MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DECEx - DFA - DEPA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DO EXÉRCITO E COLÉGIO MILITAR DE SALVADOR



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Transcrição:

MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DECEx - DFA - DEPA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DO EXÉRCITO E COLÉGIO MILITAR DE SALVADOR 1º Ten Al WAGNER COMIN SONÁGLIO MIGRAÇÃO PARA SOFTWARE LIVRE: ESTUDO DE CASO NO AMBIENTE ESCOLAR DA ESAEX/CMS Salvador 2010

1º Ten Al WAGNER COMIN SONÁGLIO MIGRAÇÃO PARA SOFTWARE LIVRE: ESTUDO DE CASO NO AMBIENTE ESCOLAR DA ESAEX/CMS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Comissão de Avaliação de Trabalhos Científicos da Divisão de Ensino da Escola de Administração do Exército, como exigência parcial para a obtenção do título de Especialista em Aplicações Complementares às Ciências Militares. Orientador: Cap QCO Alexandre José Ribeiro Co-orientador: Cap QCO Luiz Fernando Sousa da Fonte Salvador 2010

S698 Sonáglio, Wagner Comin. Migração para Software Livre: Estudo de caso no ambiente escolar da EsAEx/CMS / Sonáglio, Wagner Comin. 46 f. : 27,9 cm Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Especialização em Aplicações Complementares às Ciências Militares) Escola de Administração do Exército, Salvador, 2010. Bibliografia: f. 43-44 1. Software Livre. 2. Migração. 3. Customização. I Título. CDD 005.1

1º Ten Al WAGNER COMIN SONÁGLIO MIGRAÇÃO PARA SOFTWARE LIVRE: ESTUDO DE CASO NO AMBIENTE ESCOLAR DA ESAEX/CMS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Comissão de Avaliação de Trabalhos Científicos da Divisão de Ensino da Escola de Administração do Exército, como exigência parcial para a obtenção do título de Especialista em Aplicações Complementares às Ciências Militares. Aprovado em: / /2010 Éldman de Oliveira Nunes TC Presidente Escola de Administração do Exército Alexandre José Ribeiro Cap 1º Membro Escola de Administração do Exército Luiz Fernando Sousa da Fonte Cap 2º Membro Escola de Administração do Exército

Aos meus pais, Ulisses Sonáglio e Libera Comin Sonáglio, meus irmãos, a minha namorada Sabrina Gonçalves Rogério, ao meu orientador, Cap QCO Alexandre José Ribeiro, e ao meu co-orientador, Cap QCO Luiz Fernando Sousa da Fonte.

AGRADECIMENTOS Agradeço, primeiramente a Deus, por estar sempre comigo em todos os momentos de minha vida. Agradeço de uma forma geral, a todos aqueles que contribuíram de alguma maneira para que este trabalho pudesse ser realizado. A todos, meus mais sinceros agradecimentos.

RESUMO O Software Livre é uma opção cada vez mais adotada por instituições públicas e privadas. Esse fato se deve ao caso de que o Software Livre apresenta inúmeras vantagens na sua adoção, em relação ao Software Proprietário, que não se limitam somente à redução de custos, mas variam desde custos até a utilização de equipamentos antes obsoletos, incluindo também as vantagens operacionais e independência de fornecedor. O presente trabalho demonstra uma análise baseada em um questionário aplicado com perguntas sobre Software Livre, sobre o processo de Migração de Software Livre no Exército Brasileiro e sobre a utilização de um ambiente de trabalho modificado da distribuição Ubuntu do sistema operacional livre GNU/Linux, alterado para dar a forma de um sistema mais amigável para o usuário final. O objetivo principal desta alteração foi verificar a adaptação dos usuários ao Software Livre através da utilização de um ambiente operacional semelhante ao já utilizado por estes, utilizando como fonte de dados o questionário respondido. Essa pesquisa foi realizada no ambiente escolar da Escola de Administração do Exército e Colégio Militar de Salvador. A análise principal do trabalho apresenta os principais óbices encontrados pelos usuários na utilização de Software Livre e o resultado da utilização do sistema modificado pelos entrevistados. Palavras Chave: Software Livre, Migração, Linux, Customização.

ABSTRACT Free Software is an option increasingly adopted by public and private institutions. This is due to the case of that Free Software has many advantages in its adoption, in relation to the Proprietary Software, which is not limited only to reduce costs, but costs range from even before the use of obsolete equipment, including the merits operational and vendor independence. This paper presents an analysis based on a questionnaire with questions on Open Source on the Migration Process of Free Software in the Brazilian Army and the use of a modified work environment of the Ubuntu distribution of free operating system GNU/Linux, as amended to give way to a more friendly end-user. The purpose of this amendment was to investigate the adaptation of users to Free Software through the use of an operating environment similar to that used by them as a data source using the completed questionnaire. This research was conducted in the Escola de Administração do Exército e Colégio Militar de Salvador. The main analysis of the paper shows the main obstacles encountered by users in the use of Free Software and the result of the use of modified system by the interviewees. Key-words: Free Software, Migration, Linux, Customization.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Símbolo do Copyleft...16 Figura 2: Tipos de licenças de Software Livre...17 Figura 3: Funcionamento do Shell...22 Figura 4: Sequência do ciclo do plano de migração...32 Figura 5: Área de trabalho padrão do Ubuntu...34 Figura 6: Área de trabalho do Ubuntu modificada...35 Figura 7: Sistema de arquivos e janelas do Ubuntu após a modificação...35 Figura 8: Gráfico sobre origem do conhecimento sobre Software Livre...37 Figura 9: Gráfico sobre as dificuldades encontradas na utilização do Software Livre...38

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS TI EsAEx/CMS GNU FSF GPL DFSG BSD SO CISLEB CESL ODG ODS DCT Tecnologia da Informação Escola de Administração do Exército e Colégio Militar de Salvador GNU is Not Unix Free Software Fundation GNU General Public License Debian Free Software Guidelines Berkeley Software Distribution Sistema Operacional Comunidade Interna de Software Livre no Exército Brasileiro Comitê Executivo de Software Livre Órgão de Direção Geral Órgão de Direção Setorial Departamento de Ciência e Tecnologia

