ESTUDO DE USUÁRIOS DA BIBLIOTECA DO PRESÍDIO CENTRAL DE PORTO ALEGRE

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Transcrição:

Powered by TCPDF (www.tcpdf.org) ESTUDO DE USUÁRIOS DA BIBLIOTECA DO PRESÍDIO CENTRAL DE PORTO ALEGRE Bianca Soares Cunha (UFRGS) - bianca.soares.biblio@gmail.com Cleonice Maria Della Pasqua (UFRGS) - nicedupper@hotmail.com Daniele Ferrari (UFRGS) - preta.ferrari@gmail.com Resumo: O trabalho apresenta os resultados de um estudo de usuários da Biblioteca do Presídio Central de Porto Alegre, que procura mostrar a realidade do uso da informação em uma biblioteca prisional. A pesquisa foi realizada in locco, com a utilização de questionário como instrumento de coleta de dados, com o objetivo de delinear seus perfis, necessidades e desejos informacionais. Os detentos que foram entrevistados integram o projeto do Núcleo Estadual de Educação de Jovens e Adultos (NEEJA) implantado no presídio, em cumprimento à Lei de Execução Penal nº 7.210/1984. A importância de um trabalho deste tipo é delineada pelos resultados, que apontam dificuldades e deficiências no atendimento às necessidades de informação do usuário de bibliotecas prisionais, por sua própria condição, pela falta de um profissional habilitado e a precariedade das instalações da biblioteca investigada. Palavras-chave: Estudo de comunidade. Usuários em biblioteca prisional. Presídios. Eixo temático: Eixo 4: Bibliotecas para todos: Acessibilidade para pessoas com deficiência, inclusão social, enfoque de gênero, bibliotecas como espaço de aprendizagem. Biblioteconomia Social.

ESTUDO DE USUÁRIOS DA BIBLIOTECA DO PRESÍDIO CENTRAL DE PORTO ALEGRE Bianca Soares Cunha 1 Cleonice Maria Della Pasqua 2 Daniele Ferrari 3 RESUMO O trabalho apresenta os resultados de um estudo de usuários da Biblioteca do Presídio Central de Porto Alegre, que procura mostrar a realidade do uso da informação em uma biblioteca prisional. A pesquisa foi realizada in locco, com a utilização de questionário como instrumento de coleta de dados, com o objetivo de delinear seus perfis, necessidades e desejos informacionais. Os detentos que foram entrevistados integram o projeto do Núcleo Estadual de Educação de Jovens e Adultos (NEEJA) implantado no presídio, em cumprimento à Lei de Execução Penal nº 7.210/1984. A importância de um trabalho deste tipo é delineada pelos resultados, que apontam dificuldades e deficiências no atendimento às necessidades de informação do usuário de bibliotecas prisionais, por sua própria condição, pela falta de um profissional habilitado e a precariedade das instalações da biblioteca investigada. Palavras-chave: Estudo de comunidade. Usuários em biblioteca prisional. Presídios. Eixo Temático: Bibliotecas para todos: Acessibilidade para pessoas com deficiência, inclusão social, enfoque de gênero, bibliotecas como espaço de aprendizagem. Biblioteconomia Social. 1 Bacharel em Biblioteconomia (UFRGS) - bianca.soares.biblio@gmail.com 2 Graduanda em Biblioteconomia (UFRGS) - nicedupper@hotmail.com 3 Bacharel em Biblioteconomia (UFRGS) preta.ferrari@gmail.com

1 INTRODUÇÃO O objeto deste estudo são os usuários de uma biblioteca prisional e suas interações com a unidade informacional. As bibliotecas especiais são as que devido a peculiaridades de seus usuários ou dos materiais que lidam, ocupam categoria que as diferencia das demais. Carvalho (2009) afirma que as bibliotecas de presídios integram um sistema normativo que tem um papel ressocializador e reabilitador do preso, por isso suas funções devem estar enquadradas nessa perspectiva. Uma biblioteca de estabelecimento carcerário é considerada especial devido a sua clientela e localização, embora seu acervo seja semelhante ao de uma pequena biblioteca pública. Para se ter uma biblioteca, no sentido de instituição social, é preciso que haja cinco pré-requisitos: a intencionalidade política social, o acervo e os meios para sua permanente renovação, o imperativo de organização e sistematização, uma comunidade de usuários, efetivos ou potenciais, com necessidades de informação conhecidas ou pressupostas, e, por último, mas não menos importante, o local, o espaço físico, onde se dará o encontro entre usuários e os serviços da biblioteca (LEMOS, 1998, p. 347). A importância de estudos de usuários em bibliotecas prisionais ultrapassa os limites da Biblioteconomia, quando se percebe que a convivência com a biblioteca pode contribuir com a ressocialização dos detentos de uma instituição carcerária. 2 MÉTODO DA PESQUISA O tipo de estudo utilizado foi exploratório, com abordagem qualiquantitativa, analisando as respostas às questões fechadas, com a inclusão de algumas questões abertas, devido a delicada situação em que se encontram os usuários reclusos. O uso da Estatística Inferencial permitiu que se delineasse um quadro sobre a situação da biblioteca em questão, os serviços oferecidos e a maneira como o usuário utiliza estes serviços. Existem aproximadamente 4.540 detentos no Presídio Central de Porto Alegre. Dentre esses, cerca de 150 detentos frequentam o NEEJA, que formam a população deste estudo, e a amostra é de 30 detentos, cerca de 20% da população.

