ÁREA DE LINGUAGENS E CÓDIGOS / LITERATURA

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Transcrição:

PERÍODO COLONIAL b) Mercantilismo QUINHENTISMO MAR PORTUGUÊS c) Reforma Protestante Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu. I. SITUAÇÃO HISTÓRICA a) Auge do Renascimento II. LITERATURA DE INFORMAÇÃO Ao longo do século VI foi sendo produzida na colônia uma literatura que visava a fornecer à metrópole o perfil da nova descoberta. Eram relatórios, tratados, históricas, diários ou discussão de problemas de catequização produzidos pelos portugueses, jesuítas ou leigos, que de alguma forma aqui aportaram. Esta literatura de informação ou de expansão registrou, dentre tantas outras coisas, o choque cultural entre colonizados e colonizadores. Não há por parte dos escritores da época apego mais profundo à terra conquistada, concebida como uma espécie de extensão da metrópole, um Portugal nos Trópicos. O comentário da estudiosa Samyra Campedelli é bastante esclarecedor: As produções informativas sobre os primórdios do Brasil constituem a primeira visão da terra virgem, intocada pela civilização estranha que começaria a desfigurá-la e a destruí-la de imediato... Esse é motivo de o Novo Mundo ter sido posto à altura da lenda do paraíso perdido. Surgiu e se delineou um gosto pela terra o Nativismo, encontrado ao longo de todos os textos relacionados à colônia. Trata-se de um sentimento que se tornou cada vez mais intenso à medida que o apego à terra foi se sobrepondo à ótica do colonizador. A reação dos portugueses geralmente era de espanto, pois tudo era diferente, exuberante e peculiar. 1

TRAÇOS MARCANTES DA LITERATURA DE IN- FORMAÇÃO 1 A Descoberta concede ao europeu resposta para o mítico sonho de um MUNDO NOVO. 2 Escritos de grande admiração. 5 Ali andavam entre eles três ou quatro moças, muito novas e muito gentis, com cabelos muito pretos e compridos, caídos pelas espáduas, e suas vergonhas tão altas e tão cerradinhas e tão sem cabeleiras que, de as muito bem olharmos, não tínhamos nenhuma vergonha. Ali, por essa ocasião, não houve mais fala nem entendimento com eles, pois a algazarra era tamanhamente bárbara que ninguém mais se podia entender acenamo-lhes que fossem embora. 3 Textos descritivos 5 IN Silvio Castro. A Carta de Pêro Vaz de Caminha, Porto Alegro: I-.t P.M, 1996.) COSTUMES Quanto ao parto, eis o que presenciei. Pernoitando com outro francês em uma aldeia, certa ocasião, ouvimos, quase à meia-noite, gritos de mulher, e pensamos que estivesse sendo atacada pelo jaguar, essa fera carniceira que já descrevi. Acudimos imediatamente e verificamos que se tratava apenas de uma mulher em horas de parto. (GÂNDAVO, Pêro de Magalhães. 1575) 4 Textos repletos de fantasias e moldados pela visão medieval. O Novo Mundo é fértil, os nativos são inocentes (lembre-se da nudez!), o clima é ameno, a vida promete ser longa... Trata-se de uma visão medieval da natureza: a beleza com que se deparam e manifestação divina. IV. AUTORES 1 Pêro Vaz de Caminha A CARTA E SUAS CARACTERÍSTICAS A) QUANTO AO CONTEÚDO Assim, sintetizando diríamos que a Carta de Pêro Vaz de Caminha a certidão de nascimento do Brasil apresenta valor literário relativo e inequívoco valor histórico, sendo dotada das seguintes características: DESCRIÇÃO DA NATUREZA a riqueza da terra descoberta, a beleza da sua flora, da sua fauna, a bondade da terra, a pureza ao ar, o clima propício, tudo faz do Brasil um paraíso gerando um assombro diante desse mundo novo. DESCRIÇÃO DO ÍNDIO Ali andavam entre eles três ou quatro moças, muito novas e muito gentis, com cabelos muito pretos e compridos pelas espáduas, e suas vergonhas tão altas tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as muito bem olharmos, não tínhamos nenhuma vergonha. Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse as suas as vergonhas. Traziam nas mãos arcos e setas. Muitos deles ou a maioria dos que estavam ali traziam aqueles bicos de osso nos lábios. E alguns que deles eram desprovidos, tinham os lábios furados e nos buracos uns espelhos de pau, que precisam espelho de borracha; outros traziam três daqueles bicos, um no meio e os dois outros nos lados da boca. Emprego constante de adjetivo o alto teor descritivo que Caminha imprimiu ao seu relato advém da forte adjetivação empregada. O PENSAMENTO MERCANTILISTA E O IDEAL DE PROPAGAÇÃO DA FÉ CRISTÃ Ao lado de um entusiasmo do homem europeu diante de uma exuberante paisagem e diante dos costumes indígenas, a carta, através de Pêro Vaz de Caminha, deixa transparecer que dois eram os objetivos dos portugueses: a possibilidade de descobrir riquezas materiais e a conquista espiritual através da ampliação do Cristianismo, mais tarde tarefa dos Jesuítas conforme os princípios da Contra-Reforma. 2. Pêro de Magalhães Gândavo Tivemos a primeira tentativa sistematizadora de descrição da terra, acentuando o enfoque comparativo com as coisas distantes de além-mar e também o primeiro esboço da história do Brasil-Colônia, do descobrimento ao Governo Geral. Com ele, o índio não é mais visto com a simpatia dos autores anteriores, e se põe em dúvida o programa da cristianização. Observe outras obras importantes e seus autores: a) Diário de Navegação (1530-1532), de Pedro Lopes de Sousa Documento histórico sobre o Brasil da primeira metade do século VI, descreve minuciosamente a aparência, os usos e costumes dos indígenas brasileiros e seus contatos com os brancos. b) Tratado descritivo do Brasil (1587), de Gabriel Soares de Sousa De caráter enciclopédico, constitui uma das mais expressivas obras da literatura informativa do século VI. Apesar do exagero nativista, registra observações sobre a paisagem e as riquezas brasileiras, o homem (branco, negro e índio) e sobre a colonização portuguesa. c) Diálogos das grandezas do Brasil (1618), de Ambrósio Fernandes Brandão Consta de seis diálogos de inestimável valor para a Cultura e Historiografia brasileiras, pelas descrições precisas da sociedade colonial, das riquezas brasileiras e possibilidades da terra. Estilisticamente, associa-se ao Barroco e ao espírito do século VII. V. LITERATURA DOS JESUÍTAS Os primeiros jesuítas (eram sete!) chegaram em 1549 ao Brasil. A obra jesuítica, como um todo, documenta e 2

