ICTR 2004 CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA EM RESÍDUOS E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Costão do Santinho Florianópolis Santa Catarina

Documentos relacionados
TERMO DE REFERÊNCIA PARA A ELABORAÇÃO DE PLANOS DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS - PGRS

PREFEITURA MUNICIPAL DE VILA VELHA Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável

MEIO AMBIENTE PROJETOS DEMONSTRATIVOS DE GESTÃO DE BIFENILAS POLICLORADAS. PROJETO BRA/08/G32 PNUD Edital 27435/2015.

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL MUNICÍPIO DE CANOAS

A gestão de resíduos na UNISINOS atendendo aos requisitos da ISO :2004. Palestrante: Dra. Luciana Paulo Gomes, UNISINOS

SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE PORTO ALEGRE

I DIAGNÓSTICO DE GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DE SERVIÇO DE SAÚDE EM UM HOSPITAL PÚBLICO EM BELÉM/PA

ULC/0417 PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL /08/09 Ajuste de layout para adequação no sistema eletrônico.

TÉCNICAS DE GESTÃO DE RESÍDUOS EM EMPRESAS DE REPARAÇÃO VEÍCULAR

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE MMA

Plano de Gerenciamento de RSS PGRSS

a) sempre que se produza uma mudança nas condições de trabalho, que possa alterar a exposição aos agentes biológicos;

TERMO DE REFERÊNCIA PARA A ELABORAÇÃO DE PLANOS DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS (PGRS)

o ojet Pr a Consciênci 1 Resíduos

DIRETORIA DE PRODUÇÃO DE ENERGIA - DP USINA:UHCB GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS

PORTARIA N.º 034/2009, de 03 de agosto de 2009

FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE DE PALMAS DIRETORIA DE CONTROLE AMBIENTAL GERÊNCIA DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Segurança com Pr P odutos o Q u Q ími m cos

PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE CONTAGEM SECRETARIA MUNICIPAL DE ADMINISTRAÇÃO ANEXO 09 DIRETRIZES AMBIENTAIS MÍNIMAS

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE MMA

Nota Técnica. Requisitos Gerais para a armazenagem de óleos usados:

RESOLUÇÃO SEMA Nº 028/2010

REVISÕES C - PARA CONHECIMENTO D - PARA COTAÇÃO. Rev. TE Descrição Por Ver. Apr. Aut. Data. 0 C Emissão inicial. RPT RPT RCA RPT 04/01/11

1. OBJETIVO 2. APLICAÇÃO 3. REFERÊNCIAS 4. DEFINIÇÕES E ABREVIAÇÕES GESTÃO DE RESÍDUOS

SECRETARIA DE ESTADO DO AMBIENTE CONSELHO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE DO RIO DE JANEIRO ATO DO PRESIDENTE

RESPOSTA TÉCNICA. Preciso de informações sobre reciclagem de thinner, fabricante de máquinas para reciclagem e viabilidade.

6As áreas de abastecimento representam uma possível fonte de poluição ao meio

A LOGÍSTICA REVERSA DENTRO DA POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS Cristiane Tomaz

ICTR 2004 CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA EM RESÍDUOS E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Costão do Santinho Florianópolis Santa Catarina

CURSO DE CAPACITAÇÃO PARA A GESTÃO DOS MUNICÍPIOS. Marcos Vieira Analista Ambiental GELSAR/INEA

PGRSS PASSO A PASSO NATAL/RN NOV/2013

PROCEDIMENTO MEIO AMBIENTE IDENTIFICAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS DO SGA

Departamento de Meio Ambiente DMA/FIESP. Política Nacional de Resíduos Sólidos

PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO (Módulo: Resíduos Sólidos) Rio Claro SP

Instruções Técnicas para Apresentação de Projetos de Serviços de Lavagem, Lubrificação e Troca de Óleo de Veículos - Licença de Instalação (LI) -

Relatório Técnico FCTY-RTC-RSO Referência: Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos da Construção Civil. Fevereiro/2014.

