Rodada #1. Direito Penal

Documentos relacionados
I Princípio da Legalidade: Constituição Federal: Art. 5º, XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;

POLÍCIA FEDERAL. Agente da Polícia Federal

DIREITO PENAL Retroatividade da lei Ultratividade da lei

Direito Penal. Aplicação da Lei Penal. Professor Joerberth Nunes.

CURSO TROPA DE ELITE PREPARAÇÃO PARA A GUERRA 1. APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO E NO ESPAÇO

SEFAZ DIREITO PENAL Da Aplicação Penal Prof. Joerberth Nunes

Direito Penal. Eficácia Espacial

Direito Penal CERT Promotor de Justiça 6ª fase

Analise as seguintes assertivas acerca da norma penal:

Direito Penal. Parte Geral Teoria do Delito Conflito da lei penal no espaço. Prof.ª Maria Cristina

Rodada #1. Direito Penal

AP A L P I L CA C Ç A Ã Ç O Ã O DA D A LE L I E P E P N E A N L A Art. 1º ao 12 do CP

ubiquidade, conforme a qual o lugar do crime é o da ação ou da omissão, bem como o lugar onde se produziu ou deveria produzir se o resultado.

Direito Penal. Parte Geral Teoria do Delito Conflito da lei penal no espaço. Prof.ª MariaCristina

NOÇÕES DE DIREITO PENAL CULPABILIDADE

Direito Penal 1 (Material de apoio)

EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI PENAL PROFESSOR: LEONARDO DE MORAES

Direito Penal Militar

Princípio da Territorialidade (regra): É o espaço em que o Estado exerce a sua soberania política. Compreende: - espaço delimitado por fronteiras,

TÍTULO I DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL(arts. 1º a 12) Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.

CURSO DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO PARÁ DATA 13/08/2016 DISCIPLINA DIREITO PENAL PARTE GERAL PROFESSOR FRANCISCO MENEZES

Aula 1 DIREITO PENAL

Profº Leonardo Galardo Direito Penal Aula 02

UNIP-Universidade Paulista - Campus Ribeirão Preto. Direito Penal. Geraldo Domingos Cossalter

TÍTULO I Da Aplicação da Lei Penal Militar - Artigos 1 a 28.

Profº Leonardo Galardo Direito Penal Aula 01

Sumário PARTE GERAL... 7 TÍTULO I DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL (Redação dada pela Lei nº 7.209, de )... 7 TÍTULO II DO CRIME...

tempo do crime lugar do crime LEIS DE VIGÊNCIA TEMPORÁRIA Art. 3º do CP

DIREITO PENAL Professor: Eduardo Fernandes - Dudu

1 LEI PENAL NO TEMPO RESUMO DA AULA LEI PENAL NO TEMPO TODAVIA, PODE OCORRER CONFLITO DE LEIS PENAIS NO TEMPO, POIS... ART.5, INC.XL, DA C.F.

Material de Apoio Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal

PRÉ-AULA/PÓS-AULA. - Validade temporal da lei penal, sucessividade no tempo e lei excepcional (intermitentes, temporárias e excepcionais).

Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.

DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL MILITAR

SUMÁRIO. Questões de provas anteriores. Questões de provas anteriores. Questões de provas anteriores. Questões de provas anteriores

14) Na forma do Art. 7º, I, do Código Penal, não configura caso de extraterritorialidade incondicionada o crime:

LEIS MARCADAS COM OS PRINCIPAIS PONTOS JÁ COBRADOS! Entenda as marcações deste material. Tomamos por base a prova de ANALISTA JUDICIAL!

PROVA Delegado ES (2019)

índice Teoria da Norma Penal

Tempo do Crime. Lugar do Crime

Provas escritas individuais ou provas escritas individuais e trabalho(s)

Tempo do Crime. Lugar do Crime

PROVA DE DELEGADO DA POLÍCIA CIVIL DO PIAUÍ (PC PI) NUCEPE DIREITO PENAL QUESTÕES 11 A 14

Livro Eletrônico Aula 00 Passo Estratégico de Direito Penal p/ Polícia Federal (Agente)

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS AO DIREITO PENAL

NOÇÕES DE DIREITO PENAL PROFESSOR: ERNESTIDES CAVALHEIRO. QUESTÕES PARA FIXAÇÃO - AULAS 1 e 2

Direito Penal Prof. Kleber Pinho - Direito Penal

APLICAÇÃO DA LEI PENAL

XXIII EXAME DE ORDEM PROCESSO PENAL PROF CHRISTIANO GONZAGA

Intervenção Mínima: O Direito Penal deve tutelar os bens jurídicos mais relevantes

AULA 02 PENAL APLICAÇÃO DA LEI PENAL QUESTÕES COMENTADAS. 1) Prova: FCC MPE-PE - Analista Ministerial - Área Jurídica

Aula Culpabilidade Imputabilidade

1. LEI PENAL NO ESPAÇO. REGRA: PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE TEMPERADA Relativizado pelas normas, regras e tratados internacionais.

CEM. Magistratura Federal. Direito Penal. Lei Penal

LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS PROFESSOR: LEONARDO DE MORAES

PRINCÍPIOS. (continuação)

Ponto 8 do plano de ensino. Medidas de segurança:

NOÇÕES DE DIREITO PENAL PROFESSOR: ERNESTIDES CAVALHEIRO. QUESTÕES PARA FIXAÇÃO - AULAS 1 e 2

CAPACIDADE CRIMINAL E IMPUTABILIDADE PENAL.

Conteúdo Edital PMGO

SUMÁRIO. Capítulo 1 Princípios do Direito Penal... 19


Rodada #1 Direito Penal MPU

DIREITO PENAL MILITAR MILITAR RETA FINAL CFO PMMG JOÃO PAULO LADEIRA. Aulas 03 e 04

4.8 Comunicabilidade das condições, elementares e circunstâncias 4.9 Agravantes no concurso de agentes 4.10 Cabeças 4.11 Casos de impunibilidade

b) as medidas de segurança e as penas são aplicáveis tanto aos inimputáveis como aos semi-imputáveis;

Pós Penal e Processo Penal. Legale

Apresentação Capítulo I

Crime Circunstância Órgão competente Fundamento

Direito Penal Parte IV Lei Penal

Sumário PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL NORMA PENAL... 33

CLASSIFICAÇÃO DAS LEIS PENAIS

Capítulo 1 Noções Preliminares... 1 Capítulo 2 Aplicação da Lei Penal... 29

Rodada #1 Direito Penal MPU

Professor: Lúcio Valente

Série Resumos. Direito Penal Parte Geral FORTIUM. Brasília, DF (81) G971d

MEDIDAS DE SEGURANÇA.

