Um breve estudo da Inteligibilidade no Contexto de World Englishes

Documentos relacionados
O Falante do Português e a Pronúncia da Língua Inglesa

em que medida esse tipo de estruturação narrativa reflete ou não a estrutura da narrativa espontânea proposta por Labov?

AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO ENTRE TONICIDADE E DISTINÇÃO DE OCLUSIVAS SURDAS E SONORAS NO PB

Inteligibilidade fonológica de aprendizes brasileiros de inglês

ELF: INGLÊS COMO LÍNGUA FRANCA

2. Corpus e metodologia

MOVIMENTOS FACIAIS E CORPORAIS E PERCEPÇÃO DE ÊNFASE E ATENUAÇÃO 1

ESTUDO FONÉTICO-EXPERIMENTAL DA INFLUÊNCIA DA PAUSA NA DURAÇÃO DE VOGAIS ACOMPANHADAS DE OCLUSIVAS SURDAS E SONORAS *

A velocidade de fala como marca de segmentação da narrativa espontânea. Miguel Oliveira, Jr. Instituto de Linguística Teórica e Computacional

6LEM064 GRAMÁTICA DA LÍNGUA ESPANHOLA I Estudo de aspectos fonético-fonológicos e ortográficos e das estruturas morfossintáticas da língua espanhola.

ESTUDOS SOBRE A LINGUA INGLESA E A NOÇÃO DE LÍNGUA INTERNACIONAL. Palavras-chave: Língua inglesa.; Língua internacional; Práticas pedagógicas.

Estudo das características fonético-acústicas de consoantes em coda. silábica: um estudo de caso em E/LE

Universidade Federal de Goiás Faculdade de Letras Pós-Graduação em Letras e Linguística Mestrado e Doutorado

O LUGAR DA PROSÓDIA NO CONCEITO FLUÊNCIA DE LEITURA

ESTRATÉGIAS DE INFERÊNCIA LEXICAL EM L2 ESTUDO DA ANÉLISE GRAMATICAL 1. INTRODUÇÃO

Características da duração do ruído das fricativas de uma amostra do Português Brasileiro

RELAÇÃO ENTRE DURAÇÃO SEGMENTAL E PERCEPÇÃO DE FRICATIVAS SURDAS E SONORAS

RELATÓRIO DE PONTUAÇÃO AMOSTRA

RESENHA DE PROSODIC FEATURES AND PROSODIC STRUCTURE,

Fonética acústica: Propriedades suprassegmentais APOIO PEDAGÓGICO. KENT, Ray, READ, Charles. Análise acústica da Fala São Paulo : Cortez, 2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE ARTES E LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS. Proposta de Seminário de Estudos Avançados

CRENÇAS DE GRADUANDOS DE INGLÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA SOBRE A PRÓPRIA PRONÚNCIA

A AQUISIÇÃO DAS FRICATIVAS DENTAIS DO INGLÊS: UMA PERSPECTIVA DINÂMICA

O Tom na fala: estratégias prosódicas

PADRÕES ENTOACIONAIS NA AQUISIÇÃO DO INGLÊS COM LÍNGUA ESTRANGEIRA E A INFLUÊNCIA DO PORTUGUÊS DO BRASIL

Aula 6 Desenvolvimento da linguagem: percepção categorial

Inglês IV. plano de ensino. Ementa. Objetivos Gerais. UA 01 Company facts. UA 02 Telephoning in English

ANÁLISE ACÚSTICA DE CONSOANTES OCLUSIVAS EM POSIÇÃO DE ONSET E CODA SILÁBICOS PRODUZIDAS POR BRASILEIROS APRENDIZES DE INGLÊS

Estudar a Prosódia. Sónia Frota. Dep. Linguística, Laboratório de Fonética, Onset-CEL, FLUL

PALAVRAS-CHAVE Inglês como Língua Franca. World English. Ensino/Aprendizagem.

O sotaque do falante nativo e a aula de inglês como língua estrangeira no contexto universitário

O ENSINO DE PRONÚNCIA NA FORMAÇÃO DO ALUNO DE LETRAS: CONTRIBUIÇÕES DA HABILIDADE LISTENING.

ENSINO DA PRONÚNCIA: a Altura de Vogal

Escrito por Davi Eberhard - SIL Dom, 10 de Abril de :47 - Última atualização Qui, 14 de Abril de :19

Prof ª Drª Dilma Tavares Luciano Universidade Federal de Pernambuco

AVALIAÇÃO INSTRUMENTAL DOS CORRELATOS ACÚSTICOS DE TONICIDADE DAS VOGAIS MÉDIAS BAIXAS EM POSIÇÃO PRETÔNICA E TÔNICA *

16º CONEX - Encontro Conversando sobre Extensão na UEPG Resumo Expandido Modalidade C: Apresentação de pesquisas advindas da extensão universitária

O USO DO TOM DE LIMITE COMO MARCA DE SEGMENTAÇÃO DA NARRATIVA ESPONTÂNEA

PERCEPÇÃO AUDITIVA E VISUAL DAS FRICATIVAS DO PORTUGUÊS BRASILEIRO

COMPORTAMENTO INTERACIONAL NA SALA DE AULA COMUNICATIVA: A NEGOCIAÇÃO FACE A DOIS TIPOS DE ATIVIDADE E AGRUPAMENTO *

CURSOS DE FÉRIAS

A ORDEM DE AQUISIÇÃO DOS PRONOMES SUJEITO E OBJETO: UM ESTUDO COMPARATIVO 10

A PALATALIZAÇÃO DA FRICATIVA ALVEOLAR /S/ EM INGLÊS COMO L2 POR FALANTES DO DIALETO DO BREJO PARAIBANO

A NOÇÃO DOS PROFESSORES DE INGLÊS SOBRE A ABORDAGEM

INTELIGIBILIDADE DE PRONÚNCIA NO CONTEXTO DE INGLÊS COMO LÍNGUA INTERNACIONAL. Neide Cesar CRUZ (Universidade Federal de Campina Grande)

Debora Carvalho Capella. Um estudo descritivo do vocativo em linguagem oral para Português L2. Dissertação de Mestrado

Universidade Federal de Goiás Faculdade de Letras Pós-Graduação em Letras e Linguística Mestrado e Doutorado

Módulo 01: As distintas abordagens sobre a linguagem: Estruturalismo, Gerativismo, Funcionalismo, Cognitivismo

Universidade Federal de Goiás Faculdade de Letras Pós-Graduação em Letras e Linguística Mestrado e Doutorado

TREINAMENTO FONÉTICO DE SEGMENTOS AINDA ÚTIL?

DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADES ESCRITAS EM LÍNGUA INGLESA

O Processo de Internacionalização das Instituições de Ensino Superior e o English as a Medium of Intruction

Aulas de Inglês para Executivos.

TRAINING AND DISCOVERING CORPUS-BASED DATA-DRIVEN EXERCISES IN ENGLISH TEACHING (L2/FL) TO NATIVE SPEAKERS OF PORTUGUESE (L1)

Obrigatoriamente, os alunos devem realizar as duas componentes, sob pena de reprovação.