DECISÃO TÉCNICA DT-124/2007 R-00

GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente Superintendência Estadual do Meio Ambiente SEMACE

Transporte Interno. Transporte Interno. Manejo de Resíduos Sólidos e de Serviços de Saúde Transporte e Armazenamento interno 17/10/2014

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA

RESOLUÇÃO Nº- 5, DE 28 DE JUNHO DE 2012

PLANEJAMENTO DA GESTÃO DE RSU

Política Nacional de Resíduos Sólidos

Do lixo ao valor. O caminho da Logística Reversa

MANUSEIO, ACONDICIONAMENTO, ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS. Profa. Margarita Maria Dueñas O.

Proposta do SINDILUB de Logística Reversa das Embalagens de Óleos Lubrificantes para Revenda Atacadista

LEI FEDERAL 12305/2010 POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE (PMPA) SECRETARIA MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE (SMAM) TERMO DE REFERÊNCIA


PLANO DE GESTÃO DE RESIDUOS ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO IDENTIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS PRODUZIDOS MODO OPERATIVO RESPONSABILIDADES...

POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS LEI /2010

ESTE DOCUMENTO É UMA TRADUÇÃO LIVRE. EM CASO DE DIVERGÊNCIA, PREVELECE A INFORMAÇÃO ESPECÍFICA CONTIDA NO EDITAL ORIGINAL EM INGLÊS.

TERMO DE REFERÊNCIA PARA ELABORAÇÃO DO PROJETO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL (PGRCC)

Alternativas tecnológicas disponíveis. Variações de custo e de segurança das operações.

PENSE NO MEIO AMBIENTE SIRTEC. TEMA: PREA Plano de Resposta a Emergências Ambientais

Segurança, Meio Ambiente e Saúde QHSE

QUEM TRATA BEM DOS SEUS RESÍDUOS É BEM TRATADO PELO MERCADO!

22/06/2015. Cronograma finalização da disciplina GA I. Instrumentos de Gestão Ambiental. ambiental. Auditoria Ambiental

PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE (PMPA) SECRETARIA MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE (SMAM) TERMO DE REFERÊNCIA

Gerenciamento de Resíduos

Resíduos da Construção Civil INEA DIRETORIA DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL (DILAM)

Orientações para elaboração de Planos de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - PGRSS

Estudo de Caso: Aplicação de Produção Mais Limpa no Processo de Embalagem de Soquetes de Luminárias

NORMA TÉCNICA. 1. Finalidade

PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL - PGRCC. (folha de 8 itens)

Shopping Iguatemi Campinas Reciclagem

ATO DA COMISSÃO DIRETORA Nº 4, DE 2013.

SAÚDE. Bairro: Município: CEP: CNPJ/CPF: Telefone: Fax: Localização do empreendimento (Endereço): Bairro: CEP:

TENDO EM VISTA: O Tratado de Assunção, o Protocolo de Ouro Preto e as Resoluções Nº 91/93, 151/96 e 21/01 do Grupo Mercado Comum.

LT 500 kv Mesquita Viana 2 e LT 345 kv Viana 2 Viana. Novembro de Anexo Plano de Gerenciamento e Disposição de Resíduos

SÍNTESE DA RDC 306/04 ANVISA/MS

Ministério da Saúde Agência Nacional de Vigilância Sanitária RESOLUÇÃO DA DIRETORIA COLEGIADA - RDC N 6, DE 30 DE JANEIRO DE 2012

SERVIÇOS DE SAÚDE MOSSORÓ

Considerando a necessidade de minimizar os impactos negativos causados ao meio ambiente pelo descarte inadequado de pilhas e baterias;

Para se implantar totalmente um processo verde precisamos de produtos químicos verdes, e que tenham sustentabilidade, temas já discutidos