7.3 Crime doloso Teorias sobre o dolo Espécies de dolo Outras categorias Mais classificações 7.4 Crime culposo 7.4.

DIREITO PENAL MILITAR

29/05/2017 PAULO IGOR DIREITO PENAL PMDF (SOLDADO)

Ana Cristina Mendonça. Processo Penal. Resumos p Conc v13 -Mendonca -Proc Penal-1ed.indd 3 25/04/ :35:43

TEORIA DA NORMA PENAL (ART. 2º - 12, CP).

SUMÁRIO. Capítulo 1 Princípios do Direito Penal... 19

CEM. Magistratura Estadual 10ª fase. Direito Penal

Ana Cristina Mendonça. Processo Penal. 2ª edição revista e atualizada

CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER. Direito Penal Teoria do Crime. Período

26/08/2012 PROCESSO PENAL I. PROCESSO PENAL I Relação com os outros ramos do direito

Capítulo 1 Introdução ao Direito Penal...1

SUMÁRIO. Capítulo 1 Princípios do direito penal... 19

DIREITO PENAL PREPARATÓRIO

Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se. eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território e no

Princípio da intervenção mínima Conflito aparente de normas 3.3 Sujeito ativo do crime Sujeito ativo Capacidade penal do

DIREITO CONSTITUCIONAL

POLÍCIA FEDERAL direito penal REVISÃO - AULA 02 Prof. Joerberth Nunes

Professor Wisley Aula 10

2. Distinguir Direito Penal Adjetivo de Direito Penal Substantivo

PONTO 1: Excesso Punível PONTO 2: Culpabilidade PONTO 3: Institutos da emoção e da paixão PONTO 4: 1. EXCESSO PUNÍVEL. Art. 23, parágrafo único do CP.

Pós Penal e Processo Penal. Legale

Transcrição:

Rodada #1 Direito Penal Professora Lorena Nascimento Assuntos da Rodada Direito Penal NOÇÕES DE DIREITO PENAL: Aplicação da lei penal. Imputabilidade penal. Concurso de pessoas. Espécies de pena. Aplicação da pena. Medidas de segurança. Extinção da punibilidade. Crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral. Crimes resultantes de preconceitos de raça ou de cor (Lei no 7.716/1989). O direito de representação e o processo de responsabilidade administrativa, civil e penal, nos casos de abuso de autoridade (Lei no 4.898/1965).

a) Teoria em tópicos Princípios de Direito Penal afetos à aplicação da Lei Penal 1.1. Princípio da legalidade Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. 1.2 Conceito. Nenhum fato pode ser considerado crime e nenhuma pena criminal pode ser aplicada, sem que antes tenham sido instituídos por lei o tipo delitivo e a pena respectiva. Vale também para as contravenções penais e (de acordo com a maioria) medidas de segurança. Trata-se de uma limitação ao poder estatal de interferir na esfera das liberdades individuais 1.3. Fundamento. Art. 1 o do CP; art. 5o, inc. XXXIX da CF/88. 1.4. Subprincípios ou princípios derivados: princípio da reserva legal (...não há crime sem lei... ) e princípio da anterioridade (...sem lei anterior... ). não há infração penal (crime + contravenção) ou sanção penal (pena + medida de segurança) sem lei anterior. Aplicação da Lei Penal no Tempo 2.1. Em razão do princípio da legalidade, aplica-se, em regra, a lei penal vigente ao tempo da realização do fato criminoso (tempus regit actum). 2.1. Regra geral. Não pode a lei, em tese, alcançar fatos ocorridos em período anterior ao início de sua vigência nem ser aplicada àqueles ocorridos após a sua revogação. 2.2. Exceções. Será permitida a retroatividade da lei penal para alcançar os fatos passados, desde que para beneficiar o réu. A lei penal, portanto, poderá se movimentar no tempo. A esse fenômeno damos o nome de extra-atividade da Lei Penal. 2

2.3. Conceito de extra-atividade. Capacidade que tem a lei penal de se movimentar no tempo regulando fatos ocorridos durante a sua vigência, mesmo depois de ter sido revogada, ou de retroagir no tempo, a fim de regular situações ocorridas anteriormente à sua vigência, desde que benéficas ao agente. Espécies: retroatividade e ultratividade. 2.3.1. Retroatividade. Fenômeno pelo qual uma norma jurídica é aplicada ao fato ocorrido antes do início de sua vigência 2.3.2. Ultratividade. Aplicação da lei após a sua revogação. A regra geral é a irretroatividade da lei penal, excetuada somente quando lei posterior for mais benéfica (retroatividade). 2.5.1. Abolitio criminis. Art. 2º, CP - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. 2.5.2. Trata-se da supressão da figura criminosa do mundo jurídico e se configura como umas das espécies de causa de extinção da punibilidade (vide art. 107, III, CP). 2.5.3. A abolitio criminis impede que a pessoa seja considerada reincidente, mas não impede que essa condenação sirva como título executivo judicial. 2.5.4. Abolitio criminis temporária. Ocorre quando um tipo penal se encontra temporariamente suspenso. Ex. crime de posse irregular de arma de fogo restou suspenso por algum tempo, conforme determinou a Lei n. 10.826/2003. 2.6. Princípio da continuidade normativo-típica. Ocorre quando há a migração do conteúdo criminoso para outro tipo penal incriminador. Ex. Crime de ato libidinoso (antigo art. 214, CP) passou a integrar o tipo do art. 213, CP com o advento da Lei 12.015/2009. 3

2.7. Lex mitior. lei posterior que de qualquer modo favorece o réu. Ela também não respeita coisa julgada, incidindo a sua retroatividade (Art.2º, Parágrafo único, CP). 2.8. Súmula 611, STF - Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação da lei mais benigna. 2.9. Crime Continuado e sucessão de leis penais. Aplica-se sempre a última lei vigente, mesmo que mais grave. Súmula 711, STF A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. 2.10. Combinação de leis penais. Não é possível, pois o juiz, assim agindo, transforma-se em legislador, criando uma terceira lei. 2.11. Lei excepcional ou temporária (art. 3º, CP) - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência (ultratividade). 2.11. Conceito de Lei Temporária (ou temporária em sentido estrito). É aquela que tem prefixado no seu texto o tempo de sua vigência (prazo determinado). Ex. Lei A com vigência do dia 1º de janeiro de 2012 até o dia 1º de junho de 2012. 2.12. Conceito de Lei Excepcional (ou temporária em sentido amplo). É a que atende a transitórias necessidades estatais, tais como guerra, epidemias, calamidades, etc. Perdura por todo o tempo excepcional (editada em função de algum evento transitório, sendo que perdura enquanto persistir o estado de emergência). Ex. Lei A que vai do dia 1º de janeiro de 2012 até o fim da epidemia. 2.13. Estas leis (temporária/excepcional) não se sujeitam aos efeitos da abolitio criminis, salvo se lei posterior for expressa nesse sentido. 4

