AVALIAÇÃO DA DURABILIDADE DE CERÂMICOS ADITIVADOS COM RESIDUO DE GRANITO ATRAVÉS DE ENSAIO DE DESGASTE



Documentos relacionados
A INFLUÊNCIA DO SISTEMA DE VÁCUO NAS PROPRIEDADES FÍSICAS DOS PRODUTOS DE CERÂMICA VERMELHA.

VERIFICAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE UM CONCRETO DE CIMENTO PORTLAND DO TIPO CPII-Z-32 PREPARADO COM ADIÇÃO DE UM RESÍDUO CERÂMICO

UTILIZAÇÃO DO RESÍDUO PROVENIENTE DO DESDOBRAMENTO DE ROCHAS ORNAMENTAIS NA CONFECÇÃO DE TIJOLOS ECOLOGICOS DE SOLO-CIMENTO

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

RECICLAGEM DE RESÍDUOS E CIDADANIA: PRODUÇÃO DE TIJOLOS ECOLÓGICOS PARA CONSTRUÇÃO DE CASAS POPULARES EM REGIME DE MUTIRÃO - PARTE II

Estudo da Viabilidade Técnica e Econômica do Calcário Britado na Substituição Parcial do Agregado Miúdo para Produção de Argamassas de Cimento

PLANEJAMENTO FATORIAL 3 2 NO ESTUDO DE PEÇAS CERÂMICAS VERMELHAS LAMINADAS (0, 1 E 2 VEZES) PARA FABRICAÇÃO DE LAJOTAS CERÂMICAS.

Estudo da Aplicação do Resíduo Grits na Fabricação de Elementos de Concreto

Lia Lorena Pimentel Professor Doutor, Fac. Engenharia Civil Puc- Campinas CEATEC

USO DE LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA PARA PRODUÇÃO DE BLOCOS CERÂMICOS

SOLIDIFICAÇÃO/ESTABILIZAÇÃO DE LODO GALVÂNICO EM BLOCOS DE CONCRETO PARA PAVIMENTAÇÃO (PAVERS)

Materiais de Construção AGREGADOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

IMPORTÂNCIA DA CURA NO DESEMPENHO DAS ARGAMASSAS IMPORTÂNCIA DA CURA NO DESEMPENHO DAS ARGAMASSAS

CARACTERIZAÇÃO DA ARGILA PARA CONFECÇÃO DE BLOCOS PRENSADOS E QUEIMADOS

ESTUDO DE CARACTERÍSTICA FÍSICA E MECÂNICA DO CONCRETO PELO EFEITO DE VÁRIOS TIPOS DE CURA

Influence of coarse aggregate shape factoc on concrete compressive strength

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA EM CONCRETOS PRODUZIDOS COM AGREGADOS LEVES DE ARGILA CALCINADA. Bruno Carlos de Santis 1. João Adriano Rossignolo 2

BLOCOS, ARGAMASSAS E IMPORTÂNCIA DOS BLOCOS CARACTERÍSTICAS DA PRODUÇÃO CARACTERÍSTICAS DA PRODUÇÃO. Prof. Dr. Luiz Sérgio Franco 1

PALAVRAS CHAVE: Tijolos de solo-cimento, rochas ornamentais, absorção de água.

CURSO DE AQUITETURA E URBANISMO

DETERMINAÇÃO DO TEOR DE UMIDADE E DENSIDADE BÁSICA PARA ESPÉCIES DE PINUS E EUCALIPTO

Ensacado - A Argila Expandida pode ser comprada em sacos de 50l, sendo transportada da mesma maneira. Cada 20 sacos equivalem a 1m 3.

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DOS MATERIAIS SETOR DE MATERIAIS

Faculdade de Tecnologia e Ciências Curso de Engenharia Civil Materiais de Construção Civil II. Dosagem de concreto. Prof.ª: Rebeca Bastos Silva

III Congresso Nacional de Meio Ambiente

INCORPORAÇÃO DA CAL NA MASSA DE CONFORMAÇÃO DE CERÂMICA VERMELHA.