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...11 1.1 PROBLEMÁTICA...12 1.2 OBJETIVOS...12 1.2.1 Objetivo Geral...12 1.2.2 Objetivos Específicos...13 1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO...13 2 SOFTWARE LIVRE...14 2.1 FUNDAMENTOS E CONCEITOS DE SOFTWARE LIVRE...14 2.1.1 Definições Preliminares...14 2.1.2 Definição de Software Livre...15 2.1.3 Liberdades do Software Livre...15 2.1.4 Licenças de Software Livre...16 2.1.4.1 GPL General Public License...17 2.1.4.2 Debian...17 2.1.4.3 BSD Berkeley Software Distribution...18 2.1.4.4 X.org...18 2.1.4.5 Outros Tipos de Licenças...18 2.2 O SISTEMA OPERACIONAL LINUX...19 2.2.1 Histórico...20 2.2.2 Características do Linux...21 2.3 O SISTEMA OPERACIONAL GNU/LINUX UBUNTU...23 3 MIGRAÇÃO DE SOFTWARE...25 3.1 GOVERNO BRASILERO, TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E SOFTWARE LIVRE...25 3.2 RAZÕES PARA ADOÇÃO DO SOFTWARE LIVRE...26 3.3 PLANO DE MIGRAÇÃO PARA SOFTWARE LIVRE NO EXÉRCITO BRASILEIRO...27 3.3.1 Justificativa para Adoção do Software Livre no Exército...28 3.3.2 Objetivos do Plano de Migração de Software Livre no Exército...28 3.3.3 Visão Geral do Plano de Migração...29 3.3.4 Metas Gerenciais...30 3.3.4.1 Primeira Etapa do Plano de Migração...30 3.3.4.2 Segunda Etapa do Plano de Migração...31 3.3.5 Ações Específicas...31 4 REFERENCIAL METODOLÓGICO...33 5 ESTUDO DE CASO DE MIGRAÇÃO DE SOFTWARE LIVRE NO AMBIENTE ESCOLAR DA ESAEX/CMS...34 5.1 MODIFICAÇÃO DO SISTEMA OPERACIONAL GNU/LINUX...34 5.2 PROCEDIMENTOS EXECUTADOS PARA A AQUISIÇÃO DOS DADOS...36 5.3 ANÁLISE DOS DADOS EM RELAÇÃO AO CONHECIMENTO SOBRE SOFTWARE LIVRE E O AMBIENTE MODIFICADO...36 5.3.1 Conhecimento dos Entrevistados sobre Software Livre...36

5.3.2 Expectativas em relação a Migração para Software Livre no Exército Brasileiro...39 5.3.3 Respostas dos Usuários em Relação a utilização do Sistema Modificado...39 CONCLUSÃO...41 REFERÊNCIAS...43 APÊNDICE A Questionário para diagnóstico do processo de migração...45 APÊNDICE B Termo de consentimento livre e esclarecido...46

11 1 INTRODUÇÃO Atualmente a informática está presente em praticamente todos os setores das mais diversas atividades (ABÍLIO, 2007), onde são utilizados diversos softwares e sistemas operacionais de diferentes empresas que satisfazem as necessidades dos usuários, seja para trabalhar, estudar ou para lazer. No entanto, segundo Abílio (2007), poucas pessoas se atentam para o fato de que por trás destes sistemas existem licenças de uso que regulamentam estes programas, onde o não cumprimento destes regulamentos podem gerar processos e condenações, especialmente no caso dos Softwares Proprietários 1. Segundo o Guia Livre (BRASIL, 2005, p. 45), a definição de Software Livre é a seguinte: Software Livre é o software disponibilizado, gratuitamente ou comercializado, com as premissas de liberdade de instalação; plena utilização; acesso ao código fonte; possibilidade de modificações e aperfeiçoamentos para necessidades específicas; distribuição da forma original ou modificada, com ou sem custos. O Software Livre proporciona benefícios econômicos maiores do que o licenciamento de software. A confiabilidade dos Softwares Livres proporcionam reduções de custos operacionais e a disponibilidade de código-fonte permite a adaptação dos sistemas as necessidades dos usuários. O estudo do código-fonte do programa de código aberto ainda permite condições de aprendizagem que são inviáveis com o software fechado (GOVERNO DO ESTADO DE GOIÁS, 2007). O Exército Brasileiro é uma das principais instituições brasileiras que utilizam o Software Livre. Segundo o Plano para Migração para Software Livre no Exército Brasileiro, um dos grandes objetivos do exército em relação a área de Tecnologia da Informação (TI) é a adoção de soluções livres ou abertas, cuja implantação é considerada definitiva, e a sua utilização deve ser um objetivo permanente para todas as unidades do exército (EXÉRCITO BRASILEIRO, 2010). 1 Software Proprietário ou não-livre é aquele cuja cópia, redistribuição ou modificação são em alguma medida restritos pelo seu criador ou distribuidor. A expressão foi cunhada em oposição ao conceito de Software Livre (WIKIPEDIA, 2010a).

12 1.1 PROBLEMÁTICA Segundo o Plano para Migração para Software Livre no Exército Brasileiro (EXÉRCITO BRASILEIRO, 2010), um dos grandes objetivos do Exército em relação a área da Tecnologia da Informação (TI) é a adoção soluções livres ou abertas, e a sua utilização deve ser um objetivo permanente para para todas as unidades do Exército. Entretanto, para o usuário final há uma dificuldade em relação a aceitação do ambiente dos sistemas operacionais livres, pois se trata de um sistema diferente do que o usuário geralmente já está habituado. Esta situação se dá principalmente em relação ao ambiente de trabalho dos sistemas operacionais de código-aberto (BRASIL, 2005). Portanto, de acordo com estes problemas, surge a seguinte questão: como encontrar um meio de facilitar a adaptação do usuário final para o Software Livre? 1.2 OBJETIVOS Neste item serão tratados os objetivos gerais e específicos do presente trabalho. 1.2.1 Objetivo Geral Facilitar a implantação do Software Livre no Exército Brasileiro, especialmente na unidade da Escola de Administração do Exército e do Colégio Militar de Salvador (EsAEx/CMS), mediante a adaptação da distribuição de codinome Ubuntu do sistema operacional GNU/Linux 2 disponibilizando um ambiente prático e mais próximo do uso habitual do utilizador final, realizando para tal, um estudo de caso no ambiente escolar da EsAEx/CMS. 2 GNU é um projeto iniciado por Richard Stallman em 1984, com o objetivo de criar um sistema operacional totalmente livre, que qualquer pessoa teria direito de usar, estudar, modificar e redistribuir o programa e seu código-fonte, desde que garantindo para todos os mesmos direitos. GNU é um trocadilho de GNU is Not a Unix (GNU não é Unix) (WIKIPEDIA, 2010b).