2.14. Características das leis temporárias ou excepcionais: a) autorrevogabilidade: são leis autorrevogáveis (leis intermitentes). Consideram-se revogadas assim que encerrado o prazo fixado (lei temporária) ou cessada a situação de anormalidade (lei excepcional); b) ultratividade: são leis ultrativas; os fatos praticados durante sua vigência continuam sendo punidos ainda que revogadas as leis temporária ou excepcional. 2.15. Teorias sobre a eficácia da lei penal no tempo; definição do momento em que o crime se considera praticado. I - Teoria da Atividade. Considera-se praticado o crime no momento da conduta - momento da ação ou da omissão. II - Teoria do Resultado ou do Evento. Considera-se praticado o crime no momento do resultado. III - Teoria da Ubiquidade ou Mista. Considera-se praticado o crime no momento da conduta ou do resultado. 2.15.1. O CP adotou Teoria da Atividade - conforme artigo 4º, CP: Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. 2.15.2. O artigo 4º, do CP tem inteira aplicação não somente na fixação da lei a reger o caso, mas também para fixação da imputabilidade do agente. 2.15.3. Princípio da Coincidência, Congruência ou Simultaneidade. Todos os elementos do crime (fato típico, ilicitude e culpabilidade), devem estar presentes no momento da conduta. 2.15.4. Há dois momentos quando do cometimento do crime: o momento da conduta e do resultado. Poderão, ou não, ocorrer ato contínuo um ao outro. 5

2.15.5. O momento do crime é também o marco inicial para saber a lei que, em regra, será aplicada ao caso concreto (sucessão de leis penais no tempo). 2.16. Tempo do Crime X Sucessão de Complementos de Norma Penal em Branco. Sobre o tema, existem 4 correntes: 1ª Corrente. Para essa corrente, se a alteração é mais benéfica, retroage sempre. 2ª Corrente. Oposta à primeira. Não retroage, mesmo que mais benéfica. 3ª Corrente. Retroage, pois alterou o próprio crime provoca real modificação na figura criminosa abstrata). 4ª Corrente. Informa que na NPB homogênea (lei complementada por lei) a alteração mais benéfica retroage. Mas a NPB heterogênea só vai retroagir se ela (norma complementar) não ocorrer em estado excepcional ou de emergência, pois nestes casos, há ultratividade. Corrente adotada pelo STF. 2.17. Lei intermediária. Quando ocorrer uma sucessão de 3 leis A, B e C - a lei intermediária será a lei B. Poderá retroagir ou ser ultrativa, a entender da natureza da lei que a anteceda ou a suceda. Se for a lei B sempre a mais benéfica da configuração, comportar-se-á da seguinte forma: a) quando a Lei B revoga a Lei A, é retroativa (mais benéfica); quando a Lei B é revogada pela Lei C, é ultrativa. 2.18. Retroatividade de jurisprudência mais benéfica. Possibilidade, não obstante a CF/88 mencionar, apenas, a retroatividade da lei, bem como Código Penal. No Brasil, a doutrina vem admitindo a retroatividade de jurisprudência mais benéfica em casos de súmula vinculante e controle concentrado de constitucionalidade. Exemplo. Cancelamento da Súmula 174 do STJ e retroatividade nas condenações que aplicaram a majorante da arma de brinquedo. 6

Aplicação da Lei Penal no Espaço 3.1. Justificativa. O estudo da lei penal no espaço visa descobrir qual é o âmbito territorial de aplicação da lei penal brasileira, bem como de que forma o Brasil se relaciona com outros países em matéria penal, haja vista o mesmo fato pode percorrer territórios de países distintos, e atingir os interesses de dois ou mais Estados igualmente soberanos. 3.2. Princípios aplicáveis ao aparente conflito do Direito Penal no espaço. 3.2.1. Princípio da Territorialidade. Aplica-se a lei penal do local do crime, não importando a nacionalidade do agente ou da vítima. 3.2.2. Princípio da Nacionalidade ou da Personalidade. Aplica-se a lei penal da nacionalidade do agente, pouco importando o local em que o crime foi praticado. 3.2.3. Princípio da Nacionalidade Ativa ou da Personalidade Ativa. Aplica-se a lei penal da nacionalidade do agente, não importando o local do crime, a nacionalidade da vítima ou do bem jurídico (art. 7º, II, b, do CPB); 3.2.4. Personalidade Passiva. Nesta hipótese importa somente se a vítima do delito é nacional (art. 7º, 3º, do CPB). 3.2.5. Princípio da Defesa (ou Real). Aplica-se a lei da nacionalidade do bem jurídico lesado, não importando a nacionalidade dos envolvidos ou o local do crime. 3.2.6. Princípio da Justiça Penal Universal ou Cosmopolita. Aplica-se a lei do país em que o sujeito for encontrado, não importando a nacionalidade dos envolvidos, do bem jurídico ou o local do crime. Esse princípio acaba norteando os crimes que países se obrigam a reprimir em Tratados Internacionais de Cooperação de (repressão de determinados delitos de alcance transnacional). 7

3.2.7. Princípio da Representação (do Pavilhão, da Bandeira, da Substituição ou da Subsidiariedade). A lei penal nacional aplica-se aos crimes praticados em aeronaves ou embarcações privadas quando no estrangeiro e aí não sejam julgados, não importando a nacionalidade do agente, do bem jurídico (inércia do país estrangeiro). 3.3. O Brasil adotou o princípio da territorialidade como regra, e os demais princípios aplicados nas hipóteses de extraterritorialidade da lei penal nacional. Trata-se, no entanto, de territorialidade temperada. Art.5º, CP: Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. 3.3.1. O art. 5º, do CP adotou territorialidade temperada, pois convenções, tratados e regras internacionais podem impedir a aplicação da lei brasileira ao crime cometido em território nacional (isso se chama intraterritorialidade - o que está entre aspas). 3.3.2. Em nenhuma hipótese o juiz criminal nacional pode aplicar a legislação penal estrangeira. Apenas o próprio país da lei é quem a aplicará. 3.3.3. Tribunal Penal Internacional. O art. 1º do Estatuto de Roma consagrou o princípio da complementariedade, isto é, o TPI não pode intervir indevidamente nos sistemas judiciais nacionais. Estes últimos continuam tendo a responsabilidade de investigar e processar os crimes cometidos no seu território, salvo nos casos em que os Estados se mostrem incapazes ou não demonstrem efetiva vontade de punir os seus criminosos. 3.4. Território nacional é o espaço físico (geográfico) e o espaço jurídico (espaço por ficção ou equiparação ou extensão) do país, sendo este previsto no art.5º, 1º e 2º, do CP. 3.4.1. Quando os navios ou aeronaves forem públicos ou estiverem a serviço do governo brasileiro, são considerados partes do nosso território. Então, aplica-se a lei brasileira, onde quer que se encontrem. 8