ESTUDO DAS PROPRIEDADES HIDRÁULICAS DE SOLOS DE ENCOSTA DO RIO DE JANEIRO

Processamento de materiais cerâmicos + H 2 O. Ivone

BLOCOS DE VEDAÇÃO COM ENTULHO

APROVEITAMENTO DOS RESÍDUOS DE GRANITO E CAULIM COMO MATERIAIS ADITIVOS NA PRODUÇÃO DE TIJOLOS ECOLÓGICOS

Os constituintes do solo

Blocos de. Absorção de água. Está diretamente relacionada à impermeabilidade dos produtos, ao acréscimo imprevisto de peso à Tabela 1 Dimensões reais

TIJOLOS DO TIPO SOLO-CIMENTO INCORPORADOS COM RESIDUOS DE BORRA DE TINTA PROVENIENTE DO POLO MOVELEIRO DE UBA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO. ANÁLISE DA VIABILIDADE DA SUA APLICAÇÃO EM MISTURAS BETUMINOSAS

TRANSPORTES E OBRAS DE TERRA

(PPGEMA), pela Escola de Engenharia Civil (EEC);

UTILIZAÇÃO DO RESÍDUO DA LAVRA DA PEDRA MORISCA DA REGIÃO DE CASTELO DO PIAUÍ NA CONFECÇÃO DE TIJOLOS ECOLÓGICOS RESUMO

CONCRETO AUTO-ADENSÁVEL: AVALIAÇÃO DO EFEITO

ARG. COLANTE REVESTIMENTO REJUNTE COMPONENTES DO REVESTIMENTO

Departamento de Engenharia Civil, Materiais de Construção I 3º Ano 1º Relatório INDÍCE

Massas cerâmicas para telhas: características e comportamento de queima (Ceramic bodies for roofing tiles: characteristics and firing behavior)

INFLUÊNCIA DA GRANULOMETRIA E TEMPERATURA DE QUEIMA SOBRE O GRAU DE DENSIFICAÇÃO DE ARGILAS DA REGIÃO DE MARTINÓPÓLIS SP

PLASTICIDADE DOS SOLOS

ESTUDO DA ADERÊNCIA DE PLACAS DE ROCHAS ORNAMENTAIS COM ARGAMASSA COLANTE

A importância do equilíbrio sócio-ambiental na extração do mármore e do granito

COMPORTAMENTO DE BLOCOS DE CONCRETO PRODUZIDOS COM ESCÓRIA DE ACIARIA PARA ALVENARIAS

INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS METALÚRGICOS. Prof. Carlos Falcão Jr.

COMPARAÇÃO ENTRE PEÇAS CERÂMICAS VERMELHAS E COM ADIÇÃO DE LODO DE ETE

DOSAGEM DE MASSA CERÂMICA PARA BLOCOS PRENSADOS COM ADIÇÃO DE RESÍDUO DE GRANITO ATRAVÉS DO MÉTODO SIMPLEX

Caracterização de Alguns Aspectos Tecnológicos de Tijolos de Solo-Cimento Confeccionados com Rejeito de Serragem de Rochas Ornamentais

IX Congresso Brasileiro de Análise Térmica e Calorimetria 09 a 12 de novembro de 2014 Serra Negra SP - Brasil

POROSIMETRIA AO MERCÚRIO

CONSUMO DE CIMENTO EM CONCRETOS DE CIMENTO PORTLAND: A INFLUÊNCIA DA MASSA ESPECÍFICA DOS AGREGADOS

TIJOLOS CRUS COM SOLO ESTABILIZADO

CARACTERIZAÇÃO DE RESÍDUO DE PÓ DE MÁRMORE PARA APLICAÇÃO EM MATERIAIS CERÂMICOS

III-046 USO DE RESÍDUO DE CURTUME EM PEÇAS PARA CONSTRUÇÃO CIVIL

PEC I - Primeiro Painel Temático de Pesquisa da Engenharia Civil da UNIJUÍ 14 de Outubro de 2014

17/04/2015 SOLOS MATERIAIS GRANULARES PARA PAVIMENTAÇÃO: SOLOS E AGREGADOS. Referências. Prof. Ricardo A. de Melo

TÉCNICA CONSULTORIA A IMPORTÂNCIA DA COMBINAÇÃO GRANULOMÉTRICA PARA BLOCOS DE CONCRETO 2. CONCRETO SECO X CONCRETO PLÁSTICO. Paula Ikematsu (1)

CONCRETO SUSTENTÁVEL: SUBSTITUIÇÃO DA AREIA NATURAL POR PÓ DE BRITA PARA CONFECÇÃO DE CONCRETO SIMPLES

ÁREA DE ENSAIOS ALVENARIA ESTRUTURAL RELATÓRIO DE ENSAIO N O 36555

Definição. laje. pilar. viga

Resumo. 1. Introdução

UTILIZAÇÃO DE CINZAS PROVENIENTES DA QUEIMA DE MADEIRA EM CALDEIRA DE AGROINDÚSTRIA COMO ADITIVO EM ARGAMASSAS PARA FINS NÃO ESTRUTURAIS.

