Campus de Ilha Solteira. Alameda Bahia, 550 Norte, Caixa Postal 31 Ilha Solteira SP. Brasil. CEP

Documentos relacionados
Balanço hídrico da Bacia São José dos Dourados, variáveis água subterrânea e chuva média

ESTUDO DA VARIAÇÃO QUANTITATIVA DA ÁGUA SUBTERRÂNEA DEVIDO A EXPANÇÃO DA CANA-DE-AÇÚCAR COM O USO DE SIG

DIAGNÓSTICO PRELIMINAR DA UTILIZAÇÃO DA ÁGUA SUBTERRÂNEA NA BACIA DO RIO SÃO JOSÉ DOS DOURADOS

UMA ESTIMATIVA DA ESPESSURA DO AQÜÍFERO BAURU NA BACIA DO SÃO JOSÉ DOS DOURADOS - SP

ANÁLISE TEMPORAL DOS USOS CONSUNTIVOS DOS POÇOS OUTORGADOS NA BACIA DO SÃO JOSÉ DOS DOURADOS - SP

O USO DA ÁGUA SUBTERRÂNEA PARA SUPRIR O CONSUMO DAS INDÚSTRIAS SUCROALCOOLEIRAS

O CRESCIMENTO URBANO E SUAS IMPLICAÇÕES NA ÁGUA SUBTERRÂNEA: O EXEMPLO DE MIRASSOL/SP

O crescimento urbano e suas implicações na água subterrânea: o exemplo de Mirassol/SP

COMUNICAÇÃO TÉCNICA Nº

Balanço Hídrico Quantitativo. Oferta-Demanda. Brasília - DF

PROPOSTA DE PADRONIZAÇÃO DAS DENOMINAÇÕES DOS AQUÍFEROS NO ESTADO DE SÃO PAULO. José Luiz Galvão de Mendonça 1

INDICADOR 4 OPERACIONALIZAÇÃO DA COBRANÇA. Indicador 4B Cadastro de Usuários RELATÓRIO ANUAL COM O ESTADO DA ARTE DOS CADASTROS DE USUÁRIOS

PLANO DA BACIA DO RIO MOGI GUAÇU

ANÁLISE DA DENSIDADE DE POÇOS TUBULARES NO ESTADO DO CEARÁ

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL HIDROGEOLÓGICO NA ILHA DE ITAPARICA BAHIA

XVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS HIDROGEOLOGIA DO SASG NO MUNICÍPIO DE FREDERICO WESTPHALEN (RS)

José Cláudio Viégas Campos 1 ; Paulo Roberto Callegaro Morais 1 & Jaime Estevão Scandolara 1

INDICADOR 4 OPERACIONALIZAÇÃO DA COBRANÇA. Indicador 4B Cadastro de Usuários ESTADO DOS CADASTROS DE USUÁRIOS NAS BACIAS PCJ NO ANO DE 2015

EXPANSÃO DO SETOR SUCROALCOOLEIRO NO CERRADO GOIANO: CENÁRIOS POSSÍVEIS E DESEJADOS

Legislação Florestal e pressão antrópica na sub-bacia hidrográfica do riacho Jacaré, baixo São Francisco sergipano

OS AQUÍFEROS BOTUCATU E PIRAMBÓIA NO ESTADO DE SÃO PAULO: NOVOS MAPAS DE ISÓBATAS DO TOPO, ESPESSURA E NÍVEL D'ÁGUA.

APLICAÇÃO DO MÉTODO DIRETO VOLUMÉTRICO PARA MENSURAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DA VAZÃO DE NASCENTE NA SERRA DA CAIÇARA, NO MUNICÍPIO DE MARAVILHA, ALAGOAS

ANÁLISE ECONÔMICA DA CULTURA DA SERINGUEIRA NO MUNICÍPIO DE POLONI/SP

A OUTORGA DE DIREITO DE USO DE RECURSOS HÍDRICOS: OS CRITÉRIOS DE USO PARA AS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NOS ESTADOS DA PARAÍBA E PIAUÍ.