13 1.2.2 Objetivos Específicos Os objetivos específicos do trabalhos são os seguintes: a) Coletar informações que permitam mapear, e definir os principais problemas encontrados pelos usuários finais no ambiente escolar da EsAEx/CMS na adaptação ao Software Livre; b) Modificar a interface da distribuição Ubuntu do sistema operacional de código aberto GNU/Linux de forma que fique mais prática e amigável e desta forma facilitar a migração para o Software Livre aos utilizadores finais; c) Realizar testes do ambiente modificado com os usuários finais e armazenar as informações e d) Analisar os dados encontrados no estudo de caso e apresentar os resultados apontando os principais óbices e pontos positivos encontrados pelos usuários na implantação do Software Livre. 1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO Este trabalho é formado por seis capítulos. No capítulo 1 há uma introdução sobre os temas envolvidos, a justificativa para a realização do projeto e seus objetivos. Nos capítulos 2 e 3 são abordados os temas relacionados a Software Livre e Migração de Software. O capítulo 4 realiza uma explicação sobre o referencial metodológico do trabalho, e o capítulo 5 apresenta o estudo de caso realizado e os resultados encontrados em sua execução. Por fim há uma conclusão e as possibilidades para trabalhos futuros. Os questionários utilizados na elaboração do estudo de caso seguem como apêndice.

14 2 SOFTWARE LIVRE Neste capítulo buscar-se-á explicar os conceitos e fundamentos de Software Livre, com o objetivo de possibilitar a demonstração prática da metodologia a ser executada pelo trabalho. 2.1 FUNDAMENTOS E CONCEITOS DE SOFTWARE LIVRE Nas seções a seguir serão apresentadas informações sobre o Software Livre e suas características. 2.1.1 Definições Preliminares A seguir serão explicados alguns conceitos utilizados durante o trabalho, de acordo com Hexsel (2002): a) Pacote: conjunto de arquivos distribuídos pelo autor do programa. Este conjunto de arquivos é composto pelo código-fonte dos programas que fazem parte do pacote, documentação e as versões executáveis; b) Autor: é a pessoa ou o conjunto de pessoas que produziu o pacote; c) Versão Original: versão originalmente distribuída pelo autor, sem nenhuma modificação; d) Trabalho Derivado: modificações no programa original que alteram apenas sua funcionalidade, ao invés de corrigir erros; e) Licença: termo de direitos onde o autor define até que ponto terceiros podem alterar e distribuir seus programas; f) Código-Fonte: versão daquele programa criada pelo autor, que descreve o comportamento do programa; g) Código-Executável: é o resultado da tradução do código-fonte para uma versão que será executada diretamente pelo computador;

h) Distribuição: consiste num conjunto de pacotes devidamente organizados e armazenados em um meio físico. 15 2.1.2 Definição de Software Livre Atualmente muito se fala em Software Livre, porém devido a inúmeras informações diferentes o usuário acaba por não discernir corretamente seu objetivo principal, ou interpretálo apenas como os softwares que não precisam ser pagos (NETO, 2008). Segundo Campos (2010a) Software Livre é qualquer programa de computador que pode ser copiado, modificado e redistribuído sem nenhuma restrição. Ao ser distribuído, o Software Livre é acompanhado de uma licença e de seu código-fonte. De acordo com estas licenças, o Software Livre pode ser vendido ou comercializado. 2.1.3 Liberdades do Software Livre Software Livre se refere também a existência de quatro tipos de liberdades definidas para os usuários. Essas liberdades foram definidas pela Free Software Fundation (FSF) (CAMPOS, 2010a). As quatro liberdades básicas criadas pela FSF são: a) Liberdade nº 0: liberdade de executar o programa, para qualquer propósito; b) Liberdade nº 1: liberdade de estudar como o programa funciona e adaptá-lo as suas necessidades. O acesso ao código-fonte é um pré-requisito a esta liberdade; c) Liberdade nº 2: liberdade de redistribuir cópias de maneira que você possa ajudar o próximo; d) Liberdade nº 3: liberdade de aperfeiçoar o programa, e liberar os seus aperfeiçoamentos, de modo que toda a comunidade se beneficie. O acesso ao códigofonte também é um pré-requisito a esta liberdade. De acordo com os itens anteriores, pode-se dizer que o Software é Livre se o usuário têm todas essas liberdades. Quando o software for livre, não é preciso pedir ou pagar pela permissão de modificá-lo e/ou redistribuí-lo. Esta liberdade deve abranger tanto a distribuição do código-fonte quando do código-binário executável.

16 2.1.4 Licenças de Software Livre Antes de iniciar a discussão sobre as licenças de software, será feita uma breve explicação sobre o Copyleft, uma extensão das quatro liberdades de Software Livre. Segundo Campos (2010a), Copyleft diz que qualquer pessoa que modifica e/ou distribui um Software Livre deve passar adiante a liberdade de copiar e modificar novamente o programa, ou seja, garante que todos os usuários tenham liberdade. Nem todas as licenças incluem a característica de Copyleft, como será visto a seguir. A Figura 1, exibida logo abaixo, exibe o símbolo do Copyleft, que faz um trocadilho em referência ao Copyright 3 : Figura 1: Símbolo do Copyleft Fonte: Campos (2010a) Existem vários tipos de licenças para a distribuição de Software Livre (GNU, 2010), que são diferenciados pelo grau de liberdade dado ao usuário. A Figura 2 a seguir mostra os tipos mais comuns de licença e o espectro do Software Proprietário até o Software Livre: 3 Segundo a Wikipedia (2010c), Copyright ou Direitos Autorais são as denominações utilizadas em referência ao rol de direitos aos autores de suas obras intelectuais que pode ser literárias, artísticas ou científicas.