SÉRIE ISO SÉRIE ISO 14000

RESOLUÇÃO N o 307, DE 5 DE JULHO DE 2002 Publicada no DOU nº 136, de 17/07/2002, págs

Vice-Presidência de Engenharia e Meio Ambiente Instrução de Trabalho de Meio Ambiente

PROJETO DE LEI N.º 4.194, DE 2012 (Do Sr. Onyx Lorenzoni)

São José dos Campos e a Política Nacional de Resíduos Sólidos

11º GV - Vereador Floriano Pesaro

Eloisa Maria Wistuba Dezembro/2014

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 001/2015

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE MANEJO

RESOLUÇÃO Nº 257, DE 30 DE JUNHO DE 1999 * Revogada pela Resolução 401, de 4 de novembro de 2008.

Elaboração Item 2 inclusão do PG-C-01 Programa Integrado de SSTMA Item 2 Codificação dos documentos de referência

POLÍTICA DE DESCARTE DE MEDICAMENTOS NA FARMÁCIA ENSINO DO SAS

RESOLUÇÃO Nº 307, DE 5 DE JULHO DE 2002 (DOU de 17/07/2002)

Aspectos e Impactos Ambientais

Normatização e legislação aplicada: diretrizes e parâmetros de licenciamento e controle no estado de São Paulo

Título: PGRS Bares e Restaurantes Palestrante: Julia Moreno Lara

RESOLUÇÃO CONAMA nº 334, de 3 de abril de 2003 Publicada no DOU n o 94, de 19 de maio de 2003, Seção 1, páginas 79-80

Cap 4: Principais Aspectos Jurídicos na Distribuição de Insumos no Brasil

As Diretrizes de Sustentabilidade a serem seguidas na elaboração dos projetos dos sistemas de abastecimento de água são:

Gestão de Resíduos nos Canteiros: Resultados e Continuidade. Engª Tatiana G. de Almeida Ferraz, MSc. SENAI - BA

POLÍTICA DE SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE E SAÚDE (SMS) Sustentabilidade

Soluções em Gestão Ambiental

PROCEDIMENTOS E CRITÉRIOS TÉCNICOS PARA O LICENCIAMENTO AMBIENTAL DE DEPÓSITOS DE EMBALAGENS VAZIAS DE AGROTÓXICOS

Projeto de Incentivo à Reciclagem

Transcrição:

ICTR 2004 CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA EM RESÍDUOS E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Costão do Santinho Florianópolis Santa Catarina PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE UMA INDÚSTRIA METAL-MECÂNICA - UM ESTUDO DE CASO Fabiana Bigolin Suzana Maria De Conto PRÓXIMA Realização: ICTR Instituto de Ciência e Tecnologia em Resíduos e Desenvolvimento Sustentável NISAM - USP Núcleo de Informações em Saúde Ambiental da USP

PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE UMA INDÚSTRIA METAL-MECÂNICA UM ESTUDO DE CASO Fabiana Bigolin 1, Suzana Maria De Conto 2 Resumo Os problemas relacionados à geração e manejo de resíduos sólidos industriais são complexos e necessitam ser resolvidos mediante a implantação de planos de gerenciamento desses resíduos nas organizações. Para tal, as condutas gerenciais devem ser desenvolvidas obedecendo a hierarquia de gerenciamento dos resíduos sólidos: prevenir a geração, minimizar, reaproveitar, tratar e dispor. Foi objeto de estudo a elaboração de um plano de gerenciamento de resíduos sólidos industriais a ser implantado em uma empresa do ramo metal-mecânico. Foi realizado um diagnóstico setorizado na empresa, o que permitiu identificar todos os resíduos sólidos gerados, possibilitando visualizar ações específicas que devem ser adotadas em cada setor. Esta análise facilitou a organização dos setores para a etapa posterior de quantificação dos resíduos, que se estendeu por um período de duas semanas. Foi realizada a contabilidade do passivo ambiental (resíduos e produtos químicos armazenados no âmbito da empresa em desconformidade com a legislação ou procedimentos ambientais corretos). O plano de gerenciamento foi elaborado a partir dos resultados do inventário. O plano evidencia as etapas que devem ser realizadas para a destinação correta dos resíduos, tendo como base as normas técnicas brasileiras e a legislação vigente. A implantação do plano deverá melhorar os aspectos relacionados à segregação, acondicionamento e armazenamento, coleta, transporte interno, transporte externo, tratamento e disposição final dos resíduos. A implantação do plano proposto permitirá identificar melhorias no processo visando à minimização, substituição de produtos químicos perigosos por produtos menos agressivos ao meio ambiente e o reaproveitamento de resíduos. Palavras-chave: Resíduos sólidos industriais, gerenciamento de resíduos sólidos industriais, plano de gerenciamento de resíduos sólidos industriais. 1 Acadêmica no Curso de Engenharia Química da Universidade de Caxias do Sul.E-mail: fabianabigolin@msn.com.br. 2 Engenheira Química. Doutora em Educação. Professora no Departamento de Engenharia Química e no Programa de Mestrado em Turismo. Pesquisadora no Instituto de Saneamento Ambiental. Universidade de Caxias do Sul. E-mail: smcmande@ucs.br. 1561

Introdução Várias empresas, em diversos países, identificaram nas questões ambientais um dos mais importantes fatores de sucesso para a continuidade da aceitação dos seus produtos nos mercados interno e externo. Apesar disso, ainda existem situações que estão sendo baseadas no controle ambiental apenas no final dos processos como um todo, e não em todas as atividades que compõem estes processos. Segundo Peres e Mistura (2002), o gerenciamento ambiental é um processo que objetiva, dentre suas várias atribuições, identificar as ações mais adequadas ao atendimento das imposições legais aplicadas às várias fases dos processos, desde a produção até o descarte final dos resíduos, zelando para que os parâmetros legais sejam permanentemente observados, além de manter os procedimentos preventivos e pró-ativos, que contemplam os aspectos ambientais, produtos e serviços e os interesses e expectativas das partes interessadas. O presente trabalho tem por objetivo principal propor diretrizes para um plano de gerenciamento de resíduos sólidos para uma empresa do ramo metal-mecânico. O diagnóstico permite identificar a situação atual da empresa, os setores e os resíduos gerados, montar fluxogramas de processo para os principais setores, identificar e organizar os dispositivos de estocagem, elaborar as planilhas para o registro dos resultados, quantificar e classificar os resíduos sólidos industriais gerados. O inventário de resíduos permite quantificar os resíduos sólidos gerados e com base nos resultados, propor o plano. Assim, é possível definir todas as etapas que devem ser realizadas até a destinação final dos resíduos. O plano de gerenciamento dos resíduos sólidos possui relevância para a empresa em estudo, pois resultará em melhorias em relação ao processo, minimização de resíduos com conseqüente redução de custos para disposição dos mesmos, o seu reaproveitamento e a substituição de produtos químicos perigosos. Método Primeiramente foram identificados os setores e os resíduos sólidos gerados a partir de observação direta em todos as áreas da empresa. Foram registrados todos os resíduos gerados nesses setores e foi realizada a identificação e a quantificação dos contêineres de cada setor. Esta etapa de análise preliminar foi realizada no sentido de facilitar a posterior quantificação dos resíduos. Para o melhor entendimento do processo industrial da empresa em estudo, montaramse os fluxogramas dos setores de galvanização, fosfatização, trefilação e tratamento térmico. A montagem objetivou visualizar as etapas envolvidas facilitando a identificação dos pontos de geração de resíduos. 1562

