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Transcrição:

CAPACIDADE DE GERAÇÃO DA BIOELETRICIDADE 1 Atualmente, a fonte biomassa em geral representa 9% da potência outorgada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) na matriz elétrica do Brasil. Quando se estratifica a fonte fóssil, a bioeletricidade assume a segunda posição na matriz elétrica brasileira, pois a mais importante contribuição da fonte fóssil é o gás natural, que detém 13.705 MW, inferior à capacidade instalada pela fonte biomassa, conforme tabela na sequência. Fontes utilizadas no Brasil - Fase: Operação Origem Potência Outorgada (MW) % Fóssil 28.023 16,9 Biomassa em geral 14.675 8,9 Nuclear 1.990 1,2 Hídrica 107.546 64,9 Eólica 12.533 7,6 Solar 1.026 0,6 Total 165.793 100 Fonte: UNICA (2018), dados básicos da ANEEL (2018). Levantamento realizado em 02.03.2018. Com referência somente à bioeletricidade da cana, o setor sucroenergético detém hoje em torno de 7% da potência outorgada no Brasil e 77% da fonte biomassa, sendo a quarta fonte de geração mais importante da nossa matriz elétrica em termos de capacidade instalada, atrás da fonte hídrica e das termelétricas com gás natural e das eólicas. Fontes de biomassa utilizadas no Brasil - Fase: Operação Origem Potência Outorgada (MW) % Biomassa da Cana de Açúcar 11.247 76,9 Casca de Arroz 45 0,3 Biogás-AGR 1 0,0 Capim Elefante 32 0,2 Floresta 3.161 21,6 Resíduos sólidos urbanos 135 0,9 Resíduos animais 4 0,0 Biocombustíveis líquidos 5 0,0 Total 14.630 100 Fonte: UNICA (2018), dados básicos da ANEEL (2018). Levantamento realizado em 02.03.2018. Em termos de evolução anual de capacidade instalada, a fonte biomassa teve seu recorde no ano de 2010, com 1.750 MW (equivalente a 12,5% de uma Usina Itaipu), resultado de decisões de investimentos antes de 2008, quando o cenário era estimulante à expansão do setor sucroenergético. A fonte biomassa, que já chegou a representar 32% do crescimento anual da capacidade instalada no país, participou em 2017 com apenas 7% da expansão da capacidade instalada no Brasil, índice que poderá cair para apenas 1% em 2018 e 2019, como se pode observar a seguir. 1 Boletim elaborado em 2.3.2018. 1

Acréscimo anual de capacidade instalada pela biomassa, 2002-2019, Brasil (MW) Fonte: UNICA (2018), dados básicos da ANEEL (2018). *Previsão, incluindo projetos com restrição para entrada em operação. Levantamento realizado em 02.03.2018. Representatividade do acréscimo anual de capacidade instalada pela biomassa em relação ao total de acréscimo na matriz de energia elétrica, 2002-2019, Brasil (%) Fonte: UNICA (2018), dados básicos da ANEEL (2018). *Previsão, incluindo projetos com restrição para entrada em operação. Levantamento realizado em 02.03.2018. 2

A GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA PELA FONTE BIOMASSA EM GERAL A produção de bioeletricidade em geral (incluindo as diversas biomassas) para a rede elétrica atingiu 25.482 GWh em 2017, representando um crescimento de pouco mais de 6% em relação ao ano anterior. Em termos de comparação, essa energia gerada para a rede foi equivalente a ter abastecido 13,5 milhões de residências ao longo de um ano, evitando a emissão de 9,6 milhões de tco 2, marca que somente seria atingida com o cultivo de 67 milhões de árvores nativas ao longo de 20 anos. Esse volume inclui a geração de energia elétrica para a rede pelos diversos tipos de biomassa, sendo que a biomassa da cana-de-açúcar representou 84% do montante de geração de energia pela biomassa à rede no ano passado, conforme tabela abaixo. Bioeletricidade em geral para a rede, por tipo de combustível, 2017 (GWh) Origem Geração para a rede (GWh) % Bagaço de Cana de Açúcar 21.444 84,15 Biogás - Resíduos sólidos urbanos 706 2,77 Biogás - Agroindustriais 14 0,06 Capim Elefante 127 0,50 Carvão Vegetal 41 0,16 Casca de Arroz 60 0,24 Gás de Alto Forno - Biomassa 182 0,72 Licor Negro 2.506 9,83 Resíduos Florestais 402 1,58 Biogás - Resíduos animais 0 0,00 Total 25.482 100 Fonte: UNICA (2018), dados básicos da CCEE (2018). Informações de geração no centro de gravidade. Comparando-se com a geração total de energia elétrica no país, o desempenho da bioeletricidade é até representativo, pois o crescimento da produção de energia elétrica para a rede no país foi de 1% no ano passado, em relação a 2016, enquanto a bioeletricidade cresceu em 6,8%, conforme tabela a seguir. Bioeletricidade em geral para a rede, por tipo de combustível, 2016-2017 (%) Origem 2016 (GWh) 2017 (GWh) Acréscimo (GWh) Variação % Bagaço de Cana de Açúcar 21.236 21.444 208 1,0 Biogás - Resíduos sólidos urbanos 370 706 336 90,9 Licor Negro 1.635 2.506 871 53,2 Resíduos Florestais 317 402 85 26,8 Demais biomassas 307 424 118 38,4 Total 23.864 25.482 1.618 6,8 Fonte: UNICA (2018), dados básicos da CCEE (2018). Informações de geração no centro de gravidade. Porém, a expansão da bioeletricidade foi bem inferior ao crescimento da fonte eólica, que foi de 27% no referido período, ou mesmo comparado com a própria bioeletricidade numa série histórica maior, pois a oferta de bioeletricidade sucroenergética para a rede já chegou a crescer mais de 30% entre 2012 e 2013, conforme mostra figura abaixo. 3

Geração de bioeletricidade sucroenergética para a rede, 2010-2017, Brasil (TWh) Fonte: UNICA (2018), dados básicos da CCEE (2018). Chama atenção também a baixa expansão da oferta de bioeletricidade para a rede a partir da biomassa da cana, com um crescimento de apenas 1% entre 2016 e 2017. Certamente, a crise de inadimplência nas liquidações financeiras no Mercado de Curto Prazo (MCP) deve ter prejudicado uma geração mais conjuntural que a biomassa tem capacidade de ofertar, em resposta a preços aquecidos no MCP. Não há como estimular uma geração extra pela biomassa com o imbróglio jurídico que vive o MCP e suas liquidações financeiras, com os geradores sucroenergético assumindo os custos da operação sem terem o respectivo pagamento pela energia gerada para a rede. O PREDOMÍNIO DA PRODUÇÃO DE BIOELETRICIDADE NA REGIÃO CENTRO-SUL Em 2017, 89,2% da geração pela fonte bioeletricidade para a rede esteve concentrada em apenas cinco Estados da Federação: São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e Paraná. Todos estes Estados ficam na chamada Região Centro-Sul sucroenergética. O Estado que mais gerou bioeletricidade, em 2017, foi São Paulo, responsável por 47% do volume total no período, conforme tabela a seguir. 4

Bioeletricidade em geral para a rede, por UF, 2016-2017 UF 2017 (GWh) % sobre total Acréscimo 2016- Variação 2016- de 2017 2017 (GWh) 2017 (%) SP 11.969 47,0 124 1,0 MS 3.649 14,3 216 6,3 GO 2.986 11,7 371 14,2 MG 2.617 10,3 117 4,7 PR 1.497 5,9 283 23,3 BA 973 3,8 274 39,3 MA 504 2,0-4 -0,7 MT 239 0,9 52 28,1 AL 159 0,6-6 -3,5 PE 151 0,6 14 10,1 RS 137 0,5 21 18,2 TO 136 0,5 23 20,7 PA 125 0,5 40 47,7 SC 117 0,5 35 43,3 SE 98 0,4 33 50,6 RN 53 0,2 3 6,5 ES 36 0,1-3 -8,1 PB 26 0,1 8 46,6 PI 10 0,0 0 1,1 RJ 0 0,0-3 -98,9 Total 25.482 100 1.601 6,7 Fonte: UNICA (2018), dados básicos da CCEE (2018). Informações de geração no centro de gravidade. O PREDOMÍNIO DA PRODUÇÃO DA BIOELETRICIDADE DA CANA NO PERÍODO SECO A bioeletricidade sucroenergética acompanha sobretudo o perfil da produção da safra canavieira, pois é quando ocorre a disponibilidade da biomassa para a geração de energia. Na Região Centro-Sul do país, que costuma processar mais de 90% da cana no Brasil, a safra é concentrada entre os meses de abril e novembro. Justamente neste período, a bioeletricidade sucroenergética representa também mais de 90% da geração anual para o Sistema Interligado Nacional (SIN). Abril a novembro são meses do chamado período seco e crítico do SIN. Em 2017, dos 21.444 GWh ofertados para o SIN pela bioeletricidade canavieira, 19.490 GWh (91%) foram produzidos entre abril e novembro, equivalente a 8% de toda a geração hidrelétrica no mesmo período, de acordo com dados do Operador Nacional do Sistema. A figura abaixo mostra esta informação. 5

