da Ordem de Adição de Componentes nas Propriedades de Misturas NR/BR Introdução

Documentos relacionados
Polímeros: Ciência e Tecnologia ISSN: Associação Brasileira de Polímeros Brasil

RTIGOTÉCNICOCIENTÍFICOMisturas NR/SBR: Influência da Composição e do Modo de Preparação Sobre Propriedades Mecânicas e Reométricas

Propriedades de misturas NR/SBR em função do modo de preparação

INFLUÊNCIA DA ADIÇÃO DE MICA SOBRE AS PROPRIEDADES DE COMPOSIÇÕES DE NR/SBR

Polímeros: Ciência e Tecnologia ISSN: Associação Brasileira de Polímeros Brasil

MATERIAIS ELASTOMÉRICOS DE SBR COM RESISTÊNCIA À CHAMA. Eloisa Mano Caixa Postal CEP , Rio de Janeiro, RJ

Reométricas e Mecânicas e Morfologia de Compósitos Desenvolvidos com Resíduos Elastoméricos Vulcanizados

ÓLEOS DE PROCESSO. Matéria Técnica

Avaliação dos processos de mistura e vulcanização de compósitos de borracha natural com mica e negro de fumo por meio de reômetro de torque

REVULCANIZAÇÃO DE REJEITO INDUSTRIAL DE SBR (COPOLÍMERO DE BUTADIENO E ESTIRENO)

Compósitos de Borracha Natural ou Policloropreno e Celulose II: Influência do Tamanho de Partícula A R T I G O T É C N I C O C I E N T Í F I C O

DESENVOLVIMENTO DE ELASTÔMEROS TERMOPLÁSTICOS COM POLIAMIDA E BORRACHA NITRÍLICA CARBOXILADA.

CINZA DA CASCA DE ARROZ UMA NOVA FONTE DE SiO 2 PARA COMPOSIÇÕES DE BORRACHA NATURAL

FRATOGRAFIA EM POLÍMEROS

Misturas NR/SBR: Modos de Preparação e Propriedades

ANÁLISE TÉRMICA DE MISTURAS DE BORRACHA NATURAL E POLIBUTADIENO: EFEITOS DA RAZÃO ELASTOMÉRICA E DA INCORPORAÇÃO DOS ADITIVOS

Misturas NR/SBR: Influência da Composição e do Modo de Preparação Sobre Propriedades Mecânicas e Reométricas

Melhoria da Resistência ao Envelhecimento Térmico de Compostos de Borracha Natural Através do uso do Hidróxido de Alumínio

VULCANIZAÇÃO DE MISTURAS ELASTOMÉRICAS ENVOVLVENDO NBR COM BORRACHA ACRÍLICA

INFLUÊNCIA DO TEOR DE NEGRO DE FUMO NAS PROPRIEDADES DINÂMICO-MECÂNICAS DE BORRACHA NATURAL.

Utilização de resíduo de EVA em composições elastoméricas

Polímeros: Ciência e Tecnologia ISSN: Associação Brasileira de Polímeros Brasil

Propriedades Mecânicas e Dinâmico-mecânicas de Composições de Policloropreno com Negro de Fumo

OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE COMPÓSITOS ELASTOMÉRICOS COM RESÍDUOS DE SBR DA INDÚSTRIA CALÇADISTA

AVALIAÇÃO DE PROPRIEDADES REOMÉTRICAS E MECÂNICAS DE NANOCOMPÓSITOS DE BORRACHA NATURAL E CELULOSE II REFORÇADOS COM MONTMORILONITA

INFLUÊNCIA DO SISTEMA DE VULCANIZAÇÃO NAS PROPRIEDADES DA MISTURA NBR/EPDM. Marcia G. Oliveira (1) e Bluma G. Soares (1)