17 Figura 2: Tipos de licenças de Software Livre Fonte: Hexsel (2008) 2.1.4.1 GPL General Public License GPL é a Licença Pública Geral GNU (GNU General Public License). Acompanha todos os pacotes distribuídos pela GNU e mais uma grande variedade de softwares, como por exemplo o núcleo (código-fonte principal) do sistema operacional Linux. Esta licença impõe que o software distribuído por ela seja proibido de ser integrado em um software proprietário. A GPL é baseada na legislação internacional de Copyright, o que garante sua cobertura legal. 2.1.4.2 Debian Esta licença é um contrato social firmado entre a empresa Debian e a comunidade de Software Livre, e é chamada de Debian Free Software Guidelines (DFSG). Resumidamente,

esta licença contém critérios para a distribuição de Software Livre, incluindo a publicação do código-fonte. 18 2.1.4.3 BSD Berkeley Software Distribution A licença BSD cobre as distribuições da Berkeley Software Distribution, da Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos. Esta licença permite que o software seja vendido e não há obrigações de inclusão do código-fonte, podendo ser incluído em software proprietário inclusive. É considerada permissiva e garante apenas a autoria, fazendo com que projetos derivados não sejam livres. 2.1.4.4 X.org Esta licença distribui o X Window System, um ambiente gráfico para sistemas operacionais, que o faz Software Livre porém não adere ao Copyleft. Existem distribuições do X.org que são Software Livre e outras que não são. 2.1.4.5 Outros Tipos de Licenças Segundo os tipos de software listados pelo GNU (2010), existem dois tipos de software que são gratuitos porém não são Software Livre, pois não permitem acesso ao código-fonte, apenas ao código-binário: Freeware: software sem limite de recursos e de tempo de utilização; Shareware: software com limite de recursos e/ou de tempo de utilização.

19 2.1.5 Conceitos Complementares sobre Software Livre e Software em Geral Além do que foi explicado nos itens anteriores, existem outros conceitos sobre Software Livre que precisam ser citados, de acordo com os tipos citados pela GNU (2010): a) Software em Domínio Público: são os softwares sem Copyright. Apenas a autoria do software é mantida, podendo ser agregado em software proprietário; b) Software Semi-livre: é o software que não é livre, mas é concedida a permissão para copiar, modificar e distribuir desde que seja sem o propósito auferir lucros; c) Software Proprietário: é aquele que a cópia, modificação e distribuição são proibidas pelo autor. Para fazer deve-se ter permissão do dono ou pagar para fazê-lo; d) Software Comercial: é criado com o objetivo de obter lucro com sua utilização. Não se pode confundir comercial com proprietário, já que existem softwares comerciais que são Software livre. Outro termo bastante utilizado é o Open Source ou Código Aberto, que é todo programa que contém seu código-fonte disponível para o usuário. É um dos pré-requisitos para se definir Software Livre (NETO, 2008). 2.2 O SISTEMA OPERACIONAL LINUX Segundo a Wikipedia (2010d) um Sistema Operacional (SO) pode ser definido como: Um programa ou um conjunto de programas cuja função é gerenciar os recursos do sistema, além de fornecer uma interface entre o computador e o usuário. É o primeiro programa que a máquina executa no momento em que é ligada e, a partir de então, não deixa de funcionar até que o computador seja desligado. A partir dessa definição, um computador sem sistema operacional não tem finalidade, já que ele é o responsável pela interação das pessoas com o computador (MATOS, 2010). Existem diversos tipos de SOs, sendo que neste capítulo será tratado sobre a história e as característica do SO livre GNU/Linux, que é um Software Livre e será utilizado no desenvolvimento do trabalho.

20 2.2.1 Histórico Em meados da década de 60 o Laboratório Bell da empresa AT&T uniu-se a empresa General Eletric e ao projeto chamado MAC do MIT (Massachusetts Institute of Technology), que era voltado a desenvolver um sistema operacional que veio a se chamar MULTICS (MATOS, 2010). Este projeto não atingiu seus objetivos e os Laboratórios Bell se desligaram dele. Após isso, um cientista chamado Ken Thompson da empresa AT&T, que era um ex-integrante do grupo que desenvolvia o MULTICS, começou a desenvolver um novo sistema, que foi batizado de Unix. No início seu código-fonte era distribuído a universidades para fins de estudo. O Unix acabou crescendo muito dentro da AT&T, que aproveitando o filão de mercado, resolveu comerciá-lo com grande sucesso. Pode-se citar que sua principal desvantagem era ser muito caro e só funcionar em ambientes de hardware com preços altamente elevados (MATOS, 2010). Em 1991, um estudante de Ciência da Computação finlandês chamado Linus Torvalds começou a trabalhar em uma versão particular de sistema operacional baseado no Unix. O resultado deste trabalho foi o surgimento do Sistema Operacional Linux (Linus + Unix). Muitas pessoas confundem o nome Linux com o SO em si, quando na verdade, Linux é o Kernel ou núcleo do sistema, enquanto que o SO em si com todos seu programas aplicativos, é chamado de GNU/Linux, pois é distribuído de acordo com as normas da FSF (FILHO, 2007). A seguir uma lista das principais distribuições GNU/Linux segundo Campos (2010b): Conectiva (brasileira) ; Kurumin (brasileira) ; Debian BR CDD (brasileira) ; Debian ; Fedora ; Gentoo ; Knoppix ; Mandriva ; Red Hat ; Slackware ;

21 SUSE ; Ubuntu. 2.2.2 Características do Linux Para o bom entendimento do trabalho e dos textos a seguir serão apresentadas algumas características do Unix e do GNU/Linux, incluindo também alguns jargões típicos de quem trata este assunto, segundo referências pesquisadas. Principais características do Linux segundo Laureano (2010): a) Sistema Multi-Usuário: é possível existir várias contas de usuários no mesmo sistema, cada uma contendo seu próprio espaço na área de armazenamento, sem interferir no espaços dos outros. Existem espaços de acesso comuns e o hardware é distribuído igualmente (ou de acordo com a prioridade) para todos os usuários; b) Sistema Multi-Tarefa: os usuários podem executar vários aplicativos ao mesmo tempo. O sistema operacional é o responsável por controlar estas execuções paralelas. Os itens a seguir relacionam os jargões mais utilizados quando se fala de Linux (LAUREANO, 2010): a) Shell: é o interpretador de comandos do Linux (Figura 3). Ele recebe os comandos do usuário e ativa o sistema operacional para atender a estes comandos; b) Kernel: é o núcleo do sistema operacional. Faz o gerenciamento dos dispositivos de hardware e entrada e saída (E/S), controle de memória e utilização do processador; c) Comando : é um arquivo (programa executável) armazenado em um local específico; d) Processo: toda vez que um programa/comando é executado é gerado um processo no sistema. O sistema operacional faz o gerenciamento destes processos.