6LET012 LINGÜÍSTICA II Introdução à teoria sintática funcionalista. Categorias gramaticais e relações

EDITAL 93/2018 CONCURSO PÚBLICO DE PROVAS E TÍTULOS PARA O PROVIMENTO DOS CARGOS DA CARREIRA DO MAGISTÉRIO DO ENSINO BÁSICO, TÉCNICO E TECNOLÓGICO

ENGLISH SCHOOL TEACHERS PERCEPTION REGARDING PRONUNCIATION TEACHING AND THE DICHOTOMY ENGLISH AS A FOREIGN LANGUAGE VERSUS ENGLISH AS A LINGUA FRANCA

Universidade Federal de Goiás Faculdade de Letras Pós-Graduação em Letras e Linguística Mestrado e Doutorado

1.1 Os temas e as questões de pesquisa. Introdução

DOCUMENTO ORIENTADOR DE AVALIAÇÃO DO DEPARTAMENTO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO DE COMPREENSÃO ORAL

Língua, Linguagem e Variação

Flávia Azeredo Silva Universidade Federal de Minas Gerais Thaïs Cristófaro-Silva Universidade Federal de Minas Gerais King s College London (KCL)

English version at the end of this document

Análise das rupturas de fala de gagos em diferentes tarefas

Universidade do Minho Instituto de Educação e Psicologia. Carlos Borromeo Soares

XXV Encontro Nacional da APL Universidade de Lisboa - Outubro 22-24, Carolina Serra & Sónia Frota

Aula 6 GERATIVISMO. MARTELOTTA, Mário Eduardo. Manual de Linguística. São Paulo: Contexto, 2012, p

Título: Future Teachers

A ORALIDADE E O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

AS FRICATIVAS INTERDENTAIS DO INGLÊS E SEUS SUBSTITUTOS EM DIFERENTES L1S. The English Interdental Fricatives and Its Substitutes in Different L1s

REDES SOCIAIS E ESTRUTURA SOCIAL: TEORIAS E PRÁTICAS

Imagens em livros didáticos de inglês

estrangeira e em estudos anteriores acerca do tema, este estudo visa a relacionar

O PAPEL DOS MOVIMENTOS DA CABEÇA NA MARCAÇÃO DE INTERROGATIVAS

Ana Alexandra da Costa Castro Neto

Inválido para efeitos de certificação

English version at the end of this document

CURSOS PARA PROFESSORES DE LÍNGUAS

CURSOS PARA PROFESSORES DE LÍNGUAS

AULA 8: A PROSÓDIA DO PORTUGUÊS: ELEMENTOS CONSTITUTIVOS, ORGANIZAÇÃO RÍTMICA E DOMÍNIOS PROSÓDICOS

Compreensão de sentenças em crianças com desenvolvimento normal de linguagem e com Distúrbio Específico de Linguagem

INTELIGIBILIDADE DE LÍNGUA INGLESA SOB O PARADIGMA DE LÍNGUA FRANCA: PERCEPÇÃO DE ENUNCIADOS DE BRASILEIROS POR BRASILEIROS RESUMO

Competência de Uso de Língua para o 11º ano Interpretação (Ler) e Produção (Escrever) e Competência Sociocultural.

Implementação em Praat de algoritmos para descrição de correlatos acústicos da prosódia da fala

Agrupamento de Escolas de Sande Ano Letivo 2017/2018. Perfil de Aprendizagens Específicas Inglês 1º ciclo

Letras Língua Inglesa

English version at the end of this document

Marisa Cruz & Sónia Frota. XXVII Encontro Nacional da APL

PROGRAMA DA DISCIPLINA DE FONOLOGIA

O MITO DO FALANTE NATIVO E A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE DE FUTUROS PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA

Designação da Disciplina: Desenvolvimento Moral e Argumentação no Contexto das Questões Sociocientíficas

Caderno de Prova 2 PR13. Inglês. ( ) prova de questões Objetivas. Professor de. Prefeitura Municipal de Florianópolis Secretaria Municipal de Educação

ANEXO III PONTOS PARA PROVA ESCRITA E DIDÁTICA

APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA ATRAVÉS DE JOGOS DIGITAIS: SUBSÍDIOS PARA O TOIEC Bridge

INVESTIGAÇÃO ACERCA DOS PROCESSOS DE REESTRUTURAÇÃO SILÁBICA CVC NO PORTUGUÊS BRASILEIRO E NO INGLÊS: UMA ANÁLISE FONÉTICO-ACÚSTICA

O PAPEL DAS EXPRESSÕES FACIAIS E MOVIMENTOS CORPORAIS NA PRODUÇÃO DE INTERROGATIVAS

Letras Língua Inglesa

Resumo. Palavras-chave: metáfora; compreensão de leitura; processamento de metáforas

Transcrição:

Um breve estudo da Inteligibilidade no Contexto de World Englishes Ellen Nogueira Rodrigues 1 Resumo: Este artigo objetiva realizar uma revisão da literatura sobre questões relacionadas à inteligibilidade dos falantes de inglês, destacando os fatores relacionados à pronúncia e aspectos fonológicos que influenciam/interferem na compreensão. Os estudos analisados fazem parte do campo de estudo World Englishes, no qual a inteligibilidade dos falantes é analisada em encontros conversacionais entre nativos e não nativos, juntamente com as interações entre falantes não nativos de inglês. A literatura aponta a proeminência dos fatores suprassegmentais para a compreensão entre os falantes de inglês, relacionados a aspectos prosódicos da pronunciação (como a velocidade da fala, acentuação e entonação), além de indicar outros fatores linguísticos, como a escolha lexical e aspectos discursivos, significativos para a compreensibilidade. Portanto, este estudo investiga os fatores que contribuem para inteligibilidade entre falantes da língua inglesa, apontando avanços sobre a noção da compreensão na pronunciação, as limitações da literatura e algumas diretrizes para o ensino de pronunciação. Palavras-chave: Inteligibilidade; World Englishes; Pronunciação A Brief Study of Intelligibility in the Context of World Englishes Abstract: This article attempts to give an overview of the literature relating to issues of intelligibility of English speakers, emphasizing the phonological and pronunciation aspects that influence and hinder comprehension. The analysed studies are part of the field of World Englishes, where the intelligibility of the speakers is explored in conversational encounters of native and non-native speakers, such as the interactions between non-native English speakers. Literature points out the prominence of the suprasegemental aspects for the comprehension of English speakers in conversation, related to the prosodic aspects of the pronunciation. For instance, the speed of the speech, stress, and intonation. Other linguistic factors also are significant for comprehensibility, comprising lexical choice and discursive dimensions. Thus, the study investigates the factors which contribute for intelligibility between English speakers, pinpointing advances on comprehension of pronunciation, limitations of literature, and some guidelines for teaching pronunciation. Keywords: Intelligibility; World Englishes; Pronunciation 1 Doutoranda em Educação e Mestre em Linguistica Aplicada pela Andrews University (EUA). Email: ellen_ unasp@hotmail.com.