RECUPERAÇÃO TÉRMICA DE AREIA DESCARTADA DE FUNDIÇÃO (ADF)

Geomecânica dos resíduos sólidos

Tecnologia da Construção I CRÉDITOS: 4 (T2-P2)

Reciclagem do Lodo da Estação de Tratamento de Efluentes de uma Indústria de Revestimentos Cerâmicos. Parte 2: Ensaios Industriais

Caracterização Geotécnica de Resíduo Produzido na Serragem de Blocos de Granitos

TRABALHOS TÉCNICOS INTERDEPENDÊNCIA DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DAS MISTURAS BETUMINOSAS TIPO C.B.U.Q.

Propriedades do Concreto

PAVIMENTOS INTERTRAVADO PERMEÁVEL COM JUNTAS ALARGADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DOS MATERIAIS SETOR DE MATERIAIS

5. Resultados e Análises

Artigo. Resumo. Abstract. Introdução. Materiais e Métodos. 64 Revista Analytica Agosto/Setembro 2013 nº 66

Utilização de Material Proveniente de Fresagem na Composição de Base e Sub-base de Pavimentos Flexíveis

RELATÓRIO TÉCNICO ARGOPAR PARTICIPAÇÔES LTDA FUNDAÇÕES ITABORAÍ SHOPPING ITABORAÍ - RJ ÍNDICE DE REVISÕES

Materiais cerâmicos e vítreos vítreos

17/04/2015 AGLOMERANTES HIDRÁULICOS PARA PAVIMENTAÇÃO REFERÊNCIAS CAL HIDRÁULICA. UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA Centro de Tecnologia

UTILIZAÇÃO DO RESÍDUO DE DESEMBORRACHAMENTO DE PISTAS DE AERONAVES NA PRODUÇÃO DE BLOCOS DE CONCRETO PARA PAVIMENTAÇÃO

Durabilidade de tijolos de solo-cimento produzidos com resíduo de corte de granito

a) 0:1:3; b) 1:0:4; c) 1:0,5:5; d) 1:1,5:7; e) 1:2:9; f) 1:2,5:10

PRODUÇÃO DE BLOCOS DE CONCRETO E PAVERS UTILIZANDO AGREGADOS RECICLADOS RESUMO

Concreto. Prof. M.Sc. Ricardo Ferreira

VII JORNDAS TÉCNICAS INTERNACIONAIS SOBRE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NA INDÚSTRIA DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS.

Granulometria. Marcio Varela

Utilização de microesferas de aço nos concretos estruturais

USO DE MASSAS CERÂMICAS DA REGIÃO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES PARA FINS ARTESANAIS.

Incorporação de Embalagens Pós-Consumo de Poliestireno Expandido (EPS) na Produção de Blocos de Concreto

Dosagem de Concreto INTRODUÇÃO OBJETIVO. Materiais Naturais e Artificiais

RELAÇÃO DO TEMPO DE SINTERIZAÇÃO NA DENSIFICAÇÃO E CONDUTIVIDADE ELÉTRICA EM CÉLULAS À COMBUSTÍVEL. Prof. Dr. Ariston da Silva Melo Júnior

CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA E MINERALÓGICA DE RESÍDUOS DE QUARTZITOS PARA UTILIZAÇÃO EM REVESTIMENTO CERÂMICO

Banco de Boas Práticas Ambientais. Estudo de Caso. Reaproveitamento de Rejeitos na Mineração - Projeto Areia Industrial

Título: TREFILAÇÃO DE ARAME ATRAVÉS DE FIEIRAS E ANÉIS

UTILIZAÇÃO DO RESÍDUO PROVENIENTE DO ACABAMENTO DE MÁRMORES E GRANITOS COMO MATÉRIA PRIMA EM CERÂMICA VERMELHA.

