Exmo(a). Senhor(a) Doutor(a) Juiz de Direito da 2ª Secção de Comércio Instância Central de Vila Nova de Famalicão J1 Processo nº 1217/15.9T8VNF Insolvência de Maria dos Anjos Marques Faria V/Referência: Data: Nuno Rodolfo da Nova Oliveira da Silva, Economista com escritório na Quinta do Agrelo, Rua do Agrelo, nº 236, Castelões, em Vila Nova de Famalicão, contribuinte nº 206 013 876, Administrador da Insolvência nomeado no processo à margem identificado, vem requerer a junção aos autos do relatório a que se refere o artigo 155º do C.I.R.E., bem como os respectivos anexos (inventário). Mais informo que não foi elaborada a lista provisória de créditos prevista no artigo 154º do CIRE, uma vez que vai ser junto aos autos a relação de credores a que alude o artigo 129º do CIRE. P.E.D. O Administrador da Insolvência (Nuno Oliveira da Silva) Castelões, 14 de abril de 2015 Página 1
I Identificação da Devedora Maria dos Anjos Marques Faria, N.I.F. 107 825 112, divorciada, residente na Rua Carlos Teixeira, nº 19, 1º Esq., freguesia de S. Lázaro, concelho de Braga. II Situação profissional e familiar da devedora A devedora reside num imóvel propriedade sua, que adquiriu em 2003, e recebe, desde Novembro de 2014 o Rendimento Mínimo de Inserção no valor mensal de Euros 178,15. III Atividade da devedora nos últimos três anos e os seus estabelecimentos (alínea c) do nº 1 do artigo 24º do C.I.R.E.) Em 2007 a devedora constituiu a sociedade Faria & Esteves Decoração, Lda., NIPC 508 059 704, com Maria de Lúcia da Silva Esteves, sua entidade empregadora até então, passando a ser esta a sua única ocupação e também a sua única fonte de rendimento. Na qualidade de gerente desta sociedade, a devedora prestou o seu aval perante diversos contractos celebrados com fornecedores e outros credores da sociedade, tendo igualmente sido contra a mesma revertidas as dívidas acumuladas junto da Segurança Social. Vejamos: 1- Esta sociedade exercia a sua actividade no Centro Comercial dos Granjinhos, mediante contrato de arrendamento celebrado em Setembro de 2007 com Rosa Soares de Castro. Face às dificuldades crescentes de liquidez, a sociedade arrendatária deixou de pagar as rendas devidas a partir de Setembro de 2012, tendo desocupado definitivamente o imóvel em Março de 2014, encontrando-se actualmente em dívida o valor de Euros Página 1 de 4
9.896,72 1. Este incumprimento levou a proprietária do imóvel a instaurar o processo executivo nº 1941/14.3TBBRG 2 ; 2- Para além dos valores de renda, foram também incumpridas as despesas de condomínio desde Março de 2012 até Fevereiro de 2014; 3- Entre Maio de 2008 até Maio de 2011 e de Setembro de 2011 a Outubro de 2012, a empresa Faria & Esteves Decoração, Lda. acumulou um passivo de mais de Euros 11.152,09 junto do Instituto da Segurança Social em resultado do não pagamento de contribuições 3, pelo que agora vêm reclamar o valor de Euros 14.457,62 4 ; 4- O fornecedor Parentes Comércio de Tecidos de Decoração, Lda. reclamou o crédito quanto às letras de câmbio aceites pela Faria & Esteves Decoração, Lda. E avalizadas pelas sócias da empresa nos anos de 2013 e 2014, vencidas em 2014, no valor de Euros 7.698, 62. Esta divida levou o credor a instaurar a acção executiva nº 308/14.8T8GMR 5 ; Para além do passivo gerado pela actividade da sociedade indicada, a devedora detém ainda uma série de dívidas a título pessoal, nomeadamente os contractos para aquisição de habitação própria celebrados em Julho de 2003 com o Banco Santander Totta, S.A. 6, que deixou de cumprir em Agosto de 2014. Pelo incumprimento de todos estes contractos, o Banco Santander Totta, S.A. vem reclamar mais de Euros 60.000,00. Face às dificuldades crescentes da sociedade Faria & Esteves Decoração, Lda., veio a mesma a encerrar o seu estabelecimento em finais de 2013 e a sua 1 Na sua qualidade de gerentes, a devedora constituiu-se como fiadora deste contrato. Os incumprimentos da sociedade haviam já acontecido anteriormente, tendo, no entanto, chegado a acordo com a senhoria. 2 A correr termos na Comarca de Braga - Instância Central de Vila Nova de Famalicão - 2ª Secção de Execução J2. 3 O que deu origem ao processo de execução fiscal nº 0301200900177679/R0017143/2013, a correr termos na Secção de Processo Executivo de Braga. 4 Pela cumulação do valor em divida com custas processuais relativas ao processo de execução fiscal nº 0301200900177679/R0017143/2013 e aos respectivos juros de mora. 5 A correr termos na 2ª Secção de Execução da Instancia Central de Vila Nova de Famalicão. 6 Um contracto no valor de Euros 50.000 e outro no valor de Euros 12.500. Página 2 de 4