ÁGUAS SUBTERRÂNEAS E AGROEMPRESAS DO NORTE DO ESTADO DO PARANÁ

A FORMAÇÃO SERRA GERAL COMO FONTE DE ABASTECIMENTO NA REGIÃO DE MARÍLIA SP

CAPÍTULO I INTRODUÇÃO

ASPECTOS DO AQÜÍFERO GUARANI NA REGIÃO DE MARÍLIA - SP

Geoprocessamento na delimitação de áreas de conflito em áreas de preservação permanente da sub-bacia do Córrego Pinheirinho

ANÁLISE DO USO E OCUPAÇÃO DA TERRA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO MÉDIO-BAIXO CURSO DO RIO ARAGUARI

ÁGUA SUBTERRÂNEA: USO E PROTEÇÃO

CLASSIFICAÇÃO E ENQUADRAMENTO: POR QUE ESPERAMOS O GOVERNO?

ANÁLISE COMPARATIVA DOS SISTEMAS DE GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS ENTRE OS ESTADOS BRASILEIROS

PLANO DE RECURSOS HíDRICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO

7 Cargas na bacia. Carga = Massa / Tempo. Carga = Q x C. Cargas Pontuais Cargas Difusas. Fontes pontuais. Fontes difusas

ESTIMATIVA DE RECARGA DO SISTEMA AQUÍFERO SERRA GERAL UTILIZANDO BALANÇO HÍDRICO

Superintendência de Planejamento de Recursos Hídricos SPR/ANA. Diagnóstico Preliminar

ANÁLISE DA FRAGILIDADE AMBIENTAL NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO PORECATU NO MUNICÍPIO DE MANDAGUAÇU-PR

ESPACIALIZAÇÃO DE PARÂMETROS DE SOLO EM UMA MICROBACIA DE OCUPAÇÃO URBANA - SOROCABA/SP

NOVO SISTEMA DE OUTORGAS DO DAEE. Ricardo Borsari Superintendente

DIAGNÓSTICO DOS POÇOS TUBULARES E A QUALIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO NORTE, CEARÁ

Prof. Vital Pedro da Silva Paz

Caracterização morfométrica da unidade de planejamento do Poxim SE

Sumário. Apresentação I Apresentação II Apresentação III Prefácio Capítulo 1 Introdução... 37

Water resources availability and demand in the context of planning and management

ÁGUAS SUBTERRÂNEAS EM CUIABÁ E VÁRZEA GRANDE MT: MENSURAÇÃO DO VOLUME PARA ATENDER AOS MÚLTIPLOS USOS

CCÓDIGO SITUAÇÃO DA DISPONIBILIDADE HÍDRICA SUBTERRÂNEA NA BACIA DO RIO BAQUIRIVU-GUAÇU, SP

ESTUDO DA DISPONIBILIDADE HÍDRICA NA BACIA DO RIO PARACATU COM O SOFTWARE SIAPHI 1.0

XIII-SEMINÁRIO NACIONAL DE GESTÃO E USO DA ÁGUA. Oferta e demanda frente ao desenvolvimento sustentável. mananciais subterrâneos:novas perspectivas

ESPACIALIZAÇÃO DO REBAIXAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TRAMANDAÍ, RS 1

USO E QUALIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS PARA ABASTECIMENTO PÚBLICO NO ESTADO DE SÃO PAULO

MESA REDONDA PALCO 3 07/11/ :30 h as 18:00h h AS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS ESTÃO BEM REPRESENTADAS NOS PLANOS DE BACIA HIDROGRÁFICA?

A OUTORGA DOS RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS COMO OBJETO DE GERENCIAMENTO E PLANEJAMENTO. Elcio Linhares Silveira 1

HIDROQUÍMICA DO SISTEMA AQUÍFERO BAURU NA REGIÃO SUDOESTE DO ESTADO DE SÃO PAULO

BLOCO V ÁGUA COMO RECURSO NO MOMENTO ATUAL. Temas: Escassez. Perda de qualidade do recurso (água) Impacto ambiental

USO DA ÁGUA NA BACIA HIDROGRÁFICA DOS RIOS TURVO/GRANDE, ESTADO DE SÃO PAULO WATER USE IN THE TURVO/GRANDE WATERSHED, STATE OF SÃO PAULO

ESTUDO DA OFERTA INTERNA DE ENERGIA A PARTIR DE DERIVADOS DA CANA DE AÇÚCAR NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO

DELIMITAÇÃO DE MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS COM BASE EM MODELO DIGITAL DE ELEVAÇÃO

CAPTAÇÃO E USO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NO MUNICÍPIO DE ADAMANTINA SP

AVALIAÇÃO DA VULNERABILIDADE À CONTAMINAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS SUBSUPERFICIAIS EM ÁREAS URBANAS COMO FERRAMENTA DE GESTÃO

ZONEAMENTO EDAFOCLIMÁTICO PARA A CULTURA DO EUCALIPTO (Eucalyptus spp) NO ESTADO DO TOCANTINS

SAAPS. Sistema de apoio à avaliacão ambiental preliminar de sítios

*Endereço: Rua Caldas Júnior, n.º 120, 18º andar Centro Porto Alegre RS CEP Brasil Tel: (51)

USO E OCUPAÇÃO DO SOLO E IMPACTOS AMBIENTAIS NA MICROBACIA DO CÓRREGO MATRIZ-GO, BRASIL

Conflito de Usos de Recursos Hídricos Geração de Energia x Irrigação. Caso da UHE Batalha

NOVO SISTEMA DE OUTORGAS DO DAEE. Ricardo Borsari Superintendente

Análise morfométrica das microbacias do Córrego da Onça, dos Macacos e dos. Dourados na Bacia do Rio Araguari.

Geoprocessamento na delimitação de áreas de conflito em áreas de preservação permanente da sub-bacia do Córrego Pinheirinho

Controlo de Vulnerabilidade dos Aquíferos Costeiros das Bacias Hidrográficas:

ZONEAMENTO DA VULNERABILIDADE À CONTAMINAÇÃO DO SISTEMA AQUÍFERO GUARANI EM SUA ÁREA DE AFLORAMENTO NO ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL

Evolução Comparativa das Áreas Municipais Plantadas com Milho, Cana, Soja e Café no Estado de Minas Gerais entre 1990 e 2006

TÍTULO DO TRABALHO: Comitê de Bacia Hidrográfica - Poderosa Ferramenta para o Saneamento - Experiência do Baixo Tietê.

FLUXO SUBTERRÂNEO DO SISTEMA AQUÍFERO GUARANI NA REGIÃO DE GRAVATAÍ/RS.

GERENCIAMENTO DA ÁGUA SUBTERRÂNEA NO CURIMATAÚ ORIENTAL PARAIBANO: ANÁLISE DO MUNICÍPIO DE ARARUNA-PB

PORTARIA N 060, DE 21 DE OUTUBRO DE 2016.

Análise do comportamento da vazão do rio Atibaia através da entropia de Shannon

8. REGIÃO HIDROGRÁFICA DE SÃO JOSÉ DOS DOURADOS

ENGENHARIA DE AGRIMENSURA E CARTOGRÁFICA HIDROLOGIA. Hidrologia & Ciclo Hidrológico. Prof Miguel Angel Isaac Toledo del Pino CONCEITO ATUAL

Ocorrência de nitrato no sistema aquífero Bauru e sua relação com a ocupação urbana no município de Marília.

1 Lavouras. Cereais, leguminosas e oleaginosas. Área e Produção - Brasil 1980 a 2008

MODELAGEM NUMÉRICA COMO FERRAMENTA PARA A GESTÃO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

RESUMOS COM RESULTADOS ARTIGOS COMPLETOS (RESUMOS)... 95

OUTORGA PARA USO DE ÁGUAS IRRIGAÇÃO CANA PEDE ÁGUA RIBEIRÃO PRETO - SÃO PAULO

Recursos Hídricos: situação atual e perspectivas

CANA-DE-AÇÚCAR: UM PANORAMA DA CONTRIBUIÇÃO DA ÁREA E RENDIMENTO NO ESTADO DE SÃO PAULO,

MUDANÇAS DE COBERTURA VEGETAL E USO AGRÍCOLA DO SOLO NA BACIA DO CÓRREGO SUJO, TERESÓPOLIS (RJ).