COMPÓSITOS ALTAMENTE REFORÇADOS PARA JUNTAS DE VEDAÇÃO: PROCESSAMENTO E PROPRIEDADES MECÂNICAS

DESENVOLVIMENTO DE NOVOS ÓLEOS DE PROCESSAMENTO PARA BORRACHA NITRÍLICA

EFEITO DA VULCANIZAÇÃO DINÂMICA NO COMPORTAMENTO TÉRMICO DE BLENDAS NR/PP

Polímeros: Ciência e Tecnologia ISSN: Associação Brasileira de Polímeros Brasil

INVETIGAÇÃO DAS PROPRIEDADES DO PHB, PHB-HV E SUAS BLENDAS COM AMIDO ANFÓTERO

Propriedades Reométricas de Composições de Borracha Nitrílica com Diferentes Teores de AN

INFLUÊNCIA DA ESTRUTURA DE POLIURETANO ELASTOMÉRICO NA PROCESSABILIDADE E PROPRIEDADES MECÂNICAS DE COMPÓSITOS COM MICA

MODIFICAÇÃO DE FIBRA DE RAION: COMPORTAMENTO REOLÓGICO

Caracterização Mecânica e Morfológica de Compósitos de Polipropileno e Fibras de Coco Verde: Influência do Teor de Fibra e das Condições de Mistura

ANÁLISE TÉRMICA E RESISTÊNCIA À FLEXÃO DE COMPÓSITOS DE HDPE E VERMICULITA

MANUAL DE APLICAÇÕES DOS PRODUTOS POLIMIX

Blendas de Poliuretanos e Outras Borrachas. Luis Antonio Tormento 09/11/2004

MELHORIA DA RESISTÊNCIA À ABRASÃO DE SOLADOS COM O USO DE POLIBUTADIENO

RELAXAMENTO DE TENSÃO EM COMPOSTOS DE POLICLOROPRENO CARREGADOS COM NEGRO DE FUMO Regina C. C. A. Cid 1, Djanira M. R.Costa 1, Marcelo H.

Índice. 1. Por que os ftalatos estão sendo proibidos no mundo? 2. As opções existentes para substituir os ftalatos

Vantagens da Utilização da Borracha Nitrílica em Pó na Modificação de PVC

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA FIBRA DE JUTA EM COMPOSTOS DE SBR

ESTUDO DAS PROPRIEDADES REOLÓGICAS E MECÂNICAS NA MISTURA DE NBR/ACM EM DIFERENTES COMPOSIÇÕES

COMPOSTOS DE SBR REFORÇADOS COM FIBRA ARAMIDA CURTA

Polímeros: Ciência e Tecnologia ISSN: Associação Brasileira de Polímeros Brasil

ISOQURE ZnO 25CC: Oxido de Zinco de nova tecnologia visando redução de teores e custos. EDSON ALVES VIANNA 2011

O papel do nano ZnO na vulcanização da borracha

F L E X L A B AFLORAMENTO, CAUSAS E POSSÍVEIS SOLUÇÕES

Propriedades Reológicas e Dinâmicas de Composições Não-Vulcanizadas de Borracha Natural com Celulose Regenerada

Título: Efeito do Intemperismo Natural nas Mudanças Físicas do PEAD com Pródegradante (1)

Polímeros: Ciência e Tecnologia ISSN: Associação Brasileira de Polímeros Brasil

COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS PARTE I

CARACTERIZAÇÃO TÉRMICA, MECÂNICA E MORFOLÓGICA DA BLENDA PC/ABS COM MODIFICADOR DE IMPACTO

MATERIAIS POLIMÉRICOS MATERIAIS POLIMÉRICOS

MITOS E FATOS DA CURA PEROXÍDICA XVII SEMINÁRIO DE ATUALIDADES TECNOLÓGICAS CETEPO

USO DE ANIDRIDO MALEICO PARA COMPATIBILIZAÇÃO DA MISTURA ENTRE BORRACHA SBR VULCANIZADA / NBR

PROCESSAMENTO DE LIGAS À BASE FERRO POR MOAGEM DE ALTA ENERGIA

MONITORAMENTO EM TEMPO REAL DA REAÇÃO DE POLIMERIZAÇÃO PARA PREPARAÇÃO DA MISTURA NR/PMMA NUM REATOR DE BATELADA

COMPORTAMENTO TERMOMECÂNICO DE NANOCOMPÓSITOS DE POLIETILENO E ARGILA. CEP Caixa Postal Curitiba PR -

Characterization of Elastomeric Artifacts obtained by Revulcanization of SBR Industrial Waste (Styrene-butadiene Rubber)