esclarece objetivos e realizações precípuos da Companhia de Jesus no Brasil: a catequese do gentio e o ensino. Logo na primeira carta de Manuel da Nóbrega (1549) podemos observar um precioso documento sobre o caos moral e espiritual de Salvador por ocasião da chegada do primeiro Governo Geral. VI. TRAÇOS MARCANTES 1. Textos com intenção pedagógica e moralizante. 2. Tem como objetivo catequizar os índios, formar novos cristãos. 3. Contribui para a edificação de cidades: Salvador, Rio; fundação de São Paulo, colégios, abertura de vias de comunicação, procurando estreitar o relacionamento com os índios. 4. Tradicionalismo medieval representaram autos nas grandes festas como o Natal. 5. Utilizaram o folclore local. 6. Traços antecipadores do Barroco VII. AUTORES 1. Padre Manoel da Nóbrega (1517-1570) Cartas e Diálogos sobre a Conversão do Gentio. 2. Padre José de Anchieta Chegou com Duarte da Costa, em 1553. Personalidade literária completa. Síntese do século VI. Fez o primeiro trabalho dramático escrito no Brasil: O auto bilíngüe da Pregação Universal (Piratininga, futura São Paulo). Sua obra poética, aparentemente ingênua, feita para o canto coral de almas simples, é no entanto marcada pela melancolia e o desengano barroco. Grande humanista. Obra apoiada na cultura latina e na tradição literária proveniente da Idade Média, do Humanismo à Contra- Reforma. Pressupunha simplicidade de linguagem e de estrutura, acessibilidade à compreensão. Preocupação didática e moralizante. PROSA Arte de Gramática da língua mais usada na costa do Brasil (1595). Vocabulário da Língua Tupi. Cartas, Sermões, fragmentos histórico-informativos. POESIA E TEATRO De Beata Virgine Dei Matre Maria (poema da Bem-Aventurada Virgem Maria, publicado em 1672). Poesias. Autos (Quando, no Espírito Santo, se recebeu uma relíquia das Onze Mil Virgens; Dia da Assunção; Auto da Festa de São Lourenço; Auto da Vila de Vitória; Auto da Visitação de Santa Isabel). O poema da Virgem consta de 5.786 versos e conta a vida de Maria, mãe de Jesus, Divide-se em cinco livros ou cantos: I) Infância de Maria; II) A encarnação do Verbo; III) Maternidade de Jesus; IV) Infância de Jesus; V) Paixão e glória do filho e da mãe. I SÍNTESE GRÁFICA BARROCO 1. Antigüidade Clássica Idade Média Classicismo Barroco Do séc. V ao séc. V Século VI Ideais medievais Ideais renascentistas Teocentrismo Antropocentrismo Teocentrismo Antropocentrismo Religiosidade Racionalismo Religiosidade Racionalismo Do século I a.c. ao século IV. Desprezo ao homem Valorização do humano Vida mística Vida mundana Valorização do sagrado Clareza, serenidade, equilíbrio Espiritualismo Terrenalismo Arte obscura Valorização do clássico greco-latino Esquecimento do clássico greco-latino 3

