Efeito Da Concentração Salina Em Água De Irrigação Durante Desenvolvimento Inicial Da Piptadenia Stipulacea Benth. Narjara Walessa Nogueira (1) ; Rômulo Magno Oliveira de Freitas (1) ; Miquéias Giraldi Barbosa (2) ; Hellayne Verucci Gomes Martins (3) (1) Doutorando (a) em Fitotecnia, Universidade Federal Rural do Semi-Árido - UFERSA, Mossoró, RN, Brasil, narjarawalessa@yahoo.com.br. (2) Graduando em Eng. Florestal, Universidade Federal Rural do Semi-Árido UFERSA, Mossoró, RN, Brasil, miqueiasgb@gmail.com (3) Eng. Agroª, Universidade Federal Rural do Semi- Árido - UFERSA, Mossoró, RN, Brasil. RESUMO Programas de reflorestamento demandam uma grande produção de mudas, sendo para isso importante conhecer os fatores que limitam o desenvolvimento da espécie a ser trabalhada, dentre eles podemos destacar a salinidade e sodicidade, uma condição frequentemente constatada em solos tropicais. Dessa forma, o presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar o efeito de diferentes concentrações salinas em água de irrigação na emergência e desenvolvimento inicial de plântulas de Jurema Branca. O delineamento estatístico utilizado foi o inteiramente casualizado, com cinco tratamentos e quatro repetições, com 25 sementes cada. Os tratamentos consistiram das concentrações salinas (0,5; 1,5; 2,5; 3,5; 4,5; 5,5 e 6,5 ds m - ¹), que foram obtidas através da adição de NaCl em água de forma que as soluções fossem calibradas para as condutividades elétricas pré-estabelecidas. As variáveis avaliadas foram: porcentagem de emergência, índice de velocidade de emergência, altura de plântula, número de folhas, comprimento de raiz e massa seca da parte aérea, raiz e total. A espécies possui tolerância moderada a salinidade, tolerando salinidades de 4,5 ds m-¹ sem que haja perdas significativas de germinação e número de folhas. No entanto, a irrigação com água salina afeta de forma negativa as plântulas de Jurema branca, comprometendo o desenvolvimento das mesmas no que diz respeito a acúmulo de massa e crescimento da parte aérea. Palavras-chave: Irrigação. Estresse salino. Espécie florestal. INTRODUÇÃO Programas de reflorestamento demandam uma grande produção de mudas, sendo para isso importante conhecer os fatores que limitam o desenvolvimento da espécie a ser trabalhada, dentre eles podemos destacar a salinidade e sodicidade, uma condição frequentemente constatada em solos tropicais. Em geral, as sementes estão em ambiente mais salinizado do que as plântulas estabelecidas, cujas raízes podem usar a porção menos salinizada do perfil do solo (AGBOOLA, 1998). Quando semeadas em soluções salinas, observa-se inicialmente uma diminuição na absorção de água, a redução da porcentagem e velocidade de germinação e o efeito tóxico no embrião (CAMPOS; ASSUNÇÃO, 1990; FERREIRA; REBOUÇAS, 1992; SIVRITEPE et al., 2003). - Resumo Expandido - [519] ISSN: 2318-6631
No tocante a Jurema Branca há uma carência de informações sobre a tolerância desta espécie à irrigação com água salina, porém são vários os estudos realizados à cerca do efeito da salinidade em espécies florestais. Dessa forma, o presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar o efeito de diferentes concentrações salinas em água de irrigação na emergência e desenvolvimento inicial de plântulas de Jurema Branca. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido no período de outubro a novembro de 2012, em casa de vegetação do Departamento de Ciências Vegetais da Universidade Federal Rural do Semi-Árido UFERSA, Mossoró-RN. O delineamento estatístico utilizado foi o inteiramente casualizado, com cinco tratamentos e quatro repetições, sendo a unidade experimental representada por uma bandeja contendo 25 sementes. As concentrações salinas foram obtidas através da adição de NaCl em água de forma que a solução fosse calibrada para as condutividades elétricas (C.E.) T2-1,5; T3-2,5; T4-3,5; T5-4,5; T6-5,5; T7-6,5dS m -1, que juntamente com a testemunha (água de poço, T1-0,5 ds m -1 ), constituíram os tratamentos A semeadura foi realizada em bandejas de isopor de 128 células, com