Preparação e determinação da resistividade elétrica de blendas de silicone e polianilina dopada com ácido cítrico

RELATÓRIO DE ENSAIO N 2248/18. Rubber Seal Comércio de Produtos de Borracha Ltda Av. Paraná, 787 Mandirituba PR DESCRIÇÃO DA AMOSTRA:

Aprimorando o acabamento dos sistemas de vedação de automóveis com materiais inovadores

CARACTERIZAÇÃO DE COMPÓSITOS ELASTOMÉRICOS COM RESÍDUOS DE SBR DESVULCANIZADOS POR MICRO-ONDAS

3.1. BORRACHAS DE POLIISOPRENO Borracha Natural Introdução

INFLUÊNCIA DO CARBONATO DE CÁLCIO NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DE ESPUMAS DE EVA

AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA À FADIGA DE COMPÓSITOS DE FIBRAS DE VIDRO/PPS.

A utilização de enxofre insolúvel na Indústria da Borracha

PROPRIEDADES MECÂNICAS E REOLÓGICAS DE COMPÓSITOS DE BORRACHA NATURAL COM RESÍDUO INDUSTRIAL DE COURO TIPO WET-BLUE.

CARACTERIZAÇÃO DE NANOCOMPÓSITOS PREPARADOS COM BLENDA DE POLIETILENO.

ESTUDO DA EVOLUÇÃO DA MORFOLOGIA NA OBTENÇÃO DE ELASTÔMEROS TERMOPLÁSTICOS VULCANIZADOS PP/EPDM

TIAGO DOS SANTOS BUENO

Efeito de um Resíduo do Processo de Galvanoplastia sobre a Vulcanização da Borracha Natural (NR)

Avaliação do Processo de Cura da Borracha Nitrílica (NBR) pela Resina Fenólica através do Cálculo da Constante de Cura

Materiais Poliméricos

ESTUDO DO DESGASTE ABRASIVO DE AÇO CARBONITRETADO EM DIFERENTES RELAÇÕES AMÔNIA/PROPANO

NANCOMPÓSITOS SBR/ARGILA ORGANOFÍLICA BRASILEIRA

APLICAÇÃO DO PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL NO ESTUDO DE BLENDAS SBR/BR

Avaliação das Propriedades Termo-Mecânicas de Borracha Nitrílica após Ensaio de Compatibilidade de acordo com ASTM D 3455

Caracterização do nanocompósito de borracha natural e nanocelulose. Universidade de São Paulo USP RESUMO

EFEITO DA ADIÇÃO DE AGENTES COMPATIBILIZANTES NO COMPORTAMENTO MECÂNICO E REOLÓGICO DA MISTURA EPDM/EPDM-R

PMR 2202 Projeto 2 - Estampagem

PROPRIEDADES MECÂNICAS E MORFOLOGIA DE MISTURAS DE EVA E LDPE COM INCORPORAÇÃO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS DE EVA E DE SBR

Dr. Ademar Benévolo Lugão/ Dra. Sandra Regina Scagliusi

Introdução Conteúdo que vai ser abordado:

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC CENTRO DE ENGENHARIA, MODELAGEM E CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS MATERIAIS E SUAS PROPRIEDADES (BC 1105)

TERMOPLÁSTICO CONDUTOR DE ELETRICIDADE A BASE DE POLIANILINA E PÓ DE PNEU RECICLADO.

APLICAÇÃO DOS POLÍMEROS EM ODONTOLOGIA CLASSIFICAÇÃO DOS POLÍMEROS REQUISITOS PARA UMA RESINA ODONTOLÓGICA. 1. Compatibilidade Biológicos:

Palavras-chave: polipropileno; borracha nitrílica; extrusão mono-rosca; elastômeros termoplásticos.

