DIABO Simbolismo: O Diabo é representado como uma figura andrógena e bestial. É a Representação do deus Pan (grego) ou de Odin (nórdico): ambos conhecidos como criadores da humanidade. Pan é conhecido como o Demiurgo, o criador do mundo material que habitamos. É na verdade um quebra cabeça de conceitos que serve para representar uma ideia sobre o Demiurgo, deus criador do Homem.
Sendo o Demiurgo criador da nossa realidade material (matrix), ele cria ilusões e prazeres para afastar a alma de entrar em contato com a sua centelha divina. Através da ignorância, nos mantêm presos neste mundo, inseridos na roda de Samsara de constantes reencarnações. A lição deste criador é nos fornecer tentações para que possamos exercer a virtude. Com sua espada, ele colocará a lei do Carma para cada indivíduo. Para os Gnósticos, a solução para deixar a matrix é purificação do espírito através da Alquimia e o desapego da vida material. Jesus nos trouxe a luz para sairmos da matrix.
Na obra de Éliphas Lévi, Dogma e Ritual de alta magia, ele descreve todo o simbolismo desta carta do Tarô de Marselha. Acompanhem: (...) um mostro de pé num altar, trazendo uma mitra (cobertura de cabeça que os representantes da Igreja Católica utilizam. Mas sabemos que a Mitra é algo usado antes mesmo do cristianismo. Neste caso era uma espécie de grinalda/coroa) e chifres. Tendo seios de mulher e as partes sexuais de um homem (...) Para entendermos o que significa o diabo ao longo da história da humanidade, veja o que Éliphas Lévi nos diz: (...) Fantasma de todos os espantos, do dragão de todas as teogonias, do Arimane dos persas, do Tífon dos egípcios, do Píton dos gregos, do Prometeu e da antiga serpente dos hebreus (...), da grande besta da Idade Média, pior ainda do que tudo isso, do Baphomet dos templários, do ídolo barbado dos alquimistas, do deus obsceno de Mendes, do bode do Sabbat.
A primeira figura representa o Baphomet desenhado por Éliphas Lévi em 1854. Já a segunda, é a representaçã o do Diabo no tarô de Waite de 1910.
Veja que Lévi desenha Baphomet com o pentagrama na testa, com a ponta para cima, mostrando que ele é o portador da Luz. A estrela da manhã de 5 pontas é Vênus, símbolo de iluminação e do bem. O movimento das mãos para cima e para baixo representa que assim como é em cima é embaixo. Os dois dedos unidos representam Júpiter e Saturno. A lua branca em cima representa a 4º Sephirah da Misericórdia e a lua preta embaixo, representa a 5º Sephirah da severidade, mostrando que é na Terra que ocorre a Justiça. A luz entre seus chifres é a alma elevada acima da matéria que está presa ao corpo. A cabeça esquisita representa o pecado ao qual será feito justiça no plano material. O caduceu representa a vida eterna; o ventre coberto de escamas é o elemento água. Baphomet não existe, ele é apenas uma representação através de uma figura totalmente recheada de símbolos herméticos para mostrar que é na matéria que vivenciamos a prova e a expiação, sendo o conhecimento, a única saída da matrix.
Nesta figura que foi desenhada com a orientação de Waite, vemos o glifo de Saturno, planeta responsável por coordenar o ciclo de reencarnação e controlar os mundos inferiores. Por isso, na astrologia vemos que: Saturno: planeta do carma Saturno: Cronos (ele quem comanda nosso nascimento e nossa morte) Os seres estão presos nessa experiência e não parecem incomodados com isso, pois escolheram vivê-la com o objetivo de elevação espiritual. Para isso terão que aprender a se libertar da matéria. Eles possuem chifres. O chifre é um elemento sagrado, indicando que a nossa natureza é divina e nesta realidade, nós nos esquecemos disso. Por isso os alquimistas falavam de transformar chumbo em Ouro. Cada planeta tinha um metal correspondente. Chumbo corresponde a Saturno e Ouro corresponde ao Sol onde está a nossa espiritualidade. A alquimia deixava claro que era necessário transmutar o chumbo da existência material no ouro da existência espiritual.
Vênus, a estrela de 5 pontas sendo símbolo da iluminação e do bem, está invertida, simbolizando a cabeça do bode, que significa o homem virado de ponta cabeça, não mais voltado para o alto e sim para a matéria, representando nossa queda e apego às coisas terrenas.
CONTROLE (EXERCIDO PELO DEMIURGO NA MATRIX E PELO CONSULENTE) O arcano representa as tentações que nos aprisionam o ego: ambição, poder, luxúria, cobiça, egoísmo, paixão avassaladora, corrupção, perversão, vícios, traições.
Os 4 planos de interpretação: (Nei Naiff) Material: Arcano bom para o plano material, pois é altamente realizador, mesmo que por caminhos escusos. Domina qualquer situação obtendo êxito, mas sempre tende aos excessos. Mesmo com tudo que têm, não alcança a felicidade (Nei Naiff) Dependência, corrupção, traição, superficialidade, ambição desmedida, manipulação Mental: vícios, obsessão, trama de planos mirabolantes e egoístas, mentiras Sentimental: apego sexual, desejo puramente carnal, posse e dominação, ciúmes, sedução, traição, manipulação, luxúria, paixão Espiritual: Somos colocados à prova. Seremos capazes de superar a matéria e alcançar a iluminação?
Fonte: 1. A análise de um arcano nos 4 planos foi desenvolvida pelo tarólogo e tarotista Nei Naiff em seu livro Tarô, vida e destino (editora Best Seller,2013). A descrição dos 4 planos foi desenvolvida por Ana Cristal, baseado nas informações do livro citado acima de autoria de Nei Naiff. 2. A outra fonte de estudos herméticos é o curso da alquimia, produzido pela escola de Alquimia Joel Aleixo, da qual sou uma eterna aluna Bibliografia: BANZHAF, Hajo. Tarô sabedoria para todos os dias. São Paulo: Pensamento, 2007. Manual do tarô. São Paulo: Pensamento, 1992. As chaves do tarô. São Paulo: Pensamento, 1995. Guia completo do tarô. São Paulo: Pensamento, 1996 NAIFF, Nei. Tarô, vida e destino. Rio de Janeiro: Best Seller, 2013, Tarô, oráculo e métodos. Rio de Janeiro: Best Seler, 2014 NICHOLS, Sallie. Jung e o tarô: Uma jornada arquetípica. São Paulo: Cultrix, 2007 MEBES, G.O. Os arcanos maiores do tarô. São Paulo: Pensamento, 1996 WAITE, Arthur Edward Waite. Tarô: a sorte pelas cartas. Ediouro, 1985 MARTEAU, Paul. El tarot de Marsella. Chile: EDAF, 1985 PAPUS. O tarô dos boêmios. São Paulo: Martins Fontes, 1992 PRIETO, CLAUDINEY. O novo tarô de Marselha Um roteiro para leitura, estudo e divinação. São Paulo: Alfabeto, 2016 EVOLA, Julius. A tradição hermética nos símbolos, na sua doutrina e na sua arte régia. São Paulo: Livraria Martins Fontes WEIL, Pierre. Esfinge: Estrutura e Mistério do Homem. Vozes, Petrópolis, 1972 CEMBORAIN, L. Las esfinges. Labor, Buenos Aires, 1947