3.4.2. Se os navios ou aeronaves forem privados, quando em alto-mar ou espaço aéreo correspondente, seguem a lei da bandeira que ostentam. Em altomar ou no espaço aéreo correspondente nenhum país exerce soberania. Ex. avião da LATAM. Só é extensão do governo brasileiro se estiver em alto-mar. Se estiver em espaço aéreo de outro país, não será território brasileiro. 3.4.3. Quando houver navios e aeronaves estrangeiros em território brasileiro, desde que públicos, não serão considerados partes do nosso território (princípio da reciprocidade). Quando estrangeiros, em território brasileiro, desde que privados, são considerados parte de nosso território. 3.4.4. Embaixadas. não fazem parte do território do país que representam, apesar de invioláveis. 3.5. Lugar do Crime. Existem 03 teorias na discussão do assunto. 1ª) Teoria da Atividade Considera-se o lugar do crime aquele em que houve a conduta. 2ª) Teoria do Resultado/Evento Considera-se o lugar do crime aquele em que ocorreu o resultado. 3ª) Teoria da Ubiquidade ou Mista Considera-se o lugar do crime aquele em que ocorreu a conduta, bem como onde se produziu ou deveria se produzir o resultado. 3.5.1. O CP adotou a Teoria da Ubiquidade ou Mista, conforme art.6º, do CP. 3.5.1.1. Se a conduta ocorrer no Brasil e o resultado fora crime praticado no Brasil. 3.5.1.2. Se a conduta ocorrer fora do Brasil e o resultado no Brasil crime praticado no Brasil; 3.5.1.3. Se a conduta ocorrer fora do Brasil e o resultado deveria ocorrer no Brasil (o destino era o Brasil) crime praticado no Brasil 9

3.5.2. Se em território brasileiro ocorre unicamente o PLANEJAMENTO ou PREPARAÇAO do crime, não se aplica a lei brasileira (salvo quando a lei brasileira punir os atos preparatórios, isto é, quando a preparação por si só, caracterizar crime, por exemplo, no caso do crime de associação para o tráfico). 3.5.3. Direito de passagem inocente. Se um navio estiver de passagem no mar territorial brasileiro, não se aplica o CP, mas lei especial. O princípio da passagem inocente (art.3º da Lei 8.617/93) diz que quando um navio atravessa o território nacional apenas como passagem necessária para chegar ao seu destino, não se aplica o art.5º, 2º, do CP (não se aplica a lei brasileira). 3.6. Crime à Distância. O delito percorre territórios de DOIS países soberanos. Ex: Brasil e Argentina. Gera conflito internacional de jurisdição, resolvido no Brasil pelo art.6º, do CP (teoria da ubiquidade se a execução ou resultado foi no Brasil, aplica a lei brasileira). 3.7. Crime em Trânsito. O crime percorre territórios de MAIS DE DOIS países soberanos. Ex: Brasil, Argentina e Uruguai. Gera conflito internacional de jurisdição. Esse conflito é resolvido no Brasil pelo art.6º, do CP (teoria da ubiquidade se a execução ou resultado foi no Brasil, aplica a lei brasileira). 3.8. Crime Plurilocal. O delito percorre territórios do mesmo país (UM SÓ país).ex: SP, BH e RJ. Gera um conflito interno de competência. Esse conflito é resolvido no Brasil pelo art. 70, do CPP (competência do juiz do local da consumação ou no caso de tentativa no último ato de execução). 3.9. Princípio da Extraterritorialidade (art.7º, CP) Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes: (hipóteses de extraterritorialidade incondicionada a lei brasileira alcança o fato, pouco importando se a pessoa foi condenada ou absolvida no estrangeiro) 10

a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; (Princípio da Defesa preocupação com o bem jurídico) b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; (Princípio da Defesa preocupação com o bem jurídico) c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; (Princípio da Defesa preocupação com o bem jurídico) d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; (Princípio da Justiça Universal) II - os crimes: (hipóteses de extraterritorialidade condicionada a lei brasileira somente alcançará o fato caso haja o preenchimento de algumas condições), a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (Princípio da Justiça Universal) b) praticados por brasileiro; (Princípio da Nacionalidade Ativa) c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. (Princípio da Representação) 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: a) entrar o agente no território nacional (não precisa permanecer no território brasileiro); 11

Entrar não significa permanecer. Então, mesmo que a pessoa entra e saia imediatamente do território nacional, estará preenchida essa condição. Prevalece que território nacional abrange o território jurídico (art.5º, 1º, CP). A competência para o processo e julgamento, via de regra, será da justiça Estadual. A competência da Justiça Federal somente incidirá quando presentes as hipóteses do art.109, IV, da CF. No território nacional, a competência da julgamento encontra-se descrita no art. 88 do CPP. b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; O fato também deve ser crime no estrangeiro, senão a lei brasileira não alcançará esse fato, bem como deverá estar dentre os delitos cuja lei brasileira autoriza a extradição. c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; Se o agente foi absolvido ou tiver cumprido pena no estrangeiro, não se alcança o fato novamente. e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. Se já estiver extinta a punibilidade, a lei brasileira não alcançará o fato. 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: (hipóteses de extraterritorialidade hipercondicionada a lei brasileira somente alcançará o fato caso haja o preenchimento das condições do 3º, além das condições previstas no 2º) 12

a) não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça. Pena cumprida no estrangeiro 4.1. Fundamento. Art. 8º, CP - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. 4.2. O art. 8º, CP atenua o bis in idem. Hipótese excepcional em que se admite o bis in idem, com vistas a reforçar a soberania do nosso país. 5. Aplicabilidade da Lei Penal em relação às pessoas (imunidades) 5.1. A imunidade é uma prerrogativa funcional, e não um privilégio da pessoa. Não obstante a lei penal se aplicar a todos, nacionais ou estrangeiros, por igual, não existindo privilégios pessoais, há pessoas que, em virtude de suas funções, ou em razão de regras internacionais, desfrutam de imunidades. Trata-se uma causa pessoal de isenção de pena 5.2. Imunidades Diplomáticas. São imunidades de direito público internacional de que desfrutam: Chefes de governo ou de Estado estrangeiro, sua família e membros de sua comitiva; Embaixador e sua família; Funcionários do corpo diplomático e suas respectivas famílias; Funcionários das organizações internacionais, quando em serviço (ex. funcionários da ONU). 13