2. A ARTE DO CONFLITO BASES IDEOLÓGICAS CLASSICISMO HUMANISTA E UNIVERSALISTA MEDIEVALISMO TEOCÊNTRICO E INDIVIDUALISTA TRIBUNAL DA SANTA INQUISIÇÃO O CONCÍLIO DE TRENTO CONTRA-REFORMA ÍNDE CHOQUE DE VISÕES IDEOLÓGICAS ANTROPOCENTRISMO - RAZÃO TEOCENTRISMO - FÉ VALORES DEFENDIDOS PELA MENTALIDADE CLÁSSICA EPANSIONISTA VALORES DEFENDIDOS PELO CLERO E PELA NOBREZA DESEQUILÍBRIO SENSO DO CORPO, PRAZERES E PAIÕES MUNDANAS ALMA, CÉU, DEUS, ETERNIDADE SÍNTESE RAZÃO EMOÇÃO LINGUAGEM CULTISMO / GONGORISMO CONCEPTISMO / QUEVEDISMO II SITUAÇÃO HISTÓRICA A LINHA DE TEMPO a) O homem do século VII vive sob o influxo de uma herança contraditória. De um lado, a Contra-Reforma católica faz ressurgir o espírito da Idade Média, com sua religiosidade e a censura dos sentidos. De outro lado, o Renascimento ensina-o a abrir os olhos para a natureza e desperta-lhe os sentidos que funcionam para registrar o mundo que o rodeia. Um duelo entre corpo e alma, céu e terra, sobrenatural e natural fazem do homem barroco um ser contraditório, dual; isto reflete-se em sua arte e sua literatura. b) MUNDIAL Portugal sob o domínio espanhol. Atuação da Companhia de Jesus Católicos Protestantes Absolutismo c) BRASILEIRO Ciclo da cana-de-açúcar Invasões holandesas Centros econômicos e culturais: Bahia e Pernambuco Início 1601 Publicação de Prosopopéia, de Bento Teixeira. Término 1768 Publicação de Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa. III TRAÇOS MARCANTES 1. CONCEITOS Releia o contexto apresentado no início do seu módulo, por Jayme Barros. a) HOMEM O homem é um ser que vive uma tensão gerada por dualismos e conflitos: terrenalismo sobrenaturalismo. sensualismo espiritualismo. apelos do mundo busca de Deus. apego às coisas terrenas consciência da efemeridade de tudo. busca do prazer consciência do pecado. apego ao pecado medo da condenação eterna arrependimento. 4