A partir da avaliação realizada nos setores, estudaram-se adaptações em relação à segregação dos resíduos para posterior quantificação. Os contêineres foram devidamente identificados com seu respectivo tipo de resíduo. Posteriormente, os mesmos foram deslocados para um único ponto em cada setor, a fim de facilitar a segregação dos resíduos. Para o registro dos resultados obtidos durante o período de quantificação foram elaboradas planilhas com o objetivo de organizar os dados facilitando, assim, a interpretação dos mesmos. Cabe destacar que para alcançar os objetivos do trabalho, foi realizada uma reunião com os funcionários, ressaltando a importância do comprometimento de todos, a fim de evitar a segregação incorreta dos resíduos. Também foram analisados os aspectos relacionados a localização dos contêineres em um único ponto do setor, volume dos contêineres e pesagem dos resíduos. Plano de gerenciamento de resíduos sólidos industriais As diretrizes para a implementação do plano de gerenciamento de resíduos sólidos deverão ser baseadas na seguinte legislação: Decreto nº 96044 (BRASIL, 1988), Lei Estadual nº 9921 (RIO GRANDE DO SUL, 1993), NBR 7500 (ABNT, 1987a), NBR 7503 (ABNT, 2003a), NBR 10004 (ABNT, 1987b), NBR 10005 (ABNT, 1987c), NBR 10006 (ABNT, 1987d), NBR 10007 (ABNT, 1987e), NBR 10157 (ABNT, 1987f), NBR 11174 (ABNT, 1990a), NBR 11175 (ABNT, 1990b), NBR 12235 (ABNT, 1992), NBR 13221 (ABNT, 2003b), NBR 13463 (ABNT, 1995), NBR 13591 (ABNT, 1996), NBR 8419 (ABNT, 1992) e NBR 8849 (ABNT, 1985). Acondicionamento É importante utilizar recipientes constituídos de materiais compatíveis com os resíduos a serem acondicionados. Os recipientes deverão ser duráveis, adequados com os equipamentos de transporte interno e resistentes a pequenos impactos. O passivo ambiental já existente na empresa deverá ser encaminhado para um local de armazenamento provisório, onde deverá ser separado e armazenado de acordo com a classificação dos resíduos. É importante consultar a NBR 13221 (2003b) que contém o modelo para identificação dos contêineres de resíduos perigosos. Coleta Para a coleta dos resíduos sólidos deverá ser consultada a NBR 13463 (ABNT, 1995). A equipe de limpeza deverá se responsabilizar pela coleta dos papéis e plásticos 1563

limpos, papéis dos sanitários (higiênico e toalha) e resíduos orgânicos (restos alimentares de origem animal e vegetal) gerados nos setores administrativos. Também, deverá recolher os papéis dos sanitários dos setores da produção, os papéis e plásticos limpos e resíduo orgânico gerado nas três cozinhas e na guarita e o papel contaminado gerado no laboratório de metalografia e químico. A coleta dos resíduos gerados nos setores da produção, bem como dos resíduos de poda, capina e entulho deverá ser realizada por funcionários específicos para tal atividade e que sejam responsáveis pela organização e monitoramento da Central de Armazenamento. Os papéis e plásticos limpos e os papéis dos sanitários deverão ser coletados diariamente. Os cavacos, rebarbas e sucata de aço e cobre deverão ser recolhidos somente quando a capacidade de acondicionamento da caçamba estiver esgotada. Transporte interno O transporte interno deverá ser realizado com auxílio de um carrinho de madeira. Os cavacos deverão ser transportados com carrinhos metálicos com rodas, construídos especificamente para o acondicionamento e transporte. Os sacos com pouca quantidade de resíduos poderão ser transportados manualmente. Central de armazenamento de resíduos sólidos Para a implantação da Central de Armazenamento de Resíduos Sólidos deverão ser consultadas as normas NBR 11174 (ABNT, 1990a) e NBR 12235 (ABNT, 1992) referente ao procedimento para armazenagem de resíduos classes II não inertes e III inertes e armazenamento de resíduos sólidos perigosos, respectivamente. A Central de Armazenamento de Resíduos Sólidos deverá ser construída na propriedade da empresa. A mesma deverá ter um responsável pelo funcionamento que também deverá fazer o recolhimento dos resíduos gerados na fábrica. A Central deverá apresentar paredes de alvenaria com três repartições para o armazenamento individual dos resíduos classes I, II e III. O pavilhão deverá ter dois acessos e com portas de aço revestidas com proteção anticorrosiva. Deverão ser afixados cartazes com restrições quanto ao acesso que deverá ser realizado somente por pessoas autorizadas. Deverão ser afixadas a sinalização de segurança e a identificação dos resíduos armazenados. 1564

