,0% Seguridade Social Obrigatória 15 10 50,0% Fabricação de Caminhões e ônibus 1.091 737 48,0% Tratamento e Disposição de Resíduos 1.885 1.302 44,8% Fabricação de óleos e Gorduras Vegetais e Animais 2.823 1.999 41,2% Arrendamento Mercantil 22 16 37,5% Fabricação de Veículos Ferroviários 621 468 32,7% Serviços Móveis de Atendimento a Urgências e de Rem 828 635 30,4%

Variação nas Demissões sem Justa Causa Fonte: CAGED/TEM Elaboração: DIEESE. CNAE 2.0. GRUPOS Competência Declarada jan-abril/2016 jan-abril/2015 2016 x 2015 Construção de Embarcações 6.457 5.073 27,3% Atividades de Apoio à Gestão de Saúde 1.724 1.369 25,9% Fabricação e Refino de Açúcar 29.622 23.528 25,9% Atividades Auxiliares dos Transportes Aéreos 2.986 2.391 24,9% Pesquisa e Desenvolvimento Experimental em Ciência 678 547 23,9% Atividades de Serviços Financeiros não Especificadas An 2.547 2.063 23,5% Atividades de Apoio à Educação 1.891 1.548 22,2% Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica 3.475 2.856 21,7% Trens Turísticos, Teleféricos e Similares 34 28 21,4% Gestão de Ativos Intangíveis Não-Financeiros 557 462 20,6% Fabricação de Geradores, Transformadores e Motores E 2.762 2.293 20,5%

Variação nas Demissões sem Justa Causa Fonte: CAGED/TEM Elaboração: DIEESE. CNAE 2.0. GRUPOS Competência Declarada jan-abril/2016 jan-abril/2015 2016 x 2015 Fabricação de Produtos Derivados do Petróleo 592 496 19,4% Fabricação de Cimento 837 703 19,1% Atividades de Consultoria em Gestão Empresarial 9.592 8.109 18,3% Atividades de Apoio à Agricultura e à Pecuária 24.768 21.172 17,0% Serviços de Assistência Social sem Alojamento 5.622 4.891 14,9% Atividades Veterinárias 751 658 14,1% Atividades de Recreação e Lazer 4.495 3.940 14,1% Fabricação de Equipamento Bélico Pesado, Armas de Fo 393 348 12,9% Preparação e Fiação de Fibras Têxteis 3.747 3.329 12,6% Fabricação de Artigos de Malharia e Tricotagem 2.098 1.864 12,6% Fabricação de Automóveis, Camionetas e Utilitários 4.767 4.252 12,1% Preservação do Pescado e Fabricação de Produtos do Pe 1.529 1.373 11,4% Atividades de Administração de Fundos por Contrato o 331 298 11,1%

Reflexões finais: O papel do CODEFAT diante da crise, possibilidades de intervenção A expectativa é que cerca de 500 mil de trabalhadores sejam beneficiados pela medida. A estimativa foi feita pelo DIEESE e leva em conta o número de trabalhadores que se beneficiou do Seguro Desemprego no entre 2015 e 2016 e o número de demitidos sem justa causa no período. Tomando o valor médio das parcelas em fevereiro de 2016, de R$ 1.123,00 Reais, podemos estimar um impacto de aproximadamente R$ 1,12 Bilhões, um aumento de cerca de 10% no total de benefícios a serem pagos no ano. Esse recurso é importante tanto para o trabalhador como para a recuperação da economia.

Muito obrigado. E-mail: tiago@dieese.org.br