CARACTERIZAÇÃO DA GRANALHA DE AÇO RECUPERADA DO RESÍDUO DE ROCHAS ORNAMENTAIS POR SEPARAÇÃO MAGNÉTICA

A IMPORTÂNCIA DO CONTROLE TECNOLÓGICO DO CONCRETO

VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DO USO DE AREIA DE BRITAGEM EM CONCRETOS DE CIMENTO PORTLAND NA REGIÃO DE CHAPECÓ - SC

Transcrição:

1 AVALIAÇÃO DA DURABILIDADE DE CERÂMICOS ADITIVADOS COM RESIDUO DE GRANITO ATRAVÉS DE ENSAIO DE DESGASTE Gustavo de Castro Xavier, Fernando Saboya Albuquerque Júnior, Paulo César de Almeida Maia, Jonas Alexandre. Laboratório de Engenharia Civil LECIV Universidade Estadual do Norte Fluminense Av. Alberto Lamego, 2, Horto, Campos dos Goytacazes RJ Brasil, CEP: 2813-6, Fone: (xx22) 2726-1517 gcxavier@uenf.br; saboya@uenf.br; RESUMO Este trabalho busca a caracterização da massa argilosa de Campos dos Goytacazes-RJ e do resíduo proveniente das indústrias de desdobramento de blocos de granito de Cachoeiro de Itapemirim-ES. São estudadas misturas do resíduo com a massa argilosa, obtendo matéria-prima para produção de cerâmicos utilizados na construção civil. Além da massa argilosa não incorporada com resíduo, consideram-se misturas de 5% e % na confecção de corpos de prova prismáticos. Após secagem em estufa a 1ºC e queima em forno mufla eletrônico nas temperaturas de 5ºC, 7ºC e 9ºC, obtêm-se as propriedades físico-mecânicas dos corpos de prova. São apresentados os resultados dos ensaios de desgaste no equipamento Slake Durability. Neste ensaio, os corpos de prova são submetidos à baixa energia de desgaste, permitindo avaliar a durabilidade em função da perda de massa observada. Os resultados indicam que a adição de resíduo influencia no desgaste do material e conseqüentemente, na sua durabilidade. Palavras-chave: Desgaste, resíduo de granito, Durabilidade, Cerâmica Vermelha.

2 INTRODUÇÃO O processo industrial de rochas ornamentais do Estado do Espírito Santo vem crescendo a cada ano, sendo um dos setores de maior representatividade econömica deste Estado, nos setores produtivos e de exportação. O Estado do Espírito Santo abriga todas as atividades da cadeia de produção do setor, além da maioria das atividades de apoio, como fabricantes e fornecedores de máquinas, equipamentos e outros insumos industriais, além de prestadores de serviços (1). Essas atividades centralizam-se principamente no município de Cachoeiro do Itapemirim-ES. Entretanto, alguns municípios como Castelo, Barra de São Francisco e Nova Venécia possuem atividades no setor de rochas ornamentais com grandes potencialidades. Estima-se que tais atividades produzem cerca de 15. toneladas de resíduo de granito/mês (2) somente no Município de Cachoeiro do Itapemirim-ES. Isto de justifica pela presença de mais de 35 indústrias de extração, desdobramento e beneficiamento de rochas ornamentais, contando com mais de 9 teares com trabalhos quase ininterruptos, de onde surgem os resíduos. Segundo Xavier (3), Neves (4) e Mothé (5), existe grande potencial de utilização do chamado resíduo de granito comercialmente aditivados na massa cerâmica para fabricação de tijolos, blocos cerâmicos estruturais, revestimentos e outros produtos cerâmicos. Assim sendo, utilizou-se uma massa argilosa do município de Campos dos Goytacazes-RJ para realização deste estudo. Este município representa cerca de 35% da produção de peças de cerâmica vermelha do Estado do Rio de Janeiro-RJ, contando com aproximadamente indústrias cerâmicas, produzindo mais de milhões de peças/mês. Deve-se ressaltar que existe no mercado, uma tendência de aumento na demanda dos blocos estruturais confeccionados em cerâmica vermelha, principalmente para atender os programas governamentais de habitação em casos emergenciais (casos de enchentes, desmoronamentos etc.) a custo reduzido. A alvenaria dessas casas, chamadas populares, não possuem proteção mecânica (chapisco e/ou emboço), ficando expostas às condições climáticas

