15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental

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Transcrição:

15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental ÁGUA MINERAL E SUA RELAÇÃO COM O MERCADO CONSUMIDOR PARAENSE: O EXEMPLO DA ÁGUA MINERAL TERRA ALTA Camila da Costa Lopes 1 ; Anderson Conceição Mendes 2 Resumo Os debates em torno da racionalização, tratamento, uso, e preocupações ambientais relacionados à água revelam a importância e dependência dos recursos hídricos disponíveis no planeta. Nesse sentido, cresce a demanda pela garantia de qualidade da água mineral tanto na produção quanto na sua distribuição, que devem seguir as normatizações para consumo segundo os órgãos responsáveis. Diante dessa questão, nesse trabalho foi analisado o levantamento da produção; do volume médio de água captada; e produção e volume comercializado, entre os meses de maio de 2013 e abril de 2014, tendo os dois poços (Gavião e Curió) de explotação de água mineral da empresa Terra Alta, e as relacionando com demanda do mercado consumidor paraense quanto as sua operacionalização, distribuição e controle ambiental. No período do verão amazônico existe a maior quantidade de consumo de água mineral e a preferência por garrafões de 20L é característica da região. Além disso, a quantidade média de água explotada de 21.17 milhões de litros/ano é bem inferior ao máximo permissível de 38.70 milhões de litros obtidos em estudos hidrogeológicos realizados, mostrando o compromisso da empresa com a explotação sustentável do meio hídrico local. Abstract Discussion about of rationalization, treatment, use, and environmental concern related to water reveal the importance and dependence on water resources available on the planet. However, there has been an increase of mineral water quality as the production as the distribution, which must follow rules for consumption according to the responsible institution. Therefore, in this study was analyzed this survey of production about the medium volume of water collected; production and volume commercialized between May, 2013 and April, 2014, with this two minerals exploitation of water well (Gavião e Curió) from the Terra Alta company, relating them to the consumer s market demand of Pará state as to its operation, distribution and environmental control. In the Amazonian summer period there are the largest of mineral water consumption and preference for bottles 20L is characteristic of the region. In addition, the average amount of water exploited from 21.17 million liters / year is below the maximum allowable of 38.70 million liters obtained in hydrogeological studies, indicating the company's commitment to sustainable exploitation of the local water environment. Palavras-Chave Água Mineral; Consumo; Produção; Operacionalização. 1 Graduanda em Geologia, Universidade Federal do Oeste do Pará - PA (93) 99119-0457, camilacosta_pa@hotmail.com 2 Geól., Dr., Universidade Federal do Oeste do Pará - PA, (91) 992473445, Anderson.mendes@ufopa.edu.br 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 1