Apresentação Auriquímica Overview Plastificantes Ftálicos Alternativa Procedimento Experimental Resultados Conclusão

A INFLUÊNCIA DA INCORPORAÇÃO DE BORRACHA IRRADIADA EM COMPOSTOS DE BORRACHA CLOROBUTÍLICA

UTILIZAÇÃO DO ENSAIO DE OOT COMO ALTERNATIVA AO OIT PARA COMPOSTOS COM BAIXA ESTABILIDADE TERMO-OXIDATIVA

3URFHGLPHQWR([SHULPHQWDO

CARGA HORÁRIA TOTAL: 60 TEORIA: 60 PRÁTICA:-x- CÓDIGO: 245 E M E N T A

ÍNDICE PRODUTOS REC RUBBER PRODUTOS RUBBERGEM... 5

Influência da Mica nas Propriedades Mecânicas e Dinâmico-Mecânicas de Composições de Borracha Natural A R T I G O T É C N I C O C I E N T Í F I C O

Normas Aplicadas aos Revestimentos Executados pela Neoprex

Transcrição:

nas Propriedades de Misturas NR/BR Daniele F. Castro, Regina C. R. Nunes, Leila L. Y. Visconte Instituto de Macromoléculas, UFRJ João C. M. Suarez Departamento de Engenharia Mecânica e de Materiais, Instituto Militar de Engenharia, RJ Resumo: Misturas de elastômeros vêm sendo largamente utilizadas na indústria de borracha com a finalidade de se conseguir propriedades específicas, sem a necessidade de sintetizar novos polímeros. O polibutadieno puro (BR) não apresenta boas características de processamento e de resistência à tração e ao rasgamento sendo, por essa razão, normalmente utilizado em misturas com outros elastômeros, principalmente NR e SBR. Tais misturas são amplamente utilizadas na indústria de pneus. Neste trabalho o polibutadieno (BR) foi misturado à borracha natural (NR) na proporção de 1:1 em peso. As composições foram preparadas em misturador de cilindros, empregando-se quatro maneiras distintas de incorporação dos aditivos. Após a vulcanização, foram estudadas as propriedades mecânicas (resistência à tração, ao rasgamento e dureza) e a morfologia das composições. Os resultados mostram que, apesar de apresentarem a mesma formulação, as propriedades das misturas são bastante influenciadas pelo modo de preparo. Palavras-chave: Mistura de elastômeros, propriedades mecânicas, análise morfológica. Properties of NR/BR Mixtures and their Dependence on the Preparation Mode Abstract: Elastomer Blends have been widely used in the rubber industry with the purpose of reaching specific properties without the need of synthesizing new polymers. Polybutadiene rubber (BR) presents poor stress and tear strengths, which is the main reason why BR is usually blended with NR and SBR. These blends are extensively used in the manufacture of tyres. In this work natural rubber (NR) was mixed to polybutadiene rubber (BR) in a 5:5 w/w ratio. The compositions were prepared in a two-roll mill employing four different modes of introducing the additives. After vulcanization, the mixtures were studied with evaluation of their mechanical (stress and tear strengths and hardness) properties and morphology. The results show that the properties varied even using the same NR/BR formulations due to the different preparation techniques. Keywords: Elastomer blends, mechanical properties, morphology. Introdução fases e a distribuição dos aditivos por essas fases não é necessariamente uniforme, já que os ingredientes adicionados O uso de apenas um elastômero muitas vezes não é suficiente para se obter determinadas propriedades exigidas na às misturas têm diferentes solubilidades em cada um dos elastômeros, e estarão em maior concentração na fase com aplicação de artefatos de borracha; torna-se então, necessária a mistura de dois ou mais elastômeros. Deste modo, a qual apresentem maior afinidade, o que acabará afetando a velocidade e o grau de vulcanização das composições. produtos na indústria de borracha são total ou parcialmente Mesmo com uma distribuição uniforme dos ingredientes, baseados em misturas de elastômeros Polímeros: Ciência e Tecnologia, vol. 17, nº 1, p. 51-55, 27 51 [1-3]. os elastômeros da mistura dificilmente vulcanizam a razões Misturas de elastômeros são feitas principalmente por três razões: melhorar as propriedades dos elastômeros originais, melhorar o processamento e diminuir o custo [2-4]. nização com enxofre são afetadas pela estrutura química, idênticas, já que suas reatividades frente à reação de vulca- Essas misturas possibilitam que se consiga um balanço de peso molecular e conformação do elastômero base [3,8]. propriedades onde as vantagens de um elastômero compensem as desvantagens do outro e vice-versa [5,6] e, desse modo, misturas de borrachas para uso em uma grande variedade de Nos últimos anos, tem havido um interesse crescente por ampliam a faixa de propriedades atendidas sem que novos produtos comerciais [7]. Um setor da indústria no qual elas polímeros tenham que ser sintetizados, e sim sejam empregados elastômeros já conhecidos e bem caracterizados [7]. onde misturas, principalmente, de NR/BR e NR/SBR são vêm sendo largamente empregadas é na produção de pneus, Misturas poliméricas são normalmente sistemas de duas bastante utilizadas [1,2,7,9]. Autor para correspondência: Leila L. Y. Visconte, Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano, UFRJ, Caixa Postal 68525, CEP: 21945-97, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. E-mail: lyv@ima.ufrj.br da Ordem de Adição de Componentes Efeito

