Metodologia de Dosagem para Solos Areno-Pedregulhosos Cimentados

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RESUMO DE PROJETO DE MISTURA PARA CAUQ

Transcrição:

Metodologia de Dosagem para Solos Areno-Pedregulhosos Cimentados Márcio Felipe Floss, M.Sc. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil, mfloss@gmail.com Karla Salvagni Heineck, D.Sc. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil, karla@ppgec.ufrgs.br Nilo Cesar Consoli, Ph.D. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil, consoli@ufrgs.br RESUMO: A técnica de solo cimento se apresenta como uma ferramenta eficaz no melhoramento de distintos solos, adequando-os às necessidades da engenharia geotécnica. O tratamento do solo se aplica, por exemplo, na construção de bases para plataformas rodo-ferroviárias. Dessa forma, o presente estudo visa quantificar a influência da quantidade do cimento e porosidade em relação a resistência mecânica da mistura. Assim, ensaios de resistência à compressão simples foram realizados com o objetivo de obter uma metodologia de dosagem de uma mistura de areiapedregulho com cimento. Para a formação da mistura artifical, foram utilizados 25% de pedregulho, 10% de areia grossa e 32,5% de areia média e fina, cimento Portland de alta resistência inicial e água destilada. Corpos de prova cilíndricos foram moldados com 10cm de diâmetro e 20cm de altura, com teores de 1, 2, 3, 5, 7 e 9% de cimento em relação a massa de solo seco. Ensaios de resistência à compressão simples foram realizados após 7 dias de cura em ambiente com temperatura e umidade controlada. PALAVRAS-CHAVE: Mistura Solo/Cimento, Mistura Areia/Pedregulho, Resistência à Compressão Simples. 1 INTRODUÇÃO A utilização de solos com adição de cimento Portland é mundialmente empregado na melhoria dos solos locais. Tal metodologia é amplamente investigada e aplicada como camada de suporte para fundações superficiais, bases para plataformas rodo e ferroviárias, no encapsulamento de solos contaminados e como barreiras de contenção de contaminantes (Ingles e Metcalf, 1972; Dupas e Pecker, 1979; Thomé et al., 2005; Consoli et al., 2007). No entanto, não são aplicadas metodologias de dosagem com base em critérios racionais, considerando o efeito de diferentes variáveis (por exemplo, quantidade de cimento, porosidade) sobre o solo-cimento, como existe, por exemplo, no caso do concreto. Consoli et al. (2007), desenvolveu pela primeira vez uma metodologia de dosagem para solo-cimento, com base em critérios racionais, considerando os vazios/cimento ( /C iv ), definido pela porosidade da mistura compactada dividido pelo teor de cimento volumétrico como um parâmetro adequado para avaliar q u da mistura de solo e cimento. Porém, essa investigação ocorreu com o uso de um solo residual de arenito da Formação Botucatu. Na sequência, Caberlon (2008), conduziu semelhante análise em amostras com areia de Osório, de granulometria fina. Assim, não é de conhecimento que ocorram aplicações de metodologias com critérios racionais para materiais granulares. Este estudo visa, portanto, quantificar a influência da quantidade de cimento e da porosidade na resistência de um solo areno-pedregulhoso, bem como avaliar a utilização do índice vazios/cimento para avaliar a sua resistência à compressão simples (q u ). 1

COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. 2010 ABMS. 2 MATERIAIS DE ESTUDO 2.1 Solo Areno-Pedregulhoso resultante da mistura pode ser conferida na figura 2. O material utilizado é uma mistura de um solo pedregulhoso e outro arenoso. O solo predregulhoso foi peneirado e extraído apenas o material retido entre as peneiras com diâmetro da abertura da malha entre 6,30 e 9,50mm, sendo este identificado como pedregulho. O solo arenoso também foi peneirado e dividido em três partes, areia grossa, areia média e areia fina, conforme a Tabela 1. Figura 2. Distribuição granulométrica do solo. Tabela 1. Método de confecção da mistura de solo ArenoPedregulhoso. Peneira Passante Peneira Retida Material (mm) (mm) Pedregulho 9,50 6,30 Areia Grossa 4,75 2,00 Areia Média 1,18 0,43 Areia Fina 0,30 0,075 2.2 Agente Cimentante O agente cimentante utilizado foi o cimento Portland de alta resistência inicial (CP V ARI). O peso específico real dos grãos do cimento é 31,5kN/m³. As quantidades de cada material granulométrico utilizado para a confecção do solo areno-pedregulhoso, em relação a massa de solo, foi 25% de pedregulho, 10% de areia grossa, 32,5% de areia média e 32,5% de areia fina. O material pode ser visualizado através da figura 1. 3 METODOLOGIA 3.1 Moldagem e cura dos corpos de prova Corpos de prova cilíndricos de 20cm de altura e 10cm de diâmetro foram utilizados para os ensaios de compressão simples. Após a pesagem dos materiais (solos, cimento e água), o solo e o cimento eram misturados com o auxílio de uma espátula metálica, até que a mistura adquirisse uma coloração uniforme. Em seguida, era adicionada a água, continuando o processo de mistura até que a homogeneidade fosse obtida. A quantidade de cimento necessária para cada mistura era calculada em relação à massa de solo seco utilizada e a quantidade de água (teor de umidade) em relação à soma das massas de solo seco e de cimento. A quantidade total de mistura permitia a moldagem de um corpo-de-prova e uma quantidade adicional para determinação do teor de umidade. Após a mistura dos materiais, a quantidade de material necessária para confecção de um corpo-de-prova era dividida em três partes iguais, armazenadas em recipientes com tampa para evitar a perda de umidade, para posterior compactação. Ao final deste processo, duas Figura 1. Solo areno-pedregulhoso. O peso específico real dos grãos de 25,1kN/m³. O diâmetro efetivo dos grãos é igual a 0,30mm. Os coeficientes de uniformidade e de curvatura calculados são respectivamente 3,33 e 13,33. Os índices de vazios máximo e mínimo são, respectivamente, 0,51 e 0,31. A distribuição granulométrica 2

pequenas porções da mistura eram retiradas e colocadas em cápsulas para determinação do teor de umidade. A média de ambas as cápsulas de umidade medidas era adotada como sendo o teor de umidade de corpo-de-prova. A amostra era, então, compactada estaticamente em três camadas no interior de um molde metálico tripartido de maneira que cada camada atingisse as especificações de teor de umidade e peso específico aparente seco. Concluído o processo de moldagem, o corpo de prova era extraído do molde e sua massa e medidas (diâmetro e altura) devidamente anotados com resolução de 0,01g e 0,1mm respectivamente, e em seguida acondicionado em um saco plástico adequadamente identificado e vedado para evitar variações significativas do teor de umidade. Os corpos de prova assim obtidos eram, então, armazenados e curados por um período de seis dias em um ambiente com temperatura e umidade controladas (temperatura de 23º ± 2 ºC e umidade relativa do ar maior que 95%). O corpo de prova pode ser conferido na Figura 3. Figura 3. Corpo de prova de solo areno-pedregulhoso. 3.2 Ensaios de compressão simples Ensaios de resistência à compressão simples têm sido utilizados na maioria dos programas experimentais relatados na literatura quando se deseja verificar a efetividade da adição de cimento e verificar aspectos relativos à importância de fatores influentes sobre a resistência de misturas solo-cimento. Uma das razões para tanto é a experiência acumulada com este tipo de ensaio na área de concretos, além de ser um ensaio de simples e rápida execução, baixo custo, confiável e amplamente difundido no meio técnico. Para estes ensaios, foi utilizada uma prensa automática com capacidade máxima de 50 kn, em conjunto com um anel dinamométrico calibrado com capacidade de 50kN e resolução de 0,023kN (2,3kgf). A velocidade de deformação destes ensaios foi de 1,14mm por minuto. Os corpos-de-prova, após serem curados por 6 dias na câmara úmida, eram submersos em um tanque com água por um período de 24 horas, visando aproximar a condição de saturação e minimizar a sucção. A temperatura da água do tanque era controlada e mantida em 23 ± 3 C. Imediatamente antes do ensaio de compressão simples, os corpos de prova eram retirados do tanque e superficialmente secos como o auxílio de um tecido absorvente. Procedia-se então a execução do ensaio e anotava-se a carga máxima atingida pelo corpo de prova. 3.3 Programa de Ensaios de Compressão Simples A principal etapa desta pesquisa é o ensaio de compressão simples, cuja elaboração permitiu avaliar a influência do teor de cimento, da porosidade e da relação vazio-cimento sobre a resistência mecânica das misturas de solocimento. O programa de ensaios de compressão simples é apresentado no Quadro 1. Os pontos de moldagem foram posicionados em uma linha, denominada linha D. A característica da linha D é apresentar o teor de umidade constante (8%) e variar o índice de vazios inicial. Quadro 1. Programa de ensaios de compressão simples. Ponto e 0 W (%) D1 0,41 8,00 D2 0,47 8,00 Partindo da experiência (internacional e brasileira) com o solo cimento em nível experimental, foram escolhidas as porcentagens de cimento. Cada ponto da linha D foi moldado com 6 diferentes porcentagens de cimento (C): 1, 2, 3, 5, 7 e 9%. 3