1. INTRODUÇÃO A cobertura terrestre é composta por mais dois terços de água, sendo que 3% é água doce, e 80% desta estão nas regiões polares, além das reservas subterrâneas e lençóis freáticos (PRESS, 2006), destacando a insuficiência dos recursos hídricos para consumo e a importância da proteção e conservação ambiental desse bem natural. A área em estudo se localiza na parte NE do Estado do Pará, região conhecida como Zona do Salgado, que abrange principalmente os municípios de Maracanã, Marapanim, Curuçá, Terra Alta, Igarapé Açu e outros menores que compõem aquela vasta área. Nesse sentido, o presente trabalho aborda o balanço de dados técnicos e ambientais entre os meses de Maio de 2013 e Abril de 2014 do grupo Águas Cristalinas Indústria e Comércio de Produtos Alimentícios LTDA responsável por explotação, envaze, comercialização e distribuição da água mineral Terra Alta. Os parâmetros considerados foram produção; volume médio de água captada; e volume comercialização da água mineral. Na área analisada, existem dois poços de explotação de água mineral, que captaram no período estudado cerca de 29,64 milhões de litros de água mineral por ano para comercialização no estado do Pará. A relação do consumo com a operacionalização e distribuição a nível ambiental é estabelecida pela Agência Nacional de Água ANA, por meio da Portaria MS Nº 2914 de 12/12/2011, na qual define os critérios de funcionamento de um sistema de abastecimento alternativo (BRASIL, 2011). Em relação ao aspecto ambiental, a área construída, apresenta em sua maioria uma floresta nativa, sendo preservada até os dias atuais. Contudo, destacam-se as informações pertinentes que promovem a relação da exploração água mineral e o mercado consumidor, considerando o equilíbrio e proteção ambiental, em consonância com os projetos ambientais e diretrizes estabelecidas pelos órgãos responsáveis pelos recursos hídricos brasileiros. 2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA ESTUDADA 2.1. LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO O grupo Águas Cristalinas Indústria e Comércio de Produtos Alimentícios LTDA que detém a portaria de lavra n 330 de 04.09.200 e processo n 850.663/1996 no DNPM, responsável por explotar e comercializar água mineral em uma área de 50ha localizada no Km 42 da Rodovia PA- 136, Zona Rural, Terra Alta-Pará (Figuras 1 e 2). O acesso à área pode ser realizado a partir da cidade de Belém, através de transporte rodoviário, percorrendo a BR-316, por cerca de 70 Km, até atingir a cidade de Castanhal, nesta cidade toma-se a PA-136 (Castanhal-Curuçá) até alcançar o Km 42, segue-se por um ramal à direita até o povoado de Vista Alegre, chegando ao local do empreendimento. 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 2

Figura 1: Imagem de satélite da área estudada com localização das fontes de água. Figura 2: (A) e (B) Localização do parque industrial com indicação das sopradores, envazadoras e tanques de reservação; (C) localização das fontes Curió e Gavião. 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 3

2.2. CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA A caracterização geológica foi feita in loco com estudo do perfil geológico do poço. Os poços possuem mais de 30m de profundidade e cortam os arenitos grosseiros porosos, com lâminas de argilas intercaladas representando sedimentos de origem continentais correlatos a Formação Barreiras (CPRM, 2012). Presença de solo orgânico, argila laterítica, argila arenosa com fáceis puramente arenosas, e finalmente, argila multicolorida, compõem o perfil litológico do topo para a base dos depósitos sedimentares existentes. 2.3. CARACTERÍSTICAS TÉCNICA DAS FONTES As fontes Curió e Gavião possuem profundidade de 30m e revestimento de 6. Foram construídas em 1999, período em que realizou-se os testes de produtividade. Para Fonte Gavião foi obtida Capacidade Específica 6.6 m3/h e Fonte Curió Capacidade Específica 10.2 m3/h após teste de produtividade de 24h. O rebaixamento não atingiu mais que 3m nas fontes. Considerando período de explotação de 8h/dia durante 24 dias/mês, a capacidade específica de produção das fontes será de 38707.2 m 3 /ano. Essa produção pode ser aumentada caso exista necessidades de maior produção. 3. CARACTERÍTICAS DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS - ASPECTOS GERAIS E SITUAÇÃO LOCAL As águas subterrâneas encontradas nos sistemas aquíferos regionais são águas armazenadas ao longo de milhares de anos, as quais são regidas por um mecanismo de recarga e descarga, cujo movimento expressa-se bastante lento de forma a implicar em um tempo de transito muito longo. Para sua exploração é preciso desenvolver modelos de simulação que forneçam informação local sobre a resposta do sistema de água subterrânea a bombeamentos e/ou recarga artificial e modelos de otimização para identificação. Na prática, água subterrânea é água que encontramos no subsolo quando cavamos uma cacimba ou um poço, por exemplo. Na maioria dos casos mais favoráveis, as águas subterrâneas enchem os poros dos materiais rochosos granulares, tais como areias, arenitos, ou secundariamente, fraturas das rochas compactas, tais como granitos, calcários, basaltos, etc. Todos esses vazios possuem, em geral dimensões milimétricas, porém, são em tão grande número que 97% do volume de água doce disponível nos continentes, à exceção das calotas polares e geleiras, encontram-se no subsolo. Quando a rocha tem muitos poros ou rachaduras interligadas e a maioria é suficientemente grande para deixar a água infiltrar e mover-se facilmente através desta, diz-se que a rocha é aquífera. As águas subterrâneas possuem origem meteórica, contendo desta forma um valor inestimável na circulação geral das águas (ciclo hidrológico). A classificação desta na fonte pode 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 4