3 (variação de temperatura, umidade, chuvas fortes, respingos dentre outras), podendo se degradar por completo em poucos anos. Com a intenção de se iniciar os estudos de avaliação da degradação do material cerâmico em laboratório, este trabalho caracteriza a massa argilosa e o resíduo de granito, apresenta as propriedades tecnológicas e indica, após os ensaios do Slake Durability, a influência da durabilidade do resíduo de granito aditivado na massa argilosa. MATERIAIS E MÉTODOS A massa argilosa utilizada na pesquisa é proveniente da empresa A.C.Cerâmica Indústria e Comércio Ltda., localizada no Km 15 da Rodovia Campos Farol de São Tomé, Município de Campos dos Goytacazes/RJ. Este material é utilizado na confecção de cerâmicas vermelhas na região. O Resíduo utilizado foi proveniente do corte do granito da MARCEL Mármore Comércio e Exportação Ltda, localizada na Rua Ângelo Silvério, s/n, Bairro Aeroporto, Cachoeiro do Itapemirim- ES. O programa experimental foi desenvolvido no Laboratório de Mecânica dos Solos do LECIV/CCT/UENF e buscou a determinação das características físicas e químicas da massa argilosa e do resíduo e das características de durabilidade do produto cerâmico utilizando-se misturas da massa argilosa e do resíduo como matéria prima. Na caracterização física foi feita a determinação da distribuição granulométrica dos materiais, via úmido por peneiramento e sedimentação, segundo a NBR 7181 (6) (1984), e a determinação dos limites de plasticidade e liquidez segundo as normas ABNT, NBR-718 (7) (1984) e NBR-6459 (8) (1984), para obtenção da umidade de extrusão. A análise química quantitativa dos materiais foi realizada segundo metodologia estabelecida nos procedimentos do IGEO/CCMN/UFRJ (Instituto de Geociências/Centro de Ciências Matemáticas e Naturais da Universidade Federal do Rio de Janeiro/RJ). As amostras foram preparadas com misturas de massa argilosa e diferentes frações de resíduo correspondentes a %, 5%, e % da massa da amostra. O

4 resíduo utilizado foi passado na peneira nº 2 (,85mm). As misturas foram feitas com os materiais inicialmente secos em estufa a 1ºC por 24h. Posteriormente pela LL equação Wext. = % 2 + 2 (9). Após isso, as amostras foram levadas ao laminador (Verdés modelo 8) e em seguida a extrusora (Verdés modelo 51). Os corpos de prova foram moldados na forma de prismas com dimensões de 11,x2,7x1,7cm. Os processos de secagem e queima dos corpos de prova foram realizados nas temperaturas de 1ºC (estufa), 5ºC, 7ºC e 9ºC, em forno mufla eletrônico, com velocidade constante de elevação de temperatura de 5ºC/min., com patamar de queima de 3 horas. O resfriamento ocorreu naturalmente durante a noite até temperatura ambiente. Após calcinação nas temperaturas mencionadas anteriormente, os corpos de prova foram submetidos aos ensaios de: absorção de água, massa específica aparente, porosidade aparente; variação linear e tensão de ruptura à flexão. Os resultados obtidos representam a média de cinco determinações. Para a avaliação da durabilidade utilizou-se e ensaios slake durability. Este ensaio aplica baixa energia de desgaste aos corpos de prova, correspondente a 2 revoluções durante minutos, perfazendo 1º ciclo de ensaio. Neste trabalho, adotou-se um total de 5 ciclos para um mesmo conjunto de amostras. O procedimento seguiu a metodologia descrita pela ISRM (1981) (). Utilizou-se amostras cúbicas com 3 repetições para cada temperatura e porcentagem de mistura de resíduo de granito. Utilizou-se a tabela proposta por Gamble (12) para a classificação do material, considerando-se a porcentagem retida do material seco no 1º e 2º ciclos. O ensaio do slake durability é fundamentalmente utilizado para se detectar a desintegração parcial ou total de rochas brandas, em especial as rochas sedimentares, e algumas vezes, rochas duras, como o basalto e o granito. A equação utilizada para expressar o índice de desgaste (Id%) é definida pela equação () : Id = Minicial Mciclo (%) Minicial (A) onde, Id é o índice de desgaste, Minicial é a massa seca intacta e Mciclo é a massa do ciclo considerado.

