Peça Profissional Fabrício, administrador de planejamento, da Doce Aroma Perfumes S/A., companhia aberta, sempre agiu com todo cuidado e diligência necessários para o cargo que ocupa. Mas com a crise financeira mundial, a sociedade deixou de fechar alguns negócios importantes, e com isso deixou de lucrar, sem lastro para movimentações financeiras, contratou alguns empréstimos rotativos. Na data aprazada a sociedade não conseguiu adimplir as obrigações, fazendo com que a sociedade enfrentasse a cobrança de juros altíssimos. Foi convocada a assembleia geral ordinária para o dia 28.04.2014 para aprovação das contas do administrador e a possibilidade de propositura de ação de responsabilidade contra Fabrício. Regularmente instalada, as contas foram aprovadas, sem reservas, e nas deliberações não se verificou erro, dolo, fraude ou simulação incorridos ou perpetrados por quem dela participou e foi decidido que a assembleia não promoveria a ação de responsabilidade contra o administrador. A ata foi devidamente arquivada e publicada na imprensa oficial no dia 30.04.2014. Em 05.05.2018 os acionistas Ricardo, representante de 1% do capital social e Isabela representante de 3% do capital, ajuizaram Ação de Responsabilidade contra o Administrador Fabrício, que corre na 4ª Vara Cível da Comarca de São Paulo. Diante de tal fato, Fabrício foi citado e procura o seu escritório de advocacia para que possa tomar a medida judicial cabível. (Valor: 5,00) Gabarito - Quesito avaliado 1. Endereçamento adequado: Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 4ª Vara Cível da Comarca de São Paulo do Estado de São Paulo (0,35). 2. Ação: Contestação (0,20), tempestivamente, com fundamento no art. 335 e ss. do CPC (0,20) Epígrafe, referencia ao número do Processo (0,10). Faixa de Valores 0,00/0,35 0,00/0,10/0,20/0,30/0,40/0,50
3. Qualificação das partes: Quem contesta - Réus: Fabrício, (0,10); Quem é contestado - Autores: Ricardo e Isabela (0,10), relato da inicial (0,10) 4. Preliminar Peremptória: Ausência de legitimidade ativa de Ricardo e Isabela, são ilegítimos para promover Ação de Responsabilidade, pois detém juntos apenas de 4% do capital social, como determina o art. 337, XI, CPC (0,20) e consequentemente a extinção sem resolução do mérito 485, VI, CPC (0,20). Obs.: A mera citação do artigo não pontua. 5. Fundamentação: 0,00/0,05/0,10/0,20/0,30 0,00/0,20/0,40 0,00/0,10/0,20 Demonstrar o cabimento da contestação (0,10) bem como a tempestividade (0,10), como dispõe o art. 335 caput do CPC. Obs.: A mera citação do artigo não pontua. 6. Se a assembleia deliberar não promover a ação, poderá ela ser proposta por acionistas que representem 5% (cinco por cento), pelo menos, do capital social, (0,20)., nos termos do 4º do art. 159 da Lei 6.404/76 (0,20). No caso em tela Ricardo e Isabela detêm juntos apenas 4% do capital social da sociedade. Obs.: A mera citação do artigo não pontua. 7. Além disso, tal ação não pode ser ajuizada contra administrador que teve suas contas aprovadas sem reserva, sem manifestações e votos dolosos, culposos, fraudados ou simulados, o que implica na ausência de reconhecimento de eventual atuação do administrador com dolo ou culpa (0,20), como determina o art. 134, 3.º, da Lei 6.404/1976 (0,20). Obs.: A mera citação do artigo não pontua. 8. O juiz poderá reconhecer a exclusão de responsabilidade do administrador que agiu de boa-fé visando o interesse da companhia (0,20), como prevê o artigo 159, 6º da Lei 6.404/1976 (0,20). Obs.: A mera citação do artigo não pontua. 0,00/0,20/0,40 0,00/0,20/0,40 0,00/0,20/0,40 2 de 8
9. O prazo para anular a deliberação seria de dois anos contados da deliberação (0,20). (art. 286 da Lei 6.404/1976) (0,20), o qual foi verificado em 28.04.2016, e, ainda que se entendesse pela possibilidade do ajuizamento de Ação de Responsabilidade contra Fabrício, esta pretensão prescreveu em três anos contados da publicação da ata assembleia, o qual foi verificado em 30.04.2017(0,20). (art. 287, II, b, 2, da Lei 6.404/1976) (0,20).. Obs.: A mera citação do artigo não pontua. 