Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

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Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo. Acordam na Secção do Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo I-RELATÓRIO


Acordam os juízes da secção do Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo:

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OPOSIÇÃO À EXECUÇÃO FISCAL INEXIGIBILIDADE DA DÍVIDA EXEQUENDA RECURSO JUDICIAL DECISÃO DE APLICAÇÃO DE COIMA

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Acordam, em conferência, na Secção de Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo:

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Acordam nesta Secção do Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo:

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Acordam na Secção de Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo:

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Nas alegações, conclui o seguinte:

Acordam na Secção de Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo: - Relatório -

1.1. Terminou a alegação de recurso com as seguintes conclusões:

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ECLI:PT:STJ:2010: PBBRR.S2.FD

TRIBUNAL DA RELAÇÃO DE LISBOA

Transcrição:

Acórdãos STA Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo Processo: 0560/17 Data do Acordão: 20-09-2017 Tribunal: 2 SECÇÃO Relator: FRANCISCO ROTHES Descritores: CONTRA-ORDENAÇÃO FAZENDA PÚBLICA CUSTAS Sumário: Em processo de contra-ordenação tributária, tendo a decisão administrativa de aplicação de coima sido anulada, com fundamento na ocorrência de nulidade insuprível da mesma, não são devidas custas pela Fazenda Pública (art. 66.º do RIGT e art. 94.º, n.ºs 3 e 4, do RGCO). Nº Convencional: JSTA000P22230 Nº do Documento: SA2201709200560 Data de Entrada: 15-05-2017 Recorrente: AUTORIDADE TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA Recorrido 1: A... LDA Votação: UNANIMIDADE Aditamento: Texto Integral Texto Integral: Recurso jurisdicional da decisão proferida no processo de contra-ordenação com o n.º 269/16.9BEMDL 1. RELATÓRIO 1.1 A Fazenda Pública, através do seu representante no Tribunal Administrativo e Fiscal de Mirandela, vem recorrer da decisão do recurso de aplicação da coima em processo de contra-ordenação tributária proferida naquele tribunal, na parte em que a condenou em custas. 1.2 Termina as alegações de recurso formulando conclusões do seguinte teor: «1. Vem o presente recurso jurisdicional interposto referencialmente ao julgado vertido na douta sentença do Tribunal Administrativo e Fiscal, no segmento em que determinou a condenação da Fazenda Pública no pagamento das custas do processo. 2. A questão de direito controvertida foi alvo de pronúncia no Tribunal a quo em pelo menos cinco decisões judiciais (que se anexam), externadas em sentido convergente com o aqui defendido e oposto ao do aresto sob recurso e convergente com o aqui defendido; 3. A Fazenda Pública não é parte no processo nem teve, ou despoletou qualquer impulso processual durante o decorrer da

instância; 4. Compete ao Ministério Público introduzir o feito em juízo, tornando-o presente ao juiz, valendo esse acto como acusação [cf. artigo 62.º, n.º 1 do Regime Geral das Contra-Ordenações (RGCO), aplicável ex vi da alínea b) do artigo 3.º do RGIT]; 5. No processo contra-ordenacional tributário tem aplicação mediata o regime de custas estatuído nos artigos 92.º a 94.º do RGCO e, imediatamente porque especial relativamente àqueloutras a norma contida no artigo 66.º do RGIT; 6. Atento o regime legal de custas aplicável em sede de processos de contra-ordenação tributária manifesto é concluir pela inexistência de norma legal que preveja a condenação da Fazenda Pública em custas; 7. Pese embora a Fazenda Pública não beneficie de qualquer isenção no pagamento de custas no âmbito dos processos judiciais tributários (cf. art. 4.º, n.ºs 4 e 5, do Decreto-Lei n.º 324/2003 de 27 de Dezembro), o mesmo se pode afirmar no que concerne à presente espécie processual, uma vez que no regime anterior ao Regulamento das Custas Processuais, aprovado pelo DL 34/2008, de 26/02, em vigor desde 20/04/2009, o regime de custas em processo de contraordenação tributária passou a ser regulado, em primeira linha pelos normativos constantes dos artigos 92.º a 94.º do RGCO; 8. Pelo que, por força das disposições conjugadas dos art. 66.º do RGIT e 94.º, n.ºs 3 e 4 do RGCO, será de concluir, contrariamente ao decidido no douto aresto sob recurso, que nos processos como o aqui em causa em que tenha sido verificada a nulidade insuprível prevista no artigo 63.º, n.º 1 alínea d), ex vi do artigo 79.º, n.º 1 alíneas b) e c) e artigo 27.º do RGIT e anulada a decisão de aplicação da coima, não são devidas custas pela Fazenda Pública. 9. Pelo que, por força das preditas disposições, e contrariamente ao segmento controvertido do douto aresto sob recurso, mister será concluir que nos processos como o presente em que tenha sido verificada a nulidade insuprível prevista no art. 63.º/1/d), ex vi do art. 79.º/1/b) e c) e 27.º do RGIT e anulada a decisão de aplicação da coima, não são devidas custas pela Fazenda Pública. 10. Nestes termos, e nos demais de direito, doutamente supridos por V. Exas., deverá revogar-se a decisão recorrida no segmento em que condenou a Fazenda Pública em custas e, em substituição, determinar que o processo fica sem custas».