3 DADOS DA PESQUISA Para se realizar um bom trabalho em uma biblioteca, é fundamental que se conheça o usuário, seja ele real ou potencial. Através de pesquisa, com questões pertinentes, pode-se traçar o perfil deste usuário. Os dados que se seguem procuram mostrar o perfil dos usuários da biblioteca do Presídio Central de Porto Alegre. A amostragem é de trinta apenados em um universo de 150: Os detentos selecionados para constarem na amostra foram selecionados aleatoriamente, pela dificuldade em se aplicar o questionário de maneira sistemática. a) Idade: a idade média dos detentos usuários da biblioteca é de 35,9 anos. b) Religião: a maioria dos detentos, 41% dos entrevistados, se declarou católica; os declarados espíritas tiveram representação significativa, 25% das respostas, seguidos dos evangélicos que totalizaram 19% dos entrevistados. c) Profissão: os entrevistados têm dificuldades em definir suas profissões, ou atividades, ou ainda, áreas de atuação. São atividades como: padeiro, pintor, açougueiro, borracheiro, cozinheiro, entre outras, sem alguma especialização. d) Núcleo familiar: a questão mostra como era composto o núcleo familiar dos apenados antes da detenção. Verifica-se que a maioria, 32%, é formada por esposas e filhos; os que moram somente com a esposa são apenas 3% dos entrevistados. Aqueles que moram com os pais representam 29% dos entrevistados. Apenas uma pessoa declarou viver só. e) Escolaridade: o percentual de entrevistados que possuem Segundo Grau incompleto é de exatos 50% das respostas. f) Acesso à biblioteca: os detentos não têm acesso à biblioteca; a seleção dos títulos é feita através de um catálogo. Desses, 60% recebem o material nas celas. A outra forma de acesso aos materiais de leitura é em sala de aula (40%).

g) Biblioteca X estudos: a questão procura saber da importância da biblioteca nos estudos, a que 97% dos entrevistados reconhecem essa importância. h) Cursos de capacitação: a presente questão indaga se os usuários gostariam que a biblioteca oferecesse algum curso de capacitação, ao que eles responderam que sim, em sua maioria (97%). Dentre as sugestões propostas, destacam-se: cursos de informática, mecânica, eletroeletrônica e, inclusive, bibliotecário. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A aplicação da pena privativa de liberdade restringe a liberdade de locomoção. Porém, todos os outros direitos do cidadão permanecem intactos. Dentre eles, reside o direito à informação. O trabalho mostrou que a biblioteca do Presídio Central de Porto Alegre possui um bom acervo, com parcas, porém, suficientes instalações. No momento, infelizmente, sem o acesso direto dos usuários no ambiente físico da biblioteca. A pesquisa também revelou a necessidade que os usuários da biblioteca demonstram com relação à implementação de alguns cursos profissionalizantes, inclusive com o uso de computadores. Seria mais um passo para a tão pensada ressocialização desses detentos, que possuem muito tempo livre e poucas atividades para preenchê-lo. Conforme Trindade (2009, p.16), as bibliotecas instaladas em estabelecimentos prisionais exercem uma função social de grande importância no processo de ressocialização do preso, contribuindo para a efetividade de políticas de educação, reabilitação e utilização construtiva do tempo. O Projeto Educando Para a Liberdade, explicita que: [...] em primeiro lugar, o imperioso princípio democrático de incluir os excluídos sociais. Em segundo lugar, mas não menos importante, traduziu a preocupação em garantir a qualidade da oferta de Educação voltada ao Sistema Prisional, preconizando um modelo orientado a promover, estimular e reconhecer os avanços e progressos dos educandos reclusos, contribuindo, desse modo, para a restauração da autoestima com vistas à reintegração harmônica à vida em sociedade (UNESCO, 2009). Portanto, através deste estudo foi possível concluir que os reclusos utilizam a Biblioteca tanto para estudos quanto para leituras pessoais, que esse

processo pode auxiliá-los no processo de reinserção social. No entanto, mais projetos sociais e ações governamentais são necessários através de projetos sociais e governamentais para melhorias e investimentos. Quanto ao profissional, o bibliotecário, embora atue em ambiente que por vezes, pode ser conturbado, mas realizaria um trabalho de grande importância social. Isso ocorre porque ele é peça fundamental para o desenvolvimento de nova perspectiva de vida ao apenado pós-cárcere. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei n o 7.210, de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal. Presidência da República, Casa Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/17210.htm>. Acesso em: 21 ago. 2017. CARVALHO, J. A importância da biblioteca nos presídios. 2009. Disponível em: < http://professorjonathascarvalho.blogspot.com.br/2009/09/importanciada-biblioteca-na-prisao.html>. Acesso em: 21 ago. 2017. LEMOS, Antônio Agenor Briquet de. Bibliotecas. In: CAMPELLO, Bernadete Santos et al. Formas e expressões do Conhecimento: Introdução às fontes de informação. Belo Horizonte: Escola de Biblioteconomia da UFMG, 1998.p. 347. TRINDADE, L.L. Biblioterapia e as bibliotecas de estabelecimentos prisionais: conceitos, objetivos e atribuições. Monografia. Bacharelado em Biblioteconomia; Departamento de Ciências da Informação e Documentação, Universidade de Brasília, 2009. Disponível em:<http://bdm.bce.unb.br/.pdf>. Acesso em: 23 out. 2013. UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Educação em Prisões na América Latina: direito, liberdade e cidadania. Brasília: UNESCO, OEI, AECID, 2009.