DESENVOLVIMENTO DE UM MÉTODO PARA OTIMIZAÇÃO DA ALTURA E LOCALIZAÇÃO DA FONTE PONTUAL ATRAVÉS DA DISPERSÃO ATMOSFÉRICA DE SUA EMISSÃO

11 a 14 de dezembro de 2012 Campus de Palmas

CAPTAÇÃO SUPERFICIAL NA BACIA DO RIO FORMOSO

Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais

RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO DAS ATIVIDADES EQUIPE DO PROJETO RESUMO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Graduando em Engenharia Ambiental e Sanitária do Centro Universitário de Patos de Minas - UNIPAM. (2)

4.2 - Poluição por Nutrientes Eutrofização Aumento de nutrientes, tipicamente compostos contendo N e P, no ecossistema.

Tema 4 Uso da Água Subterrânea na RMSP

Mananciais de Abastecimento. João Karlos Locastro contato:

OUTORGA DE ÁGUAS 19 SUBTERRÂNEAS NO ESTADO DE SÃO PAULO

Norma Técnica Interna SABESP NTS 019

Modelagem Hidro-Econômica na Bacia do Araguari para avaliação do impacto da produção de canade-açúcar e biocombustíveis no valor econômico da água

Transcrição:

ANÁLISE INTRODUTÓRIA DO USO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA PARA O GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS CONSIDERANDO A EXPANSÃO DA CANA-DE- AÇÚCAR: ESTUDO DE CASO DA REGIÃO NOROESTE DE SÃO PAULO Junior de Souza Sumai 1 ; Thiago Garcia da Silva Santim 2 ; Jefferson Nascimento de Oliveira 3 & Malva Andrea Mancuso 4 Resumo Este trabalho foi desenvolvido na bacia São José dos Dourados, mais especificamente nas cidades que fazem parte da sub-bacia Alto São José dos Dourados. O período dos estudos leva em consideração, segundo o CANASAT, dados das safras de cana de açúcar de 2003/2004 a 2007/2008, e a abertura de poços, segundo DAEE, no mesmo período. A comparação dos dados levantados levou a um resultado da possível à interferência da evolução da safra de cana de açúcar, na quantidade de novos poços abertos nesse período na região de estudo. O Sistema de Informações Geográficas (SIG), foi o ferramental usado para o mapeamento das áreas ocupadas pela cana de açúcar. O SIG é um sistema integrado de apoio à tomada de decisões, proposto como uma ferramenta essencial para transformação de dados em informação, bem como a otimização dos resultados. Outro aspecto levantado foi a utilização da água subterrânea na industrialização da cana de açúcar, bem como o aumento de consumo para abastecimento e fins comerciais dos municípios que recebem a mão-de-obra ligada á cultura da cana. Abstract This work was developed at Alto São José dos Dourados Watershed, located at São Paulo State northwest. This research involved the increase of the sugarcane area and the development of the number of wells distributed at the watershed. The analyzed data, from 2003 to July of 2007, were based on official forms to drilling wells, from DAEE and areas from CANASAT, both official sources. As a result the studies denote that the major increase in the wells number in the area during the period, and linking to seasonal grow up of the population with the migration of sugarcane workers, in fact this situation demands more public supply and commercial uses to groundwater. These results had been showing the scope the management of groundwater is fundamental to regional integrated development. Palavras-chave Sistemas de informação geográfica, Cana-de-açúcar, Bacia São José dos Dourados 1 Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira Laboratório de Hidrologia e Hidrometria LH ² UNESP Campus de Ilha Solteira. Alameda Bahia, 550 Norte, Caixa Postal 31 Ilha Solteira SP. Brasil. CEP 15385000. e-mail: sumaijunior@hotmail.com 2 Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira Laboratório de Hidrologia e Hidrometria LH ² UNESP Campus de Ilha Solteira. Alameda Bahia, 550 Norte, Caixa Postal 31 Ilha Solteira SP. Brasil. CEP 15385000. e-mail: thiagosanto777@yahoo.com.br 3 Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira Laboratório de Hidrologia e Hidrometria LH ² UNESP Campus de Ilha Solteira. Alameda Bahia, 550 Norte, Caixa Postal 31 Ilha Solteira SP. Brasil. CEP 15385000. Fone: (18) 37431211. Fax: (18) 37431160. e-mail: jeffno@dec.feis.unesp.br 4 LNEC Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Researcher Office, Hydraulics and Environment Department Groundwater Division, Av. do Brasil 101, PT-1700-066 LISBOA, Portugal. e-mail: mmancuso@lnec.pt 1

