ANÁLISE DE SENSIBILIDADE GLOBAL E SELEÇÃO DE PARÂMETROS DO MODELO CINÉTICO DE HIDRÓLISE ENZIMÁTICA DA PALHA DE CANA-DE-AÇÚCAR

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Transcrição:

ANÁLIE DE ENIBILIDADE GLOBAL E ELEÇÃO DE PARÂMETRO DO MODELO CINÉTICO DE HIDRÓLIE ENZIMÁTICA DA PALHA DE CANA-DE-AÇÚCAR O. IVO 1,. P. F. ALBERTON 1, J. D. A, MARTÍNEZ 1, A. R. ECCHI 1 1 Universidade Federal do Rio de Janeiro, Programa de Engenharia Química E-mail para contato: arge@peq.coppe.ufrj.br REUMO Para tratar do problema de estimação de parâmetros com escassez de dados experimentais, foi feita a análise de sensibilidade global de um modelo cinético que descreve a hidrólise enzimática da palha de cana-de-açúcar prétratada hidrotermicamente e, a partir dos resultados obtidos, foi realizada uma ordenação da influência dos parâmetros no modelo atentando-se às variâncias condicionadas e à existência de correlações paramétricas. 1. INTRODUÇÃO Resíduo agroindustrial gerado a partir do desfolhamento da cana-de-açúcar durante a colheita, a palha está entre as matérias-primas renováveis com maior potencial para produção de etanol lignocelulósico. Estima-se que o reaproveitamento de 50% deste resíduo, considerando rendimentos de apenas 50% nas etapas de beneficiamento, leve a um aumento de 20% na produção de etanol (Martínez, 2014). Além disso, a produção de etanol utilizando a palha da cana-de-açúcar mitiga os graves impactos ambientais resultantes da queima deste resíduo, atualmente proibida pelos órgãos legislativos ambientais. Dentre os processos de produção de etanol a partir de biomassa, o processo enzimático tem sido considerado a tecnologia mais promissora: (i) as enzimas são altamente específicas (Béguin e Aubert, 1994), (ii) os produtos da reação usualmente são açúcares redutores, (iii) apresenta baixo custo com utilidades, pois a enzima atua em condições brandas, i.e., ph 4,8 e temperatura entre 45-50 C (un e Cheng, 2002), (iv) permite maiores rendimentos, e (v) possui baixo custo de manutenção. Entretanto, alguns desafios devem ser superados para sua reprodução em escala industrial: (i) a lenta velocidade de reação, (ii) o alto custo das enzimas (Hahn-Hägerdal et al., 2006), e (iii) a dificuldade em realizar a hidrólise enzimática em concentrações de substrato, superiores a 12-15% m/m (Hodge et al., 2009). A hidrólise enzimática de biomassa lignocelulósica ainda é uma etapa crítica para a viabilidade do processo de conversão pela via bioquímica e a geração e análise de dados experimentais é uma tarefa trabalhosa, demorada e analiticamente desafiadora (adam et al., 2004). Desta forma, tem-se um grande apelo ao uso da modelagem matemática, a fim de obter maior compreensão dos fenômenos envolvidos, bem como ferramenta de apoio ao projeto, otimização e controle deste processo complexo. Neste contexto, este trabalho apresenta a análise de sensibilidade global do modelo cinético de hidrólise da palha de cana-de-açúcar desenvolvido por adam et al. (2004). Para a análise de sensibilidade global, empregam-se os índices de sensibilidade global IG (obol,

1991), que apresenta o menor custo computacional nesta classe de ferramentas. Como resultados, além de verificar a sensibilidade do modelo ao comportamento do processo, foi possível identificar o conjunto de parâmetros mais significativos para futura estimação, bem como obter a melhor região experimental para sua estimação. 2. MODELO MATEMÁTICO As Equações 1 a 15 apresentam o modelo matemático que descreve a cinética da hidrólise enzimática da palha da cana-de-açúcar (adam et al., 2004). A descrição dos elementos deste modelo é apresentada pelo Apêndice, item 6 deste artigo. Isoterma de adsorção de Lagmuir Enzima adsorvida em celulose: Enzima adsorvida em hemicelulose Quantidade total de enzimas Quantidade total de sólidos Reatividade dos substratos EB Emax ad EF EB 1 ad EF (1) C E BC EB (2) H E BH EB (3) ET EF EB (4) C H L (5) R (6) Taxa de conversão de celulose para celobiose k1 r EBC R r1 G2 G X 1 1IG2 1IG 1IX (7) Taxa de conversão de celulose em glicose k2r EBC R r2 G2 G X 1 2IG2 2IG 2IX (8) Taxa de conversão de celobiose em glicose k3r EFG2 r3 G X 3M 1 G2 3IG 3IX (9) Taxa de conversão de hemicelulose em xilose k4r EBH R r4 G2 G X 1 4IG2 4IG 4IX (10) Balanço de massa de celulose dc r 1 r2, C ( 0) 24,45g / L (11) Balanço de massa de celobiose dg2 1,056r1 r3, G 2(0) 0,0g / L (12) Balanço de massa de glicose dg 1,111r2 1, 053r3, G ( 0) 0,0g / L (13) 0