5 argilosa. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Figura 1 apresenta as curvas granulométricas do resíduo e da massa Peneira N o (USCS) 9 Porcentagem que passa (%) 8 7 6 5 4 3 2 Massa Argilosa Resíduo de Granito 2 3 4 5 6 7 8 Porcentagem retida (%) 9,1,1,1,1 1 Diâmetro dos Grãos (mm) ABNT USCS MIT Argila Argila Argila Silte Silte Silte Areia P edregulho Pedra fina média grossa fino médio grosso Areia P edregulho f ina média grossa 1 2 3 4 Areia Pedregulho fina média grossa Figura 1 Distribuição granulométrica do resíduo e da massa argilosa. Matacão Verifica-se que a composição granulométrica do resíduo de granito é constituída de 14% de fração argila, 67% de fração silte, 17% de fração areia fina e 2% de fração areia grossa (Figura 1). Para a massa argilosa, observa-se 53% de fração argila, 31% de fração silte, 8% de fração areia fina, 5% de fração areia média, e 3% de fração areia grossa (Figura 1). Avaliando a distribuição granulométrica do resíduo de granito e comparando com os resultados obtidos por Xavier (3) no estudo de resíduos em massas cerâmicas, nota-se que a fração silte é predominante, caracterizando o resíduo com forma de pó uniforme. Isto indica o uso deste resíduo de granito como aditivo para cerâmica vermelha. Observando a distribuição granulométrica da massa argilosa e considerandos os resultados de Souza Santos (11) e Alexandre (9) no estudo de argilas para aplicação em cerâmica vermelha, conclui-se que a massa argilosa possui faixa granulométrica recomendada para uso em cerâmica vermelha.

6 O Quadro I apresenta as composições químicas da massa argilosa e do resíduo de granito. Estes ensaios foram realizados, segundo metodologia estabelecida nos procedimentos do IGEO/CCMN/UFRJ (Instituto de Geociências/Centro de Ciências Matemáticas e Naturais da Universidade Federal do Rio de Janeiro/RJ). Matérias P.F. SiO 2 Al 2 O 3 Fe 2 O 3 CaO CaO MgO Na 2 O K 2 O TiO 2 Primas (%) (%) (%) (%) (%) Livre (%) (%) (%) Argila 15,4 42,31 32,2 6,87,2 -,7,4,94 1,24 R.Granito 1,55 69,16 14,58 3,49 3,21 -,32 3,13 4,49,16 Quadro I Componentes químicos da massa argilosa e do resíduo de granito. Quando comparados os resultados da análise química (Quadro I) da massa argilosa com as análises químicas de argilas para cerâmica vermelha estudadas por Souza Santos (11), Neves et al (4), observa-se que as composições químicas são similares, onde o teor de SiO 2 próximo a 5%, teor de Al 2 O 3 de 32,2% e o teor de Fe 2 O 3 acima de 6%. Isto indica a compatibilidade da massa argilosa estudada para uso em cerâmica vermelha. Os óxidos de sódio e potássio presentes são agentes fundentes, podendo formar eutéticos, preenchendo os vazios do cerâmico. Nota-se na análise química realizada para o resíduo de granito, que o teor de sílica é superior a 6% e de Al 2 O 3 é superior a 14%, indicando se tratar de composições químicas de minerais primários (quartzo, feldspato e minerais do grupo da mica). Os teores de CaO e Fe 2 O 3 são provenientes, principalmente da cal e da granalha utilizadas como lubrificante e abrasivo, respectivamente. Os óxidos de sódio e de potássio presentes no resíduo são quase totalmente oriundos do feldspato e da mica e são agentes fundentes, podendo preencher os vazios do cerâmico. A perda ao fogo (P.F.) do resíduo de granito apresentou pequena perda de massa devido à estabilidade estrutural do resíduo, no entanto, esta perda pode ter sido devido à degradação da mica. A Figura 2 apresenta a variação dos limites de consistência e da umidade de extrusão com a porcentagem de granito na mistura, respectivamente.