Geração mensal de bioeletricidade sucroenergética para a rede, 2017 (GWh) Fonte: UNICA (2018), dados básicos da CCEE (2018). A bioeletricidade não é considerada fonte intermitente, no estrito senso do conceito de recurso energético. Pela sua maior previsibilidade e confiabilidade, é considerada uma fonte sazonal, assim como é a hidrelétrica, mas não é intermitente. Essas características e sua disponibilidade no período seco do SIN fizeram com que o total de volume de energia fornecido à rede pela biomassa da cana, em 2017, tenha sido equivalente a economizar 15% da água dos reservatórios hidrelétricos do principal submercado do setor elétrico, conforme dados obtidos do ONS e da CCEE, o Sudeste/Centro-Oeste, que no ano passado respondeu por 58,3% do consumo de eletricidade no País. A COMERCIALIZAÇÃO DE BIOELETRICIDADE A partir de 2004, em relação à comercialização de energia no setor elétrico brasileiro, foram instituídos dois ambientes possíveis para se celebrar contratos de compra e venda: o Ambiente de Contratação Regulada (ACR), do qual participam agentes de geração e de distribuição de energia (em atendimento aos chamados consumidores cativos); e o Ambiente de Contratação Livre (ACL), do qual participam agentes de geração, comercializadores, importadores e exportadores de energia e consumidores livres e especiais de energia elétrica. Segundo a CCEE, em 2016, 71% do consumo de energia elétrica no país ocorreu no âmbito do ACR e 29% no ACL. Já a bioeletricidade ofertada para o SIN, no mesmo período teve uma destinação diferente da distribuição do consumo nacional: 69% foram destinados ao ACL e 31% destinados para o ACR. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética EPE (2017), do total de número de usinas sucroenergéticas que exportam energia para o SIN, em 2016, parte atuava exclusivamente no ACL (57%) ou no ACR (8%) e o restante (35%) vendia em ambos ambientes de contratação. Ainda, em específico à participação da bioeletricidade sucroenergética no Ambiente Regulado, de 2004 a 2017, o setor canavieiro comercializou um total de 131 projetos nos leilões regulados somando 1.728 MW médios. 6

Bioeletricidade sucroenergética comercializada em leilões regulados Ano de venda no leilão MW médios Projetos 2004 135 19 2005 64 5 2006 119 9 2007 115 11 2008 541 31 2009 10 1 2010 191 12 2011 102 12 2012 0 0 2013 203 11 2014 90 6 2015 52 3 2016 40 5 2017 66 6 Total 1.728 131 Fonte: UNICA (2018), dados básicos da CCEE (2018). Envolve Leilões de Energia Nova, Fontes Alternativas e de Reserva. Somente UTEs com Custo Variável Nulo e 2004 refere-se ao PROINFA. LEILÕES REGULADOS PREVISTOS PARA 2018 Leilão A-4 Foi publicada em 01.12.2017, a Portaria MME 465 trazendo as diretrizes para a realização do Leilão de Compra de Energia Elétrica Proveniente de Novos Empreendimentos de Geração, denominado Leilão A- 4/2018. O Leilão deverá ser realizado em 4 de abril de 2018. O início do suprimento de energia elétrica ocorrerá em 1º de janeiro de 2022, sendo negociados os seguintes Contratos de Energia (CCEAR): I - na modalidade por quantidade de energia elétrica, com prazo de suprimento de trinta anos, para empreendimentos hidrelétricos; e II - na modalidade por disponibilidade de energia elétrica, com prazo de suprimento de vinte anos, diferenciados por fontes, para empreendimentos de geração a partir de fonte biomassa, eólica e solar fotovoltaica. Para o Leilão A-4/2018, os preços iniciais por empreendimentos serão: Custo Marginal de Referência do Leilão: R$ 329,00/MWh; Preço Inicial do Produto Quantidade (empreendimento hidrelétrico): R$ 291,00/MWh; Preço Inicial do Produto Disponibilidade Eólica: R$ 255,00/MWh; Preço Inicial do Produtor Disponibilidade Solar: R$ 312,00/MWh; Preço Inicial do Produto Disponibilidade Termoelétrica a Biomassa: R$ 329,00/MWh; Abaixo, o resumo dos empreendimentos cadastrados para o Leilão, com a fonte biomassa representando 3% do total cadastrado. 7