ELLEN NOGUEIRA RODRIGUES Introdução 94 De acordo com o Modelo de Três Círculos Concêntricos de Kachru (1986), 2 a difusão do inglês no círculo exterior e de expansão desenvolveu um fenômeno sui generis, no qual o número de falantes de inglês como língua franca ultrapassa a quantidade de falantes nativos (CRYSTAL, 1997; GRADOLL, 1997). Essa mudança implica uma reconsideração da proeminência do modelo de um falante nativo e seu domínio exclusivo do inglês, a fim de se buscar uma visão pluralística do inglês que inclui todas as suas variedades. Desse modo, o inglês considerado padrão não é mais exclusividade dos falantes nativos, devido ao fato de falantes não nativos serem também donos e contribuírem para a padronização do inglês. Como Widdowson (1994, p. 187) ressalta, o inglês padrão serve um grande conjunto de diferentes comunidades e seus propósitos institucionais, e estes transcendem fronteiras tradicionais culturais e comunais. O inglês não está mais limitado a uma comunidade de falantes nativos, porque outras variedades de inglês não nativo desenvolvidas devido à colonização emergiram, adaptando a cultura local e seus valores, formando por direito uma variedade própria de inglês. Além disso, o inglês é utilizado como língua franca (LF) em muitas trocas linguísticas multiculturais entre falantes não nativos de inglês. Portanto, considerável atenção tem sido dada ao domínio da língua inglesa no campo de estudos sobre World Englishes (Ingleses do Mundo), o qual advoga que todos os que falam a língua inglesa também são donos dela (WIDDOWSON, 1994; RAJAPOPALAN, 2004). O inglês como uma língua mundial tem crescido exponencialmente, não somente pelo seu prestígio, mas também pelo seu poder estratégico de influenciar os campos da tecnologia, academia, economia, mídia de massa e o entretenimento (KIRKPATRICK, 2007). Ademais, para muitos países ex-colonizados, o inglês é utilizado como meio de instrução e língua nacional, e consequentemente ele tem se tornado um veículo prevalente de comunicação entre comunidades de fala inglesa em encontros comercias multinacional. Essa linguagem de contato usado entre falantes não nativos é definida por House (apud JENKINS, 2006, p. 74) como interações entre membros de duas ou mais diferentes línguas e culturas em inglês, para o qual nenhum deles a língua materna é o inglês. Essa língua de contato constitui o que se chama Língua Franca Internacional (LFI) ou Inglês como Língua Internacional (ILI) 3. A literatura em World Englishes (WE) busca priorizar questões que vão além do mero estudo do círculo interior caracterizado por perspectivas norteamericana e britânica, promovendo outras variedades de inglês. Além de investigar questões filosóficas 2 O Modelo de Três Círculos Concêntricos (Tripartite Model of English Speakers) descrito por Kachru (1985) identifica a função que o inglês desempenha nos países do mundo, classificando-os como círculo interno, externo, e em expansão. O círculo interno corresponde a países como Inglaterra e Estados Unidos. O círculo externo diz respeito a países que passaram por períodos de colonização e criaram suas próprias variedades de inglês, tais como Blangladesh, Gana e Filipinas. O circulo em expansão está relacionado a países que falam o inglês como língua estrangeira, tais como Brasil, China e Egito. 3 Em inglês, International Lingua Franca (ILF) ou English as International Language (EIL). Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

UM BREVE ESTUDO DA INTELIGIBILIDADE NO CONTEXTO DE WORLD ENGLISHES e ideológicas que perpassam a expansão do inglês, existe uma ênfase em todos os aspectos sobre o surgimento, gramática, sociolinguística, questões ideológicas, literaturas criativas e o ensino e aprendizado de WE (KACHRU, 2005). Os pesquisadores têm reivindicado a legitimação e o reconhecimento de variedades de inglês não nativo, questionando o privilégio predominante das variedades nativas como modelos de inglês como não sendo mais funcionais (KACHRU, 1996; SEIDLHOFER, 2001). De acordo com essa perspectiva, o falante de inglês não nativo não deve basear-se em uma proficiência nativa inatingível, mas na adequada habilidade de se comunicar de uma maneira que seja inteligível entre os falantes. Este fenômeno sem precedentes de uma língua veicular ser usada entre duas variedades de inglês, seja do círculo interno, externo ou em expansão, não somente entre duas línguas particulares (Mauranen, 2003; Seidlhofer, 2004), transforma a noção de inteligibilidade em um componente crucial para a comunicação entre falantes de língua inglesa. Portanto, este trabalho busca realizar uma revisão da literatura sobre questões relacionadas à inteligibilidade dos falantes de Inglês. O estudo analisa aspectos relacionados à pronúncia e fatores fonológicos que influenciam e interferem na compreensão, quando falantes nativos e não nativos se comunicam, juntamente com as interações entre falantes não nativos de inglês. A concepção de inteligibilidade no campo do World Englishes No campo do World Englishes, fatores relacionados à LF e inteligibilidade nas interações têm sido explorados com certa frequência. Ainda assim, a literatura tem se centralizado nos círculos internos e nas percepções dos nativos de inglês em relação aos falantes de inglês do círculo externo e de extensão (JENKINS, 2002). Embora, não haja consenso sobre a definição do termo inteligibilidade, o conceito tridimensional de Smith e Nelson (1985) é o mais aceito. Os autores consideram: (1) a Inteligibilidade como a habilidade de reconhecer palavras e sentenças, (2) a Compreensão para entender o significado, e (3) a Interpretabilidade no qual o falante é capaz de captar a intenção das palavras do falante. A literatura tem focado nos dois primeiros aspectos, enquanto mínima atenção é dada ao último aspecto. A concepção de inteligibilidade está relacionada à produção de inteligível [ ] e apropriada interpretação do inglês (NELSON, 1995, p. 274). A literatura faz um distinção clara entre aspectos da forma, abrangendo o reconhecimento formal ou a decodificação de palavras e sentenças, e aspectos do significado, variavelmente descritos como compreensibilidade, entendimento, ou comunicabilidade (JENKINS, 2000). Field (2005, p. 370) também indica a existência de dois princípios competitivos: um relacionado ao princípio do falante nativo, que advoga uma pronunciação precisa e similar aos falantes nativo de inglês; e o princípio da inteligibilidade, que considera que estudantes simplesmente precisam ser entendidos. A inteligibilidade como o foco de investigação tem promovido vários aspectos da pronunciação vistos 95 Acta Científica, Engenheiro Coelho, v. 22, n. 1, p. 93-107, jan/abr 2013