22 Figura 3: Funcionamento do Shell Fonte: Adaptado de Laureano (2010) No Linux existem dois tipos de usuários: o usuário normal e o super-usuário, chamado de root. O usuário comum tem apenas acesso a seus dados e diretórios, não podendo acessar os arquivos e processos de outros. O usuário root é o administrador e tem poder total sobre o sistema. Ele pode acessar todos os arquivos e processos. Existem alguns comandos, inclusive, que apenas podem ser acessados/executados pelo usuário root. O acesso ao super-usuário deve ser o mais restrito possível, visando a segurança do sistema. A estrutura de diretórios no Linux tem uma estrutura pré-definida com poucas variações. Seu sistema de arquivos e diretórios começa no diretório raiz / (equivalente ao C: do Microsoft Windows ). A partir do diretório localizam-se os outros diretórios. Esta estrutura é equivalente ao Unix, e os diretórios padrões são: a) / : diretório raiz; b) /bin: contém programas utilizados pelos usuários; c) /boot: arquivos de inicialização do sistema; d) /media: diretório onde se localizam os dispositivos do sistema (CD-ROM, pendrives, entre outros); e) /dev: contém arquivos utilizados para acessar dispositivos de hardware; f) /etc: arquivos de configuração do sistema; g) /home: diretório onde ficam armazenados os arquivos privativos de cada usuário (por

23 exemplo: /home/joao, /home/alice); h) /lib: bibliotecas utilizadas pelo sistema; i) /mnt: ponto de montagem de dispositivos do sistema; j) /root: diretório do super-usuário; k) /usr: contém grande parte dos programas aplicativos; l) /var: contém arquivos que são gravados com frequência pelo sistema. 2.3 O SISTEMA OPERACIONAL GNU/LINUX UBUNTU Este item realizará uma breve introdução sobre a distribuição GNU/Linux de codinome Ubuntu. Será apresentado um histórico e uma breve explanação sobre suas características. Em meados de 2004, um programador sul-africano chamado Mark Shuttleworth reuniu alguns desenvolvedores dos projetos Debian, GNOME e GNU Arch para discutir uma ideia sua. Sua ideia era criar um SO melhor do que os disponíveis até o momento. Juntos, eles discutiram esse plano e perceberam que poderiam torná-lo realidade. Esse grupo se autodenominou Os Warthogs. Desta forma foram iniciados os trabalhos, e o nome para a primeira versão deste sistema foi chamada de Warty Warthog (BACON; HILL, 2008). Ainda segundo Bacon & Hill (2008), seis meses após o lançamento do primeiro protótipo o Ubuntu conquistou o mundo, e segundo o Distrowatch (2010), site que monitora a utilização das distribuições do Linux na internet, o Ubuntu é a distribuição Linux mais utilizada atualmente. Seu código fonte é baseado na distribuição Debian, e sua ideia é oferecer um SO prático para que toda pessoa possa utilizar sem dificuldades. A cada seis meses é lançada uma nova versão, com atualizações e modificações realizadas por toda a comunidade Ubuntu. O Ubuntu, assim como algumas distribuições GNU/Linux, oferece: a) Instalador personalizado; b) Ambiente incluindo aplicativos e servidores para instalar novos programas após a instalação do sistema; c) Método de configuração padrão através do qual muitos programas podem ser configurados; d) Método padrão por onde os usuários podem relatar erros nos programas; e) Vasto número de repositórios de softwares.

Além dos itens citados acima, o Ubuntu possui uma vantagem muito importante. A empresa com fins lucrativos Canonical Ltda, fundada por Mark Shuttleworth, é responsável por desenvolver e dar suporte à distribuição Ubuntu. Isso garante uma confiabilidade e garantia de continuidade da distribuição, o que é difícil de acontecer com outras distribuições GNU/Linux (BACON, HILL, 2008). 24

25 3 MIGRAÇÃO DE SOFTWARE Neste capítulo serão apresentadas informações referentes a migração para Software Livre, suas razões e formas de aplicação, com ênfase em organizações públicas. A maior parte do texto terá como referência o Guia Livre (versão 1.02 de 2005), pois este documento é a referência para migração de Software Livre do Governo Brasileiro. 3.1 GOVERNO BRASILERO, TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E SOFTWARE LIVRE O Governo Brasileiro tem dado especial atenção quanto a evolução do papel da TI, conforme o Guia Livre (2005, p. 41): Nas últimas décadas do século XX, a sociedade experimentou profunda evolução tecnológica, especialmente difundida pela utilização de computadores nas mais diversas áreas de atuação. Essa evolução vem possibilitando significativas mudanças nos cenários social, político, econômico e cultural de todos os países, seja pelo uso intensivo das tecnologias da informação, seja pelo retardamento de aplicação destas, o que delimita o grau de desenvolvimento de uma nação. De acordo com estes fatos, o Governo tem buscado a inserção do país nesta chamada Sociedade da Informação. Seu objetivo é integrar, coordenar e fomentar ações para a utilização de tecnologias de informação e comunicação, de forma a contribuir para que a economia do país tenha condições de competir no mercado global e, ao mesmo tempo, contribuir para a inclusão social de todos os brasileiros na nova sociedade. Em setembro de 2000, o Governo criou o chamado Livro Verde, para impulsionar a implantação da Sociedade da Informação no Brasil. Após o lançamento do Livro Verde, foi criado diretrizes e ações para a criação do Governo Eletrônico, voltado para prestação de serviços do cidadão brasileiro. Com o passar do tempo ocorreu também o surgimento de uma nova preocupação para o Governo, a chamada Inclusão Digital - democratização do acesso a TI, de forma a incluir todos na Sociedade da Informação criando assim novos horizontes. Desta forma, o Governo priorizou novos focos de atuação, principalmente em relação a Inclusão Digital e ao Software Livre (GUIA LIVRE, 2005). Segundo as Oficinas de Planejamento Estratégico (2004), o Governo Eletrônico e a