5.2.1. Por força da característica da generalidade da lei penal, os agentes diplomáticos devem obediência ao preceito primário do país em que se encontram. Escapam, no entanto, da sua competência jurídica (punição preceito secundário), permanecendo sob a eficácia da lei penal do Estado a que pertencem (intraterritorialidade). Diplomata Americano que atropela e mata um nacional cometeu homicídio culposo e será julgado pelo seu país pelo referido crime. 5.2.2. Se no país de origem do diplomata não houver punição, haverá um conflito de direito internacional, que, ao ser resolvido pelas imunidades, pode levar ao fato de o diplomata não ser punido. 5.2.3. O agente diplomático, por disposição expressa, não poderá ser objeto de nenhuma forma de detenção ou prisão. É o que dispõe o Decreto no 56.435/65 (regulamenta a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas). 5.2.4. A imunidade diplomática não impede a investigação policial. 5.2.5. Impossibilidade de renúncia à sua imunidade diplomatica. Trata-se de uma prerrogativa do cargo. Somente o país de origem do imune pode renunciar à sua imunidade, a qual deverá ser sempre expressa. 5.2.6. O agente consular possui imunidade somente nos delitos praticados em razão da função, não abrangendo os crimes praticados fora da função. 5.3. Imunidades Parlamentares. 5.3.1. Imunidade material. Dispõe o art. 53, caput, da CF, sobre a Imunidade Parlamentar absoluta ou material ou real ou substancial ou inviolabilidade ou indenidade. Trata-se de causa de atipicidade da conduta. 5.3.1.1. De acordo com o STF, a inviolabilidade exime o seu titular de qualquer tipo de responsabilidade (criminal, civil, administrativa e política). 14

5.3.1.2. Imunidade parlamentar e concurso de pessoas. Sabendo que a punição do partícipe pressupõe fato principal (fato praticado pelo autor) típico e ilícito, o partícipe também não poderá ser punido. 5.3.1.3. Limites da imunidade material (imunidade parlamentar absoluta). Deverá haver nexo causal com o exercício da função parlamentar. Nas dependências do parlamento, o nexo causal é presumido. Fora das dependências do parlamento, o nexo deve ser comprovado. 5.3.2. Imunidade Parlamentar relativa ou formal ao foro de julgamento (art.53, 1º, da CF). O foro natural para julgar Deputados e Senadores é o STF. O foro especial é somente para ações penais. Não abrange ações extrapenais, nem mesmo as de improbidade administrativa. 5.3.3. O termo inicial do foro especial é a expedição do diploma, que ocorre antes da posse. 5.3.4.Terminado o mandato, o processo volta para o primeiro grau. 5.4. Imunidade relativa à prisão (art.53, 2º, da CF) 5.4.1. A garantia por ela prevista é a de que o parlamentar só pode ser preso em flagrante delito de crime inafiançável. 5.4.2. O termo inicial dessa imunidade é desde a expedição do diploma. 5.4.3. Admite-se prisão decorrente de sentença condenatória transitada em julgado. 5.4.4. No caso de flagrante em crime inafiançável, a casa legislativa faz um juízo político da clausura. O juízo não é jurídico, mas político (conveniência e oportunidade de se manter o parlamentar preso). 5.4.5. Súmula 245, STF - A imunidade parlamentar não se estende ao co-réu sem essa prerrogativa. Essa súmula só se aplica no caso de imunidade parlamentar relativa (não se aplica para a imunidade parlamentar absoluta). 15

5.5. Imunidade relativa ao processo (art.53, 3º, 4º e 5º, da CF): 5.5.1. Esta imunidade só alcança os crimes praticados após a diplomação. 5.6. Imunidade relativa à condição de testemunha (art.53, 6º, da CF) 5.6.1. Deputados e senadores, quando arrolados, são obrigados a servir como testemunha. Eles prestam o compromisso de dizer a verdade. Contudo, não estão obrigados a testemunhar sobre as informações recebidas ou prestadas em razão do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam as informações. 5.6.2. Os Congressistas serão inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz, nos termos do art.221, do CPP. 5.7. Imunidades dos Parlamentares dos Estados (deputados estaduais) Os parlamentares dos Estados possuem as mesmas imunidades dos deputados federais, em razão do princípio da simetria. 5.7.1. No caso de prerrogativa de foro, os deputados estaduais são julgados no TJ, ou TRF ou TRE, dependendo se o crime é estadual, federal ou eleitoral. Os deputados federais são sempre julgados no STF. 5.8. Imunidades dos Parlamentares dos Municípios (vereadores). Só possuem imunidade material, mesmo assim limitada aos atos praticados no exercício do mandato, dentro da circunscrição do município. Então, essa é uma imunidade material limitada. Em regra, os vereadores não possuem imunidade formal ou relativa. 5.9. Súmula 721, do STF A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro de prerrogativa de função estabelecido exclusivamente na constituição estadual. 6. Imputabilidade (capacidade de culpabilidade). 16

6.1. Conceito. Trata-se da capacidade ou aptidão para ser culpável. Pressupõe a compreensão do injusto e da vontade de agir com a ciência de que a ação ou a omissão incorrera na prática de um delito. A possibilidade de se atribuir, imputar o fato típico e ilícito ao agente é a regra, sendo a inimputabilidade a exceção. 6.1.1. Essa consciência engloba dois pressupostos: I - aspecto cognoscitivo ou intelectivo capacidade de compreender a ilicitude do fato; II - aspecto volitivo ou determinação da vontade capacidade de atuar conforme essa compreensão. 6.2. Sistemas de aferição da inimputabilidade. 6.2.1. sistema biológico ou etiológico. Leva em consideração a saúde mental do agente. Se o agente for portador de alguma doença mental ou desenvolvimento incompleto ou retardado será ele considerado inimputável, não se levando em conta, na análise do caso concreto, se ao tempo do fato típico cometido o agente era capaz de entender o caráter ilícito do fato e de se determinar de acordo com esse entendimento. Esse sistema foi adotado pelo CP para justificar a inimputabilidade dos menores de 18 anos, por questões de política criminal (art. 27 do CP); 6.2.2. sistema psicológico ou psiquiátrico. Condiciona a imputabilidade à circunstância de o agente, ao tempo do fato, seja qual for a causa, entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento; 6.2.3. sistema biopsicológico ou misto. Conjuga os dois critérios anteriores: afasta-se a imputabilidade se o agente, em razão de estado mental patológico, era, ao tempo da conduta, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do 17

fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. É o sistema acolhido como regra geral no Código Penal Brasileiro (art. 26 do CP). 6.3. Semi-imputabilidade. 6.3.1. Fundamento legal. Art. 26, parágrafo único do CP. 6.3.2. Ocorrerá uma redução de pena, de um a dois terços, para aquele que, em razão de perturbação da saúde mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, não era INTEIRAMENTE capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Na semiimputabilidade, o agente pratica um fato típico, ilícito e culpável. 6.4. Hipóteses de Inimputabilidade 6.4.1. Inimputabilidade em razão de anomalia psíquica (art. 26, caput, do CP) 6.4.1.1. É isento de pena o agente que, por doença mental (deve ser tomada em sua maior amplitude e abrangência, isto é, qualquer enfermidade que venha a debilitar as funções psíquicas - critério biológico) ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento (critério psicológico - nem toda doença mental causa inimputabilidade, é imprescindível que apresente inteira incapacidade de entendimento e autodeterminação). 6.4.1.2. O Código Penal adota o critério biopsicológico. Anomalia psíquica (doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado no momento da ação ou omissão) + inexistência de entendimento, da consciência do caráter da ação. 6.4.1.3. Consequências. O inimputável não pratica crime (teoria tripartite). É, porém, investigado, denunciado, responde a processo e é sentenciado com 18

absolvição imprópria com imposição de sanção-tratamento (medida de segurança). 6.4.2. Semi-imputável. O parágrafo único do art. 26 não traz hipótese de inimputabilidade, mas de imputabilidade com responsabilidade penal diminuída. 6.4.2.1. Natureza jurídica. Causa obrigatória de diminuição de pena, havendo discricionariedade apenas no tocante à fração eleita pelo magistrado com base no grau de semi-imputabilidade (redução de um a dois terços). 6.4.2.2. O semi-imputável pratica crime. Contra ele haverá denúncia, processoe condenação. Na condenação o juiz irá optar por reduzir a pena ou substituir a pena por medida de segurança. Adoção do sistema vicariante ou unitário. 6.5. Inimputabilidade em razão da idade do agente 6.5.1. Fundamento legal. Art. 27 do CP e 228 da CF/88. 6.5.2. Adoção do sistema biológico. Presume-se que o menor de 18 anos não tem desenvolvimento mental completo, mesmo se antecipada a capacidade civil. 6.5.2. No primeiro minuto do 18º aniversário a pessoa é considerada imputável independente do horário de nascimento (00:01). 6.5.3. Julgamento de menores de 18 pelo Tribunal Penal Internacional. (art. 26, do Estatuto de Roma: O Tribunal não terá jurisdição sobre pessoas que, à data da alegada prática do crime, não tenham ainda completado 18 anos de idade. 6.6. Inimputabilidade em razão da embriaguez 6.6.1. Fundamento legal: art. 28, 1 do CP 6.6.2. Adoção do sistema biopsicológico. 6.6.3. Conceito de embriaguez. Trata-se de intoxicação aguda e transitória causada pelo álcool, cujos efeitos podem progredir de uma ligeira excitação até 19

o estado de paralisia e coma. O Código Penal equipara ao álcool substâncias de efeitos análogos (ex: drogas). 6.6.4. Espécies de Embriaguez 6.6.4.1. Embriaguez acidental. Dar-se-á por meio de caso fortuito ou força maior e poderá ser completa ou incompleta. 6.6.4.1.1. Caso fortuito: o agente desconhece os efeitos da substância que ingere. 6.6.4.1.2. Força maior: o agente é obrigado a ingerir a substância. 6.6.4.1.3. Embriaguez completa: retira a capacidade de entendimento e autodeterminação hipótese de inimputabilidade (art. 28, 1 do CP) 6.6.4.1.4. Embriaguez incompleta: diminui a capacidade de entendimento e autodeterminação hipótese de redução de pena (art. 28, 2 do CP). 6.6.4.2. Embriaguez não acidental. Poderá ser culposa ou dolosa. Para a embriaguez preordenada utiliza-se a teoria da actio libera in causa. 6.6.4.2.1. Teoria da actio libera in causa. Trata-se do ato transitório revestido de inconsciência decorre de ato antecedente que foi livre na vontade, transferindo-se para esse momento anterior à constatação da imputabilidade e voluntariedade do agente, evitando responsabilidade penal objetiva. 6.7. Índio e inimputabilidade. O índio só é inimputável se apresentar anomalia, menoridade ou embriaguez acidental completa. O simples fato de ser índio não o torna inimputável. Se índio não integrado, pode ser caso de excluir a culpabilidade por falta de potencial conhecimento da ilicitude. 6.8. Surdo-mudo e inimputabilidade. O surdo-mudo não é automaticamente inimputável. Pelo contrário, completados 18 anos de idade, todos se presumem imputáveis. Compete à perícia indicar o grau de prejuízo a ele causado por essa falha biológica. 20

6.9. Causas de não exclusão da imputabilidade 6.9.1. Emoção e paixão (art. 28 do CP); 6.9.2. Embriaguez não acidental. 6.9.3. Emoção, paixão e embriaguez não acidental não excluem a culpabilidade, salvo se consubstanciarem estado patológico do agente. Nessa situação, estarão enquadradas no caput do art. 26 do Código Penal. Contudo, há a POSSIBILIDADE DE REDUÇÃO de pena caso o agente cometa crime nessas circunstâncias. Ex: art. 65, III, c circunstância atenuante agente cometer crime sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima. 21

b) Revisão 1 (questões) QUESTÃO 01 CONSULPLAN - TJ-MJ - TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTRO - 2015 Quanto à aplicação da lei penal, é correto afirmar: a) Em virtude de lei posterior que deixa de considerar determinado fato como crime, cessam a execução e os efeitos penais somente nas hipóteses de sentença condenatória recorrível b) Ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro, o agente, quando está a serviço da administração publica, é punido segundo a lei brasileira por qualquer dos crimes contra a administração em geral. c) Segundo os princípios que regem o direito intertemporal, ninguém poder ser beneficiado por lei posterior mais benéfica quando pratica crime considerado hediondo. d) Em nenhuma hipótese é aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada. QUESTÃO 02 - VUNESP - CÂMARA MUNICIPAL DE POÁ / SP - PROCURADOR JURÍDICO 2016 Considera-se praticado o crime no momento a) do resultado. b) em que o agente inicia os atos preparatórios. c) em que o agente cogita e planeja a prática criminosa. d) da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. QUESTÃO 03 - IESES - TJ/PA - Titular de Serviços de Notas e de Registros - Provimento 2016 (ADAPTADA) Atinente à aplicação da Lei penal no tempo e no espaço, é correto afirmar: a) No que tange ao tempo do crime, o código penal adotou a teoria da ubiquidade. b) Leis temporárias e excepcional (art. 3O, CP) são hipóteses excepcional de ultra atividade maléfica. 22

c) Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. Tal instituto é denominado Extraterritorialidade. d) De acordo com o princípio da territorialidade, não é possível, por conta de regras internacionais, que um crime cometido no Brasil não sofra as consequências da Lei Brasileira. QUESTÃO 04 CESPE PC/GO - ESCRIVÃO DE POLÍCIA SUBSTITUTO 2016 (ADAPTADA) Considerando os princípios constitucionais e legais informadores da lei penal, assinale a opção correta. a) Por adotar a teoria da ubiquidade, o CP reputa praticado o crime tanto no momento da conduta quanto no da produção do resultado. b) A lei material penal terá vigência imediata quando for editada por meio de medida provisória, impactando diretamente a condenação do réu se a denúncia já tiver sido recebida. c) Considerando os princípios informativos da retroatividade e ultratividade da lei penal, a lei nova mais benéfica será aplicada mesmo quando a ação penal tiver sido iniciada antes da sua vigência. d) A novatio legis in mellius só poderá ser aplicada ao réu condenado antes do trânsito em julgado da sentença, pois somente o juiz ou tribunal processante poderá reconhecê-la e aplicá-la. QUESTÃO 05 FAURGS TJ/RS - ASSESSOR JUDICIÁRIO 2015 (ADAPTADA) Sobre a aplicação da lei penal, assinale alternativa correta. 23

a) Em se tratando de crimes temporários e excepcionais, a nova lei penal mais benéfica deverá ser aplicada retroativamente em benefício do réu, desde que encerrado o período de vigência da norma especial. b) Em se tratando de crimes permanentes, a nova lei penal mais gravosa não poderá retroagir em relação aos fatos já realizados pelo agente; todavia, esta deverá ser utilizada pelo juiz no momento da prolação da sentença, caso se verifique a permanência delitiva após a sua entrada em vigor. c) Segundo dispõe a legislação penal brasileira atualmente em vigor, em obediência ao princípio do ne bis in idem, não se admite que um cidadão brasileiro venha a ser processado novamente no território nacional caso tenha praticado um crime contra o patrimônio da União ou de empresa pública em um país estrangeiro e lá tenha sido absolvido. d) Em se tratando de crimes praticados por estrangeiros contra brasileiros fora do território nacional, aquele poderá ser punido pela legislação brasileira mesmo que a conduta imputada não seja tipificada como ilícito penal no local dos fatos. QUESTÃO 06 - CESPE - PC-PE ESCRIVÃO DE POLÍCIA 2016 (ADAPTADA) Um crime de extorsão mediante sequestro perdura há meses e, nesse período, nova lei penal entrou em vigor, prevendo causa de aumento de pena que se enquadra perfeitamente no caso em apreço. Nessa situação hipotética, a) a lei penal mais grave não poderá ser aplicada: o ordenamento jurídico não admite a novatio legis in pejus. b) a lei penal menos grave deverá ser aplicada, já que o crime teve início durante a sua vigência e a legislação, em relação ao tempo do crime, aplica a teoria da atividade. c) a lei penal mais grave deverá ser aplicada, pois a atividade delitiva prolongou-se até a entrada em vigor da nova legislação, antes da cessação da permanência do crime. 24

d) a aplicação da pena deverá ocorrer na forma prevista pela nova lei, dada a incidência do princípio da ultratividade da lei penal. QUESTÃO 07 CESPE - POLÍCIA CIENTÍFICA PE CONHECIMENTOS GERAIS (PERITO E PAPILOSCOPISTA 2016 (ADAPTADA) No que se refere à aplicação da lei penal no espaço, assinale a opção correta. a) De acordo com o princípio da nacionalidade, é possível a aplicação da lei penal brasileira a fato criminoso lesivo a interesse nacional ocorrido no exterior. b) A aplicação da lei penal brasileira a cidadão brasileiro que cometa crime no exterior é possível, de acordo com o princípio da defesa. c) De acordo com o princípio da representação, a lei penal brasileira poderá ser aplicada a delitos cometidos em aeronaves ou embarcações brasileiras privadas, quando estes delitos ocorrerem no estrangeiro e aí não forem julgados. d) De acordo com o princípio da justiça penal universal, a aplicação da lei penal brasileira é possível independentemente da nacionalidade do delinquente e do local da prática do crime, se este estiver previsto em convenção ou tratado celebrado pelo Brasil. QUESTÃO 08 - CONSULPLAN TRE/RS - ANALISTA JUDICIÁRIO - ADMINISTRATIVA (ADAPTADA) É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. A isenção de pena, in casu, é reconhecida em virtude da: a) Ausência de conduta penalmente relevante. b) Existência de uma causa justificante. c) Ausência de culpabilidade. d) Ausência de tipicidade. 25

QUESTÃO 09 IADES PC/DF - PERITO CRIMINAL - CIÊNCIAS CONTABÉIS 2016 (ADAPTADA) No que se refere à imputabilidade penal, em regra, o direito penal brasileiro adota o sistema a) biopsicológico. b) psicológico. c) psicanalítico. d) biológico. QUESTÃO 10 CESPE PC/PE ESCRIVÃO DE POLÍCIA - 2016 Em relação à imputabilidade penal, assinale a opção correta. a) Situação hipotética: João, namorado de Maria e por ela apaixonado, não aceitou a proposta dela de romper o compromisso afetivo porque ela iria estudar fora do país, e resolveu mantê-la em cárcere privado. Assertiva: Nessa situação, a atitude de João enseja o reconhecimento da inimputabilidade, já que o seu estado psíquico foi abalado pela paixão. b) Na situação em que o agente, com o fim precípuo de cometer um roubo, embriaga-se para ter coragem suficiente para a execução do ato, não se aplica a teoria da actio libera in causa ou da ação livre na causa. c) Situação hipotética: Elizeu ingeriu, sem saber, bebida alcoólica, pensando tratar-se de medicamento que costumava guardar em uma garrafa, e perdeu totalmente sua capacidade de entendimento e de autodeterminação. Em seguida, entrou em uma farmácia e praticou um furto. Assertiva: Nesse caso, Elizeu será isento de pena, por estar configurada a sua inimputabilidade. d) Situação hipotética: Paulo foi obrigado a ingerir álcool por coação física e moral irresistível, o que afetou parcialmente o controle sobre suas ações e o levou a esfaquear um antigo desafeto. Assertiva: Nesse caso, a retirada parcial da capacidade de entendimento e de autodeterminação de Paulo não enseja a redução da sua pena no caso de eventual condenação. 26