ELLEN NOGUEIRA RODRIGUES como essenciais para gerar compreensão entre falantes da língua inglesa, sejam eles do círculo interior, exterior ou de extensão. Inteligibilidade e percepções dos falantes nativos em relação aos falantes não nativos 96 Ryan e Carranza (1975) apontam que falantes nativos tendem a menosprezar falantes não nativos por conta de sua pronúncia. Portanto, julgamentos negativos e preconceituosos podem gerar interferência na compreensão. Ademais, Flege (1984) sugere que ouvintes são extremamente sensíveis a padrões de fala que diferem de sua própria comunidade de fala. De fato, ouvintes detectam o sotaque estrangeiro de uma língua que estes nem mesmo falam, e em conversas ordenadas de trás para frente (ESLING; WONG, 1983). O estudo de Munro et al (2006) sobre a avaliação de falantes nativos de cantonês, japonês, mandarim e inglês em relação a falantes não nativos de inglês de diferentes contextos geográficos, revela que não falantes de inglês tiveram padrões similares de classificação em inteligibilidade e sotaque independente do contexto. Por isso, estudos revelam que a fala em si é um indicador de percepção e julgamento do potencial de fala de uma segunda língua. Não é coincidência que a pronunciação tem recebido destacada atenção nos estudos sobre inteligibilidade, e tentativas são feitas para isolar os fatores da pronunciação que mais contribuem para um bom nível de inteligibilidade na comunicação. Todavia, existem poucas pesquisas conclusivas e confirmações empíricas sobre o papel da pronúncia a este respeito. Por outro lado, pesquisadores têm enfatizado que a fala de uma segunda língua é avaliada em suas variadas dimensões parcialmente independente (MUNRO & DERWING, 2001; DERWING & MUNRO, 1997), e que o sotaque e a inteligibilidade são concebidos como duas entidades diferentes. Munro & Derwing (1995) exploram a percepção de falantes nativos sobre a produção de fala de não nativos. Através da escala Likert, concluiu-se que falantes nativos podem adequadamente perceber sotaque moderado e pesado, muito embora os falantes nativos transcrevam adequadamente a fala do não nativo. Portanto, os estudos têm indicado que o sotaque estrangeiro e a noção de inteligibilidade não são a mesma coisa, pois um falante pode ter um sotaque carregado e ser totalmente compreendido. Este estudo também ajuda a esclarecer que a avaliação é realizada com atenção à natureza multidimensional da fala do aprendiz, ao invés de um simples foco no sotaque (MUNRO; DERWING, 1995, p.286). Estudos que visam os vários aspectos da pronunciação de forma a encontrar os elementos primordiais para a compreensão, têm investigado os efeitos que a prosódia e as variáveis relacionadas contribuem para a compreensão do nativo sobre a produção de fala do não nativo de inglês. Os resultados evidenciam o predomínio dos aspectos suprassegmentais (diapasão, intensidade, acento e velocidade do som) para o entendimento e interação efetiva dos falantes não nativos e nativos, independente de sua primeira língua (ANDERSON-HSIEH et al 1992; MUNRO; DERWING, 2002). Anderson-Hsieh et al (1992) solicitaram que falantes nativos avaliassem a pronúncia de onze grupos de línguas com relação aos desvios segmentais, prosódicos, e de estrutura silábica. Em suma, Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

UM BREVE ESTUDO DA INTELIGIBILIDADE NO CONTEXTO DE WORLD ENGLISHES verificou-se que a variável prosódica tem o efeito mais robusto nas percepções de desvio e compreensibilidade da fala. Consistente com estes resultados, Kang (2009) selecionou cinquenta e oito alunos norteamericanos de graduação para avaliarem elementos suprassegmentais (diapasão, intensidade, acento, e velocidade do som). A pesquisa revelou que a intensidade do som e o acento da palavra contribuem para a atribuição de uma fala com sotaque, enquanto que a velocidade da fala melhor descreve e prediz a compreensão. Como se pode observar, componentes suprassegmentais afetam categorias perceptuais diferentes com relação à noção de sotaque e compreensão. Com isso, devido aos padrões de velocidade da fala e pausas prolongadas, a compreensão foi afetada significantemente, fazendo com que a velocidade da fala do não nativo seja a causa de 35% dos valores relacionados à compreensão. Quando os falantes não nativos falam mais devagar do que a normalidade, como Munro e Derwing (1998) notam no caso de falantes não nativos de mandarim, os falantes nativos não avaliam o sotaque e compreensibilidade positivamente. Por outro lado, quando falantes não nativos aumentam a velocidade de fala além do normal para os nativos, há um prejuízo de inteligibilidade por parte dos nativos (DERWING; MUNRO 1997). Desse modo, Munro e Derwing (2001) salientam que um menor nível de compreensão é atingido quando falantes não nativos falam mais rápido ou mais devagar, em relação à velocidade comum das interações. Além da velocidade de fala, a literatura ressalta os padrões de entonação como um importante aspecto que afeta a compreensão. De acordo com Benrabah (1997), quando os padrões de entonação estão distorcidos, afetando o prolongamento das sílabas, a capacidade de compreensão é debilitada. Além disso, Adams e Munro (1977) destacam que a diferença entre nativos e não nativos não está na duração das vogais tônicas, mas no alongamento das vogais não tônicas. Anderson (apud Chela-Flores, 2001) também aponta que a diferença entre nativos e não nativos está na maneira com que os intervalos inter-acento são realizados de forma mais alongada e um grande número de acentos nas palavras são acrescentados pelos não nativos. Com uma metodologia diversificada, Gallego (1990) solicitou que alunos de graduação pausassem as falas gravadas de professores internacionais quando percebessem transtornos na comunicação. Quando as dificuldades de comunicação foram analisadas, especialistas perceberam que as incompreensões ocorreram devido a erros de pronúncia normalmente relacionadas ao excesso de palavras acentuadas. Com isso, a noção do acento primário (WATANABE, 1988), que em discursos em inglês serve para enfatizar informações novas ou contrastantes, tem sido consideravelmente estudada (BROWN, 1983). Pesquisas apontam que o falante não nativo utiliza o acento primário em todas as palavras e a entonação é usada de modo divergente. Por exemplo, o estudo de Wennerstrom (1994) evidencia que, em contraste com falantes nativos, falantes não nativos de diversos contextos usam diferentes movimentos de entonação para acentuar uma nova informação. Tyler et al. (1988) também indicam que palavras chinesas e coreanas nas sentenças são acentuadas de forma semelhante. Por outro lado, na esfera do húngaro como segunda língua, Kormos e Denes (2004), observaram que os padrões de acentuação se tornam 97 Acta Científica, Engenheiro Coelho, v. 22, n. 1, p. 93-107, jan/abr 2013

