PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: ACÓRDÃO

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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores MARY GRÜN (Presidente) e LUIZ ANTONIO COSTA. São Paulo, 24 de julho de 2018.

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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 8ª Câmara de Direito Privado. Registro: ACÓRDÃO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: ACÓRDÃO

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores DONEGÁ MORANDINI (Presidente) e BERETTA DA SILVEIRA. São Paulo, 21 de abril de 2017.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 9ª Câmara de Direito Privado ACÓRDÃO

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ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores MIGUEL BRANDI (Presidente sem voto), LUIS MARIO GALBETTI E MARY GRÜN.

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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores MOREIRA VIEGAS (Presidente) e FÁBIO PODESTÁ. São Paulo, 26 de outubro de 2016.

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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores MOREIRA VIEGAS (Presidente sem voto), FERNANDA GOMES CAMACHO E A.C.MATHIAS COLTRO.

THAYANI CRUZ NANNINI e RODRIGO MACHADO GOMES ajuizaram "ação de rescisão contratual" contra GAFISA SPE-127 EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA.

Vistos lauda 1

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores A.C.MATHIAS COLTRO (Presidente) e FERNANDA GOMES CAMACHO. São Paulo, 5 de maio de 2017.

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SENTENÇA FUNDAMENTO E DECIDO.

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores LUIZ ANTONIO DE GODOY (Presidente sem voto), CHRISTINE SANTINI E CLAUDIO GODOY.

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Vistos lauda 1

lauda 1

lauda 1

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores VITO GUGLIELMI (Presidente) e PERCIVAL NOGUEIRA. São Paulo, 18 de junho de 2015.

SENTENÇA C O N C L U S Ã O

SENTENÇA. Os pressupostos de existência e desenvolvimento válido e regular estão presentes.

Vistos lauda 1

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores MIGUEL BRANDI (Presidente sem voto), RÔMOLO RUSSO E LUIZ ANTONIO COSTA.

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ACÓRDÃO. São Paulo, 20 de fevereiro de James Siano Relator Assinatura Eletrônica

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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores DONEGÁ MORANDINI (Presidente), EGIDIO GIACOIA E VIVIANI NICOLAU.

lauda 1

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SENTENÇA. Juntou documentos (fls. 30/79).

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Vistos lauda 1

lauda 1

ACÓRDÃO. Marcia Dalla Déa Barone relator Assinatura Eletrônica

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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores SALLES ROSSI (Presidente sem voto), MOREIRA VIEGAS E LUIS MARIO GALBETTI.

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ALEXANDRE LAZZARINI (Presidente) e THEODURETO CAMARGO.

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores PAULO ALCIDES (Presidente sem voto), VITO GUGLIELMI E PERCIVAL NOGUEIRA.

SENTENÇA. Processo Digital nº: Classe - Assunto Procedimento Comum - Rescisão do contrato e devolução do dinheiro

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores VITO GUGLIELMI (Presidente) e PERCIVAL NOGUEIRA. São Paulo, 11 de setembro de 2014.

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SENTENÇA. Vistos. A tutela foi parcialmente concedida (folhas 101/102), sobrevindo agravo de instrumento de folhas 216/217.

SENTENÇA. Afirmam que adquiriram imóvel na planta junto à requerida em 8 de novembro de 2013.

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores MOREIRA VIEGAS (Presidente), FÁBIO PODESTÁ E FERNANDA GOMES CAMACHO.

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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: ACÓRDÃO

Registro: ACÓRDÃO

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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores RUI CASCALDI (Presidente sem voto), AUGUSTO REZENDE E LUIZ ANTONIO DE GODOY.

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores DONEGÁ MORANDINI (Presidente), EGIDIO GIACOIA E VIVIANI NICOLAU.

SENTENÇA. Processo Digital nº: Classe - Assunto Procedimento Comum - Rescisão do contrato e devolução do dinheiro

SENTENÇA. a rescisão de compromisso de venda e compra e a restituição das parcelas pagas (fls. 01/15).

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores DONEGÁ MORANDINI (Presidente sem voto), EGIDIO GIACOIA E VIVIANI NICOLAU.

SENTENÇA. Os autores postulam: 1) a rescisão contratual e 2) a devolução de 90% dos valores pagos à ré.

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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores GILBERTO LEME (Presidente), MORAIS PUCCI E CLAUDIO HAMILTON.

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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ANDRADE NETO (Presidente) e MARIA LÚCIA PIZZOTTI.