c) Revisão 2 (questões) QUESTÃO 11 FUNCAB - PC-AC - Perito Criminal 2015 (ADAPTADA) Observa-se nas leis temporárias que: a) sua vigência depende da excepcionalidade que a gerou. b) não são ultra-ativas nem retroativas. c) possuem a característica da retroatividade, sempre para beneficiar o réu. d) sua vigência é previamente fixada pelo legislador. QUESTÃO 12 FCC - TCM-RJ - PROCURADOR DA PROCURADORIA ESPECIAL - 2015 No que concerne à aplicação da lei penal no espaço, o princípio pelo qual se aplica a lei do país ao fato que atinge bem jurídico nacional, sem nenhuma consideração a respeito do local onde o crime foi praticado ou da nacionalidade do agente, denomina-se princípio a) da nacionalidade. b) da territorialidade. c) de proteção. d) da competência universal. QUESTÃO 13 OBJETIVA - PREFEITURA DE VITORINO PR - PROCURADOR 2013 (ADAPTADA) São hipóteses de conflitos de Leis Penais no tempo: a) Novatio legis incriminadora, abolitio criminis, novatio legis in pejus, pluralidade de condutas e identidade de fato. b) Novatio legis incriminadora, abolitio criminis, novatio legis in pejus, novatio legis in mellius. c) Novatio legis incriminadora, abolitio criminis, novatio legis in pejus, pluralidade de condutas e identidade de fato, nullun crimennulla poena sine lege scripta. 27

d) Novatio legis incriminadora, abolitio criminis, novatio legis in pejus, nullun crimennulla poena sine lege scripta. QUESTÃO 14 VUNESP - MPE-SP - ANALISTA DE PROMOTORIA 2014 (ADAPTADA) Sobre a aplicação da lei penal, é correto afirmar que a) em relação ao tempo do crime, o Código Penal, no artigo 4, adotou a teoria da ubiquidade. b) para os crimes permanentes, aplica-se a lei nova, ainda que mais severa, pois é considerado tempo do crime todo o período em que se desenvolver a atividade criminosa. c) em relação ao lugar do crime, o Código Penal, no artigo 6, adotou a teoria da atividade. d) a nova lei, que deixa de considerar criminoso determinado fato, cessa, em favor do agente, todos os efeitos penais e civis. QUESTÃO 15 FUNIVERSA - SAPEJUS GO - AGENTE DE SEGURANÇA PRISIONAL 2015 (ADAPTADA) A respeito do lugar do crime, o Código Penal brasileiro estabelece, em seu art. 6.º: Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Pelo exposto, e a respeito das teorias que buscam estabelecer o lugar do crime, assinale a alternativa correta. a) Pela teoria do resultado ou do evento, o lugar do crime é aquele em que o crime se consumou, pouco importando o local da prática da conduta. b) Pela teoria da ubiquidade, o lugar do crime será, tão somente, aquele em que foi praticada a conduta comissiva ou omissiva. c) Segundo a doutrina nacional, o Código Penal adotou, em seu artigo 6.º, a chamada teoria do resultado. 28

d) Pela teoria do resultado, o lugar do crime é aquele em que se produziu ou se deveria produzir o resultado, bem como o local em que fora perpetrada a conduta comissiva ou omissiva do agente. QUESTÃO 16 - CAIP-IMES - CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC - PROCURADOR - 2016 Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os crimes: a) contra a honra do Presidente da República. b) de genocídio, quando o agente for estrangeiro, qualquer que seja o seu domicílio. c) cometidos por particulares contra a administração pública. d) contra a fé pública de sociedade de economia mista federal. QUESTÃO 17 FCC - TCM-GO - PROCURADOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS - 2015 A respeito da aplicação da lei penal, considere: I. Aplica-se a lei brasileira a crimes praticados a bordo de embarcações brasileiras a serviço do governo brasileiro que se encontrem ancorados em portos estrangeiros. II. A sentença estrangeira pode ser executada no Brasil para obrigar o condenado a reparar o dano independentemente de homologação. III. Consideram-se extensões do território brasileiro as embarcações brasileiras de propriedade privada em alto mar. Está correto o que se afirma APENAS em a) I b) II c) I e III d) I e II QUESTÃO 18 - VUNESP TJ/SP - TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS - PROVIMENTO - 2016 29

Assinale a alternativa correta. a) A embriaguez culposa, por álcool ou substância de efeitos análogos, exclui a imputabilidade penal. b) O agente que em virtude de perturbação da saúde mental não era, ao tempo da ação, inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com este entendimento, é isento de pena. c) A paixão ou a emoção não excluem a imputabilidade penal. d) Os menores de dezoito anos são semi-imputáveis, pois estão sujeitos às normas do Estatuto da Criança e do Adolescente. QUESTÃO 19 FCC - TRE-AP - ANALISTA JUDICIÁRIO - ADMINISTRATIVA 2015 (ADAPTADA) Maria é aprovada no vestibular para uma determinada Universidade Federal. No dia da matrícula, Maria, caloura, é recebida pelos alunos veteranos da universidade e submetida a um trote acadêmico violento. Além de outras coisas que foi obrigada a fazer, Maria foi amarrada em uma cadeira de bar e obrigada a ingerir bebida alcoólica até ficar completamente embriagada e sem qualquer possibilidade de entender o caráter ilícito de um fato ou de determinar-se de acordo com este entendimento. Maria é liberada do trote e sai do bar, dirigindose até o seu veículo que estava estacionado em via pública, sem conseguir movimentá-lo. Abordada por policiais, desacatou-os. Neste caso, no que concerne ao crime de desacato, a) terá a pena reduzida de um a dois terços. b) estará isenta de pena. c) terá a pena reduzida de metade. d) terá a pena reduzida em 1/6. QUESTÃO 20 - VUNESP - PC-CE - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL DE 1 A CLASSE 2015 (ADAPTADA) Considere que determinado sujeito, portador de desenvolvimento mental incompleto, ao tempo da ação tinha plena capacidade de entender o caráter 30

ilícito do fato, mas era inteiramente incapaz de determinar-se de acordo com esse entendimento o que fora clinicamente atestado nos autos em perícia oficial. Em consonância com o texto legal do art. 26 do CP, ao proferir sentença deve o juiz reconhecer sua a) inimputabilidade. b) imputabilidade. c) semi-imputabilidade, absolvendo-lhe e aplicando-lhe medida de segurança. d) semi-imputabilidade, condenando-lhe e aplicando-lhe pena diminuída. 31

d) Revisão 3 (mapas mentais) 32

33

34

35

36

37

e) Gabarito 1 2 3 4 5 B D B C B 6 7 8 9 10 C C C A C 11 12 13 14 15 D C B B A 16 17 18 19 20 D C C B A 38

g) Normas Utilizadas Constituição Federal Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial. Codigo Penal Lei penal no tempo Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplicase aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. Lei excepcional ou temporária Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. Tempo do crime Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. Territorialidade Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as 39

embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. Lugar do crime Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Extraterritorialidade Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; II - os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; b) praticados por brasileiro; c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. 40

1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: a) não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça. Inimputáveis Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento Redução de pena Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 41