2014 2013 ser hipotermais, radioativas, fracamente radioativas ou quimicamente classificadas como fluoretadas, carbogasosas, oligominerais (DNPM, 2015). 4. PRODUÇÃO E DESTINAÇÃO DOS PRODUTOS PRODUZIDOS A produção de água mineral envasada possui matrizes de garrafas plásticas de 350 ml, 510 ml e 1,5L e garrafões de 5 e 20 Litros. A produção das fontes do grupo Águas Cristalinas (poços Gavião e Curió) podem ser observadas abaixo na tabela 1, considerando dos meses de Maio de 2013 a Abril de 2014. Tabela 1 Produção de água mineral, em Litros (L) e Mililitros (ml), no período de 2013-2014. Relatório de Produção Anual Águas Cristalinas Ind. e Com. de Prod. Alim. Ltda ANO Meses 350 ml 510 ml 1,5 L 5 L 20 L Quant. Total Maio 199.4 0 73.6 26.2 1968.1 2267.3 Junho 183.1 23.7 46.1 26.8 1871.9 2151.6 Julho 110.1 0 89.5 32.4 1380.5 1612.5 Agosto 217.8 16.7 63.9 38.3 1050.7 1387.4 Setembro 212.5 44.9 28.2 26.5 1420.2 1732.3 Outubro 125.5 35.4 108 11.7 1691.4 1972 Novembro 176.3 36.6 0 11.2 1870.9 2095 Dezembro 53.4 9.7 76.6 5.1 1821.6 1966.4 TOTAL 1224.7 157.3 409.3 173.1 11253.7 15184.5 Janeiro 179.7 0 0 29.7 1765.8 1975.2 Fevereiro 185.5 23.9 0 0 1358.5 1567.9 Março 118.7 0 0 0 1631.9 1750.6 Abril 110.2 13.1 0 0 1574.9 1698.2 TOTAL 647.5 46.7 76.6 34.8 8152.7 6991.9 A comercialização da empresa ocorre em sua totalidade para o mercado interno paraense, com a produção total de Maio de 2013 a Abril de 2014 de aproximadamente 22,17 milhões de litros de água (Tabela 1), tendo sua maior produção nos garrafões de 20 litros totalizando aproximadamente 19 milhões de litros de água mineral durante um ano. Quanto ao envasamento nos garrafões de 1,5 e 5 litros nos meses de Janeiro a Abril de 2014, não houve produção devido ao reparo de máquinas de envaze associada à baixa demanda do mercado consumidor. Demonstrando assim preferência pela água de garrafões de 20 litros. 5. VOLUME DE ÁGUA CAPTADA O regime de trabalho na empresa para produção, volume comercializado e médio de água captada dos poços é feita em 8h/dia, considerando a média de 24 dias úteis (Tabela 2). A relação 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 5