Visão trágica da existência. Posturas contraditórias que vão do hedonismo ao pessimismo, do platonismo ao erotismo até mesmo pornográfico, do misticismo à irreverência e blasfêmia contra Deus. A busca da felicidade eterna (vida pós-morte): a consciência do prazer terreno como pecado, mas a impossibilidade de desvincular-se deste prazer. Daí a angústia existencial. b) MUNDO O mundo essencial é o invisível, aquele em que o homem viverá eternamente após-morte. O morrer em estado de graça ou em estado de pecado levará o homem ao mundo de infinita beleza (o céu) ou de terríveis tormentos (o inferno). O mundo visível é fonte de prazer e de angústia, de riqueza e de miséria. A busca do prazer se torna angustiosa, à medida que o homem tem consciência da transitoriedade de tudo. Aprofunda essa angústia a consciência de que o prazer terreno e o apego aos bens materiais são pecados. Por outro lado, mesmo consciente do pecado, o homem se sente fortemente atraído pelos prazeres terrenos e pelos bens materiais. c) ARTE Arte: expressão dos estados contraditórios do homem. Daí as contradições da arte barroca. O Barroco = arte das paixões, a assimetria, o desequilíbrio, o fusionismo (a tentativa de unir pólos opostos). Como manifestação dos ideais da Contra-Reforma, a arte é usada como instrumento didático e moralizador : a necessidade de atingir o homem sensual da época através de impressões sensoriais torna a arte barroca, a arte do espanto, do deslumbramento: a riqueza, o ornamentalismo, o gosto do detalhe, os temas que impressionam (morte, túmulo, inferno etc.). Em síntese: busca de formas e temas que impressionam os sentidos, através dos quais se procura transmitir os valores religiosos. 2. CULTO DO CONTRASTE, FUSIONISMO TETO Anjo no nome, Angélica na cara! Que por seu Deus o não idolatrara? Se pois como Anjos sois dos meus altares, Fordes o meu Custódio, e a minha guarda Livrara eu de diabólicos azares. Mas vejo, que por bela, e por galharda, Posto que os Anjos nunca dão pesares. Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda. (Gregório de Matos) 3. CONSCIÊNCIA DA BREVIDADE DA VIDA E BUSCA DO PERDÃO DIVINO TETO Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado, Da vossa piedade me despido, Porque quanto mais tenho delinquido, Vos tenho a perdoar mais empenhado. Se basta a vos irar tanto um pecado, A abrandar-vos sobeja um só gemido, Que a mesma culpa, que vos há ofendido, Vos tem para o perdão lisonjeado. Se uma ovelha perdida, e já cobrada Glória tal, e prazer tão repentino vos deu, como afirmais na Sacra História: Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada Cobrai-a, e não queirais, Pastor divino, Perder na vossa ovelha a vossa glória. (Gregório de Matos) despido (despeço) forma regular de despedir-se apartar-se, afastar-se; renunciar; delinqüir cometer delito; pecar; empenhar forçar, obrigar, compelir; sobejar ser por demais; ser mais que suficiente; cobrada recobrada, recuperada. Isso é ser flor, e Anjo juntamente: Ser Angélica flor, e Anjo florente, Em quem, senão em vós, se uniformara? Quem varia uma tal flor, que na não cortara, Do verde pé, da rama florescente? E quem um Anjo vira tão luzente, 5

SE LIGUE! Influência do conceptismo de Quevedo Ele tenta convencer Deus de que merece o seu perdão CONCEPTISMO OU QUEVEDISMO O JOGO DE IDÉIAS argumentação sutil raciocínios complicados dialética, conceitos opostos associações inesperadas silogismo sofismas contrastes, paradoxos (bem x mal, vida x morte) O pecador diz que não desiste da piedade divina porque quanto mais ele peca, mais Deus fica obrigado a perdoá-lo. Observe de outra forma o que os versos 5 e 6 dizem. Observe que o soneto começa com uma sincera confissão de culpa: Pequei, Senhor! Mas esse tom de humildade, próprio de quem se arrepende, é logo substituído pela frieza do raciocínio, pela esperteza de uma argumentação que tenta provar o direito ao perdão. Observe este outro comentário de Emília Amaral e os demais co-autores: Não podíamos encontrar melhor exemplo das contradições do espírito barroco em que convivem a humildade e pequenez do homem diante de Deus, num ato de contrição (o teocentrismo contra-reformista), unidos, paradoxalmente, ao orgulho e à altivez da inteligência (antropocentrismo). Observe que a autoconfiança do eu-lírico chega ao ponto do desafio na última estrofe. ATENÇÃO! CULTISMO OU GONGORISMO O JOGO DE PALAVRAS rebuscamento da forma vocabulário precioso, erudito, latinista inversão da ordem direta da frase (hipérbato) imitação da sintaxe do latim clássico valorização do pormenor abuso no emprego de figuras de linguagem valorização dos sentidos (cor, forma, contorno, volume) 4. USO ECESSIVO DE FIGURAS DE LINGUAGEM HÁ NOS TETOS BARROCOS UMA HIPERTROFIA FORMAL Os escritores barrocos enfocam bastante a irregularidade, em contraposição à simetria e à regularidade do classicismo. Ela é a marca do novo estilo, expressando o pessimismo, o conflito, o desequilíbrio entre a razão e a emoção. Literariamente: 1 Metáfora revelando a tendência à alusão e à descrição indireta. 2 Antítese e paradoxo exprimindo a coexistência angustiada de ideias e sentimentos opostos e contraditórios. 3 Hipérbole expressão da perplexidade diante do mundo e da vida. 4 Hipérbato refletindo na inversão da frase as contorções da alma. AUTORES 1 GREGÓRIO DE MATOS Gregório de Mattos e Guerra (1639-1695) é um exemplo de duração histórica e literária no contexto da língua portuguesa. Mais conhecido, reconhecido, estudado e festejado no Brasil, com uma fortuna crítica de grande importância, é um poeta que não publicou livro em vida, nem os poemas líricos e sacros (os bem comportados), como fez o seu contemporâneo Manuel Botelho de Oliveira. A sua poesia, o corpus gregoriano, permaneceu guardada em códices manuscritos apógrafos, em sua maioria do século VIII, um autêntico tesouro barroco, existentes em arquivos e bibliotecas portuguesas, brasileiras e U.S.A, quando houve a soa exumação no século I, com poemas publicados, pela primeira vez, em antologias Florilégio e Parnasos até, a edição da Academia Brasileira de Letras (1923-1933), em 6 volumes, coordenada, censurada e expurgada por Afrânio Peixoto, e a edição de 1968, incluindo toda a satírica, erótica e escatológica, impublicável no início do século, está agora organizada por James Amado, em 7 volumes, e novamente editada em 2 volumes. Obra Poética, Rio, Record, 1990. DIVISÃO DA OBRA Poesia lírica Poesia satírica religiosa amorosa filosófica Ele também escreveu poesia burlesca, fescenina, economiástica e laudatória. 6