Com o objetivo de diminuir a dispersão características dos ensaios de compressão simples e, dessa forma, aumentar a confiabilidade dos resultados, três corpos de prova foram moldados para cada ponto de moldagem e teor de cimento, totalizando assim, 36 amostras. 4 ANÁLISE DE RESULTADOS 4.1 Efeito do teor de cimento Na figura 3 são apresentados as curvas de ajuste da variação da resistência à compressão simples em relação ao teor de cimento da mistura. Cada curva representa um índice de vazios, sendo todos os pontos moldados com teor de umidade de 8%. Observa-se, através da figura 4, o acréscimo da resistência à compressão simples em função do aumento do teor de cimento da mistura. Verifica-se também que o aumento da resistência é inversamente proporcional ao aumento do índice de vazios, devido ao fato das amostras com menor volume de vazios haver um contato maior entre as partículas do solo e o cimento e devido a compactação. Figura 5. Variação da resistência à compressão simples em relação à porosidade. Observa-se que, de maneira similar à quantidade de cimento, a porosidade da mistura compactada exerce uma forte influência sobre a resistência à compressão simples do solo cimentado. Independentemente da quantidade de cimento utilizado, a redução na porosidade do material promove ganhos expressivos de resistência. 4.3 Efeito da relação da porosidade/teor volumétrico de cimento O efeito da relação porosidade/teor volumétrico de cimento na resistência do material pode ser conferido através da figura 6. O teor volumétrico de cimento representa a razão entre o volume de cimento e o volume total das amostras, expressa em porcentagem. Figura 4. Variação da resistência à compressão simples em relação ao teor de cimento C. 4.2 Efeito da porosidade As curvas de ajuste da variação de resistência em relação a variação da porosidade ( ) são apresentadas na figura 5. Verifica-se como do tipo potência o melhor ajuste das curvas. Figura 6. Variação da resistência à compressão simples em função da relação porosidade e o teor volumétrico de cimento. 4

Na Figura 6 verifica-se que a diminuição da relação /C vi provoca o aumento da resistência a compressão simples devido ao aumento do teor de cimento e diminuição da porosidade. Percebe-se que, com o aumento da relação de porosidade/teor volumétrico de cimento, porosidade alta e teor de cimento baixos, a resistência diminui. 5 CONCLUSÕES A partir das análises dos resultados, assim como as variáveis estudadas, teor de cimento, porosidade e relação vazios/cimento, sobre a resistência à compressão simples das amostras cimentadas, foram admitidas as seguintes conclusões: A adição de cimento implica no aumento potencial da resistência, mesmo com adição de baixa quantidade de cimento. Para as amostras mais densas, o aumento da resistência ocorre mais acentuado, como pode ser verificado pelos coeficientes das curvas de ajuste. Em relação a porosidade, quanto maior for a quantidade de cimento, maior será o efeito da porosidade em relação a resistência à compressão simples. Assim como na análise do teor de cimento, também é verificado o aumento da resistência confome diminue a porosidade da amostra. A relação porosidade/teor volumétrico de cimento, mostrou-se adequada para verificar a resistência à compressão simples das amostras. Como nas demais análises, pode-se comprovar a influência tanto da porosidade como do teor de cimento na resistência. Quanto menor a relação /C iv, ou seja, menor porosidade e maior teor de cimento, maior a resistência à compressão simples. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao CNPq pelo apoio financeiro para a realização da pesquisa. REFERÊNCIAS Consoli, N. C., Vendruscolo, M. A. and Prietto, P. D. M. (2003). Behavior of Plate Load Tests on Soil Layers Improved with Cement and Fiber. Journal of Geotechnical and Geoenvironmental Engineering, ASCE, 129 (1), 96-101 Consoli, N. C.; Foppa, D. (2007). Key Parameters for Strength Control of Artificially Cemented Soils. Journal of Geotechnical and Geoenvironmental Engineering, ASCE, Vol. 133, N.2 p. 197-205. Ingles, O. G. e Metcalf, J. B. (1972). Soil Stabilization Principles and Practice. Australia: Butterworths Pty. Limited, 366p. Dupas, J. M. E Pecker, A. (1979). Static and dynamic Properties of Sand-cement. Journal of Geotechnial Engineering Division, ASCE, v. 105, n. 3, p. 419-436. Thomé, A., Donato, M., Consoli, N. C. and Graham, J. (2005). Circular footings on a cemented layer above weak foundation soil. Canadian Geotechnical Journal, 42(6), 1569-1584 Caberlon, R. C. (2008). Influência de parâmetros fundamentais na rigidez, resistência e dilatância de uma areia artificialmente cimentada. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 5