Levantamento planialtimétrico cadastral e uso de sistemas de posicionamento global por satélite na caracterização altimétrica (1). Cosme Mateus Dias Couto (2) ; Dener Ravelle Arcanjo Magalhães Silva (2) ; Valdinei da Silva Rocha (2) ; Alaudes Cardoso Ribeiro Júnior (2) ; Marília Alves Brito Pinto (3). (1) Trabalho executado com recursos do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Baiano, Campus Guanambi. (2) Estudante de Agronomia; Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Baiano; Guanambi, Bahia; cosme_mateeus@hotmail.com;arcanjomagalhaes@hotmail.com;valdineirocha1@hotmail.com; juniorribeiroacj@hotmail.com (3) Professora do curso de Agronomia; Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Baiano; Guanambi, Bahia; ma.agro@gmail.com. RESUMO: Conhecer a precisão de geotecnologias no mapeamento de estruturas físicas sobre a superfície terrestre por meio do levantamento planialtimétrico cadastral (PAC), com qualidade compatível a exigida para a realização de obras de engenharia, é extremamente importante para o desenvolvimento organizado, racional e eficiente do setor agrário. O levantamento topográfico com o uso dos Sistemas Globais de Navegação por Satélite, em inglês Global Navigation Satellite Systems (GNSS) é, atualmente, a alternativa mais eficaz quando consideradas as variáveis custo e produtividade. O objetivo desse trabalho foi realizar o PAC setor de agricultura do Campus Guanambi/IFBaiano e avaliar a precisão dos receptores GNSS topográfico Promark3 portadora L1 e GPS de navegação Garmin 60-CSx. Para realização do levantamento utilizou-se o método de Topografia Clássica por meio da estação total Topcon 3207-GPT, seguindo orientações da NBR 13.133 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Para desenvolvimento do trabalho foi levantada uma poligonal principal constituída de 16 vértices, cada ponto foi locado com o auxílio da Estação Total Topcon GPT 3007W. O GNSS foi utilizado no levantamento dos pontos sobre as poligonais principal, secundária, assim como o GPS de navegação Garmin 60-CSx. O valor das áreas ocupadas por edificações e vegetação é de 3,7 ha, e à área disponível é de 6,6383. Já os receptores GNSS Promark3 portadora L1 é mais indicado para os levantamentos altimétricos, quando comparado ao receptor GPS de Navegação Garmin 60-CSx, em relação a estação total Topcon GPT 3207N. Termos de indexação: PAC, Estação Total, GNSS. INTRODUÇÃO Segundo a NBR 13133 (Brasil, 1994) levantamento topográfico planialtimétrico cadastral, trata se de um levantamento planialtimétrico acrescido dos elementos planimétricos inerentes ao levantamento planimétrico cadastral. PIRES (2008), diz que o levantamento altimétrico registra o grau de declividade do terreno, ilustrando o desenho com curvas de nível. Já o levantamento planimétrico, registra o perímetro do terreno e todos os elementos naturais nele já existentes, como construções, canteiros e caminhos, etc. Segundo Uzeda (1963), esses levantamentos são um conjunto de operações por meio das quais obteremos
dados necessários para o desenho de uma determinada área do terreno. Para a execução de um levantamento planialtimétrico cadastral, é necessário, em geral, que se façam dois tipos de levantamento. Um primeiro, envolvendo a rede geodésica, para determinação das coordenadas dos pontos de apoio da poligonal, e um segundo que compreenderá nos detalhes existentes na área a ser cadastrada. Ambos os levantamentos podem ser feitos somente por posicionamento GNSS (Global Navigation Satellite Systems), apenas com poligonação topográfica, ou combinando ambos, variando assim o nível de precisão (Piovesan, 2004). De acordo com Monico (2008), existem situações que, a combinação, ou a integração, de métodos de posicionamento GNSS com topográficos, como poligonação, irradiação, intersecção, parece ser a solução mais viável. Trata-se efetivamente de levantamentos terrestres integrados com GNSS. O levantamento topográfico com o uso dos Sistemas Globais de Navegação por Satélite, também denominado por GNSS é, atualmente, a alternativa mais eficaz quando consideradas as variáveis custo e produtividade. Ao determinar, simultaneamente, dados planimétricos e altimétricos, sua comparação com os métodos de levantamento convencionais permite um ganho da ordem de 3/1 em tempo e redução substancial das equipes de campo (Gomes, 2001). Admitindo-se que a tecnologia do GNSS é questionada quanto