10. Pedido: Seja recebida a presente contestação por ser apresentada no prazo legal do art. 335 do CPC (0,15), que seja acolhida a preliminar ilegitimidade ativa nos termos do art. 337, XI, do CPC, a fim de extinguir o processo sem resolução de mérito com fundamento no art. 485, VI, do CPC, (0,25), no mérito a improcedência do pedido de responsabilidade do administrador e a prescrição do prazo da anulação da assembleia e também a prescrição da ação de responsabilidade (0,25), de produção de provas (0,10), de condenação em custas e honorários advocatícios (art. 82, 2º e 85 do CPC) (0,25), informar o endereço para recebimento de intimação (art. 77, V CPC) (0,25). 0,00/0,20/0,40/0,60/0,80 0,00/0,20/0,25/0,40/0,75/1,00/1,25 Questão 01 Os sócios da Sociedade Calculadora a Jato Ltda., atuante no setor de medições, vinham passando por dificuldades em razão da obsolescência de seus equipamentos. Por este motivo, decidiram, por unanimidade, admitir Bernardo como sócio na referida sociedade. Bernardo subscreveu, com a concordância dos sócios, quotas no montante de R$200.000,00 (duzentos mil reais), se comprometendo a integralizá-las no prazo de duas semanas. O ato societário refletindo tal aumento de capital foi assinado por todos e levado para registro na Junta Comercial competente. 3 de 8
Contando com os recursos financeiros oriundos do aumento de capital e na esperança de recuperar o mercado perdido, os administradores da Calculadora a Jato Ltda. adquiriram os equipamentos necessários ao aprimoramento dos serviços prestados pela sociedade, comprometendo-se a efetuar o pagamento de tais aparelhos dentro do prazo de dois meses. Como Bernardo não integralizou o valor subscrito no prazo acertado, a Sociedade Calculadora a Jato Ltda. o notificou a respeito do atraso no pagamento e, após 30 (trinta) dias do recebimento desta notificação, Bernardo não integralizou as quotas subscritas. Em função do inadimplemento de Bernardo, a Calculadora a Jato Ltda. assumiu expressiva dívida, na medida em que atrasou o pagamento dos equipamentos adquiridos e teve que renegociar seu débito, submetendo-se a altos juros. Na qualidade de advogado dos sócios da Calculadora a Jato Ltda., responda aos seguintes itens. A) É possível excluir Bernardo da sociedade? (Valor: 0,85) B) É possível cobrar de Bernardo os prejuízos sofridos pela sociedade, caso ele permaneça como sócio da Calculadora a Jato Ltda.? (Valor: 0,40) (Valor: 1,25) GABARITO - QUESTÃO 1 Quesito avaliado A) Sim, os sócios podem excluir extrajudicialmente Bernardo da sociedade, em razão da mora na integralização das quotas (0,50), nos termos do Art. 1.058 do Código Civil (0,35). A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua. B) Sim, é possível cobrar de Bernardo os prejuízos sofridos pela sociedade, caso ele permaneça como sócio da Calculadora a Jato Ltda., pois cobrará a Valores Possíveis 0,00/ 0,35/0,5 0/0,85 0,00/ 0,40 Atendimento ao Quesito 4 de 8
indenização pelos prejuízos decorrentes da mora, nos termos do caput do Art. 1.004 por aplicação do artigo 1.053 ambos do Código Civil (0,40). A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua. Questão 02 A sociedade Luz do Céu celebrou contrato de financiamento com o Banco Divino com incidência de juros remuneratórios capitalizados semestralmente até o vencimento. Um imóvel de propriedade da sociedade foi hipotecado em favor do credor, sendo a hipoteca instituída na cédula de crédito industrial hipotecária. Um ano antes do vencimento, foi decretada, pelo juízo da Comarca de Limeira/SP, a falência do devedor. Ao ler a relação de credores publicada com a sentença de falência, você verifica a omissão do crédito do seu cliente, o Banco Divino, propondo-se a realizar sua habilitação tempestiva. A) Qual a classificação do crédito na falência que você indicará na habilitação? (Valor: 0,45) B) Sabendo-se que o ativo apurado não é suficiente para o pagamento dos credores subordinados, poderão ser incluídos no valor do crédito habilitado os juros vencidos, previstos no contrato, após a decretação da falência? (Valor: 0,80) (Valor: 1,25) GABARITO QUESTÃO 2 Quesito avaliado A) O crédito titularizado pelo Banco Divino será classificado na falência como garantia real (0,15) porque a hipoteca do imóvel foi instituída como garantia ao cumprimento do contrato (0,20). Fundamento legal: Art. 83, II, da Lei nº 11.101/05 (0,10). A simples menção ao dispositivo legal não pontua. Valores Possíveis 0,00/0,1 5/0,20 /0,25/0,3 0/0,35/0, 45 Atendimento ao Quesito 5 de 8