Neste trabalho, foram feitas misturas de borracha natural (NR), que tem uma excelente resistência à tração e boa resistência ao rasgamento, pois pode cristalizar por estiramento [4,6,1] e de polibutadieno (BR), que apesar de apresentar ótima resistência à abrasão, quando utilizado puro, geralmente apresenta características pobres de processabilidade e rasgamento sendo, no entanto, muito utilizado em misturas, porque contribui em várias propriedades em artigos vulcanizados como: melhoria na resistência à abrasão, à fadiga e ao envelhecimento [1,11]. As misturas foram feitas na proporção de 1:1 em peso, utilizandose quatro maneiras diferentes de incorporação das borrachas e dos aditivos e o efeito do modo de preparo sobre as propriedades mecânicas e a morfologia foram investigados. Experimental A borracha natural (NR) e o polibutadieno (BR) foram adicionados na proporção de 1:1 em peso. A seguinte formulação foi utilizada na preparação das misturas (em phr): NR (elastômero) (5); BR (elastômero) (5); óxido de zinco (ativador) (3,); ácido esteárico (ativador) (2,5); aminox (antioxidante), produto da reação, a baixa temperatura, entre difenilamina e acetona (2,); PVI (inibidor), N-ciclohexiltioftalimida (,3); enxofre (agente de vulcanização) (2,5); TBBS (acelerador), t-butil-2-benzotiazol sulfenamida (,6) [12]. As misturas foram preparadas em misturador de cilindros Berstorff, a 5 C, empregando quatro modos diferentes para a incorporação dos aditivos: M1: os aditivos, com exceção do acelerador, foram misturados inicialmente na borracha natural e, após a homogeneização, o polibutadieno foi adicionado. Por último, à mistura homogênea, acrescentou-se o acelerador; M2: os aditivos, com exceção do acelerador, foram misturados inicialmente ao polubutadieno e, após a homogeneização a borracha natural foi adicionada. Por último, à mistura homogênea, acrescentou-se o acelerador; M3: as borrachas foram previamente misturadas, antes da adição dos aditivos; e M4: a cada uma das borrachas foi adicionada metade da quantidade de cada um dos aditivos, com exceção do acelerador. As composições das duas borrachas foram então misturadas e, após a homogeneização, o acelerador foi adicionado. Em seguida foi feita a determinação dos parâmetros reométricos, utilizando reômetro de disco oscilatório, da marca Tecnología Industrial, modelo TI-1, operando com arco de 3 e uma temperatura de 16 C. Os ensaios de resistência à tração (ASTM D 412) e resistência ao rasgamento (ASTM D 624) foram realizados em dinamômetro Instron, modelo 111, a temperatura ambiente e com velocidade de deformação de 5 mm/min. O ensaio de dureza (ASTM D 224) foi feito em Durômetro Shore Tipo A-2. Os corpos de prova, das diferentes composições, específicos para tais ensaios, foram cortados de placas vulcanizadas a partir dos valores de t 9 (tempo de vulcanização a 9% de cura). A morfologia das misturas foi examinada por microscopia eletrônica de varredura (SEM), utilizando-se um microscópio Jeol, modelo JSM 58LV. A análise microscópica foi realizada pela observação direta da topografia de superfícies de fratura, resultantes da quebra mecânica de amostras obtidas por meio de cada um dos modos de mistura, após sua imersão em nitrogênio líquido. Antes do exame microscópico, as superfícies de fratura foram recobertas com uma fina camada de ouro, em câmara à vácuo. Resultados e Discussão A Tabela 1 apresenta os parâmetros reométricos para as borrachas puras e para as quatro misturas. Em relação ao comportamento das borrachas puras, a Tabela 1 confirma a maior reatividade da NR para a formação de ligações cruzadas do que o BR, o que faz com que a NR apresente menores valores de t 9 e t s2, e maior índice de velocidade de cura (CRI). Comparando-se as composições com misturas de borrachas, percebe-se que o modo de preparo tem influência sobre o tempo ótimo de cura, com as composições M2 e M3 apresentando valores bem próximos ao da NR, embora para todas elas o valor de t 9 seja intermediário entre os valores encontrados para as borrachas puras. Como a NR vulcaniza muito mais rápido que o BR, o que pode ser visto também na Figura 1, observa-se que quanto Tabela 1. Propriedades reométricas das misturas NR/BR. Material t 9 (min) ML (lb.in) MH (lb.in) t S2 (min) CRI NR 1,59 8,25 49,95 5,94 2,61 BR 35,5 12,7 49,35 13,5 4,5 M1 14,59 6,6 52,9 6,81 12,85 M2 11,29 7,7 54,6 6,66 21,59 M3 11 8, 54,9 6,4 2,2 M4 13,41 7,55 46 7,11 15,87 t 9 : tempo ótimo de cura; M L : torque mínimo; M H : torque máximo; t s2 : tempo de pré-vulcanização; e CRI: índice de cura. Torque (lb.in) 6 5 4 3 NR 2 M2 BR 1 M3 M1 M4 1 2 3 4 5 Tempo (min) Figura 1. Curvas reométricas das misturas NR/BR. 52 Polímeros: Ciência e Tecnologia, vol. 17, nº 1, p. 51-55, 27