dh Balanço de massa de hemicelulose r4, H ( 0) 11,25g / L (14) Balanço de massa de xilose dx 1,136r, 4 X ( 0) 0,0g / L (15) 3. ANÁLIE DE ENIBILIDADE GLOBAL Em se tratando de análise de sensibilidade, uma dificuldade natural da abordagem local é a necessidade de uma boa estimativa inicial dos fatores do modelo a serem avaliados (variáveis e parâmetros). Na prática, é muito comum a falta de informação confiável sobre os fatores do modelo, sobretudo em relação aos parâmetros. Desta forma, a análise de sensibilidade global se mostra uma opção bastante atraente com propriedades tais como: independência do modelo, captura da influência da faixa de variação dos fatores, avaliação dos efeitos de interação entre os fatores e possibilidade de tratamento dos fatores individualmente (altelli et al., 2008). Na abordagem global, destaca-se os chamados índices de sensibilidade, I, cujo cálculo consiste em um procedimento numérico baseado em técnicas de amostragem Monte Carlo (obol, 1991). O I de primeira ordem ( i ) indica o quanto, em média, se pode reduzir a variância da saída se este fator (Par i ) for fixado; logo, i é a medida do efeito principal (Equação 16). De acordo com altelli et al. (2008), estas estimativas { i, i = 1, 2,..., k} apresentam um custo computacional de C N( k 2), sendo N o número de gerações e k o número de parâmetros. i V E Y Pari (16) V Y V E Y Par em que i é a variância condicional de Y para um dado Par i e V(Y) representa a variância incondicional (total) de Y. 4. REULTADO Estabelecidos previamente na literatura (adam et al., 2004; Angarita, 2014), os parâmetros ad, E max e α não foram analisados, tendo seus valores fixados respectivamente em 8,577 g de proteína/g de solução, 0,026 g de enzima/ kg de substrato e 1 (admensional). Para os demais parâmetros do modelo, o i foi calculado com um número de gerações igual 1x10 5, assumindo distribuição normal de probabilidades, média (μ) igual a estimativa inicial (Câmara, 2012) e variância (σ) igual a 25% deste valor; como apresentado pela Tabela 1. O modelo matemático e demais procedimentos numéricos foram implementados em MatLab 2014, sendo as gerações obtidas por meio do comando randnorm. Foram calculados os i de cada parâmetro, ao longo dos perfis temporais das variáveis de resposta do modelo. Deste modo, o ordenamento dos parâmetros quanto a influência sobre a predição para o cenário experimental estudado é dado por: k 2r, 2IG, k 4r, 4IG, k 3r, k 1r, 1IG, 3M, sendo os parâmetros k 3r e k 1r de igual influência. A Figura 1 apresenta o comportamento

dos i desses 8 parâmetros dentre os 16 do modelo matemático, pois possuem maior influência sobre a predição do modelo, considerando o cenário experimental estudado. Tabela 1 Média (μ) e desvio padrão (σ) dos parâmetros. Parâmetro μ σ Parâmetro μ σ k 1r 0,650 0,130 k 3r 254,5 50,9 1IG2 9,830 1,966 3M 24,5 4,9 1IG 0,176 0,035 3IG 41,75 8,35 1IX 9,540 1,908 3IX 1,0x10 10 2,0x10 9 k 2r 3,170 0,634 k 4r 57,79 11,558 2IG2 1,0x10 10 2,0 x10 9 4IG2 1,0x10 10 2,0x10 9 2IG 0,15 0,03 4IG 0,0230 0,0046 2IX 8,790 1,758 4IX 9,810 1,962 (a) (b) (c) (d) (e) Figura 1 Parâmetros que apresentam maior influência sobre os perfis temporais de celulose (a), glicose (b), celobiose (c), hemicelulose (d), e xilose (e). Na Figura 1, a ausência de alguns parâmetros como 1IG2, 1IX, 2IG2, 2IX, 3IG, 3IX, 4IG2 e 4IX, se deve ao fato de que o i destes parâmetros apresenta valor ínfimo ou nulo, ou seja, no cenário experimental estudado tais parâmetros possuem baixa ou nenhuma influencia sobre a predição do modelo. Com relação aos parâmetros com maior influência no modelo (k 1r, 1IG, k 2r, 2IG, k 3r, 3M, k 4r, 4IG ), destacam-se os parâmetros k 2r e 2IG, cujos i

