Morfologia Espermática do Sêmen de Tambaqui Criopreservado em Criotubos e Submetido a Diferentes Velocidades de Descongelamento

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Transcrição:

120 Morfologia Espermática do Sêmen de Tambaqui Criopreservado em Criotubos e Submetido a Diferentes Velocidades de Descongelamento Giselle Santana Barreto 1 ; Carlos Adriano Rocha Silva Morais 1 ; Flavia Hipólito de Araujo 1 ; Jadson Pinheiro Santos 2 ; Allan Charles Marques de Carvalho 3 ; Joffeson Santos Silva 4 ; Hymerson Costa Azevedo 5 ; Paulo César Falanghe Carneiro 6 ; Alexandre Nizio Maria 7 Resumo O objetivo do presente estudo foi avaliar alterações morfológicas nos espermatozóides de tambaqui criopreservado em diferentes recipientes e submetidos a diferentes velocidades de descongelamento. Sêmen de cinco reprodutores foi coletado em tubos de ensaio, diluído 1:9 (sêmen:solução) em solução contendo glicose 5%, metilglicol e gema de ovo, envasado em criotubos de 1,6 ml e 5,0 ml, congelado em botijão de vapor de nitrogênio líquido e descongelado em banho-maria a 60 C por 70 e 90s. Houve interação significativa (P<0,05) entre o volume dos criotubos e a velocidade de descongelamento. Os menores números de alterações morfológicas nos espermatozóides foram observados nas amostras de sêmen congeladas nos criotubos de 1,6 ml quando descongeladas a 70 s. O criotubo de 5 ml, por outro lado, quando descongelado nesta mesma velocidade apresentou o maior número de alterações morfológicas. O sêmen de tambaqui criopreservado em criotubos de 1,6 ml e descongelado à 60ºC por 70 segundos proporciona menor número de alterações morfológicas nos espermatozóides. Palavras-chave: Colossoma macropomum, criopreservação, espermatozóides, alterações morfológicas. 1 Graduanda(o) em Engenharia de Pesca, bolsista PIBIC/Embrapa Tabuleiros Costeiros, Aracaju, SE, gisellesantanaa@gmail.com. 2 Mestrando em Biotecnologia, Universidade Federal de Sergipe. 3 Mestrando em Zootecnia, Universidade Federal de Sergipe. 4 Engenheiro de Pesca, bolsista ATP, Embrapa Tabuleiros Costeiros. 5 Médico-veterinário, Doutor em Medicina Veterinária, pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Aracaju, SE. 6 Engenheiro-agrônomo, Doutor em Zootecnia, pesquisador Embrapa Tabuleiros Costeiros, Aracaju, SE. 7 Zootecnista, Doutor em Zootecnia, pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Aracaju, SE.

121 Introdução A criopreservação é uma técnica que se utiliza de temperaturas extremamente baixas para manter a estrutura e funcionalidade de células e tecidos vivos, conservando-os geneticamente viáveis e reversivelmente inertes do ponto de vista metabólico (PEGG, 2007). Os eventos ocorridos durante a criopreservação envolvem os seguintes passos: redução da temperatura, desidratação celular, congelamento e descongelamento. Estes procedimentos podem ocasionar danos às células espermáticas e estão diretamente ligados a uma soma de fatores, como mudanças na temperatura, formação de cristais de gelo intracelular e estresse osmótico (CABRITA et al., 2005), tornando-se necessária a determinação de procedimentos essenciais e específicos para cada espécie, como soluções crioprotetoras, recipientes de armazenamento e taxas de congelamento e descongelamento. A utilização de recipientes com grande capacidade de armazenamento de sêmen (1,5 a 5 ml) em substituição às tradicionais palhetas francesas de 0,5 ml passou a ser avaliada com o objetivo de reduzir o tempo necessário para o envase, descongelamento e manipulação do sêmen em procedimentos de fertilização em grande escala (CABRITA et al., 2005). Porém, em virtude da existência de recipientes de armazenamento de sêmen com diferentes formas e materiais, variações nas propriedades de transferência de calor durante o congelamento e descongelamento têm sido observadas (YANG, 2009), influenciando diretamente a incidência de alterações morfológicas nos espermatozoides. Em decorrência disso, a avaliação da morfologia espermática em peixes reveste-se de grande importância, pois pode auxiliar na caracterização de amostras seminais, fazendo inferência ao seu potencial fertilizante e explicando insucessos de reprodutores tidos como aptos após análises convencionais de motilidade espermática (MILIORINI, 2006). Desse modo, o objetivo do presente estudo foi avaliar as alterações morfológicas nos espermatozóides de tambaqui Colossoma macropomum submetidos à criopreservação em criotubos de 1,6 e 5 ml e descongelados em diferentes velocidades.