ELLEN NOGUEIRA RODRIGUES 98 mais semelhantes ao falante nativo. Consequentemente, estudantes em estágio avançado da segunda língua utilizam palavras mais acentuadas em um minuto do que os de nível intermediário. Contudo, Kang (2010) sugere a necessidade de futuros estudos nessa área, visto que a associação entre a produção de acentuação e a inteligibilidade ainda não está claramente estabelecida. Com relação às pausas que são feitas durante a produção de fala, poucos estudos mostram efeitos sobre a inteligibilidade e o sotaque. No entanto, pesquisadores revelam que a duração das pausas de falantes não nativos predizem a avaliação de acentuação na fala (TROFIMOVICH; BAKER, 2006). Recentemente, as pesquisas indicam que a maior quantidade de pausas estimula a compreensibilidade e, até certo ponto, causa percepções positivas da fala (KANG et al 2010). A entonação é outro fator relacionado a aspectos suprasegmentais, que tende a desempenhar efeitos positivos na compreensão. Contudo este fator depende em grande medida da língua materna. Pickering (2001) comparou a escolha tonal de professores internacionais chineses e norte-americanos, e os resultados demonstraram que a estrutura tonal dos chineses contribuiu para as dificuldades de compreensão do falante nativo, e motivaram reações negativas, tais como desinteresse e antipatia. Embora a maioria dos estudos empíricos indique os componentes suprassegmentais como o elemento mais importante para inteligibilidade, as pesquisas apontam que estes componentes geram 50% da avaliação sobre a compreensibilidade (Kang, 2010). Entretanto, não existe nenhum método consistente e indicação conclusiva com relação aos elementos que determinam uma pronúncia inteligível. No entanto, os estudos também indicam o papel dos aspectos segmentais na compreensão (KOSTER; KOET, 1993; FAYER; KRASINSKI, 1987). Com relação aos efeitos que os elementos segmentais (vogais e consonantes) têm na produção e compreensão, Gisom (1970) argumenta que a produção de consoantes em Inglês é mais importante para a compreensão dos falantes nativos do que as vogais. Suenobu, Kanzaki e Yamane (1992) analisaram a avaliação de quarenta e oito nativos sobre não nativos, e os resultados indicaram que os erros consonantais, e não as vogais, são os mais obstrutivos para a compreensão. O estudo também revela que quando o contexto da conversação de não nativos era revelado aos ouvintes nativos, estes eles entendiam praticamente todo o significado da conversação, ao passo que a inteligibilidade do falante não nativo era afetada quando o os ouvintes nativos não conheciam o contexto da conversação. Por outro lado, outros estudos ressaltam que as vogais são mais essenciais para inteligibilidade que as consonantes. Schairer (2007) aponta que, em uma hierarquia de erros, a vogal está no topo, o que demonstra que as vogais são essenciais para a compreensão. Contudo, os aspectos segmentais relacionados às vogais parecem indicar maior incidência de interferência na compreensão. Como se pode observar, os resultados ainda não são claros a este respeito, devido ao papel multidimensional de ambos os fatores suprassegmentais e segmentais sobre a inteligibilidade. Pesquisas adicionais precisam ser realizadas para consolidar as conclusões. Outra tentativa dos estudos em inteligibilidade é comparação da pronunciação com o papel de outros elementos linguísticos para a compreensão. Em particular, Fayer and Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

UM BREVE ESTUDO DA INTELIGIBILIDADE NO CONTEXTO DE WORLD ENGLISHES Krasinski (1987) examinaram as reações de falantes nativos de inglês e espanhol com relação aos falantes de Porto Rico em vários fatores, tais como gramática, entonação, pronúncia e hesitação. O estudo indicou que entre as variáveis, a pronunciação e hesitação em ambos os grupos de falantes causaram um maior número de distração e estímulo negativo, afetando consideravelmente a compreensão. Similarmente, Gynan (1985) investigou a percepção de falantes nativos sobre a fala de hispânicos não nativos de inglês. A pesquisa revelou que, para os falantes nativos de inglês,os fatores fonológicos foram mais obstrutivos para a compreensão que os fatores gramaticais. Em outro estudo, Politzer (1978) investigou a avaliação de falantes nativos de alemão em relação à fala de norteamericanos falantes de alemão como segunda língua. O estudo sugere que o vocabulário é o fator mais importante para a compreensão, seguido por gramática e pronúncia. A pesquisa de Albrechtsen, Henriksen e Faerch (1980) também explorou as reações e os discursos de cento e cinquenta britânicos nativos sobre falantes não nativos. O estudo concluiu que a frequência de erros em qualquer elemento linguístico é potencialmente relevante para intervir na compreensão, e foi encontrada evidência para apoiar a hipótese de que fatores discursivos significantemente afetam a compreensão. Entretanto, os dados revelam uma correlação estatisticamente pequena entre pronúncia, entonação, e compreensão. Como Munro e Derwing (2002) sugerem, a aparente inconsistência e oposição dos resultados em relação aos fatores que interferem a inteligibilidade dos falantes está associada à diferença da primeira língua dos participantes, juntamente com as diferentes metodologias usadas para obtenção dos dados. A este respeito, Rajadurai (2007, p. 89) argumenta que estudos em inteligibilidade apontam severas limitações em termos das suposições adotadas, e precisam de procedimentos e, consequentemente, de rigidez e generalidade dos resultados. Portanto, pesquisas sobre a percepção e compreensão dos falantes nativos em relação aos falantes não nativos necessitam ainda firmar conclusões acerca do papel específico da pronunciação. O crescente número de estudos em inteligibilidade tem proporcionado uma melhor compreensão do papel do sotaque, dos aspectos segmentais e suprassegmentais e dos padrões de acentuação e velocidade de fala. No entanto, outros estudos precisam ser realizados para explicar a complexidade dos elementos que determinam a compreensão. Ademais, futuros estudos devem ampliar as perspectivas das concepções de pronúncia, examinando os efeitos de outros fatores linguísticos, onde existe pouca evidência empírica. 99 Inteligibilidade e falantes não nativos das variedades de inglês Com o avanço das variedades não nativas do inglês, a concepção de inteligibilidade tem se tornado central para comunicações multiculturais e o ensino de línguas. No processo de nativização, as variedades de inglês se acomodam aos valores da cultura local e ao sistema linguístico, ditando seu próprio padrão e sistematização. Essa realidade tem causado interesse na investigação da maneira pela qual falantes das variedades de inglês se comunicam. Jenkins (2000) examinou vários problemas de comunicação de conversas Acta Científica, Engenheiro Coelho, v. 22, n. 1, p. 93-107, jan/abr 2013