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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 7ª Câmara de Direito Privado ACÓRDÃO

SENTENÇA. Processo Digital nº: Classe - Assunto Procedimento Comum - Rescisão do contrato e devolução do dinheiro

SENTENÇA. Processo Digital nº: Classe - Assunto Procedimento Comum - Rescisão do contrato e devolução do dinheiro

SENTENÇA. Processo nº: Classe - Assunto Procedimento Comum - Rescisão do contrato e devolução do dinheiro

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Transcrição:

fls. 386 ACÓRDÃO Registro: 2017.0000266369 Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 1096811-40.2016.8.26.0100, da Comarca de São Paulo, em que é apelante BAVETE EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA, é apelada MONIA ELLER. ACORDAM, em 5ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores A.C.MATHIAS COLTRO (Presidente sem voto), FÁBIO PODESTÁ E FERNANDA GOMES CAMACHO. São Paulo, 19 de abril de 2017. Moreira Viegas RELATOR Assinatura Eletrônica

fls. 387 Apelação nº: 1096811-40.2016.8.26.0100 Comarca: Apelante: Apelada: São Paulo BAVETE EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA. MONIA ELLER COMPROMISSO DE VENDA E COMPRA RESCISÃO RESTITUIÇÃO DE QUANTIAS PAGAS Impossibilidade econômica superveniente do adquirente em arcar com as prestações ajustadas Ausência de demonstração de culpa da vendedora Aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor - Rescisão decretada - Ato que causa prejuízo ao credor - Taxa de retenção mantida em 10% dos valores pagos, para evitar enriquecimento indevido Incidência de juros moratórios a partir da citação Inteligência do art. 405, do CC Sentença mantida Recurso desprovido. VOTO Nº 19371 Apelação interposta contra a r. sentença de fls. 263/266 que, nos autos de ação de rescisão contratual, julgou procedente o pedido, para determinar a rescisão do contrato firmado entre as partes, condenando a ré à restituição de 90% dos valores pagos, atualizados pela Tabela Prática desta E Corte desde o desembolso e acrescidos de juros de mora legais de 1% ao mês, a contar da citação. Alega a apelante a inaplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor, devendo incidir à hipótese as normas do Código Civil e da Lei 4.591/64. Sustenta a validade das cláusulas contratuais, não se vislumbrando qualquer vício de consentimento. Aduz a impossibilidade de rescisão contratual, devendo privilegiar-se o princípio da conservação do negócio jurídico e do pacta sunt servanda. Afirma que a rescisão da avença acarretará desequilíbrio contratual, ensejando enriquecimento ilícito. Pugna Apelação nº 1096811-40.2016.8.26.0100 2

fls. 388 pela fixação da retenção nos termos da cláusula VIII do instrumento firmado. Subsidiariamente, pleiteia a majoração da retenção para 30% sobre o valor histórico ou 50% do valor atualizado nos termos da sentença. Pretende a incidência de juros moratórios e atualização monetária somente a partir do trânsito em julgado (fls. 271/313). Recurso processado, recolhido o preparo. Contrarrazões às fls. 363/381. É o relatório. A ação objetiva rescisão de compromisso de compra e venda cumulada com pedido devolução dos valores pagos, em decorrência da inviabilidade de a autora continuar adimplindo com o pagamento do contrato. Ainda que se trate de unidade adquirida para fins comerciais, incide o Código de Defesa do Consumidor nos contratos de compra e venda em que a incorporadora se obriga à construção das unidades imobiliárias, conforme posicionamento consagrado no Superior Tribunal de Justiça. Portanto, é de rigor a devolução das parcelas pagas, imediata e de uma só vez, corrigidas monetariamente, sob pena de se colocar o consumidor em situação de onerosidade excessiva, conforme dispõe o artigo 53 da citada norma e na esteira das Súmulas nº 1 e 2 deste Tribunal de Justiça: A devolução das quantias pagas em contrato de compromisso de compra e venda de imóvel deve ser feita de uma só vez, não se sujeitando à forma de parcelamento prevista para a aquisição. Apelação nº 1096811-40.2016.8.26.0100 3

fls. 389 O compromissário comprador do imóvel, mesmo inadimplente, pode pedir a rescisão do contrato e reaver as quantias pagas, admitida a compensação com gastos próprios de administração e propaganda feitos pelo compromissário vendedor, assim como com o valor que se arbitrar pelo tempo de ocupação do bem. Assim, cristalino admitir-se a resolução até pelo simples inadimplemento do adquirente, por insuportabilidade do contrato, devendo o vendedor receber o imóvel objeto do contrato e o comprador os valores que pagou. Mas o percentual a ser restituído deve ser variável, e isso somente o caso concreto pode explicitar. Sem muita dificuldade, todavia e sobre esse tema quatro situações, genericamente consideradas, devem ser anotadas. Primeira, a mora exclusiva da devedora, que, por exemplo, não entrega a obra no prazo. A segunda, quando o comprador se coloca em mora, não efetuando o pagamento, mas de imediato pleiteia a rescisão. A terceira, quando o comprador se coloca em mora e somente depois de tempos é que toma a iniciativa. A quarta, quando a iniciativa é tomada pela própria alienante, diante da mora. A isso se acrescentem mais duas situações: o imóvel haver sido ou não ocupado, e bem a permanência nele, ainda, do comprador. Aliás, a referência nessa ordem não foi aleatória. Objetiva, claramente, demonstrar a gradação que a restituição deve ter em função desses elementos. A jurisprudência, por sinal, tem admitido a retenção de 10% a 30%, conforme as várias hipóteses. A leitura dessa matéria, todavia, é algo diversa. A insuportabilidade do contrato pode decorrer de culpa do adquirente Apelação nº 1096811-40.2016.8.26.0100 4