Gestão de TI no Governo passou a ser concebido segundo sete princípios: a) Promoção da cidadania como prioridade; b) Indissociabilidade entre inclusão digital e o governo eletrônico; c) Utilização do Software Livre como recurso estratégico; d) Gestão do Conhecimento como instrumento estratégico de articulação e gestão das políticas públicas; e) Racionalização dos recursos; f) Adoção de políticas, normas e padrões comuns; g) Integração com outros níveis de governo e com os demais poderes. Neste contexto, o Governo Federal visa melhorar a prestação de serviços ao cidadãos, dando maior efetividade nas ações governamentais. Pode-se perceber, inclusive, a importância dada a utilização do Software Livre no âmbito federal. 26 3.2 RAZÕES PARA ADOÇÃO DO SOFTWARE LIVRE Segundo o Guia Livre (2005), a adoção de Software Livre pelo Estado é amparada principalmente pelos princípios de Impessoalidade, Eficiência e Razoabilidade 4, visando melhorar os serviços prestados. Existem inúmeras razões pela qual as instituições públicas adotem o Software Livre. A primeira delas é referente a economia com despesas antes utilizadas com Softwares Proprietários. Tais economias podem ser investidas em outras áreas. Existem também outros motivos especiais que podem ser citados: a) Necessidade de adoção de padrões abertos para o Governo Eletrônico; b) Nível de segurança proporcionado pelo Software Livre; c) Eliminação de mudanças compulsórias que os modelos proprietários impõem periodicamente a seus usuários, em face da descontinuidade de suporte a versões ou soluções; d) Independência tecnológica; e) Desenvolvimento de conhecimento local; f) Possibilidade de auditabilidade dos sistemas; 4 O artigo 37 da Constituição da República apresenta os Princípios Basilares da Administração Pública: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. O princípio da razoabilidade possui fundamentação implícita, sendo evidenciado em algumas Constituições Estaduais (GUIA LIVRE, 2005).

g) Independência de fornecedor único. Portanto, o Estado se beneficia diretamente com a adoção do Software Livre, tanto no aspecto social, quanto no desenvolvimento econômico. Desse modo, é possível a integração das políticas de modernização administrativa, inclusão social baseadas na TI e no desenvolvimento industrial. A questão do Software Livre está contextualizada em amplo cenário integrado, composto por ações de desenvolvimento tecnológico, inserção adequada do país na chamada Sociedade da Informação, promoção da cidadania, inclusão digital e racionalização de recursos. Diante do contexto, tornou-se fundamental a criação de um documento com o propósito de nortear as ações de migração para o Software Livre da Administração Pública Federal. Em face disso, foi criado em 2005, o documento intitulado Guia Livre: Referência de Migração para Software Livre do Governo Federal, que possui todas estas diretrizes (GUIA LIVRE, 2005). 27 3.3 PLANO DE MIGRAÇÃO PARA SOFTWARE LIVRE NO EXÉRCITO BRASILEIRO Assim como explicado anteriormente, o Governo Brasileiro define a utilização de Software Livre como uma opção estratégica, refletindo o interesse na melhoria da administração pública, decorrente da independência tecnológica e de fornecedor, além da economia de recursos sem a perda de qualidade nos serviços oferecidos. Dentro do Exército Brasileiro, essas estratégias também são importantes. O diferencial, que deve ser levado em consideração na área de atuação militar, é a Guerra Cibernética, que segundo Dutra apud Parks e Duggan (2007, p. 1), pode ser definida como: Guerra Cibernética é o sub-conjunto da guerra da informação que envolve ações realizadas no mundo cibernético. O mundo cibernético é qualquer realidade virtual compreendida numa coleção de computadores e redes. Existem diversos mundos cibernéticos, mas o mais relevante para a Guerra Cibernética é a Internet e as redes a ela relacionadas, as quais compartilham mídia com a Internet. A definição militar mais próxima para o nosso termo, guerra cibernética, é uma combinação de ataque a redes de computadores e defesa de redes de computadores, e possivelmente, operações especiais de informação. Nós definimos guerra cinética como sendo a guerra praticada no mundo real. Todos os tanques e navios e aviões e soldados tradicionais são os protagonistas da guerra cinética.

Segundo o Plano de Migração para Software Livre no Exército Brasileiro (EXÉRCITO BRASILEIRO, 2010), a Guerra Cibernética, que está dentro do escopo da Estratégia Nacional de Defesa, exige a independência tecnológica e o desenvolvimento de tecnologias próprias. Essas metas só poderão ser alcançadas com a utilização de Software Livre. Portanto, torna-se fundamental a migração para este novo ambiente, considerando os custos e riscos, de forma a realizar uma migração gerencialmente estável. Desta forma, foi criado o Projeto de Padronização do Ambiente Computacional e Migração para Software Livre do Exército Brasileiro, objetivando cumprir estes objetivos em concordância com o Guia Livre do Governo Federal. 28 3.3.1 Justificativa para Adoção do Software Livre no Exército O Plano para Migração de Software Livre no Exército Brasileiro (2010) diz que o Exército Brasileiro responsável pela defesa dos interesses constitucionais e do território brasileiro deve ser dotado de segurança tecnológica em suas soluções de TI, para fazer frente às ameaças de guerra cibernética. Para cumprir isso, o exército deve ter o controle do códigofonte de suas soluções de TI. Além disso, se o exército continuar adquirindo licenças de Software Proprietário, ele terá a permanente necessidade de adquirir novas licenças destes softwares. Isto gera um gasto de recursos em licenças de software que pode ser minimizado utilizando soluções livres. Aproveitando também o momento propício, se poderá também adotar o Software Livre em outros segmentos, aumentando ainda mais as vantagens. 3.3.2 Objetivos do Plano de Migração de Software Livre no Exército O objetivo do Exército Brasileiro em relação ao Software Livre é padronizar o ambiente computacional e a migração dos softwares de estações de trabalho e de servidores, alcançado todos os níveis da Instituição, a fim de garantir sua soberania na área de TI (EXÉRCITO BRASILEIRO, 2010). Além desse objetivo, existem outros objetivos específicos que devem ser citados:

a) Apresentar uma proposta de reformulação dos processos que envolvam a utilização e a aquisição de software no Exército Brasileiro; b) Propiciar uma substancial economia de custo de aquisição e manutenção de softwares; c) Incentivar a formação e consolidação de uma Comunidade Interna de Software Livre no Exército Brasileiro (CISLEB), sob a égide do Núcleo de Estudo de Software Livre (NESOL)/ Comitê Executivo de Software Livre (CESL), com procedimentos e ferramentas de colaboração bem definidos; d) Restringir o crescimento do legado baseado em tecnologia privada; e) Priorizar a aquisição de hardware compatível com as plataformas livres; f) Permitir o compartilhamento do conhecimento, fomentando a criação de uma CISLEB, prioritariamente focada em soluções de problemas advindos da utilização das ferramentas de software adotados; g) Fomentar a criação de um Banco de Talentos em Software Livre, sob gerenciamento do CESL, a fim de cadastrar as diversas capacidades e conhecimentos, na área de Software Livre, dos integrantes do Exército Brasileiro; h) Priorizar o desenvolvimento de softwares, com código aberto e com ferramentas sobre a licença Creative Commons e GNU Licença Pública Geral - CC-GNU GPL; i) Adotar como plataforma de desenvolvimento as linguagens de programação Java e PHP e utilizar o banco de dados PostgreSQL como SGBD (Sistema de gerenciamento de banco de dados); j) Restabelecer o Portal de Software Livre do Exército Brasileiro, onde serão divulgadas orientações, artigos e tutoriais e casos de sucesso na implantação e migração para Software Livre. 29 3.3.3 Visão Geral do Plano de Migração O Plano para Migração de Software Livre no Exército Brasileiro visa padronizar, direcionar, consolidar, a migração de maneira progressiva, organizada e com menos impacto para os usuários. Para isto é sugerido a criação de um Comitê Executivo de Software Livre (CESL) composto por membros do Órgão de Direção Geral (ODG), dos Órgãos de Desenvolvimento de Sistemas (ODS) e do Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT) e de um Grupo de Trabalho de Software Livre (GTSOL) composto por membros do Centro