mais alto o valor de t 9 encontrado para as misturas, maior será a tendência da NR começar a sofrer degradação termooxidativa por causa do aquecimento prolongado. No entanto, quanto menores forem esses períodos de tempo, menor será o grau de vulcanização da fase BR. Esses dois fatores combinados permitem prever que as misturas não terão bom desempenho mecânico. A degradação termo-oxidativa da NR ocorre normalmente pela cisão ou despolimerização do elastômero, tornando-o gradativamente mais macio e pegajoso e diminuindo assim o seu torque máximo, o qual está relacionado com o número de ligações cruzadas. Em relação ao torque máximo, as borrachas puras apresentam valores próximos e as misturas, com exceção da composição M4, valores que, além de não variarem muito entre si, são superiores aos das borrachas puras. A Figura 1 permite perceber ainda que as misturas M1, M2 e M3, assim como a borracha natural pura, apresentam diminuição do torque máximo após atingirem um valor máximo, o que indica que estas composições estão passando por um processo de degradação da NR. É possível que os produtos da cisão auxiliem a vulcanização do BR. Já a mistura M4 não apresenta redução do torque máximo, o que sugere que, ou esteja havendo degradação da NR segundo o mecanismo de oxidação das ligações carbono-carbono, no qual os radicais livres gerados poderiam atacar as cadeias de polímero levando a um aumento do número de ligações cruzadas, e tornando o material duro e quebradiço; ou, uma outra possibilidade seria a ocorrência de uma ação protetora do BR que dificultaria a degradação da NR, ou ainda os dois casos. A semelhança entre os parâmetros reométricos para M2 e M3 sugere que ocorre uma migração de aditivos de NR para BR, indicativo de uma maior afinidade dos aditivos com o polibutadieno. As Figuras 2 e 3 apresentam os resultados de propriedades mecânicas para as duas borrachas puras e para as quatro misturas. Os resultados de resistência à tração apresentados na Figura 2a, confirmam a superioridade da NR em relação ao BR. Já as misturas, apresentam valores intermediários aos das borrachas puras, e são dependentes do modo de preparo, sendo maior para M2 e menor para M1. Na mistura M2 a vulcanização da fase BR é estimulada, uma vez que todos os aditivos são incorporados nesta fase obtendo-se, dessa forma, uma relativa proteção à fase NR. Como o t 9 dessa mistura é próximo ao da NR, não ocorre uma acentuada degradação desta, o que resulta em valor de resistência à tração superior aos das demais misturas. Ao contrário, na mistura M1, a presença dos vulcanizantes na fase NR provoca cura excessiva desta fase podendo provocar um alto grau de degradação da mesma, além de prejudicar a vulcanização do BR, resultando no baixo valor desta propriedade. Quanto à resistência ao rasgamento, a Figura 2b mostra que o modo de preparo não tem a mesma influência observada para a resistência à tração. M2 continua apresentando o melhor resultado; no entanto M3, que apresentava boa resistência à tração, tem o pior valor de rasgamento, embora a variação entre os resultados seja pequena. A Figura 2a mostra ainda que o alongamento na ruptura da borracha natural é muito superior ao do polibutadieno, confirmando sua maior flexibilidade. Já as misturas apresentam, conforme esperado, valores intermediários aos das borrachas puras, sendo o melhor resultado apresentado pela M2, o que pode ser resultado do menor valor de t 9 usado na vulcanização desta mistura, contribuindo para uma menor degradação da fase NR. Pode-se observar na Figura 3 que, conforme o esperado, os valores de dureza das borrachas puras e das misturas são muito próximos e que o modo de preparação das misturas não tem influência significativa sobre esta propriedade. Como pôde ser observado pelas propriedades dos elastômeros puros, a NR é muito superior ao BR. A mistura dos Resistência à tração (MPa) Resistência ao rasgamento (kn.m -1 ) 16 14 12 1 8 6 4 2 25 2 15 1 5 14,7 85 85 4 25,92 1,35 5,32 4,18 8 7 2,25 (a) Resistência à tração e alongamento na ruptura 22,16 1,36 12,96 15,98 12,56 9 8 7 6 5 4 3 2 1 13,5 (b) Resistência ao rasgamento Figura 2. Propriedades Mecânicas das misturas NR/BR Dureza (Shore A) 4 3 2 34 3 Figura 3. Dureza das misturas NR/BR. Composições Alongamento na ruptura (%) 33 Polímeros: Ciência e Tecnologia, vol. 17, nº 1, p. 51-55, 27 53