1.3 Não foram apresentadas contra-alegações. 1.4 O recurso foi admitido, para subir imediatamente, nos próprios autos e com efeito suspensivo e o Juiz do Tribunal Administrativo e Fiscal de Mirandela sustentou a decisão, nos termos do despacho de fls. 88/89. 1.5 Recebidos os autos neste Supremo Tribunal Administrativo, foi dada vista ao Ministério Público e o Procurador-Geral Adjunto emitiu parecer no sentido de que seja concedido provimento ao recurso, com a seguinte fundamentação: «[ ] O processo de contra-ordenação fiscal não é um processo de partes, mas um processo sancionatório em que o Ministério Público, à semelhança do que ocorre no processo penal, actua como titular da acção pública contra-ordenacional. Nessa qualidade, uma vez recebido o processo, o Ministério Público tornará os autos presentes ao juiz, valendo esse acto como acusação, nos termos do disposto no art. 81.º, n.º 1 do RGIT e art. 62.º, n.º 1 do RGCO, ex vi do art. 3.º, al. b) do RGIT. Ora, não é confundível o papel da Fazenda Pública com o papel que cabe ao Ministério Público no âmbito do processo contra-ordenacional. Em termos processuais o Representante da Fazenda Pública tem uma posição que vem sendo caracterizada como coadjuvante ou acessória da acção do Ministério Público, inexistindo preceito legal que, em casos como o dos autos, preveja a condenação em custas da Fazenda Pública. Nesse sentido se vem pronunciando a jurisprudência deste STA (cfr. os doutos Acórdãos de 24.02.2016 e de 23-11-2016, in Procs. 01408/15 e 01106/16, respectivamente) que, com a devida vénia, inteiramente se acompanha. Nesta conformidade, sem outras considerações, concedendose provimento ao presente recurso, deverá ser revogada a sentença recorrida na parte em que condenou a Fazenda Pública em custas, determinando-se que o processo fica sem custas». 1.6 Colhidos os vistos dos Conselheiros adjuntos, cumpre apreciar e decidir, sendo a questão a dirimir a de saber se a Fazenda Pública pode ser condenada nas custas do recurso da decisão de aplicação de coima quando aí foi proferida decisão que julgou verificada a nulidade insuprível prevista na alínea d) do n.º 1 do art. 63.º, ex vi das alíneas b) e c) do n.º 1 do art. 79.º e art. 27.º, todos do Regime Geral das Infracções Tributárias (RGIT).