Integrado de Telemática do Exército (CITEx), do Centro de Desenvolvimento de Sistema (CDS), Centros de Telemática de Área (CTA), Centros de Telemática (CT), gerenciados por um membro do DCT (EXÉRCITO BRASILEIRO, 2010). 30 3.3.4 Metas Gerenciais Segundo o Exército Brasileiro (2010), o Plano de Migração deverá atender as metas definidas em duas etapas, as quais podem ser revisadas de acordo com o andamento da migração. 3.3.4.1 Primeira Etapa do Plano de Migração A primeira etapa é compreendida no período de 01/06/2010 a 31/12/2011, e irá abranger as organizações do escalão superior do exército e os principais órgãos de TI (como o DCT, por exemplo). Esta etapa possui as seguintes metas (EXÉRCITO BRASILEIRO, 2010): a) Preparação do Plano do Migração e do Plano de Capacitação até 31/12/2010, considerando que estes deverão sofrer adaptações ao longo da execução e não possuirão fim; b) Migração de 100% do pacote de automação de escritório nos Órgãoes de Direção Setorial (ODS) e no DCT, para Software Livre, até 31/12/2010 e migração de 95% para os Órgãos de Direção Geral (ODG); c) Migração de pelo menos 80% dos sistemas operacionais, para GNU/Linux até 31/12/2010; d) Migração de 80% dos sistemas operacionais dos servidores departamentais para GNU/ Linux até 31/12/2011; e) Desenvolvimento de sistemas em plataforma livre e com o código aberto a partir da publicação deste plano; f) Montagem da estrutura de laboratório do Cluster 5 em Software Livre até 30/06/2010; 5 Um cluster, ou aglomerado de computadores, é formado por um conjunto de computadores, que utiliza um tipo especial de sistema operacional classificado como sistema distribuído (WIKIPEDIA, 2010d).

g) Implementação do ambiente de Cluster em Software Livre até 31/12/2010; h) Capacitação dos usuários do ODG e dos ODS até 31/12/2010, nas ferramentas de automação de escritório, por meio de Ensino a Distância e/ou presencial. 31 3.3.4.2 Segunda Etapa do Plano de Migração A segunda etapa é compreendida no período de 01/01/2011 a 31/12/2011, e irá abranger todas as demais organizações e unidades do Exército. Esta etapa tem como objetivo os seguintes itens (EXÉRCITO BRASILEIRO, 2010): a) Migração de 100% das ferramentas de automação de escritório para Software Livre (BROffice.org), em todos as unidades até o dia 31/06/2011; b) Migração de 100% dos sistemas operacionais das estações de trabalho para GNU/Linux até o dia 31/06/2011; c) Migração de todos os servidores das organizações e unidades até o dia 31/12/2012. 3.3.5 Ações Específicas Segundo o Exército Brasileiro (2010), o Plano de Migração está dividido em fases, que estão listadas abaixo: a) Planejamento; b) Diagnóstico e Levantamento; c) Comunicação; d) Capacitação; e) Migração do Pacote de Automação de Escritório; f) Migração do Sistema de Correio Eletrônico; g) Adequação dos Sistemas (sistemas corporativos em produção); h) Migração do Navegador Web; i) Migração de Softwares Específicos (sistemas corporativos); j) Migração para Linux nas Estações de Trabalho; k) Migração dos Servidores Departamentais e Locais.

A sua ordem de apresentação não representa uma sequência fixa entre elas. Os planos serão realizados em ciclo, que significa a sequência de fases a serem realizadas. A Figura 4 exibe a sequência de um ciclo: 32 Figura 4: Sequência do ciclo do plano de migração Fonte: Exército Brasileiro (2010)

33 4 REFERENCIAL METODOLÓGICO Para o desenvolvimento do trabalho de conclusão de curso da Escola de Administração do Exército - Curso de Formação de Oficiais 2010, inicialmente, foi feita uma pesquisa em documentação indireta utilizando-se de fontes secundárias como: livros, artigos científicos, teses, dissertações, sítios na internet, e documentos oficiais do Governo Federal sobre Software Livre e migração de software. Com a finalidade de realizar o estudo de caso proposto pelo trabalho, foi realizado uma pesquisa qualitativa descritiva no ambiente escolar da EsAEx/CMS com o objetivo de encontrar os principais óbices quanto à adaptação ao Software Livre. Com a necessidade de migração dos ambientes de trabalho dos usuários finais para uma solução livre, seguindo o Plano de Migração para Software Livre no Exército Brasileiro (EXÉRCITO BRASILEIRO, 2010), a principal linha de execução foi utilizar a distribuição Ubuntu do sistema operacional GNU/Linux versão 8.04, indicada pelo Plano de Migração para a utilização em computadores pessoais (desktops), com o ambiente de trabalho préconfigurado de acordo com o objetivo do projeto, realizando os ajustes necessários, afim de customizar o ambiente de trabalho, criando uma interface prática e de rápida aprendizagem para o usuário. Logo após a instalação do sistema no laboratório da Seção de Ensino 2 da EsAEx, foram distribuídos questionários para os usuários finais. A última etapa seria a utilização do sistema modificado e a avaliação dos usuários, computando os resultados do questionário e chegando a uma conclusão final. Após a realização desta pesquisa de campo, os questionários foram recolhidos e seus dados foram computados, a fim de criar uma análise estatística. Para a apresentação dos dados, foram utilizados figuras e gráficos. Por fim, o estudo teve por finalidade, inclusive, encontrar uma forma de facilitar o processo para migração de Software Livre no Exército Brasileiro.