dois, apesar de apresentar resultados bastante inferiores aos da NR, foi vantajosa pois, em todos os quatro casos, houve uma melhora na processabilidade que no caso do BR puro é muito ruim e por essa razão, raramente é usado nesta forma. O menor preço da NR, em comparação ao do BR, também é um fator positivo na realização das misturas, pois é possível melhorar as propriedades das composições do BR, ao mesmo tempo em que se reduz o custo das mesmas. Os aspectos microscópicos das superfícies criofraturadas das amostras M1 a M4, observadas com pequeno aumento, estão apresentados na Figura 4. Verifica-se a existência de distintos elementos topográficos, indicando que o comportamento na fratura da mistura NR/BR 5/5 pode ser afetado por variações nas condições de processamento. Microfratografias das amostras M1 a M4, com maiores aumentos, são apresentadas na Figura 5. Na amostra M1 podem ser observados elementos característicos de um mecanismo misto de fratura, com regiões planas associadas a locais com deformação plástica localizada e áreas de rasgamento (Figura 4a). Em maiores aumentos verifica-se que a região plana apresenta a existência de uma grande quantidade de trincas que se desenvolvem paralelamente (Figura 5a), caracterizando uma menor plasticidade do material. As amostras M2 e M3 mostram aspectos microscópicos bastante semelhantes (Figuras 4b e 4c), com superfícies de fratura que apresentam pequena rugosidade superficial e estrias, caracterizando uma fratura mais dúctil. A amostra M2 apresenta, em relação à amostra M3, uma maior quantidade de estrias (Figuras 5b e 5c) mostrando a sua maior capacidade de deformação plástica. A amostra M4 apresenta uma superfície de fratura parcialmente dúctil, mostrando regiões de cisalhamento na parte próxima à superfície lateral e uma região rugosa grosseira na parte central (Figura 4d). Em maiores aumentos verifica-se que a região central apresenta facetas (Figura 5d), indicando a ocorrência de um processo descontínuo de fratura. As observações obtidas por microscopia estão de acordo com os resultados dos ensaios mecânicos. Conclusões O modo de preparo das misturas tem uma grande influência sobre seu comportamento, tornando possível conseguir adequar determinadas propriedades, sem alterar a formulação. IME LME 25 kv 5 m x5 (a) IME LME 25 kv 5 m x5 (b) IME LME 25 kv 5 m x5 (c) IME LME 2 kv 2 m x55 (d) Figura 4. Fotomicrografias das misturas NR/BR, 25 kv, 5x: a) M1; b) M2; c) M3 e 2 kv, 55x; e d) M4. 54 Polímeros: Ciência e Tecnologia, vol. 17, nº 1, p. 51-55, 27