7 % 7 6 5 4 3 2 LL (%) LP (%) IP (%) (LL/2)+2% 28 2 4 6 8 2 4 6 8 % de Resíduo de Granito % de Resíduo de Granito (a) limites de consistência (b) umidade de extrusão Figura 2 - Curvas dos limites de consistência (a) e umidade de extrusão (b). 32 31 3 29 Nota-se que os limites de liquidez e plasticidade decrescem com o aumento da porcentagem de resíduo de granito (Figura 2a). Verifica-se, também, que o índice de plasticidade permanece aproximadamente constante com a variação da porcentagem de resíduo. Nota-se na Figura 2b que ocorre um acentuado decréscimo na umidade de extrusão com o aumento da porcentagem de resíduo. Isso indica um imbricamento entre os grãos com menor umidade em comparação com a massa argilosa sem aditivo. Essas curvas indicam menor retração na secagem a verde e na queima, maior será sua estabilidade nas dimensões da peça cerâmica. A Figura 3 mostra os resultados dos ensaios físico-mecânicos das peças cerâmicas com adição de resíduo de granito. 24 42 Abs. de Água (% ) 23 22 21 2 5 % de Resíduo de Granito(%) 5º C 7º C 9º C P. Aparente (%) 4 38 36 34 32 5 % de Resíduo de Granito(%) 5ºC 7ºC 9ºC (a) Absorção de Água (%). (b) Porosidade Aparente (%).

8 7 1,8 V. Linear (%) 6 5 4 3 2 1ºC 5ºC 7ºC 9ºC 5 % de Resíduo de Granito(%) M.E.A. (g/cm³) 1,6 1,4 5 % de Resíduo de Granito(%) 1ºC 5ºC 7ºC 9ºC (c) Variação Linear (%). 12 T.R.F. (MPa) 8 6 4 (d) Massa Específica Aparente (g/cm 3 ). 1ºC 5ºC 7ºC 9ºC 2 5 % de Resíduo de Granito(%) (e) Tensão de Ruptura à Flexão (MPa). Figura 3 Resultados dos ensaios físico-mecânicos das peças cerâmicas com adição de resíduo de granito. Analisando os resultados das figuras 5(a) e 5(b), verifica-se que os menores valores (21,12% e 33,29%) de absorção de água e porosidade aparente foram para a composição de argila com 5% de resíduo de granito a 9ºC. Isto sugere que ocorreu a formação de fase líquida nesta temperatura. Observa-se na Figura 5(c), que a variação das dimensões lineares da composição de massa cerâmica com 5% de resíduo de granito, apresentam tendência de estabilização do cerâmico em todas as temperaturas. A Figura 5(d), indica uma tendência de aumento da massa específica aparente com o aumento da porcentagem de resíduo, independentemente da temperatura de calcinação. Essa tendência de aumento pode se justificar pela a presença de granalha no resíduo.

9 Nota-se que o maior valor da tensão de ruptura à flexão foi igual a,29 MPa para os corpos de prova moldados com 5% de resíduo de granito e calcinados a 9ºC (Figura 5(e)). A seguir, mostra-se na Figura 6 (a, b e c), os resultados deste ensaio: Índice de Desgaste (%) 6 5 4 3 2 1 1,28 1,19 1,23 %R 5%R %R 2,1 1,79 2,24 5ºC 2,48 2,36 3,3 3,2 3,4 3,95 3,78 3,69 1 2 3 4 5 Nº de Ciclos (a) Índice de Desgaste (%) 6 5 4 3 2 1,21,48,43 %R 5%R %R 4,94,64,69,71 Índice de Desgaste (%) 9ºC 6 5 4 3 2 1,77,78,88,82 %R 5%R %R,23,68 1,3,48,98 7ºC 1,57,98 1,48 1,85 1,36 1,91 2,59 2,18 2,7 1 2 3 4 5 Nº de Ciclos 1,18 1,2 1,25 1,55 1,58 1 2 3 4 5 Nº de Ciclos 1,63 (b) (c) Figura 6 - Curvas de perda de massa dos cubos cerâmicos sem resíduo (a), com 5% de resíduo (b) e com % de resíduo de granito. Na Figura 6, nota-se que nas temperaturas de 5ºC (a) e 7ºC (b), a massa argilosa com 5% de resíduo apresentou menor tendência de perda de massa. Isso se deve ao fato do melhor entrosamento entre os grãos na homogeneização do material e na conformação a verde, o que conferiu maior resistência por atrito entre as amostras ensaiadas. Nota-se que na temperatura de 9ºC, a massa argilosa obteve sensivelmente maior resistência ao desgaste em relação às adições de resíduo (5 e %). Entretanto, os resultados com a adição de 5% de resíduo de