5 ESTUDO DE CASO DE MIGRAÇÃO DE SOFTWARE LIVRE NO AMBIENTE ESCOLAR DA ESAEX/CMS 34 Este capítulo abordará o estudo feito segundo o objetivo citado na introdução, capítulo 1.2. Serão tratados os assuntos referentes a forma como a pesquisa foi feita, sua análise de dados e os resultados encontrados. 5.1 MODIFICAÇÃO DO SISTEMA OPERACIONAL GNU/LINUX O primeiro passo da pesquisa foi encontrar uma forma de transformar a aparência da área de trabalho do SO GNU/Linux Ubuntu versão 8.04 codinome Hardy Heron em uma interface mais amigável. Segundo o sítio da internet w3schools (W3SCHOOLS, 2010), que realiza pesquisas estatísticas sobre quais os SOs mais utilizados, o SO proprietário Windows XP da Microsoft (MICROSOFT, 2010) é o sistema mais utilizado atualmente com 54,6% dos computadores pesquisados, segundo análises recentes (Junho de 2010). Em fato disto, criouse a ideia de transformar o ambiente do Ubuntu semelhante ao do Windows XP, já que este é o SO mais utilizado, de modo a facilitar a migração para os usuários. Figura 5: Área de trabalho padrão do Ubuntu Fonte: do próprio autor

Para atingir este objetivo, foi utilizado o tema visual para Linux chamado XpGnome disponibilizado no blog chamado Phrank's Ubuntu Blog, hospedado no sítio oficial do Ubuntu na internet (UBUNTU, 2010). Para instalá-lo é necessário possuir conta de superusuário e seguir as instruções em seu manual. Os passos da instalação serão omitidos nesta pesquisa, evitando o desnecessário consumo de espaço de trabalho. A Figura 5 exibe a área de trabalho antes da alteração, ou seja, a área de trabalho padrão do Ubuntu. A Figura 6 exibe a área de trabalho após a alteração. 35 Figura 6: Área de trabalho do Ubuntu modificada Fonte: do próprio autor Interface do sistema de arquivos e janelas após a modificação (Figura 7): Figura 7: Sistema de arquivos e janelas do Ubuntu após a modificação Fonte: do próprio autor

36 5.2 PROCEDIMENTOS EXECUTADOS PARA A AQUISIÇÃO DOS DADOS Para a aquisição de dados e posterior análise no trabalho, foi aplicado um questionário (conforme Apêndice A) com perguntas sobre Software Livre em geral e sobre o sistema modificado. Para isso, os entrevistados foram convidados a utilizar o sistema modificado durante um breve período e após isso expor suas facilidades e dificuldades ao utilizar o sistema. O entrevistado também teve a oportunidade de escrever sua opinião sobre Software Livre e sobre o Plano de Migração para Software Livre do Exército Brasileiro. O questionário foi aplicado para 20 pessoas, todos alunos do Curso de Formação de Oficiais da EsAEx do ano de 2010 e das mais diversas especialidades. 5.3 ANÁLISE DOS DADOS EM RELAÇÃO AO CONHECIMENTO SOBRE SOFTWARE LIVRE E O AMBIENTE MODIFICADO Antes de partir para a análise dos entrevistados sobre o sistema modificado, será executada uma avaliação geral do perfil destes referente aos seus conhecimentos sobre Software Livre, que é um dos objetivos específicos deste trabalho. 5.3.1 Conhecimento dos Entrevistados sobre Software Livre Dentre os entrevistados, apenas três pessoas não conheciam o significado ou que é Software Livre, ou seja, 15% da amostragem total. Das pessoas que conheciam Software Livre, a maior parte se inteirou sobre o assunto na rede mundial de computadores (Internet). A Figura 8 exibe um gráfico sobre a origem do conhecimento de cada pessoa sobre o assunto:

37 5% 24% 42% Internet Amigos Universidade Trabalho Legislação 11% 18% Figura 8: Gráfico sobre origem do conhecimento sobre Software Livre Fonte: do próprio autor Dentro os que obtiveram conhecimento dentro do próprio trabalho, todos tiveram como origem do conhecimento o Exército Brasileiro, ou seja, conheceram o Software Livre ao desempenharem suas funções rotineiras dentro da força terrestre. Dos usuários que obtiveram o conhecimento na universidade, todos são da área de Informática. Entretanto, são de diversas áreas os que tiveram como origem do conhecimento os amigos. Na porção dos que conhecem Software Livre, apenas nove pessoas utilizam Software Livre rotineiramente ou já receberam algum treinamento (52% dos que conhecem Software Livre e 45% do total de entrevistados). Para os utilizadores, os sistemas mais utilizados são o BrOffice, utilizado por todos (100%), e o SO GNU/Linux, utilizado por 66% desta porção. Outro item importante da pesquisa foi a pergunta sobre as dificuldades em relação a utilização de Software Livre. Com esta pergunta foram obtidas respostas variadas, porém com significados quase iguais. Para os que não conheciam o assunto foi realizada uma breve introdução ao tema, para que pudessem responder. Dentre todos as respostas, dos vinte entrevistados, apenas duas pessoas não relataram dificuldade (10%). O restante, dezoito pessoas (90%), responderam de forma negativa ao Software Livre. A Figura 9 exibe um gráfico com as respostas de forma resumida:

38 15% 10% 10% 5% 5% 15% Falta de compatibilidade Difícil instalação de programas Muitas versões do sistema Dificuldade em achar programas e documentos Falta de conhecimento sobre o assunto Poucos programas Não possui dificuldades 40% Figura 9: Gráfico sobre as dificuldades encontradas na utilização do Software Livre Fonte: do próprio autor A maior parte dos óbices encontradas pelos entrevistados em relação a utilização devese a dificuldade de utilização do ambiente operacional do sistema, ou seja, seu ambiente de trabalho. Isso se deve ao fato de que a maioria dos usuários estão acostumados com Softwares Proprietários, como o Microsoft Windows, por exemplo, que possui ambiente muito diferente dos de origem livre. Os entrevistados também apontaram como óbice a dificuldade para instalação de programas dentro dos SOs livres, e a falta de compatibilidade destes com a maioria dos Softwares Comerciais. Analisando todos os dados acima, pode-se dizer que grande parte dos entrevistados conhece Software Livre, porém a utilização de soluções livres é miníma, resumindo-se quase à utilização da suíte de escritório BrOffice. Isso provavelmente deve-se ao fato apontado nas respostas sobre os óbices da utilização de Software Livre, que é a dificuldade de utilização do sistema, por ser um ambiente diferente do que o usuário já está acostumado.