Para o controle da poluição do solo e das águas, deverá ser feito um sistema para retenção de sólidos e líquidos, com um sistema de impermeabilização na base do local e deverão ser tomadas medidas para contenção de vazamentos acidentais. A cobertura deverá ser resistente às mudanças climáticas juntamente com um sistema de drenagem de águas pluviais, bacia de contenção e poços de monitoramento. Os resíduos não poderão ser misturados ou colocados em compartimentos não compatíveis com a classificação a que pertencem. Deverá ser realizado o treinamento dos funcionários quanto a forma de operação da instalação, preenchimento dos quadros de registro de movimentação e armazenamento de resíduos e aspectos de segurança. Deverão ser instalados equipamentos de segurança tais como extintores de incêndio e detectores de fumaça necessários para combater possíveis princípios de incêndio. A inspeção da instalação deverá ser realizada com periodicidade mensal a fim de identificar e corrigir eventuais problemas que possam provocar acidentes. Os registros de operação da Central de Armazenamento de Resíduos Sólidos deverão ser mantidos até o fim de sua vida útil, incluindo o período de encerramento das atividades. Armazenamento O armazenamento é uma contenção temporária dos resíduos, onde permanecem no aguardo de um sistema de destinação final, desde que atendidas as condições básicas de segurança. Para adotar os procedimentos cabíveis deve ser consultada a NBR 12235 (ABNT, 1992) sobre armazenamento de resíduos sólidos perigosos. Também, é importante verificar a NBR 11174 (ABNT, 1990a) sobre armazenamento de resíduos classes II não-inertes e III inertes. Os papéis e plásticos limpos deverão permanecer nos sacos de ráfia ou poderão ser transferidos para sacos plásticos transparentes. Os cavacos, rebarbas e sucata de aço e cobre deverão ser armazenados em caçambas situadas na parte externa da fábrica. As lâmpadas fluorescentes deverão permanecer nas embalagens de papelão. Caso não possuírem embalagem, deverão ser embrulhadas com jornal a fim de reduzir o atrito entre as mesmas e deverão ser colocadas em caixotes de madeira devidamente lacrados. Os passivos ambientais que tiverem a embalagem preservada, ou seja, sem perfurações, não-oxidadas e devidamente lacradas, deverão permanecer nos próprios recipientes. Caso contrário, deverão ser transferidos para tambores metálicos revestidos com sacos plásticos pretos. Os entulhos deverão ser armazenados na Central até que possam ser aproveitados na construção ou reforma do prédio da empresa. Os recipientes deverão ser identificados conforme a NBR 7500 (ABNT, 1987a) sobre símbolos de risco e manuseio para o transporte e armazenagem de materiais. Os contêineres de resíduos deverão ser armazenados sobre estrados de madeira evitando o contato e possível contaminação do solo. 1565