a sua aplicação na determinação de medidas altimétricas é necessário conhecer a sua precisão em relação ao método de Topografia Clássica, em conformidade com as exigências da NBR 13.133 para levantamentos topográficos, da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT. O objetivo desse trabalho foi avaliar a qualidade posicional do PAC do setor de agricultura do Campus Guanambi/IFBaiano, e obter os percentuais de espaços referentes a área levantada, bem comoo e avaliar a precisão dos receptores GNSS topográfico Promark3 portadora L1 e GPS de navegação Garmin 60-CSx, em comparação ao método de poligonação no posicionamento por topografia clássica sobre o levantamento altimétrico. MATERIAL E MÉTODOS A área do setor de agricultura envolvida no experimento pertence ao Campus Guanambi/Instituto Federal Baiano (IFBaiano), nas coordenadas geodésicas 14 o 17 34,19 S, 42 o 41 32,17 W e 543,19 m de altitude ortométricas (MapGEO). Para o método convencional de topografia clássica o levantamento das poligonais principal, secundária e auxiliar foi dado por Triangulateração, onde a coleta de dados (medidas de ângulos e distâncias) foi realizada com a instalação da estação total Topcon GPT-3207. Sobre cada vértice, deste, é observada a direção em relação ao vértice anterior (vértice ré ), a direção ao vértice posterior (vértice vante ) e as distâncias entre os vértices. A determinação dos azimutes, distâncias, área e altimetria, foi realizado segundo normas da NBR 13133 (Brasil, 1994). O GNSS foi utilizado no levantamento dos pontos sobre as poligonais principal, secundária e auxiliar pelo método de posicionamento relativo estático. Enquanto um receptor GNS S Promark3 L1 permaneceu sobre o marco base de referência, outro receptor Promark3 L1 foi utilizado de forma simultânea na coleta de dados sobre os vértices da poligonal principal. Neste caso, foi feita a inicialização para resolução da ambiguidade por um tempo de 20 minutos, para em seguida iniciar a coleta de dados. O tempo de rastreio, também, foi de 20 minutos sobre cada vértice a ser georreferenciada. Com os GPS de navegação Garmin 60-CSx, foi feito o seguinte procedimento, o receptor permaneceu coletando dados por 20 minutos sobre cada vértice, a uma altura de 1,20 m do solo. Com os resultados obtidos através das peças técnicas foi possível confeccionar tabelas de porcentagens referentes aos valores da área total do setor de agricultura do Campus Guanambi. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após o pós-processamento dos dados obtivemos os seguintes resultados referente ao setor da agricultura, área total de 10,3799 ha e perímetro de 1.401,62 m. Desta forma a tabela 1 apresenta as edificações cadastradas no setor.
Tabela 1 Edificações cadastradas do setor de agricultura Campus/Guanambi. Edificações Perímetro (m) Área (m 2 ) Área (ha) E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10 E11 E12 E13 E14 E15 560,36 14,34 7,91 28,07 88,79 7.59 30,34 47,91 63,56 80,92 60,00 11,41 68,47 72,98 57,81 774,262 12,546 3,778 40,238 487,967 180,965 32,448 141,75 250,228 408,228 224,076 7,935 222,917 272,220 208,326 0,0774 0,0013 0,0004 0,0040 0,0488 0,00181 0,0032 0,0142 0,0250 0,0408 0,0224 0,0008 0,0223 0,0272 0,0208 TOTAL 1258,87 3.267,884 0.31041 Legenda: E1= Canal; E2 =Casa canal 1; E3= Casa canal 2; E4= Casa canal 3; E5= Casa de vegetação; E6=Curral; E7= Depósito de agrotóxico; E8= Empresa Júnior; E9= Estação Meteorológica; E9= Estufa; E10= Galpão; E11= Hidroponia; E12= Salda de Aula; E13=Sala de mestrado. Na tabela 2 observa-se todas as áreas de produção vegetal cadastradas, os cultivos principais são de umbu, palma e banana. A maior parte da área é destinada às aulas práticas e aos campos experimentais. Tabela 2 Áreas de produção vegetal cadastradas do setor de agricultura Campus/Guanambi. Cultura Perímetro (m) Área (m 2 ) Área (ha) V1 440,49 1.1758,767 1,1759 V2 345,44 7,619 0,7619 V3 286,31 2.117,429 0,2117 V4 142,70 1.122,453 0,1122 V5 164,37 1.482,982 0,1483 V6 161,09 1.611,24 0,1611 V7 255,94 3.623,246 0,3623 V8 546,48 12.423,341 1, 2423 TOTAL 2342,82 34.147,077 3.4147077 Legendas: V1 Aulas práticas; V2= Banana; V3= Experimental; V4= Girassol; V5=Mandioca; V6=Mamona; V7= Palma; V8= Umbu. O setor de agricultura do Campus Guanambi/IFBaiano possui um total de 3,741496 ha área ocupada com edificações e produção vegetal, e uma área de mais de 6 ha ainda está disponível (Tabela 3).