apresentam comportamento expressivo para todas as variáveis analisadas, sobretudo a celulose e a glicose. Também merecem destaques os parâmetros k ir (i=1,...,4) que apresentam os maiores valores de i, o que indica que no cenário experimental estudado este subconjunto de parâmetros são os que mais afetam as variáveis de resposta do modelo. Tais resultados demonstram a acurácia do método, visto que em um modelo cinético o conhecimento das taxas de reação é essencial para a qualidade da predição. 5. CONCLUÃO A análise de sensibilidade permitiu identificar o conjunto parâmetros que apresentam maior influência sobre a predição do modelo para o cenário experimental estudado, permitindo diferenciar quantitativamente a influência de tais parâmetros. Assim, esta ferramenta demonstra ser muito útil para os estudos de modelagem, bem como em problemas de identificabilidade de parâmetros, em que estima-se o conjunto de parâmetros selecionados quando a informação experimental disponível não é suficiente em qualidade e/ou quantidade para estimação de todos os parâmetros do modelo. 6. AGRADECIMENTO Os autores agradecem ao PEQ-COPPE/UFRJ e ao PIBIC-CNPQ, pelo auxílio financeiro. 7. APÊNDICE Os elementos do modelo matemático estudado são descritos a seguir: Variável Unidade Descrição C g/l Concentração de celulose E B g/l Concentração de enzima adsorvida no substrato E BC g/l Concentração de enzima adsorvida na celulose E BH g/l Concentralçao de enzima adsorvida no na hemicelulose E F g/l Concentração de enzima livre E max g/kg Concentração máxima de adsorção da enzima no subtrato E T g/l Concentração total de enzima G g/l Concentração de glicose G2 g/l Concentração de celobiose H g/l Concentração de hemicelulose 3M g/kg Constante de saturação do substrato (celobiose) k 3r 1/h Constante da taxa de reação ad L/g Constante de dissociação da adsorção/desorção da enzima iig g/kg Constante de inibição para glicose (i = 1,...,4)

iig2 g/kg Constante de inibição para celobiose (i = 1,2,4) iix g/kg Constante de inibição para xilose (i = 1,...,4) k ir kg/g/h Constante da taxa de reação (i = 1,2,4) L g/l Concentração de lignina r i l/g/h Taxa de reação (i = 1,...,4) R s adimensional Reatividade do substrato g/l Concentração de sólidos insolúveis X g/l Concentração de xilose Α adimensional Constante da reatividade do substrato com o grau de hidrólise 8. REFERÊNCIA ANGARITA, J. D. M. Modelagem Cinética da Hidrólise Enzimática da Palha de Cana-de- Açúcar Pré-tratada Hidrotermicamente. Dissertação de Mestrado, PEQ-COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, 2014. BÉGUIN, P.; AUBERT, J. P. The biological degradation of cellulose. FEM Microbiology Review, v. 13, p. 25 58, 1994. CÂMARA, M. M. Modelagem e simulação da hidrólise de bagaço de cana pré-tratado com peróxido de hidrogênio em meio alcalino. Dissertação de Mestrado, UEM, Maringá, Paraná, 2012. HAHN-HÄGERDAL B.; GALBE M.; GORWA-GRAULUND M. F.; LIDÉN G.; ZACCHI G. Bio-ethanol the fuel of tomorrow from the residues of today. Trends in Biotechnology, v. 24, p 549-556, 2006. HODGE D. B.; ARIM M. N.; CHELL D. J.; MCMILLAN J. D. Model-based fed-batch for high-solids enzymatic cellulose hydrolysis. Applied Biochemistry and Biotechnology, v. 152, p 88-107, 2009. ADAM. L.; RYDHOLM E. C.; MCMILLAN J. D. Development and validation of a kinetic model for enzymatic saccharification of lignocellulosic biomass. Biotechnol Progress, v. 20, p. 698-705, 2004. ALTELLI, A.; RATTO, M. Global ensitivity Analysis. The primer. Chichester: John Wiley & ons, Ltd, 2008. OBOL, I.M. A Primer for the Monte Carlo Method. Boca Raton: CRC Press LLC, 1991. UN, Y.; CHENG, J. Hydrolysis of lignocellulosic materials for ethanol production: a review. Bioresource Technology, v. 83, p. 1-11, 2002.