1 INTRODUÇÃO A busca por combustíveis de fontes renováveis recebia grandes incentivos para uma produção significava, esta medida provocou uma expansão das áreas de cultivo para o aumento da produção, conseqüentemente, houve a necessidade de um maior número de mão de obra para suprir a demanda de trabalho, bem como a utilização de um maior volume de água para irrigação e processos de produção, até chegar ao produto final, o álcool. Uma análise comparativa com a abertura de poços na região da sub-bacia São José dos Dourados, e a modificação ocasionada pela evolução desta cultura, deve esclarecer qual a influência que essa nova tendência de monocultura pode ter interferido no número de poços outorgados no mesmo período segundo registros do Departamento de Águas e Energia Elétrica, (DAEE). O principal incentivo para a produção do combustível renovável, por meio da cana de açúcar, foi o programa lançado pelo governo, denominado Proálcool. Esse programa tinha como principal objetivo fortalecer a produção do álcool através da cana de açúcar. A produção de álcool combustível apresentou considerável aumento, acompanhado de importantes ganhos de produtividade, desde a implantação do Pro-Álcool. O custo de produção tem diminuído sistematicamente, fato marcante no mercado de energia, no qual quase todos os custos são crescentes. Para sustentar este novo quadro de produção, foi necessário um aumento na produção da matéria prima, a cana de açúcar, vastas áreas que antes eram destinadas para as mais variáveis culturas, foram absorvidas para a produção da cana de açúcar. Para a produção dos derivados da cana de açúcar, a utilização da água é indispensável, na irrigação, na produção industrial, e até mesmo indiretamente, devido a grande utilização da mão de obra humana, grandes quantidades de pessoas são deslocadas para essas áreas de produção gerando necessidades de consumo de água. Segundo Freitas (1998), em relação à produção agrícola, a água pode vir a representar até 90% da composição física das plantas. Na indústria, a quantidade de água gasta para a industrialização de produtos é muito grande, sendo em muitos casos superiores ao produzido. A utilização da água subterrânea é uma medida tomada, para suprir essa necessidade, e possui grande vantagem, o fácil acesso para sua captação por meio da construção de poços, e além do mais, pode ser utilizada nos diversos sistemas de abastecimento, industrial, comercial, doméstico, agrícola, etc. O uso de águas subterrâneas para abastecimento tem uma série de vantagens, quando comparado às águas superficiais, essas águas são imunes a flutuações climáticas, ou seja, não sofrem com secas prolongadas, são relativamente protegidas contra poluição, geralmente dispensa 2

tratamento e grandes adutoras, os poços de captação podem ser confeccionados de acordo com as necessidades. Embora teoricamente a água subterrânea esteja em qualquer lugar, não é viável a construção de um poço arbitrariamente, sem um conhecimento prévio das características do local, e uma perspectiva do sucesso da perfuração. Muitas vezes a construção de um poço para a captação da água subterrânea pode gerar custos elevados, tornando a construção do mesmo inviável. Existem fatores naturais que condicionam a distribuição e concentração da água subterrânea em certos locais, de maneira a melhorar o rendimento e a vazão do poço, tornando o empreendimento mais proveitoso e evitando ou diminuindo a taxa de insucessos. Portanto, este trabalho teve como objetivo analisar a interferência do crescimento da cana de açúcar na quantidade de poços outorgados no mesmo período de comparação, na sub-bacia Alto São José dos dourados. 2 - METODOLOGIA 2.1 - Pacotes Computacionais Utilizados: Para a realização deste trabalho foram utilizados os seguintes softwares: AutoCAD 2000, confecção do mapa da área em questão; ArcMAP 9.2, conflito da área de produção com os novos poços; Base de dados vitual: canasat (www.canasat.com.br), obtenção da área de produção da cana de açúcar; Microsoft Excel 2003, desenvolvimento de tabelas e gráficos deste trabalho. 2.2 - Área de estudo A sub-bacia Alto São José dos Dourados encontra-se dentro da Bacia Hidrográfica do Rio São José dos Dourados, que segundo Veiga e Oliveira (2005), foi definida como a Unidade Hidrográfica de Gerenciamento de Recursos Hídricos 18 (UHGRI 18) pela lei nº. 9.3034/94, de 27/12/1994, que dispôs sobre o Plano Estadual de Recursos Hídricos para o biênio 1994/95. Está localizada no extremo noroeste do Estado de São Paulo. A Bacia é composta pelo Rio São José dos Dourados e seus tributários, além de porções de áreas drenadas diretamente pelo Rio Paraná, situadas na porção oeste da Bacia. 3