B) Sim, poderão ser incluídos no valor do crédito habilitado os juros vencidos, previstos no contrato, após a decretação da falência. Mesmo que o ativo apurado não seja suficiente para o pagamento dos créditos subordinados, é permitido ao credor com garantia real cobrar juros da massa falida vencidos após a decretação da falência (0,30), mas por eles responde, exclusivamente, o produto a ser apurado na venda judicial do imóvel (0,40). Fundamento legal: Art. 124, parágrafo único, da Lei nº 11.101/05 (0,10). A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua. 0,00/0,3 0/0,40/0, 50/0,70/ 0,80 Questão 03 Arrame Dourado e Equipamentos Ltda. celebrou contrato com a instituição financeira OLX em razão de operação de crédito rotativo em favor da primeira. Em decorrência da operação de crédito, foi emitida pela devedora, em três vias, Cédula de Crédito Bancário (CCB), com garantia fidejussória cedularmente constituída. Com base nessas informações e na legislação especial, responda aos itens a seguir. A) Como se dará a negociação da CCB? (Valor: 0,70) B) É possível a transferência da CCB por endosso-mandato, considerando-se ser essa uma modalidade de endosso impróprio? (Valor: 0,55) (Valor: 1,25) Quesito avaliado GABARITO QUESTÃO 3 A) Em relação à negociação, a Cédula de Crédito Bancário poderá conter cláusula à ordem (0,15), com fundamento no Art. 29, inciso IV, da Lei nº 10.931/04 (0,10), somente a via do credor é negociável (0,15), caso em que será transferível mediante endosso em preto (0,20), nos termos do art. 29, Valores Possíveis 0,00/0,15 /0,25/0,3 0 /0,35 Atendime nto ao Quesito 6 de 8
1º e 3º, da Lei nº 10.931/04 (0,10). A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua. B) Sim, é possível a transferência da CCB por endosso-mandato, considerando-se ser essa uma modalidade de endosso impróprio, aplica-se às Cédulas de Crédito Bancário, no que couber, a legislação cambial (0,15). Na legislação cambial há previsão expressa da transferência do título por endosso com cláusula em cobrança, por procuração ou qualquer menção indicativa de um mandato ao endossatário (0,30). Fundamento legal: Art. 44 da Lei nº 10.931/04 c/c Art. 18 da LUG (Decreto nº 57.663/66) OU Art. 44 da Lei nº 10.931/2004 c/c Art. 917 do Código Civil (0,10) A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua. /0,45/0,7 0 0,00/0,15 /0,45/ 0,55 Questão 04 Uma companhia fechada realizou regularmente a alienação do estabelecimento empresarial situado na cidade de Natal. Não houve publicação do contrato de trespasse na imprensa oficial, apenas o arquivamento do mesmo contrato na Junta Comercial do Estado do Rio Grande do Norte, onde está arquivado o estatuto. O acionista minoritário Roberto consultou o acionista majoritário Santiago para saber a razão da ausência de publicação. A resposta que recebeu foi a seguinte: como a receita bruta anual da companhia é de três milhões de reais, ela é considerada uma empresa de pequeno porte e, como tal, está dispensada da publicação de atos societários, nos termos da legislação que regula as empresas de pequeno porte. Roberto consultou seu advogado para que ele analisasse a resposta apresentada por Santiago, nos termos a seguir. A) A companhia fechada da qual Roberto é acionista é, de direito, uma empresa de pequeno porte? (Valor: 0,70) B) É dispensável a publicação do contrato de trespasse do estabelecimento de Natal? (Valor: 0,55) (Valor: 1,25) 7 de 8
GABARITO QUESTÃO 4 Quesito avaliado A) Não, a companhia fechada da qual Roberto é acionista não é, de direito, uma empresa de pequeno porte. As sociedades por ações não podem se beneficiar do tratamento jurídico diferenciado conferido às empresas de pequeno porte (0,30), ainda que a receita bruta anual seja inferior a R$ 4.800.000,00 (0,30), com fundamento no Art. 3º, 4º, inciso X, da Lei Complementar nº 123/2006 (0,10). A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua. B) Não é dispensável a publicação do contrato de trespasse do estabelecimento de Natal, e m razão de a companhia não ser uma empresa de pequeno porte, para os fins legais, é obrigatória a publicação do contrato de trespasse na imprensa oficial (0,45), com base no Art. 1.144 do Código Civil (0,10). A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua. Valores Possíveis 0,00/0,30/0,6 0 / 0,70 0,00/0,10/0,4 5/0,55 Atendimento ao Quesito 8 de 8