ELLEN NOGUEIRA RODRIGUES 100 coletadas de pares falantes de inglês como segunda língua, no sentido de identificar elementos da pronunciação que interferem na inteligibilidade. A autora sugeriu a existência da chamada Lingua Franca Core (LFC) [Núcleo da Língua Franca], onde um conjunto de elementos fonológicos compostos principalmente de aspectos segmentais, assim como elementos suprassegmentais, que promovem a inteligibilidade entre interações de falantes não nativos de inglês. Os sons tais como th, /u/, /D/ e alguns alofones não são considerados componentes importantes para a inteligibilidade (SEIDLHOFER, 2005). Jenkins (2000) advoga o uso dessa abordagem no ensino de línguas, onde certos alofones e fonemas são eliminados, e somente o que interfere na inteligibilidade entre falantes não nativos de inglês é ensinado. Embora sua abordagem tenha sido criticada, Jenkins (2000) propõe uma abordagem que busca maximizar a compreensão em comunicação internacional, e promove elementos segmentais no ensino de pronunciação, que predominantemente se centra nos elementos suprassegmentais. Diferentemente das interações entre nativos e não nativos nas quais os elementos suprassegmentais são cruciais para inteligibilidade, nas interações entre não nativos onde o inglês é usado como língua franca, os componentes suprassegmentais não são obstáculos para a compreensão da comunicação. Portanto, Jenkins não enfatiza elementos suprassegmentais em sua abordagem. Especialistas desaprovam sua concepção, devido ao fato de sua pesquisa se basear em entrevistas que podem ou não ser precisas. Existe pouca evidência empírica de sustentação para justificar que os elementos suprassegmentais não são necessários para a inteligibilidade entre falantes não nativos de inglês. A fim de analisar as percepções da fala de não nativos, particularmente no que diz respeito à modificação de elementos de acento lexical e qualidade da vogal, Field (2005) gravou acentos que mudavam para a esquerda ou direita e momentos onde a qualidade da vogal estava alterada. Os resultados indicaram que participantes podem interpretar as palavras de forma bem sucedida. Eles tiveram pouca dificuldade de reconhecer o acento e entender as vogais que não foram acentuadas. Portanto, Field sugere que sílabas não acentuadas são, em muitos casos, desnecessárias para a noção de inteligibilidade. No entanto, alguns estudos indicam uma ligação direta entre inteligibilidade e aspectos suprassegmentos. Anderson-Hsieh et al. (1994) investigou falantes de inglês nos países do círculo exterior e em expansão, e revela que os falantes em interação usam inapropriadamente tanto os componentes suprassegmentais quanto os segmentais, embora os componentes suprassegmentais também serviram para enfatizar informação e contrastes nos discursos. O estudo também revela que a falta de consciência suprassegmental teve um impacto mais negativo sobre a inteligibilidade. Num estudo similar, Hahn (2004) modificou o primeiro acento em falantes de inglês do circulo de expansão em três formas: acento apropriado, incorreto e faltando o acento, onde falantes nativos avaliaram a compreensibilidade. Os resultados evidenciam uma correlação direta entre uso bem sucedido das suprassegmentais e inteligibilidade. Ademais, o uso inapropriado do primeiro acento é mais prejudicial para a inteligibilidade do que o não uso dele. A este respeito, estudando a prosódia de professores internacionais, Pickering (2001) descobriu que alguns falantes do círculo em expansão utilizavam Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

UM BREVE ESTUDO DA INTELIGIBILIDADE NO CONTEXTO DE WORLD ENGLISHES excessivamente uma entonação descendente no final da sentença, que produziu distância interpessoal desnecessária e percepções negativas. A investigação de Pickering sobre o relacionamento entre suprassegmentais e inteligibilidade em interações entre falantes não nativos de inglês oferece suporte para a conclusão de que aspectos suprassegmentais potencialmente aumentam a inteligibilidade entre falantes do círculo em expansão. Os componentes suprassegmentais ajudam participantes a serem avaliados mais positivamente. Para identificar elementos suprassegmentais específicos que afetam a inteligibilidade, o estudo de Tyler, Jeffries e Davies (1988) solicitou juízes que avaliassem a fala de professores assistentes internacionais para observarem sua compreensão sobre o discurso. Os professores usaram várias pausas, muitos acentos nas primeiras sílabas e formas inapropriadas de entonação, o que definitivamente interferiu a compreensão. Estudos também indicam que a instrução de componentes suprassegmentais na sala de aula pode elevar a inteligibilidade entre falantes de inglês. Derwing e Rossiter (2003) investigaram três grupos: o grupo de controle (que não recebeu nenhuma instrução), o grupo que foi ensinado sobre componentes suprassegmentais, e o grupo que foi ensinado sobre os elementos segmentais. Os resultados indicam que estudantes que receberam instruções relacionadas aos componentes suprassegmentais melhoraram sua inteligibilidade, enquanto que nenhum aumento ocorreu no grupo de controle, e uma pequena redução ocorreu na inteligibilidade do terceiro grupo. Num estudo similar, Derwing, Munro, e Wiebe (1998) observaram os efeitos de três tipos de instrução (segmental, hábitos de fala, e fatores prosódicos sem nenhuma instrução) sobre o sotaque, compreensibilidade e a fluência dos falantes não nativos. Diferente do estudo acima, os grupos que receberam instrução desenvolveram compreensibilidade e a noção de acento, e aumentaram substancialmente compreensibilidade e a fluência. Nesse sentido, McNerney e Mendelsohn (1992, p. 132) enfatizam que as aulas de pronúncia de inglês devem focar primeiro e acima de tudo nos componentes suprassegmentais porque eles têm o maior impacto sobre a compreensibilidade da fala do aprendiz. Em geral, a literatura indica os benefícios de uma instrução baseada em aspectos suprassegmentais, especialmente para o aperfeiçoamento do acento silábico e frasal. Embora os pesquisadores do círculo exterior e em expansão do inglês tenham se concentrado principalmente nos efeitos da prosódia sobre a inteligibilidade, elementos específicos suprassegmentais e segmentais têm sido sugeridos como barreiras à inteligibilidade. A investigação realizada por Deterding (2005) analisou a avaliação de juízes com relação à fala em países do círculo exterior. Ouvintes singapurianos tiveram problemas ao lidarem com o th-frontal, t-glotal do inglês, vogais altas e arredondadas, o que obstrui a inteligibilidade dos falantes. Jenkins (2002) também investigou as dificuldades de comunicação e fonológicas em interações entre falantes não nativos de inglês. O estudo mostra que a causa de problemas de inteligibilidade está relacionados às consonantes, ao comprimento da vogal, e à colocação do acento na silaba tônica. No entanto, seu corpus VOICE indicou também que o s na terceira pessoa do singular no tempo presente pode ser omitido sem causar problemas ou perca de inteligibilidade (SEIDLHOFER, 2004). A intensidade do som nas formas gramaticais também não é importante para a inteligibili- 101 Acta Científica, Engenheiro Coelho, v. 22, n. 1, p. 93-107, jan/abr 2013