Transporte externo Para os procedimentos relacionados ao transporte externo, é importante consultar o Decreto nº 96044 (BRASIL, 1988) que aprova o regulamento para o transporte rodoviário de produtos perigosos e dá outras providências. Também, deverá ser consultada a NBR 13221 (ABNT, 2003b) que se refere ao transporte terrestre de resíduos. Deverá ser verificado o Manifesto para Transporte de Resíduo Perigoso (MTR) e o modelo de identificação de resíduo perigoso constado nos Anexos C1 e C2, respectivamente. A NBR 7503 (ABNT, 2003a) trata sobre as fichas de emergência e envelope para o transporte terrestre de produtos perigosos. Assim, deverão ser observados os Anexos D1, D2.1, D2.2 e D2.3 referentes a ficha de emergência e envelope, respectivamente. Também, deverá ser consultada a NBR 7500 (ABNT, 1987a) sobre símbolos de risco que deverão ser afixados nos contêineres para o transporte externo dos resíduos. A Lei de Resíduos Sólidos do Estado do Rio Grande do Sul (RIO GRANDE DO SUL, 1993) responsabiliza o gerador pelo destino final do resíduo, motivo pelo qual as empresas transportadoras contratadas devem fornecer a documentação que comprove tratamento e a disposição final dos resíduos, devidamente assinada pelo responsável pelo local que será disposto. Compostagem Para a matéria orgânica putrescível (restos alimentares de origem animal e vegetal e restos de poda e capina) é importante criar uma linha de compostagem, sendo necessário planejar o sistema e definir o local no âmbito do terreno da empresa. O composto resultante poderá ser utilizado nos jardins da empresa. Sensibilização dos colaboradores È importante e necessário planejar, implantar e monitorar constantemente um programa de sensibilização de todos os colaboradores (alta direção e funcionários). Os mesmos devem estar comprometidos a desenvolver novos comportamentos, utilizando significativas práticas ambientais em todo o processo (cumprimento da legislação ambiental, minimização da geração de resíduos, minimização do uso de água e de energia, reaproveitamento de resíduos, entre outras). Tratamento e disposição final A Tabela 1 mostra a destinação proposta para os resíduos gerados pela empresa. 1566

Tabela 1 Destinação proposta para os resíduos gerados pela empresa. Resíduo Destino Arames de aço contaminados com cianeto de sódio Baterias Borra de fosfato de zinco Borra de martêmpera Borra de retífica contaminada com óleo Borra dos banhos de zinco alcalino com cianeto de sódio Cavacos de aço Embalagens plásticas e metálicas contaminadas com produtos químicos Entulhos Filtros contaminados com querosene e óleo Lâmpadas fluorescentes (vapor de sódio ou mercúrio) Lâmpadas incandescentes Panos e luvas contaminados com óleo e graxa Papéis dos sanitários (higiênico e toalha) Papéis e plásticos contaminados com óleo e graxa Papéis e plásticos limpos Pilhas Pó de varrição da fábrica Pó de varrição do almoxarifado de produtos químicos Rebarbas de aço Resíduo de madeira Resíduo de poda e capina Resíduo de sal branco Resíduo orgânico (restos alimentares de origem animal e vegetal) Selo para pisos e paredes Serragem contaminada com óleo Sucata de aço Sucata de cobre Tinta catalisada Tocos de cigarro Vidros Comercialização para reciclagem Devolução para fornecedores Reaproveitamento na empresa Reciclagem Reciclagem Aterro sanitário Comercialização Devolução para fornecedores Comercialização Doação para os funcionários da empresa Compostagem na empresa Compostagem na empresa Comercialização Comercialização Aterro sanitário Reciclagem 1567