Total 1.672 48.714 100% Fonte: UNICA (2018), dados básicos da EPE (2018). Leilão A-6 Projetos de geração cadastrados no A-4/2018 (MW, por fonte) Fonte A4 (2022) 04/04/2018 Preço-teto biomassa: R$ 329/MWh Projetos MW % MW Biomassa 28 1.422 3% Hídrica (UHE,PCH,CGH) 93 1.073 2% Eólica 931 26.198 54% Fotovoltaica 620 20.021 41% Em 08.02.2018, foi publicada a Portaria MME n o 44 estabelecendo as diretrizes gerais para a realização do Leilão de Compra de Energia Elétrica Proveniente de Novos Empreendimentos de Geração, denominado "A- 6", de 2018 (LEN A-6/2018), para atendimento ao mercado das distribuidoras a partir de 2024. A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) deverá promover, direta ou indiretamente, o LEN A-6/2018. O Leilão deverá ser realizado no segundo quadrimestre de 2018. Mais detalhes deverão ser conhecidos em normativos a serem publicados pelo MME e ANEEL. Espera-se que a sistemática e as diretrizes dos leilões reconheçam a importância da contratação da bioeletricidade para o país, incorporando na remuneração os benefícios desta fonte para o sistema elétrico e para a economia. É necessário fazer girar a roda novamente na cadeia produtiva da bioeletricidade, e torcemos para que os leilões de 2018 possam representar o início de um círculo virtuoso de investimento em bioeletricidade, de forma robusta e duradora. O POTENCIAL DA BIOELETRICIDADE SUCROENERGÉTICA Em 2016, segundo a EPE (2017), dentre as 378 usinas a biomassa de cana-de-açúcar em operação, 44% comercializaram eletricidade, representando um leve aumento em relação ao ano anterior, que era 40%. Assim, há mais de 200 usinas sucroenergéticas, segundo a EPE, que, com uma biomassa já existente nos canaviais, podem passar por um processo de reforma ( retrofit ), além de aproveitarem plenamente o bagaço, a palha e o biogás da vinhaça, e tornarem-se grandes geradoras de bioeletricidade para a rede. De acordo com o último Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2026), considerando o aproveitamento pleno da biomassa existente (bagaço, palha e biogás) nos canaviais em 2016, a geração de bioeletricidade sucroenergética para a rede tem potencial técnico para chegar a mais de sete vezes o volume de oferta à rede em 2016, conforme se observa abaixo. 8

Potencial técnico de oferta da bioeletricidade sucroenergética para a rede elétrica, 2016 (TWh) Fonte: UNICA (2017), dados básicos da EPE e CCEE (2017). O aproveitamento do potencial técnico da bioeletricidade sucroenergética para a rede é de apenas 14% de seu total. Considerando a moagem da safra passada, o potencial de técnico da bioeletricidade para o sistema interligado é de quase 151 TWh, algo como quase quatro usinas do porte de Belo Monte, mas exportamos apenas 21,2 TWh para a rede em 2016, mostrando grandes oportunidades que temos para aproveitar melhor o potencial dessa fonte renovável e sustentável. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- O presente material tem objetivo meramente informativo e pode ser obtido gratuitamente no site www.unica.com.br A UNICA procura garantir a precisão e confiabilidade dos dados e informações divulgadas. A entidade não se responsabiliza, em qualquer tempo, sob qualquer condição e hipótese, por qualquer decisão baseada no conteúdo publicado neste Boletim. A reprodução parcial ou integral é permitida desde que a UNICA seja citada como fonte. 9