IME LME 25 kv 1 m x25 (a) IME LME 25 kv 1 m x25 (b) IME LME 25 kv 1 m x25 IME LME 2 kv 1 m x25 (c) (d) Figura 5. Fotomicrografias das misturas NR/BR, 25 kv, 25x: a) M1; b) M2; c) M3 e 2 kv, 25x; e d) M4. No caso das misturas NR/BR, os melhores resultados foram obtidos quando se favorece a vulcanização do polibutadieno, preservando-se a NR da cura excessiva e da sua posterior degradação. O comportamento na fratura da mistura NR/BR 5/5 é influenciado pelas suas condições de processamento, que provavelmente afetam a estrutura molecular do material. Diferentes morfologias da mistura podem estar associadas com diferentes histórias de processamento. Agradecimentos Os autores agradecem à Petroflex Indústria e Comércio S.A. pela doação do polibutadieno, à Teadit pela doação da Borracha Natural e ao IME pela realização das microscopias. Referências Bibliográficas 1. Joseph, R.; George, K.E.; Francis, D.J. & Thomas, K.T. - Int. J. Polym Mater, 12, p.53 (1987). 2. Joseph, R.; George, K.E. & Francis, D.J - Int. J. Polym. Mater, 12, p.111 (1988). 3. Huson, M.G.; McGill, W.J. & Swart, P.J. - Journal of Polymer Science Polymer Letters Edition, 22, p.143 (1984). 4. Corish, P.J. - Elastomer Blends, in: Science and Technology of Rubber, J.E. Mark, B. Herman e F. R. Eirich (ed), Academic Press, Inc., San Diego, Califórrnia (1994). 5. Ultracki, L.A. - Polymer Alloys and Blends: Thermodynamic and Rheology, Hanser Publishes, New York (199). 6. Costa, V.G. & Nunes, R.C. - Eur. Polym. J., 3, p.125 (1994). 7. Klei, B. & Koenig, J.L. - Rubber Chem. Technol, 7, p.2 (1997). 8. Chough, S. & Chang, D. - Journal of Applied Polymer Science, 61, p.449 (1996). 9. Hurston, D.J. & Song, M. - Journal of Applied Polymer Science, 76, p.1791 (2). 1. Thorn, A.D. & Robinson, R.A. - Compound Design in: Rubber Products Manufacturing Technology, cap.1, Bhowmich A.N.K, Hall M.M. & Bernarey H.A. (ed), Marcel Dekker Inc., New York (1994). 11. Leutewiler, C.L. - Borracha Atual, 34 (21). 12. Wampler, W.A., Gerspacher, M., Yang H.H. & O Farrell, C. P. paper nº 52 presented to Rubber Division, American Chemical Society, Pittsburgh, Pennsylvania (1994). Enviado: 19/6/6 Reenviado: 27/1/6 Aprovado: 4/11/6 Polímeros: Ciência e Tecnologia, vol. 17, nº 1, p. 51-55, 27 55