Recomendações Finais Durante a elaboração do Plano de gerenciamento de resíduos sólidos foi possível verificar que a empresa em estudo possui períodos de sazonalidade, ou seja, a produção não é constante ao longo de todo o ano. Conseqüentemente, a geração de resíduos também varia de acordo com a produção. Considerando este fato, sugere-se que o inventário de resíduos sólidos seja realizado considerando outros períodos do ano, no sentido de que seja possível obter um diagnóstico que demonstra a realidade da empresa. Para melhorar a segregação dos resíduos gerados na empresa, recomenda-se a colocação de coletores coloridos e identificados em todos os setores, evitando, com isso, a contaminação dos resíduos passíveis de reaproveitamento por resíduos perigosos. Recomenda-se que sejam desenvolvidos meios de transporte específicos para a transferência dos resíduos gerados nos setores até a Central de Armazenamento de Resíduos Sólidos. Sugere-se que sejam realizadas as análises físico-químicas dos resíduos que ainda não foram classificados. Para tanto, deve-se considerar como base a NBR 10004 (ABNT, 1987b). Também, é importante a realização de um estudo das empresas que estejam devidamente licenciadas para o recebimento dos resíduos sólidos gerados pela empresa. No que tange aos panos utilizados na limpeza de superfícies com óleos e graxas em geral, sugere-se que os mesmos sejam substituídos por toalhas reaproveitáveis, ou seja, passíveis de lavagem. Em síntese, na implantação de um plano de gerenciamento de resíduos sólidos industriais, é possível afirmar que a responsabilidade ambiental pressupõe um esforço sistêmico de todos que compõem um organização, no sentido de desenvolver novos comportamentos e demonstrar o seu verdadeiro papel perante à sociedade. Referências bibliográficas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7500: símbolos de risco e manuseio para o transporte e armazenamento de materiais. Rio de Janeiro, 1987a. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7503: ficha de emergência e envelope para o transporte terrestre de produtos perigosos características, dimensões e preenchimento. Rio de Janeiro, 2003a. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004: resíduos sólidos: classificação. Rio de Janeiro, 1987b. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 11174: armazenamento de resíduos classes II não inertes e III inertes: procedimento. Rio de Janeiro, 1990a. 1568

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12235: armazenamento de resíduos sólidos perigosos: procedimento. Rio de Janeiro, 1992. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13221: transporte terrestre de resíduos. Rio de Janeiro, 2003b. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13463: coleta de resíduos sólidos: classificação. Rio de Janeiro, 1995. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13591: compostagem: terminologia. Rio de Janeiro, 1996. BRASIL. Decreto nº 96.044, de 18 de maio de 1988. Aprova o regulamento para o transporte rodoviário de produtos perigosos e dá outras providências. Brasília, DF, 18 mai. 1988. Disponível em <http://www.fepam.rs.gov.br>. Acesso em out. 2003. PERES, Cristiane; MISTURA, Clóvia Marozzin. Elaboração do plano de gerenciamento de resíduos da empresa Agromarau. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS, 6., 2002, Gramado. Anais... Gramado: ABES, 2002. 1 CD-ROM. RIO GRANDE DO SUL (Estado). Lei nº 9.921, de 27 de julho de 1993. Dispõe sobre a gestão dos resíduos sólidos, nos termos do artigo 247, parágrafo 3º da Constituição do Estado e dá outras providências. Palácio Piratini, Porto Alegre, RS, 27 jul. 1993. Disponível em <http://www.fepam.rs.gov.br>. Acesso em out. 2003. Abstract The problems related to the generation and management of the industrial solid waste is complex and need to be solved with the implantation of the management plans of this waste in the organizations. For this, the administrative behaviors must be developed obeying the hierarchy of waste solid management: prevent the generation, minimize, reuse, treatment and final disposal. The object of study is the elaboration of a management plan for the industrial solid waste to be implanted in a metal-mechanic factory. It was performed a sector diagnosis in the factory, that permitted to identify all the solid waste generated, enabling to visualize specific actions that must be adopted in each sector. This analysis eased the organization of the sectors for the further step of quantification of the waste qualification, which took two weeks. The account of the environmental passive was performed (waste and chemical products stored in the factories not according with the legislation or correct environmental proceedings). The management plan was elaborated based on the inventory results. The plan shows the stages that must be performed to the right destination of the waste according to the 1569

Brazilian technical rules and the present legislation. The implantation of the plan should improve the aspects related to the segregation, packing and storage, collection, internal transportation, external transportation, and treatment and final disposal of the waste. The implantation of the proposed plan will permit to identify improvements in the process aiming waste minimization, replacement of dangerous chemical products by others less aggressive to the environment and the reuse of the wastes. Key words: Industrials solids wastes, management of the industrials solids wastes, management plan for the industrials solids wastes. 1570