ELLEN NOGUEIRA RODRIGUES 102 dade (LEVIS, 1999). Outros estudos indicam que a entonação no foco da sentença é significante para uma comunicação inteligível, enquanto que a entonação final em algumas estruturas gramaticais não interfere a compreensão (PENNINGTON & ELLIS, 2000). Seidlhofer (2001, p.149) salienta que os aspectos considerados típicos do inglês, por exemplo, terceira pessoa s, expressões, frases verbais, e expressões idiomáticas, [ ] não são essenciais para a compreensão mútua. Ademais, Meierkord (2004) investigou as formas sintáticas produzidas por falantes não nativos durante vinte e duas horas de interação, concluindo que escolhas gramaticais sistemáticas e não sistemáticas não impediram a compreensão. Embora, o estudo indica que formas gramaticais não interferem na compreensão, a escolha lexical obstrui profundamente a compreensão da mensagem. Embora a literatura noção de inteligibilidade foca principalmente nos aspectos suprassegmentais e outros elementos que são essenciais para a inteligibilidade entre falantes não nativos de inglês, estudos promissores têm examinado algumas estratégias empregadas por falantes de inglês como língua estrangeira para potencializar a comunicação. Meierkord (2000) examinou dados conversacionais de participantes de inglês como segunda língua, e ressalta que os falantes usaram estratégias para compreensão tais como: pausa, contextualização dos tópicos, repetições, e expressões formulaicas. Não obstante, outros pesquisadores interpretam estas estratégias como ausência de entendimento mútuo e solidariedade entre os falantes não nativos (HOUSE, 2002). É importante ressaltar que poucos estudos têm explorado as variáveis relacionadas com o grau de familiaridade dos integrantes, do tópico, o contexto de fala, ou os interlocutores. Cutler, Dahan, & Van Donselaar (1997) indicam que o discurso desconhecido e inesperado afetam a habilidade do ouvinte de processar a fala. Estudos também analisam os efeitos do nível de cansaço (FIELD, 2003) e as interferências do ambiente (ROGERS, DALBY & NISHI, 2004) na compreensão. Em geral, estudos emergentes em World Englishes sobre a inteligibilidade têm crescido exponencialmente, discutindo componentes suprassegmentais, segmentais, formas gramaticais e elementos do discurso. Porém, investigações adicionais precisam ser realizadas para generalizar e elucidar diferentes resultados criados pelas diversas metodologias, e solidificar as conclusões do presente estudo. Considerações finais Com o reconhecimento de outras variedades do inglês, essa língua não está mais circunscrita a uma comunidade de falantes nativos. Desse modo, muitos estudos têm priorizado o papel da inteligibilidade no sucesso das trocas linguísticas, buscando entender particularmente os fatores linguísticos que afetam essa inteligibilidade. No entanto, a literatura ainda é emergente e poucas conclusões são validadas devido à inconsistência de dados e diferentes abordagens metodológicas. Ainda assim, resultados sugestivos têm demonstrado que a compreensão da fala de uma segunda língua está baseada em um número de elementos independentes, compondo uma natureza multidimensional. Estudos evidenciam que, em conversas entre falantes nativos e não nativos do inglês, o sotaque e a inteligibilidade são duas entidades distintas. A literatura indica a predominância de aspectos suprassegmentais para o entendimento do falante nativo e o ensino do inglês. Por Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

UM BREVE ESTUDO DA INTELIGIBILIDADE NO CONTEXTO DE WORLD ENGLISHES isso, a velocidade da fala, o acento da palavra e a entonação podem causar dificuldades de compreensão e o acento será avaliado negativamente. Além disso, estudos relacionados ao círculo interno demonstram que os elementos segmentais também contribuem para a compreensão. Com relação aos elementos segmentais, os resultados são ambivalentes, com a predominância das vogais sobre as consoantes. A literatura também revela que o vocabulário e aspectos discursivos contribuem significantemente para a noção de inteligibilidade. Por outro lado, alguns estudos salientam que as estruturas gramaticais não afetam a compreensão. Com relação ao círculo exterior e em expansão várias análises indicam que a falta de reconhecimento suprassegmental tem o efeito mais negativo sobre a inteligibilidade nas interações. Portanto, especialistas sugerem a conexão entre aspectos suprassegmentais, inteligibilidade e o estudo dos aspectos suprasegmentais no ensino de inglês. Investigações sobre inteligibilidade de fala apontam que elementos suprassegmentais tais como entonação, pausa, acento, e velocidade de fala, afetam na compreensão da comunicação. No entanto, para países onde o inglês é caracterizado como círculo externo e de extensão, a gramática não é um elemento de obstáculo para a compreensão, mas a escolha lexical é um fator de impedimento, o que sugere a necessidade de o ensino de inglês como segunda língua focalizar mais a dimensão lexical. De forma geral, há um crescente interesse no conceito de inteligibilidade, especialmente no que diz respeito à noção de interferência dos aspectos suprassegmentais na inteligibilidade. Não obstante, os resultados obtidos ainda apresentam uma generalização limitada e, portanto, estudos empíricos adicionais precisam ser realizados em relação ao papel da pronunciação e outros fatores linguísticos ligados à inteligibilidade entre os falantes. 103 Referências ADAMS, C.; MUNRO, R. In search of the acoustic correlates of stress: fundamental frequency, amplitude and duration in the connected utterance of some native and non-native speakers of English. Phonetica, v.35, p. 125-156, 1977. ALBRECHTSEN, D.; HENRIKSON, B.; FAERCH, C. Native speaker reactions to learner s spoken interlanguage. Language Learning, v. 30,p. 365-396, 1980. ANDERSON-HSIE, J.; JOHNSON, R.; KOEHLER, K. The relationship between native speaker judgments of nonnative pronunciation and deviance in segmental, prosody, and syllable structure. Language Learning, v. 42, p. 529-555, 1992. ANDERSON-HSIEH, J.; RINEY, T.; KOEHLER, K. Connected speech modifications in the English of Japanese learners. Issues and Developments in English and Applied Linguistics, v. 7, p. 31 52, 1994. BENRABAH, M. Word-stress: a source of unintelligibility in English. International Review of Applied Linguistics, v. 35, p. 145-165, 1997. CHELA, F. B. Pronunciation and language learning: an integrative approach. Literature Review of Applied Linguistics, v. 39, p. 85-101, 2001. Acta Científica, Engenheiro Coelho, v. 22, n. 1, p. 93-107, jan/abr 2013

ELLEN NOGUEIRA RODRIGUES CRYSTAL, D. English as a global language. Cambridge; New York: Cambridge University Press, 1997. CUTLER, A.; DAHAN, D.; VAN DONSELAAR, W. Prosody in the comprehension of spoken language: a literature review. Language and Speech, v. 40, n. 2, p. 141-201, 1997. DERWING, T. M.; MUNRO, M. J. Accent, intelligibility, and comprehensibility: evidence from four L1s. Studies in Second Language Acquisition, v. 19, p. 1-16, 1997. DERWING, T. M.; ROSSITER, M. J. The effects of pronunciation instruction on the accuracy, fluency, and complexity of L2-accented speech. Applied Language Learning, v. 13, p. 1-18, 2003. DERWING, T. M.; MUNRO, M. J.; WIEBE, G. Evidence in favor of a broad framework for pronunciation instructions. Language Learning, v. 48, p. 393-410, 1998. DETERDIN, D. Listening to Estuary English in Singapore. TESOL Quarterly, v. 39, n.3, p. 425-440, 2005. ESLING, J. H.; WONG, R. F. Voice quality settings and the teaching of pronunciation. TESOL Quarterly, v. 17, p. 89-94, 1983. FAYER, J. M.; KRASINSKI, E. Native and nonnative judgments of intelligibility and irritation. Language Learning, v. 37, p. 313-326, 1987. 104 FIELD, J. The fuzzy notion of intelligibility : a headache for pronunciation teachers and oral testers. IATEFL Special Interest Groups Newsletter, p. 34 38, 2003. FIELD, J. Intelligibility and the listener: the role of lexical stress. TESOL Quarterly, v. 39, p. 399 423, 2005. FLEGE, J. The detection of French accent by American listeners. The Journal of the Acoustical Society of America, v. 76, n. 3, p. 692 707, 1984. GALLEGO, J. C. The intelligibility of three nonnative English-speaking teaching assistants: an analysis of student-reported communication breakdowns. Issues in Applied Linguistics, v. 1, p. 219 237, 1990. GIMSON, A. C. An introduction to the pronunciation of English. London: E. Arnold, 1970. GRADDOL, D. The future of English. London: The British Council, 1997. GYNAN, S. N. Comprehension, irritation, and error hierarchies. Hispania, v. 68, p. 160-165, 1985. HAHN, L. D. Primary stress and intelligibility: research to motivate the teaching of suprasegmentals. TESOL Quarterly, v. 38, p. 201-223, 2004. HOUSE, J. Developing pragmatic competence in English as a Lingua Franca. In: KNAPP, K.; MEIERKORD, C. (Orgs). Lingua Franca communication. Frankfurt: Peter Lang, 2002. Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