* * * 2. FUNDAMENTAÇÃO 2.1 DE FACTO Com interesse para a decisão a proferir há que ter presente o seguinte circunstancialismo processual: 1. A sociedade denominada A, Lda. interpôs no Tribunal Administrativo e Fiscal de Mirandela recurso da decisão do Chefe do Serviço de Finanças de Vila Real que a condenou numa coima única de 1.691,99 pela prática de diversas contra-ordenações fiscais (cfr. petição inicial, de fls. 5 a 8, e a decisão administrativa de condenação em coima, de fls. 11 a 14); 2. Em 2 de Dezembro de 2016, o Juiz do Tribunal Administrativo e Fiscal de Mirandela proferiu decisão pela qual, julgando verificada a nulidade insuprível prevista no artigo 63.º, n.º 1, alínea d), ex vi dos artigos 79.º, n.º 1, alíneas b) e c) e 27.º do RGIT, anulou a decisão de aplicação da coima e condenou a Fazenda Pública em custas, que fixou em 3 UC (cfr. a decisão de fls. 48 a 53). 2.2 DE DIREITO 2.2.1 A QUESTÃO A APRECIAR E DECIDIR * Como resulta do que deixámos já dito, a questão a apreciar e decidir é a de saber se a decisão recorrida enferma de erro de julgamento no segmento em que determinou a condenação da Fazenda Pública em custas. Na verdade, tendo a decisão recorrida julgado verificada a nulidade insuprível prevista na alínea d) do n.º 1 do art. 63.º, ex vi das alíneas b) e c) do n.º 1 do art. 79.º e art. 27.º, todos do RGIT, anulou a decisão de aplicação da coima e condenou a Fazenda Pública em custas, fixando a taxa de justiça em 3 UC. A Fazenda Pública discorda desta condenação em custas argumentando que não teve, nem promoveu qualquer impulso processual nos autos durante o decorrer da instância, sendo que de harmonia com o disposto no n.º 3 do art. 93.º do RGCO há lugar a pagamento de taxa de justiça sempre que houver decisão judicial desfavorável ao arguido, o que não é o caso, além de que do disposto nos n.ºs 3 e 4 do art. 94.º do RGCO resulta que as custas não imputadas ao arguido são suportadas pelo erário público.

2.2.2 DA POSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO EM CUSTAS DA FAZENDA PÚBLICA NO ÂMBITO DO RECURSO JUDICIAL DA DECISÃO ADMINISTRATIVA DE APLICAÇÃO DA COIMA * Porque esta Secção de Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo já apreciou a questão aqui controvertida em processos em tudo idênticos (Vide os seguintes acórdãos: - de 24 de Fevereiro de 2016, proferido no processo n.º 1408/15, disponível em http://www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931 /13a1d5a6265282a480257f69004ca2da; - de 23 de Novembro de 2016, proferido no processo n.º 1106/16, disponível em http://www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931 /af0a65421c08973e80258076005b3949; - de 11 de Janeiro de 2017, proferido no processo n.º 1283/16, disponível em http://www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931 /8d60edb6361ac195802580a7003f2d48; - de 13 de Setembro de 2017, proferido no processo n.º 702/17, brevemente disponível em http://www.dgsi.pt.) e em termos que têm o nosso acordo, vamos limitar-nos a transcrever a fundamentação aduzida no acórdão proferido no processo n.º 1283/16: «Como é sabido, por força do disposto no art. 4.º, n.ºs 4 e 5, do citado Dec. Lei n.º 324/2003, a Fazenda Pública perdeu a isenção de custas nos processos judiciais tributários a partir de 01.01.2004. Todavia no caso em apreço estamos perante um recurso de decisão de aplicação de coimas e sanções por contraordenações tributárias que, sendo um «meio processual tributário» (art. 101.º, alínea c), da LGT), não está incluído, actualmente, no conceito de «processo judicial tributário», pois deixou de estar incluído na lista de processos judiciais tributários que consta do art. 97.º, n.º 1, do CPPT. Como sublinham Lopes de Sousa e Simas Santos (Ob. citada [Regime Geral das Infracções Tributárias Anotado, Áreas Editora, 4.ª edição], pag. 458) «embora esta lista não seja exaustiva (como se vê pela alínea q) do mesmo número), a comparação da lista que consta deste art. 97.º, com a que constava da norma equivalente do CPT (que era o art. 118.º, n.º 2, em que expressamente se integrava o recurso judicial das decisões de aplicação das coimas e sanções acessórias entre os «processos judiciais tributários»), revela inequivocamente que se pretendeu excluir este recurso do âmbito do conceito de processo judicial tributário, opção legislativa esta que, aliás, está em consonância com a adoptada no RGIT, de aplicar