2014 2013 entre produção e total comercializado não segue um padrão durante o ano (Tabela 3). Nos meses de Junho e Julho, a comercialização é superior à produção, motivado por demanda do mercado consumidor interno, preconizada pelo período do verão amazônico quando a demanda é maior que a produção. Para atender o mercado nesse período o excedente dos outros meses é armazenado conforme as diretrizes da AVINSA. Tabela 2 Produção e volume comercializados de água mineral, em m 3, no período de 2013-2014. Relatório de Produção e Volume Comercializado Águas Cristalinas Ind. e Com. de Prod. Alim. Ltda ANO MESES Produção (m 3 Total Comercializado ) (mercado Interno) Maio 2267.415 2254.275 Junho 2151.568 2206.074 Julho 1612.602 1702.672 Agosto 1387.512 1280.257 Setembro 1732.340 1651.007 Outubro 1971.953 1940.042 Novembro 2294.998 2156.747 Dezembro 1966.355 2135.992 TOTAL 15384.743 15327.066 Janeiro 1974.959 1972.695 Fevereiro 1567.859 1520.825 Março 1743.757 1735.078 Abril 1697.943 1701.795 TOTAL 6984.518 6930.393 O volume médio de água captada, por mês, não atinge valores superiores a 130.52 m 3 na fonte Gavião e 114.95 m 3 na fonte Curió (maiores vazões em Novembro/2013 e Junho/2013), meses de pouca pluviosidade, portanto produção maior ao mercado consumidor e configura-se como explotação sustentável do meio hídrico sem efeito deletério ao meio. O valor médio de explotação na fonte Gavião é de 100 m 3 /mês e na fonte Curió é de 98.36 m 3 /mês. Tabela 3 Volume de Água Captada nas fontes, em m 3, no período de 2013-2014. Relatório do Volume de Água Captada Águas Cristalinas Ind. e Com. de Prod. Alim. Ltda 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 6

2014 2013 ANO MESES Fonte Gavião (m 3 ) Fonte Curió (m 3 ) Maio 970.12 1297.18 Junho 1040.79 1110.81 Julho 832.39 780.11 Agosto 620.11 767.19 Setembro 728.48 1003.82 Outubro 861.61 1110.39 Novembro 801.35 1293.65 Dezembro 845.89 1120.51 TOTAL 6700.74 8483.66 Janeiro 767.54 1207.66 Fevereiro 674.59 893.31 Março 743.57 1007.03 Abril 760.18 938.02 TOTAL 2945.88 4046.02 6. CONCLUSÕES É papel das mineralizadoras, principalmente de água mineral, a preocupação com todos os processos da operacionalização, exploração, produto final e comercialização visando melhorias nos processos produtivo sempre considerando uma visão sustentável, quer seja na explotação correta dos aquíferos, quer seja na disposição final dos efluentes, que garantam um produto de qualidade. Observa-se que o mercado consumidor paraense, no caso estudado, tem preferência por garrafões de 20 litros, e que a produção e comercialização não seguem o mesmo padrão, devido à demanda do mercado consumidor, mostrando a variação de consumo paraense em alguns meses. Além disso, a quantidade média de água explotada de 22170.1 m 3 /ano é bem inferior ao máximo permissível em estudos hidrogeológicos realizados pré-operacionalização, mostrando o compromisso da empresa com o meio hídrico local. Sendo assim, a água mineral Terra Alta está de acordo com as normatizações que regulamentam a mineralização dos recursos hídricos visando à exploração econômica do bem mineral Água, sem deixar de observar o equilíbrio com o meio ambiente adotando medidas de desenvolvimento sustentável pelo grupo Águas Cristalinas Indústria e Comércio de Produtos Alimentícios LTDA. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao grupo Águas Cristalinas Indústria e Comércio de Produtos Alimentícios LTDA pelo fornecimento das informações da exploração mineral da empresa e pelo suporte de campo. 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 7

REFERÊNCIAS BRASIL. Resolução CONAMA 357, de 18 de março de 2005. Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf. Acesso em: 19 de dezembro de 2015. BRASIL. Portaria ANA 2.914, de 12 de dezembro de 2011. Ministério da Saúde. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2914_12_12_2011.html. Acessado em: 16 de março de 2015. CPRM, 2012. Relatório Anual. Serviço Geológico do Brasil. Disponível em: http://www.cprm.gov.br/publique/media/rel_anual_%202012.pdf DNPM, 2015. Departamento Nacional de Produção Mineral. Decreto Lei n 227, de 28/02/1967. Disponível em: http://www.dnpm-pe.gov.br/legisla/cm_00.php 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 8