122 Material e Métodos Foram utilizadas amostras seminais de cinco machos (6,5 ± 1,4 kg; 66,9 ± 5,5 cm) coletadas em tubos de ensaio por massagem abdominal 10 horas após a indução hormonal com 2,0 mg de extrato de hipófise de carpa/ kg de peso. Após a coleta do sêmen, foi avaliada a motilidade subjetiva dos espermatozóides em microscópio óptico (400x), sendo selecionadas as amostras seminais que apresentavam motilidade superior a 80 %. Posteriormente, alíquotas de sêmen foram adicionadas à solução de congelamento, composta por glicose 5%, metilglicol e gema de ovo e envasadas em criotubos de 1,6 e 5 ml para congelamento no botijão de vapor de nitrogênio líquido. Após 24 horas do congelamento, as amostras foram transferidas para botijão de nitrogênio líquido e armazenadas a -196º C até o momento da avaliação. Os criotubos foram descongelados em banho-maria a 60 C, sendo testados dois tempos: 70 e 90 segundos. Em seguida, alíquotas do sêmen descongelado de cada tratamento foram fixadas em solução de formol-citrato na proporção de 1:1000 (sêmen:solução) para a realização de esfregaços com o corante rosa bengala na proporção 1:30 (sêmen fixado:corante). Após a secagem, os esfregaços foram visualizados em microscópio óptico (1000x com óleo de imersão) para a avaliação da morfologia espermática, sendo utilizada a seguinte classificação: macrocefalia, microcefalia, cabeça degenerada e cabeça isolada, cauda fraturada, cauda enrolada, cauda degenerada e cauda dobrada. Os dados foram submetidos à análise de variância e, em caso de diferença significativa, foi aplicado o teste Skott-knott, com 5% de significância pelo software estatístico SISVAR. Resultados e Discussão Houve interação significativa (P<0,05) entre o volume dos criotubos e a velocidade de descongelamento (Tabela 1). Os menores números de alterações morfológicas espermáticas foram observados nas amostras de sêmen congeladas nos criotubos de 1,6 ml quando descongeladas a 60ºC por 70 s. Os criotubos de 5 ml, por outro lado, quando descongelados nesta mesma velocidade apresentaram o maior número de alterações morfológicas.

123 Tabela 1. Porcentagem (média±desvio-padrão) de alterações morfológicas dos espermatozóides de tambaqui congelados em criotubos de 1,6 e 5 ml e descongelados a 60ºC por 70 e 90s. Volume do criotubo Velocidade de descongelamento 60ºC/70s 60ºC/90s 1,6 ml 44 ± 5 Aa 66 ± 11 Ab 5,0 ml 83 ± 10 Bb 65 ± 5 Aa A-B a-b Médias seguidas por letras distintas, maiúsculas na coluna e minúsculas nas linhas, diferem entre si pelo teste de Skott-knott (p<0,05). As diferentes formas e materiais dos recipientes de armazenamento de sêmen resultam em diferentes propriedades de transferência de calor durante o congelamento e descongelamento, que quando feitos de forma inadequada, podem ocasionar danos celulares devido a mudanças na temperatura, formação de cristais de gelo, injúrias oxidativas e alterações na membrana dos espermatozóides (BALL, 2001). Conclusões O sêmen de tambaqui criopreservado em criotubos de 1,6 ml e descongelado à 60ºC por 70 segundos proporciona menor número de alterações morfológicas nos espermatozóides. Agradecimentos À CODEVASF-5 a SR e a piscicultura Santa Clara, Propriá - SE pela disponibilização dos reprodutores e ao CNPq e FAPITEC pelas concessões das bolsas PIBIC e apoio financeiro. Referências BALL, B.A., VO,A. Osmotic tolerance of equine spermatozoa and the effects of soluble cryoprotectant on equine sperm motility, viability and mitochondrial membrane potential. Journal of Andrology, v.22, p.1061-1069, 2001.

124 CABRITA, E.; V. Robles, v.; Cuñado, S.; Wallace, J. C.; Sarasquete, C.; Herráez, M. P. Evaluation of gilthead sea bream, Sparus aurata, sperm quality after cryopreservation in 5ml macrotubes. Cryobiology, v. 50, p. 273 284, 2005. MILIORINI, A. B. Ativadores e concentrações de metanol e dimetilsulfóxido na qualidade do sêmen criopreservado de curimba (Prochilodus lineatus). 2006. 99 f. Dissertação (mestrado em zootecnia) Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG. PEGG, D. E. Principles of Cryopreservation. In: DAY, J. G.; STACEY, G.N. (Ed.). Methods in molecular biology: Cryopreservation and freeze-drying protocols. 2ed. Totowa, 2007. p. 39-57. YANG, H.; TIERSCH, T. R. Current status of sperm cryopreservation in biomedical research fish models: Zebrafish, medaka, and Xiphophorus. Comparative Biochemistry and Physiology, v. 149, p. 224 232, 2009.