A sub-bacia é composta por 10 cidades, das quais 6 delas possuem suas sedes em outra UHGRI, apenas as cidades de: Monte Aprazível, Nhandeara, Sebatianópolis do Sul e Neves Paulista, possuem sua sede dentro da UHGRI-18. 2.3 - Geologia da região Segundo Veiga e Oliveira (2005), as unidades geológicas que afloram na área da Bacia são rochas ígneas basálticas de Formação Serra Geral, as rochas sedimentares dos Grupos Caiuá e Bauru (pertencentes à Bacia Bauru) e os sedimentos quaternários associados à rede de drenagem como também as duas unidades arenosas (formações Botucatu e Pirambóia) situadas estratigraficamente abaixo dos derrames basálticos da Formação Serra Geral e que, conjuntamente, formam o denominado Grupo São Bento (Bacia do Paraná). A Figura 1 apresenta um esquema de distribuição dos sistemas aqüíferos na região. Figura 1 - Localização da BSJD no Estado de São Paulo ; municípios que pertencem à BSJD e municípios com sede fora da bacia (Fonte: Modificado de IPT, 1999 apud Avelar, 2006) 4

3 - COLETA DE DADOS O presente trabalho fez uma análise quantitativa do crescimento das solicitações de outorga para a construção de poços tubulares em todos os municípios que compõe a sub-bacia Alto São José dos Dourados, com o objetivo de detectar uma possível interferência do crescimento da produção da cana de açúcar na região, sobre o surgimento desses novos poços. Tabela 1: Evolução da Safra da Cana de Açúcar na Sub Bacia, segundo CANASAT. Safra (ha) Municípios 2003/2004 2004/2005 2005/2006 2006/2007 2007/2008 Bálsamo 255 291 291 680 1549 Cosmorama 766 839 1143 1603 4047 Mirassol 684 696 811 1257 2568 Monte Aprazível 8273 8960 9699 11089 13733 Neves Paulista 2775 2730 2895 3959 5509 Nhandeara 2330 2283 2769 3757 7239 Poloni 2074 2133 2473 3033 3796 Sebatianópolis do Sul 2219 2263 3226 3621 5340 Tanabi 809 861 1229 2612 8211 Votuporanga 881 802 1133 2467 3788 O número de poços da sub-bacia do Alto São José dos Dourados foi levantado, no DAEE, em períodos anuais a partir do ano de 2003, até o ano de 2007, e a classificação dos usos consuntivos foi dividida em abastecimento, comercial, doméstico, rural e industrial. (tabela 2) Tabela 2: Poços Registrados no DAEE Poços registrados no DAEE Municípios 2003 2004 2005 2006 2007 Bálsamo 0 0 0 1 0 Cosmorama 0 2 2 0 0 Mirassol 2 3 3 1 0 Monte Aprazível 1 1 6 5 1 Neves Paulista 0 1 3 1 0 Nhandeara 1 4 3 3 0 Poloni 0 0 0 0 0 Sebatianópolis do Sul 1 1 0 0 0 Tanabi 0 0 0 0 0 Votuporanga 1 4 1 1 0 5