actividade junto das Finanças em 31 de Março de 2014. Na tentativa de recuperar e manter o estabelecimento, a devedora ainda exerceu a mesma actividade enquanto empresária em nome individual entre Fevereiro e Agosto de 2014. No entanto, não tendo a devedora obtido o sucesso desejado, encerrou tal estabelecimento em Agosto de 2014, tendo a partir dessa data ficado sem qualquer rendimento capaz de responder pelo seu passivo. Sem qualquer capacidade de cumprimento das suas obrigações vencidas, a devedora viu-se na obrigação de se apresentar a tribunal e requerer que fosse declarada a sua insolvência, tendo iniciado os procedimentos para tal necessários em Agosto de 2014. IV Estado da contabilidade da devedora (alínea b) do nº 1 do artigo 155º do C.I.R.E.) Não aplicável. V Perspectivas futuras (alínea c) do nº 1 do artigo 155º do C.I.R.E.) A devedora apresentou o pedido de exoneração do passivo restante, nos termos do artigo 235º e seguintes do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas. Estabelece o nº 4 do artigo 236º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas que na assembleia de apreciação do relatório é dada aos credores e ao administrador da insolvência a possibilidade de se pronunciarem sobre o requerimento do pedido de exoneração do passivo. Por sua vez, o artigo 238º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas enumera as situações em que o pedido de exoneração do passivo é liminarmente indeferido. A aceitação do pedido de exoneração do passivo determina que durante um período de 5 anos o rendimento disponível que a devedora venha a auferir se considere cedido a um fiduciário. Integram o rendimento disponível todos os Página 3 de 4
rendimentos que advenham a qualquer título à devedora com exclusão do que seja razoavelmente necessário para o sustento minimamente digno da devedora e do seu agregado familiar, não podendo exceder três vezes o salário mínimo nacional (subalínea i da alínea b) do nº 3 do artigo 239º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas). Actualmente o salário mínimo nacional mensal é de Euros 505,00. Conforme atrás foi referido, a devedora aufere o Rendimento Mínimo de Inserção no valor de Euros 178,15, pelo que não dispõe, nesta data, de qualquer rendimento disponível para ser cedido. Não existem elementos, nem na minha posse, nem nos autos, que permitam concluir que o pedido de exoneração deve ser indeferido, nomeadamente por eventual violação do dever de apresentação à insolvência, conforme previsto na alínea d) do nº 1 do artigo 238º do CIRE. Nesta conformidade, sou de parecer que nada obsta a que seja deferido o pedido de exoneração do passivo apresentado pela devedora, devendo fixar-se o rendimento disponível nos termos previsto na subalínea i da alínea b) do nº 3 do artigo 239º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas. Os credores deverão ainda deliberar no sentido da liquidação dos ativos constantes do inventário elaborado nos termos do artigo 153º do CIRE. Castelões, 14 de Abril de 2015 O Administrador da Insolvência (Nuno Oliveira da Silva) Página 4 de 4
Processo nº 1217/15.9T8VNF da 2ª Secção de Comércio (J1) da Instância Central de Vila Nova de Famalicão Inventário (Artigo 153ºdo C.I.R.E.)
Processo nº 1217/15.9T8VNF da Comarca do Braga - Instância Central de Vila Nova de Famalicão 2ª Secção de Comércio J1 Inventário (artigo 153º do Código da Insolvência e da Recuperação das Empresas) Relação dos bens e direitos passíveis de serem apreendidos a favor da massa insolvente: Verba Tipo Localização Descrição da Verba Valor Prédio urbano constituído por uma fracção autónoma designada pela letra D, correspondente ao 1º andar esquerdo (com Rua Carlos frente para nascente e poente), com um lugar na cave para recolha de viatura automóvel, Teixeira, nº 19, assinalado no pavimento com o nº 12, com 1º Esq. freguesia Valor entrada pelo nº 19; 1 Imóvel de S. Lázaro, Tributável de Descrito na 2ª Conservatória do Registo concelho de Predial de Braga sob o nº 176 da freguesia de 15.677,19 Braga. Braga (São José de São Lázaro) e inscrito na respectiva matriz predial urbana sob o artigo 2152, correspondente ao artigo 1673 da União das Freguesias de Braga (São José de São Lázaro e São João de Souto). O Administrador da Insolvência (Nuno Oliveira da Silva) Castelões, 14 de Abril de 2015 Página 1 de 1 do Inventário