fls. 390 quando menos, em atentar para obrigação que assumiu ou, efetivamente em razão da imprevisão, de que cuida o artigo 477 do Código Civil (antigo 1092 do diploma revogado). E bem da onerosidade excessiva, de que cuida seu artigo 478. O adquirente que não obrou, em tempo algum, em mora, suspendendo o pagamento quando do vencimento dos prazos contratuais para entrega da obra, notificando, de imediato, sua intenção em não mais prosseguir no contrato, não pode ser tratado como aquele que, simplesmente, deixa de pagar e, quando instado, toma alguma iniciativa. Quem simplesmente deixa de pagar e não diz porque o faz, quebra a expectativa de recebimento do credor e pode causar outros prejuízos que não exclusivamente aqueles decorrentes da falta do valor devido. Quando o comprador, todavia, pela insuportabilidade do contrato, acaba por colocar-se em mora, causou, com o inadimplemento, prejuízo ao credor, não só pelo não pagamento, mas pelo conjunto de consequências que aí decorrem. Pode, por exemplo, comprometer todo o empreendimento. Pode causar prejuízo a todos os participantes. Ou pode gerar um custo financeiro para o credor, que haverá de suportar aquela parcela para a continuidade do empreendimento. É obvio, não se desconhece, que essa prova demandaria debate amplo e específico, nem sempre possível ou de interesse das partes. Mas - e como é o caso não se verificando quer a onerosidade excessiva quer a teoria da imprevisão ao contrário, o inadimplemento singelo do autor por culpa sua, a retenção é devida. Aliás, alguma consequência para o descumprimento há de ser fixada, pena de incentivo ao inadimplemento, o que o direito não deve admitir. Apelação nº 1096811-40.2016.8.26.0100 5

fls. 391 não pode o credor repassar o bem a terceiro. Ademais, sem ciência do intento de rescindir, A jurisprudência tem assim se orientado: Promessa de compra e venda. Extinção do contrato. Comprador inadimplente. A orientação que terminou prevalecendo na Segunda Seção, depois de inicial controvérsia, é no sentido de que o promissário comprador que se torna inadimplente em razão da insuportabilidade do contrato assim como pretendido executar pela promitente vendedora tem o direito de promover a extinção da avença e de receber a restituição de parte substancial do que pagou, retendo a construtora uma parcela a título de indenização pelo rompimento do contrato. Esta quantia a ficar retida varia de caso para caso: ordinariamente tem sido estipulada entre 10% e 20%, para cobertura das despesas com publicidade e corretagem, podendo ser majorada quando o imóvel vem a ser ocupado pelo comprador. Não há razão para que tudo ou quase tudo do que foi pago fique com a vendedora, uma vez que por força do desfazimento do negócio ela fica com o imóvel, normalmente valorizado, construído também com o aporte do comprador. Precedente. Recurso conhecido e provido em parte (STJ Resp. n. 476.775-MG 4ª T Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar j. 20.05.2003). No caso, a retenção de 10% sobre os valores Apelação nº 1096811-40.2016.8.26.0100 6

fls. 392 recebidos, acrescida de PIS, COFINS, outros impostos e tributos, além de multa compensatória de 10% sobre o valor do contrato, nos termos da cláusula VIII do instrumento é excessivamente onerosa e configura enriquecimento indevido de uma parte em detrimento da outra, o que viola frontalmente o Código de Defesa do Consumidor. Além disso, deve ser considerado que o imóvel sequer chegou a ser ocupado. Assim, para que sejam reparados adequadamente os prejuízos sofridos, afigura-se razoável, na hipótese, que a retenção seja mantida no patamar de 10% (dez por cento) dos valores pagos. A quantia a ser restituída ao autor deverá ser atualizada monetariamente na forma determinada na r. sentença e acrescida de juros de mora de 1% ao mês, a contar da citação, conforme disposição expressa do art. 405, do Código Civil. Em observância ao disposto no art. 85, 1º e 11, majoram-se os honorários advocatícios para 15% sobre o valor da condenação. Pelo exposto, nega-se provimento ao recurso. JOÃO FRANCISCO MOREIRA VIEGAS Relator Apelação nº 1096811-40.2016.8.26.0100 7