4 - RESULTADOS E DISCUSSÕES Observando o gráfico 1.1, que demonstra a evolução da safra da cana de açúcar nas cidades que fazem parte da sub-bacia do Alto São José dos Dourados, conclui-se que o crescimento mais acentuado acontece no período de 2006 a 2008, sendo que entre os anos de 2003 a 2006, há um crescimento, porém de menor intensidade. Gráfico 1.1: Evolução da Safra de Cana de Açúcar na sub-bacia Alto São José dos Dourados 16000 14000 12000 10000 8000 6000 4000 2000 0 Bálsamo Cosmorama Mirassol Monte Aprazível Neves Paulista Nhamdeara Poloni Sebatianópolis do Sul Tanabi Votuporanga Safra (ha) 2003/2004 Safra (ha) 2004/2005 Safra (ha) 2005/2006 Safra (ha) 2006/2007 Safra (ha) 2007/2008 O gráfico 1.1, ainda demonstra que a cidade de Monte Aprazível apresenta a maior área de produção em relação às demais cidades da sub-bacia, isto acontece devido à mesma cidade possuir a maior ocupação em área dentro da sub-bacia, bem como Monte Aprazível, porém com menores números, as cidades de Nhandeara, Neves Paulista e Sebastianópolis do Sul representam grandes áreas de produção na sub bacia, as últimas cidades citadas, apresentam um comportamento muito semelhante em relação as suas áreas de produção. Já no quesito de crescimento destaca-se a cidade de Tanabi, que demonstra um aumento de aproximadamente 900% em sua produção. 6

Gráfico 2: Safra (ha) na cidade de Monte Aprazível Safra (ha) 16000 14000 12000 10000 8000 6000 4000 2000 0 13733 11089 9699 8960 8273 2003/2004 2004/2005 2005/2006 2006/2007 2007/2008 Ano A análise dos dados (tabela 2) demonstra que houve um maior número de poços abertos no período de 2004 a 2006, sendo a maior quantidade de aberturas de poços em 2005, e no ano de 2007 ocorre uma queda acentuada nesses valores em relação aos anos anteriores, como demonstra o gráfico 3. Gráfico 3: Número de novos Poços na sub-bacia, segundo DAEE. Observando o gráfico 3, nota-se que a cidade de Monte Aprazível, teve o maior número de abertura de poços dentro da sub-bacia, no período de 2003 a 2007, em relação as demais cidades, 7

um total de novos 14 poços, seguido de Nhamdeara com 11 novos poços. Já as cidades de Tanabi e Poloni, não apresenta nenhuma abertura de poço dentro da sub-bacia nesse período de 2003 a 2007. Gráfico 4 Abertura de Poços em Monte Aprazível 1 1 1 5 6 2003 2004 2005 2006 2007 A evolução da safra da cana de açúcar na sub-bacia do Alto São José dos Dourados acontece em pleno crescimento, como pode ser observado no gráfico 5, já o número de abertura de novos poços, nessa mesma área, tem um pico de crescimento no intervalo de ano de 2004 a 2006, sendo que nos anos próximos a esse período, 2003 e 2007, o número de abertura de poços é bem inferior, como pode ser visto no gráfico 6. Gráfico 5 Evolução da Safra (ha) para toda sub-bacia 60000 50000 40000 Safra (ha) 30000 20000 10000 0 2003/2004 2004/2005 2005/2006 2006/2007 2007/2008 ano 8

Gráfico 6 Somatória do poços outorgados em toda sub-bacia 60 50 n de poços 40 30 20 10 0 2003 2004 2005 2006 2007 ano As Figuras 2 e 3 de ilustram a expansão da área plantada com cana-de-açúcar na sub-bacia, concomitante às outorgas de poços dos poços neste período de estudo. Na cidade de Tanabi, a qual demonstrou o maior crescimento de safra da cana de açúcar no período, em relação as demais cidades que compõe a sub bacia do Alto São José dos Dourados, não apresentou nenhuma abertura de poço em sua área municipal durante toda esse crescimento de produção, porém esse crescimento foi muito acentuado na última safra do período considerado, certamente a necessidade da utilização da água deve ter aumentado, e o resultado do surgimento de novos poços de captação deve surgir já na próxima safra. Já a cidade de Monte Aprazível, a qual apresentou o mais expressivo número de abertura de poços neste período, não teve um crescimento diferenciado em relação as demais cidades da sub-bacia, pelo contrário apresentou um pequeno crescimento de sua safra, porém apresenta a maior área de produção. 9

2003/2004 2004/2005 2005/2006 2006/2007 Figura 2 Evolução da área cultivada e do poços outorgados de 2003 a2007. Figura 3 Situação presente em 2007/2008 com relação à área plantada e poços outorgados 10