UM BREVE ESTUDO DA INTELIGIBILIDADE NO CONTEXTO DE WORLD ENGLISHES JENKINS, J. Global intelligibility and local diversity: possibility or paradox? In: RUDBY, R.; SA- RACENI, M. (Orgs). English in the world: global rules, global roles. London; New York: Continuum, 2006. JENKINS, J. The phonology of English as an international language. Oxford: Oxford University Press, 2000. JENKINS, J. A sociolinguistically based, empirically researched pronunciation syllabus for English as an international language. Applied Linguistics, v. 23, p. 83-103, 2002. KACHRU, B. B. The alchemy of English: the spread, functions, and models of non-native Englishes. Oxford Oxfordshire; New York: Pergamon Institute of English, 1986. KACHRU, Y. Teaching and learning of world englishes. In: HINKEL, E. (Org). Handbook of research in second language learning and teaching. Mahwah: Lawrence Erlbaum, 2005. KANG, O. Relative salience of suprasegmental features on judgments of L2 comprehensibility and accentedness. System, v. 38, p. 301-315, 2010. KANG, O.; RUBIN, D.; PICKERING, L. Suprasegmental measures of accentedness and judgments of English language learner proficiency in oral English. Modern Language Journal, v. 94, p. 554-566, 2010. KIRKPATRICK, A. World Englishes: Implications for International Communication and English Language Teaching. Cambridge: Cambridge University Press, 2007. KORMOS, J.; DENES, M. Exploring measures and perceptions of fluency in the speech of second language learners. System, v. 32, p. 145-164, 2004. 105 KOSTER, C. J.; KOET, T. The evaluation of accent in the English of Dutchmen. Language Learning, v. 43, p. 69-92, 1993. MCNERNEY, M.; MENDELSOHN, D. Suprasegmentals in the pronunciation class: setting priorities. In: AVERY, P.; EHRLICH, S. (Orgs). Teaching American English Pronunciation. Oxford: Oxford University Press, 1992. MEIERKORD, C. Interpreting lingua franca interaction: An analysis of nonnative/nonnative small talk conversations in English. Linguistik, 2000. Disponível em: <http://bit.ly/11aqoge>. Acesso em: 11/8/2012 MEIERKORD, C. Syntactic variation in interactions across international Englishes. English World-Wide, v. 25, p.109 132, 2004. MUNRO, M. J.; DERWING, T. M. Foreign accent, comprehensibility, and intelligibility in the speech of second language learners. Language Learning, v. 45, p. 73-97, 1995. MUNRO, M. J.; DERWING, T. M. Modeling perceptions of the comprehensibility and accentedness of L2 speech: the role of speaking rate. Studies in Second Language Acquisition, v. 23, p. 451-468, 2001. Acta Científica, Engenheiro Coelho, v. 22, n. 1, p. 93-107, jan/abr 2013

ELLEN NOGUEIRA RODRIGUES MUNRO, M. J.; DERWING, T. M.; MORTON, S. L. The mutual intelligibility of foreign accents. Studies in Second Language Acquisition, v. 28, p. 111-131, 2006. NELSON, C. Intelligibility and world Englishes in the classroom. World Englishes, v. 14, p. 273 279, 1995. PENNINGTON, M.; ELLIS, N. Cantonese speakers memory for English sentences with prosodic cues. The Modern Language Journal, v. 84, n. 3, p. 372 389, 2000. PICKERING, L. The role of tone choice in improving ITA communication in the classroom. TESOL Quarterly, v. 35, p. 233-255, 2001. POLITZER, R. L. Errors of English speakers of German as perceive and evaluated by German natives. The Modern Language Journal, v. 62, p. 253-261, 1978. RAJADURAI, J. Intelligibility studies: a consideration of empirical and ideological issues. World Englishes, v. 26, p. 87-98, 2007. RAJAGOPALAN, K. The concept of World English and its implications for ELT. ELT Journal, v. 58, n. 2, p. 111-117, 2004. ROGERS, C.; DALBY, J.; NISHI, K. Effects of noise and proficiency on intelligibility of Chinese- -accented English. Language and Speech, v. 47, p. 139 154, 2004. 106 RYAN, E. B.; CARRANZA, M.A. Evaluative reactions of adolescents towards speakers of standard English and Mexican American accented English. Journal of Personality & Social Psychology, v. 31, p. 855-883, 1975. SCHAIRER, K. Native speaker reaction to non-native speech. The Modern Language Journal, v. 76, p. 309-319, 2007. SEIDLHOFER, B. Closing a conceptual gap: the case for a description of English as a Lingua Franca. International Journal of Applied Linguistics, v. 11, p. 133-158, 2001. SEIDLHOFER, B. Research perspectives on teaching English as a lingua franca. Annual Review of Applied Linguistics, v. 24, p. 209-239, 2004. SEIDLHOFER, B. English as a Lingua Franca. ELT Journal, v. 59, n. 4, p. 3-35, 2005. SMITH, L.; NELSON, C. International intelligibility of English: directions and resources. World Englishes, v. 4, p. 333 342, 1985. Suenobu, M.; Kanzaki, K.; Yamane, S. An experimental study of intelligibility of Japanese English. International Review of Applied Linguistics, v. 30, p. 146 56, 1992. TROFIMOVICH, P.; BAKER, W. Learning second-language suprasegmentals: effect of L2 experience on prosody and fluency characteristics of L2 speech. Studies in Second Language Acquisition, v. 28, p. 1-30, 2006. Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

UM BREVE ESTUDO DA INTELIGIBILIDADE NO CONTEXTO DE WORLD ENGLISHES TYLER, A.; JEFFRIES, A.; DAVIES, C. The effect of discourse structuring devices on listener perceptions of coherence in non-native university teachers spoken discourse. World Englishes, v. 7, n. 2, p. 101 110, 1988. WATANABE, K. Sentence stress perception by Japanese students. Journal of Phonetics, v. 16, p. 181 186, 1988. WIDDOWSON, H. G. The ownership of English. TESOL Quarterly, v. 28, p. 377 89, 1994. BROWN, G.; YULE, G. Discourse Analysis. Cambridge: Cambridge University Press, 1983. WENNERSTROM, A. Intonational meaning in English discourse: a study of nonnative speakers. Applied Linguistics, v. 15, n. 4, p. 399 420, 1994. 107 Acta Científica, Engenheiro Coelho, v. 22, n. 1, p. 93-107, jan/abr 2013