volume de 40 cm 3, preenchidas com substrato fibra de coco. As irrigações foram realizadas uma vez ao dia, com um volume médio de 250 ml por unidade experimental, aplicando a água de acordo com os níveis salinos para cada tratamento. Antes da semeadura foi realizada superação da dormência (FARIAS et al., 2013) Para verificar o efeito da salinidade na fase de germinação foi avaliada a percentagem de emergência (%E) aos 28 dias após semeadura e o índice de velocidade de emergência (IVE). Aos 28 dias após a instalação do experimento, foram coletadas 10 plântulas (das fileiras centrais) por unidade experimental, a partir das quais se determinou: comprimento da parte aérea; diâmetro do colo; números de folhas por planta; matéria seca de raiz, parte aérea e total. E foram geradas regressões para explicar o efeito dos diferentes níveis de salinidade da água sobre a espécie. RESULTADOS E DISCUSSÃO A porcentagem de emergência apresentou valores decrescentes à medida que a salinidade da água de irrigação aumentou. Quando irrigadas com água com salinidade de 0,5 ds m - ¹ a emergência registrada ficou em torno de 80%, a planta tolerou bem o incremento da salinidade até 4,5 ds m - ¹ e a partir daí houve uma queda brusca, chegando a porcentagem de emergência inferior a 40% quando as plântulas foram irrigadas com água de salinidade de 6,5 ds m - ¹ (Figura 1A). - Resumo Expandido - [520] ISSN: 2318-6631
Figura 1. A. Porcentagem de emergência (%E), B. Velocidade de emergência (VE), C. Diâmetro do colo (DC), D. Número de folhas, E. Comprimento da parte aérea (CPA), F. Matéria seca da parte aérea (MSPA), G. Matéria seca das raízes (MSR) e H. Matéria seca total (MST) de jurema-branca (Piptadenia stipulacea Benth.) submetida a diferentes salinidades na água de irrigação. Mossoró/RN, 2012. - Resumo Expandido - [521] ISSN: 2318-6631
Os resultados encontrados corroboram os obtidos por Freitas et al. (2010), onde os autores constataram efeito dos diferentes níveis salinos sobre a emergência e desenvolvimento inicial de sementes de jucá (Caesalpinea ferrea), com redução da emergência de forma proporcional ao aumento dos níveis de salinidade da água de irrigação, sendo este efeito mais evidente à partir da concentração de 3,0 ds m -1. A velocidade de emergência apresentou comportamento linear crescente, sendo o menores valores obtidos na menor salinidade (0,5 ds m - ¹) e os maiores verificados no T7 (6,5 ds m - ¹). Nota-se, que quando submetidas a estresse salino, as sementes de jurema branca demoraram cerca de um dia à mais (6,3 dias) para germinar, em relação a testemunha (5,3 dias) (Figura 1B). Esse fato pode ser explicado devido ao fato de o aumento da concentração de sais no substrato promoverem uma redução no potencial hídrico, resultando em menor capacidade de absorção de água pelas sementes, o que em geral influência a capacidade germinativa e a velocidade de sua ocorrência. De forma semelhante à porcentagem de emergência, o diâmetro do colo apresentou valores decrescentes à medida que a salinidade da água de irrigação aumentou. Quando irrigadas com água com salinidade de 0,5 ds m - ¹ o diâmetro do colo foi de 1,30 mm, tolerando o incremento da salinidade até 3,5 ds m - ¹ e a partir desse valor houve uma queda brusca, chegando ao diâmetro de 1,10 mm quando as plântulas foram irrigadas com água de salinidade de 6,5 ds m - ¹ (Figura 1C). Mostrando assim, que plantas exposta a maior salinidade, apresentam-se menor desenvolvimento. Para o número de folhas, a jurema branca mostrou-se tolerante a salinidade até 4,5 ds m -1, com uma média de 3 folhas por plântula. Com o aumento da salinidade, houve uma redução do número de folhas, chegando a uma média de 2 folhas por plântula quando estas foram irrigadas com água de salinidade de 6,5 ds m - ¹ (figura 1D). O comprimento da parte área também foi afetado negativamente pelo aumento da salinidade na água de irrigação. O maior comprimento (9,8 cm) foi obtido quando as plântulas foram irrigadas com a menor concentração salina em estudo (0,5 ds m - ¹). Para a concentração do 1,5 ds m - ¹ houve uma