Observando o destino de cada novo poço aberto na sub-bacia no período de 2003 a 2007, gráfico 7 (a,b), fica clara a nova tendência da exploração da água subterrânea para utilização na produção, ou seja, a maior quantidade de abertura de poços é destinado para o abastecimento industrial e para a irrigação, como pode ser visto no gráfico 7a e 7b. Gráfico 7 Poços da sub-bacia utilizados por Indústrias. n de poços 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 2003 2004 2005 2006 2007 ano Grafico 7b: Poços da sub-bacia utilizados para Irrigação 16 14 12 n de poços 10 8 6 4 2 0 2003 2004 2005 2006 2007 ano Outra característica importante apresentado pelos gráficos 7(a,b), é o crescimeto do número de novos poços nos três primeiros anos do período, observa-se que o crescimento em ambos gráficos são muito parecidos, o que leva a crer, que o crescimento da safra da cana de açucar nesse período poderia estar influenciando direto ou indiretamente nessa necessidade e busca pela água subterrânea. 11

O estabilização da curva, demonstra uma das grandes qualidade da utilização da água subterrânea, a utilização de acordo com a necessidade, ou seja, quando no período de 2003 a 2005 necessitava-se de grande quantidade de água, os poços foram abertos de maneira a suprir aquela demanda, e nos anos próximos devido a já existencia de um número de poços suficiente, a abertura de novos poços diminuiram de intensidade, como descrito nos gráficos. 5 - CONCLUSÕES Depois de todas as análises feitas, entende-se que o crescimento da área de produção da cana de açúcar, na sub bacia do Alto São José dos Dourados, gerou a necessidade do surgimento de novos poços em grande quantidade no período de 2003 a 2006 como pode se notar no gráfico 3, e nos anos posteriores (2006 e 2007), devido a demanda já suprida, a necessidade diminui e o número de aberturas é reduzido. Observando os gráficos 5 e 6, nota-se a semelhança de ambos, onde apresentam curvas crescentes que demonstram o aumento significativo, da safra e do surgimento de novos poços respectivamente, porém como já dito anteriormente, a intensidade do crescimento da safra da cana de açúcar, difere da intensidade do surgimento de novos poços, algo de se esperar, devido o efeito acumulativo dos poços de captação, que fornecem abastecimento em toda sua vida útil, em média 20 anos. Todas essas combinações concretizam a idéia de que nessa sub bacia, o crescimento da produção da cana de açúcar é dependente da utilização da água subterrânea, ou melhor, depende da abertura de poços de captação da água subterrânea. Este trabalho representa o início dos estudos desenvolvidos no Laboratório de Hidrologia e Hidrometria - LH 2 da UNESP - Ilha Solteira, que foram iniciadas no começo de 2008, e procura confeccionar um banco de dados no software ArcMAP, afim de criar um instrumento de suporte para pesquisas nessa área. 6.- AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à Pró-Reitoria de Extensão PROEX da UNESP, pela concessão da bolsa ao aluno Junior de Souza Sumai e a CAPES pela bolsa de mestrado do pós-graduando Thiago Garcia da Silva Santim. Agradecemos também ao corpo técnico do DAEE de Araraquara pela liberação dos dados de outorga. Ao IPT por acolher os alunos citados no Laboratório de Recursos Hídricos e Avaliação Geoambiental (Labgeo), sob a orientação da Dr.ª Malva A.Mancuso, quando a mesma ainda não estava ligada ao LENEC. 12

7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS FREITAS, M. A. V. (Org.). O estado das águas no Brasil Perspectivas de gestão e informação de recursos hídricos Brasília, DF: ANEEL, SIH, MMA, SRH, MME, 1998. 334 p. Potencial de co-geração com resíduos da cana-de-açúcar: sua compatibilidade com o modelo atual União das Indústrias Canavieiras de S. Paulo-UNICA/2002. Biodieselb revista CANASAT Mapeamento da Cana Via Imagens do Satélite de Observação da Terra Revista biodiesel. Disponível em www.biodieselbr.com (acessado em 07.2008) MENDES, C. A. B. e CIRILO, J. A.(2001) Geoprocessamento em Recursos Hídricos: Princípios, Integração e Aplicação. VEIGA, D. C. A. e OLIVEIRA, J. N. (2005) Diagnóstico Preliminar da Utilização da Água Subterrânea na Bacia do Rio São José dos Dourados. 13