subsidiariamente ao processo contra-ordenacional tributário o RGCO e a respectiva legislação complementar e não o CPPT, limitando a aplicação deste último Código apenas à execução das coimas». Ora, em matéria de custas dos processos de contraordenações tributárias, a primeira norma a atender, por ter natureza especial, é a do art. 66.º do RGIT. Dispõe aquele normativo que, sem prejuízo da aplicação subsidiária do regime geral do ilícito de mera ordenação social, nomeadamente no que respeita às custas nos processos que corram nos tribunais comuns, as custas em processo de contraordenação tributário regem-se pelo Regulamento das Custas dos Processos Tributários (RCPT). Sucede que o n.º 6 do art. 4.º do DL n.º 324/2003, de 27 de Dezembro, revogou o RCPT, com excepção das normas relativas a actos da fase administrativa. Assim, não havendo na legislação aprovada por aquele Decreto-Lei normas especiais para a fase judicial dos processos de contra-ordenações tributárias, haverá que fazer apelo à primeira parte do referido art. 66.º do RGIT, o que conduz à aplicação subsidiária do regime de custas previsto no RGCO para as contra-ordenações comuns, nomeadamente o disposto nos artigos 92.º a 94.º do RGCO (Vide, neste sentido, Lopes de Sousa e Simas Santos, Regime Geral das Infracções Tributárias anotado, Áreas Editora, 4.ª edição, pag. 458). Ora nos termos do n.º 3 do art. 93.º do RGCO, há lugar a pagamento de taxa de justiça sempre que houver uma decisão judicial desfavorável ao arguido. E resulta também do n.º 3 art. 94.º do RGCO que as custas são suportadas pelo arguido em caso de aplicação de uma coima ou de uma sanção acessória, de desistência ou rejeição da impugnação judicial ou dos recursos de despacho ou sentença condenatória, sendo que, nos demais casos, as custas serão suportadas pelo erário público (n.º 4 do mesmo normativo). Em suma do regime legal de custas aplicável em processo de contra-ordenação tributária é manifesto que inexiste norma legal que preveja a condenação da Fazenda Pública em custas. (...) Pelo que, por força das disposições conjugadas dos art. 66.º do RGIT e 94.º, n.ºs 3 e 4 do Regime Geral do Ilícito de Mera Ordenação Social, num processo de contra-ordenação tributária, como o dos presentes autos, em que tenha sido verificada a nulidade insuprível prevista no artigo 63.º/1/ d), ex vi do artigo 79.º/1/ b) e c) e 27.º do RGIT e anulada a decisão de aplicação da coima, não são devidas custas pela Fazenda Pública». Ou seja, dado que por força do disposto no art. 66.º do RGIT, as custas em processo de contra-ordenação tributária se regem

pelo RCPT, tendo, porém, este diploma sido revogado (pelo n.º 6 do art. 4.º do Decreto-Lei n.º 324/2003, de 27 de Dezembro) com excepção das normas sobre actos da fase administrativa do processo, então há que concluir que é aplicável subsidiariamente (de acordo com aquele mencionado art. 66.º do RGIT) o regime de custas constante do RGCO (Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de Outubro), diploma em cujo art. 94.º, n.º 3, a condenação do arguido em custas apenas está prevista para os casos de aplicação de coima ou de uma sanção acessória, de desistência ou rejeição da impugnação judicial ou de recursos de despacho ou sentença condenatória. No caso sub judice, porque não houve condenação da Arguida (a sentença judicial anulou a decisão administrativa de aplicação de coima com fundamento em nulidade insuprível da mesma), não são devidas custas pela Fazenda Pública. Na procedência do recurso, impõe-se revogar a decisão recorrida na parte em que condenou a Fazenda Pública em custas e substituí-la pela decisão sem custas. 2.2.3 CONCLUSÃO Preparando a decisão, formulamos a seguinte conclusão, decalcada do sumário do acórdão proferido no processo n.º 702/17: Em processo de contra-ordenação tributária, tendo a decisão administrativa de aplicação de coima sido anulada, com fundamento na ocorrência de nulidade insuprível da mesma, não são devidas custas pela Fazenda Pública (art. 66.º do RIGT e art. 94.º, n.ºs 3 e 4, do RGCO). * 3. DECISÃO * * * Face ao exposto, os juízes da Secção do Contencioso Tributário deste Supremo Tribunal Administrativo acordam, em conferência, em conceder provimento ao recurso, revogar a decisão na parte recorrida (no segmento em que condenou em custas a Fazenda Pública) e, em substituição, em determinar que o processo fica sem custas. Sem custas. * Lisboa, 20 de Setembro de 2017. Francisco Rothes (relator)

Aragão Seia Casimiro Gonçalves.