pequena redução em relação a concentração de 0,5 ds m - ¹, mantendo-se estável até a concentração de 3,5 ds m - ¹. As plântulas que forram irrigadas com a concentração salina de 6,5 ds m - ¹ sofreram uma redução de aproximadamente 50% do comprimento da parte aérea em comparação as que foram irrigadas com a concentração de 0,5 ds m - ¹, atingindo valores médios de 5 cm (Figura 1E). As massas secas da parte aérea, de raiz e total apresentaram comportamento semelhante, linear decrescente (Figura 1F, 1G e 1H). À medida que os níveis de salinidade aumentaram houve uma progressiva queda na massa seca das partes. Embora não tenham ocorrido diferenças significavas entre os tratamentos para a variável comprimento de raiz, houve diferença para a massa seca das raízes, indicando que embora o comprimento das raízes tenha sido limitado pela célula da bandeja, o desenvolvimento de raízes secundárias foi maior em condições de ausência de estresse salino. Da mesma forma, Oliveira et al. (2009), trabalhando com soluções salinas entre 0 e 5 ds m -1 em casa de vegetação, verificaram que o acúmulo de matéria seca em Moringa oleifera foi reduzido à medida que se aumentou a salinidade da água de irrigação. Resultados semelhantes também foram obtidos por Silva et al. (2005), que observaram redução de 63,40% da massa seca de parte aérea de plântulas de Cnidosculus phyllacanthus entre o menor e o maior nível de salinidade estudado (1,0 e 6,0 ds m -1 ) e Nogueira et al. (2012) que verificaram redução de 62,84% da massa seca da parte aérea de plântulas de Delonix regia. CONCLUSÕES A espécie possui tolerância moderada a salinidade, tolerando salinidades de 4,5 dsm -1 sem que haja perdas significativas de germinação e número de folhas. No entanto, a irrigação com água salina afeta de forma negativa as plântulas de Jurema branca, comprometendo o desenvolvimento das mesmas no que diz respeito a acúmulo de massa seca e crescimento da parte aérea. - Resumo Expandido - [522] ISSN: 2318-6631
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGBOOLA, D. A. Effect of saline solutions and salt stress on seed germination of some tropical forest tree species. Revista de Biologia Tropical, v.46, n.4, p.1109-1115, 1998. CAMPOS, I. S.; ASSUNÇÃO, M. V. Efeitos do cloreto de sódio na germinação e vigor de plântulas de arroz. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.25, n.6, p.837-843, 1990 FARIAS, R. M. F.; FREITAS, R. M. O.; NOGUEIRA, N. W.; DOMBROSKI, J. L. D. Superação de dormência em sementes de Jurema-branca (Piptadenia stipulacea). Revista Ciências Agrarias, v. 56, n. 3, p. xx-xx, 2013. FERREIRA, L. G. R.; REBOUÇAS, M. A. A. Influência da hidratação/desidratação de sementes de algodão na superação dos efeitos da salinidade na germinação. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.27, n.4, p.609-615, 1992. FREITAS, R. M. O.; NOGUEIRA, N. W.; OLIVEIRA, F. N.; COSTA, E. M.; RIBEIRO, M. C. C. Efeito da irrigação com água salina na emergência e crescimento inicial de plântulas de Jucá. Revista Caatinga, v. 23, n. 3, p. 54-58, 2010. NOGUEIRA, N. W.; LIMA, J. S. S.; FREITAS, R. M. O.; RIBEIRO, M. C. C.; LEAL, C. C. P.; PINTO, J. R. S. Efeito da salinidade na emergência e crescimento inicial de plântulas de flamboyant. Revista brasileira de Sementes, v.34, n.3, 2012a. OLIVEIRA, F. R. A.; OLIVEIRA, F. A.; GUIMARÃES, I. P.; MEDEIROS, J. F.; OLIVEIRA, M. K. T.; FREITAS, A. V. L; MEDEIROS, M. A. Emergência de plântulas de moringa irrigada com água de diferentes níveis de salinidade. Bioscience Journal, v.25, n.5, p.66-74, 2009. SILVA, M. B. R.; BATISTA, R. C.; LIMA, V. L. A.; BARBOSA, E. M.; BARBOSA M. F. N. Crescimento de plantas jovens da espécie florestal favela (Cnidosculus phyllacanthus Pax & K. Hoffmem) em diferentes níveis de salinidade da água. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v.5, n.2, 2005. SIVRITEPE, N.; SIVRITEPE, H.O.; ERIS, A. The effect of NaCl priming on salt tolerance in melon seedling grown under saline conditions. Scientae Horticulturae, v.97, n.3-4, p.229-237, 2003. - Resumo Expandido - [523] ISSN: 2318-6631