TETO A CRISTO N.S. CRUCIFICADO ESTANDO O POETA NA ÚLTIMA HORA DE SUA VIDA Meu Deus. que estais pendente de um madeiro, Em cuja lei protesto de viver, Em cuja santa lei hei de morrer, Animoso, constante, firme e inteiro: Neste lance, por ser o derradeiro, Pois vejo a minha vida anoitecer, É, meu Jesus, a hora de se ver A brandura de um Pai, manso Cordeiro. Mui grande é o vosso amor e o meu delito; Porém pode ter fim todo o pecar, E não o vosso amor, que é infinito. Esta razão me obriga a confiar, Que, por mais que peguei, neste conflito Espero em vosso amor de me salvar. SE LIGUE! Poesia lírico-religiosa expressa a culpa e o arrependimento. O texto enfoca a insignificância do homem perante Deus, a consciência nítida do pecado e a busca do perdão. Nas duas primeiras estrofes, o poeta expressa a contrição religiosa e a crença no amor infinito de Cristo, para manifestar, no final, a certeza do perdão. O soneto encobre uma formulação silogística, que se pode expressar dessa maneira: o amor de Cristo é infinito (verso 11); o meu pecado, por maior que seja, é finito, e menor que amor de Jesus (versos 9 e 10). Logo, por maior que seja o meu pecado, eu espero salvar-me (versos 13 e 14). Na sua poesia religiosa percebemos os seguintes temas: o sentimento de culpa a volta para Deus (depois de ter pecado muito!) a consciência do pecado o desejo de salvação TETOS SATÍRICOS Soneto Neste mundo é mais rico, o que mais rapa: Quem mais limpo se faz, tem mais carepa: Com sua língua ao nobre o vil decepa: O Velhaco maior sempre tem capa. Mostra o patife da nobreza o mapa: Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa, Quem menos falar pode, mais increpa: Quem dinheiro tiver, pode ser Papa. A flor baixa se inculca por Tulipa: Bengala hoje na mão, ontem gariopa:* Mais isento se mostra, o que mais chupa, Para a tropa do trapo vazo a tripa, E mais não digo, porque a Musa topa Em apa. epa, ipa, opa, upa. (In. DIMAS, Antonio (org.). Gregório de Matos, São Paulo, Abril-Educação, 1980. Coleção Literatura Comentada) 7

ATENÇÃO! Na poesia satírica, o Boca do Inferno faz a crítica aos costumes de seu tempo ( rindo, castiga os costumes ). Essa sua poesia é um excelente material sociológico. Como bem afirma o querido amigo Nelson Souza, no aspecto formal, traz uma inovação de linguagem, uma vez que ela é popular, onde são frequentes os termos de baixo calão. Traços da sátira linguagem livre, espontânea; tom bastante agressivo, ferino; crítica aos costumes da sociedade baiana; satiriza o clero, os negros, os mulatos; denuncia a incompetência dos políticos da época. PADRE ANTÔNIO VIEIRA Um verdadeiro arquiteto de sonhos. Sua obra está marcada pela constante inquietação de seu espírito em relação às principais questões de caráter social, político e econômico. escravos Defendeu: judeus índios Incomodou muitas pessoas importantes da época. 8