Tabela 3 Total de área disponível do setor de agricultura do Campus/Guanambi. Área Área (m 2 ) Área (ha) Área total 103798,66 10,3799 Área ocupada 37.414,961 3,741496 Área disponível 66.383,699 6,6383699 Os valores de média e desvio padrão do erro altimétrico relativo para os receptores Promark3 e Garmin 60-CSx quando comparados com a estação total Topcon GPT 3207N mostra que receptor Promark3 subestimou os valores de altitude elipsoidal, enquanto o receptor Garmin 60-CSx os superestimou, em comparação com os valores determinados pela estação total Topcon GPT 3207N. O valor de erro altimétrico médio relativo observado entre o receptor Promark3 e a estação total Topcon GPT 3207N foi de 0,03763 m, menor que o erro altimétrico médio de fechamento observado no ajustamento da poligonação realizada com a estação total que foi igual a 0,084 m. No entanto, o desvio padrão dos valores de erro altimétrico relativo para este receptor foi de 0,3435 m, considerado alto se comparado aos valores de tolerância altimétrica estabelecida pela NBR 13.133 para este tipo de poligonal e equipamento de estação total igual a 0,1615 m. Ainda assim, o valor de desvio padrão para o receptor Promark3 foi inferior em quase sete vezes quando comparado ao obtido pelo receptor Garmin 60-CSx. Os resultados de altitude elipsoidal (h) determinados pelos receptores Promark3 e Garmin 60-CSx em comparação a estação total Topcon GPT 3207N estão de acordo com os resultados de erro altimétrico obtidos por, ao comparar a estação total Nikon DTM-300 com receptores GNSS Trimble geodésico GPS 4600 LS, Trimble topográfico ProXR e Trimble GPS Garmin 60-CSx de navegação 12XL, que verificaram, também, maior precisão dos receptores GPS geodésico e topográfico, em detrimento do receptor Garmin 60-CSx de navegação. Tabela 4 - Média e desvio padrão (σ) do erro altimétrico relativo, correspondente aos receptores Promark3 e Garmin 60-CSx em relação a estação total Topcon 3207N. Vértice Promark3 (m) GPS Garmin 60-CSx (m) M -01 0,2503-13,4558 M -02-0,2056-13,2529 M -03 0,2964 12,1306 M -04-0,0394-15,663 M -05-0,3443-13,7384 M -06-0,0857-15,2894 M -07 0,843-16,542 M -08-0,3973 17,9557 M -09 0,0917-20,5887 M -10-0,1234-18,7865 M -11-0,3407-17,5958 M -12 0,4847-15,0446
M -13 0,5477-13,0897 M -14-0,1247-12,2469 M -15-0,109-16,1256 M -16-0,1417-15,8244 Média 0,03763-15,4581 Desvio Padrão 0,3435 23588 CONCLUSÕES O setor de agricultura do Campus Guanambi/IFBaiano possui atualmente 3,7 ha de áreas ocupadas, com edificações são 0,31041 ha, e com vegetação 3,414 ha. O valor de área disponível é de 6,6383 ha podendo ser utilizado para quaisquer finalidades. O receptor GNSS Promark3 portadora L1 é mais indicado para os levantamentos altimétricos, quando comparado ao receptor GPS de Navegação Garmin 60-CSx, em relação a estação total Topcon GPT 3207N. AGRADECIMENTOS Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano, Campus Guanambi, pela infraestrutura necessária para a realização deste trabalho. REFERÊNCIAS BRASIL. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Rio de Janeiro, 1994. Brasília: Editora e Comunicação Ltda, 2001. 136p. CORRÊA, F. K. O Uso de Tecnologias Modernas em Levantamentos Topográficos de Obras de Infraestrutura Aeroportuária. 2013. 76p. Trabalho de Conclusão de curso (Graduação) - Engenharia Civil-Aeronáutica, Instituto Tecnológico de Aeronáutica- ITA, São José dos Campos, 2013. GOMES, E.; PESSOA, L.M.C.; SILVA JR., L.B.S. Medindo Imóveis Rurais com GPS. Brasília: Editora e Comunicação Ltda, 2001. 136p. MONICO, J. F. G. Posicionamento pelo GNSS: descrição, fundamentos e aplicações. 2a ed. São Paulo: Unesp, 2008. 480p. PIOVESAN, E. C. Lei N 10.267/01 Análise e Aplicação. COBRAC 2004, Congresso Brasileiro de Cadastro Técnico Multifinalitário. UFSC Florianópolis-SC. 2004. PIRES, Larissa Leandro. Paisagismo e Plantas Ornamentais. Universidade Federal de Góias, 2008. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/51847263/14/levantamento PLANIALTIMETRICO-E-CADASTRAL>. Acesso em 28 de março de 2014. UZEDA, O. G. 1963. Topografia. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico S. A. 405p.