granito na massa cerâmica, podem ser utilizados, pois se apresentam próximos à massa argilosa sem adição de resíduo. Devem-se fazer novas investigações com temperaturas mais elevadas para maiores inferências. Comparando-se com a classificação de Gamble (12) para as rochas brandas (sedimentares), em todos os casos, o material se enquadra no grupo de muito alta durabilidade (> 99% no 1º ciclo e > 98% no 2º ciclo). CONCLUSÕES A massa cerâmica e o resíduo de granito apresentam fina granulometria, uniforme, adequada ao uso de massas cerâmicas. Segundo a análise química quantitativa, o resíduo tem composição mineralógica típica de minerais primários (quartzo, feldspato e mica) e que possuem compostos químicos (alcalinos e alcalinos terrosos) que melhoram a qualidade do cerâmico. As peças cerâmicas aditivadas com resíduo de granito na massa cerâmica na proporção de 5% calcinadas a 9ºC apresentaram melhores resultados quanto às propriedades físico-mecânicas. A utilização de 5% de resíduo de granito no cerâmico confere uma boa resistência superficial à desagregação do material segundo o ensaio de slake durability; REFERÊNCIAS (1) Abreu, A., Carvalho, D. A força das Pedras. O mármore e o granito no Espírito Santo. 1ª Edição. Vitória: Tecmaram. 89 p.1994. (2) Machado, M. A. O Setor de Rochas Ornamentais. Rejeitos. Palestra apresentada no CREA/ES sobre rejeitos da Indústria de Rochas Ornamentais. Cachoeiro de Itapemirim-ES. 22. (3) Xavier, G.C., Utilização de Resíduos da Serragem do Mármore e Granito na Confecção de Peças Cerâmicas Vermelhas. Dissertação de Mestrado em Geotecnia, Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, RJ, 21. (4) Neves, G.A.; Ferreira, H.C.; Silva, M.C., Potencial de Utilização de Resíduo da Serragem de Granito na Fabricação de Revestimentos Cerâmicos - Parte 1. Anais do 44º Congresso Brasileiro de Cerâmica, Florianópolis-SC, 2.

11 (5) Mothé Filho, H. F.; Polivanov, H.; Mothé, C.G. Reciclagem: O caso do resíduo sólido das Rochas Ornamentais. Anais do 1º Congresso Internacional de Rochas Ornamentais. Cachoeiro do Itapemirim-ES. 7 p., 25. (6) ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas, Determinação da Análise Granulométrica dos Solos, NBR 7181, 1984. (7) ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas, Determinação do Limite de Plasticidade dos Solos, NBR 718, 1984. (8) ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas, Determinação do Limite de Liquidez dos Solos, NBR 6459, 1984. (9) Alexandre, J. Caracterização das Argilas do Município de Campos dos Goytacazes para Utilização em Cerâmica Vermelha. Dissertação de Mestrtado em Geotecnia. Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes/RJ (1997). () ISRM. International Society for Rock Mechanics. Rock Characterization Test and Monitoring. ISRM Suggested Methods, Ed. E.T. Brow, Pergamon Press, Oxford, p. 54-6. 1981. (11) Souza Santos, P. Ciência e Tecnologia das Argilas. 2ª Edição. São Paulo-SP. Ed. Edgard Blucher Ltda. Vol.1, 499p. 1989. (12) Gamble, J. C. Durability-plasticity classification of shales and other argillaceous rocks. Ph.D. Thesis. University of Illinois. 1971. ABSTRACT This work presents the characterization of the clay soils of Campos dos Goytacazes-RJ. The waste by product of the sawing process of the blocks of granite, in the Municipal district of Cachoeiro de Itapemirim-ES, is also examined. Different by-product contents in the ceramic raw material, is investigated in order to determine some engineering properties of the ceramic brick, mainly the degree of alterability determined by the Slake Durability test. The results indicate that the by-product addition in the raw material has great influence in the alteration of the material and consequently, in its durability. Key-Words: Alterability, waste of the granite, durability, red ceramics.