Palavras-chave: persistência, inseticida sistêmico, pulgão, neonicotinóide. INTRODUÇÃO

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Transcrição:

AÇÃO RESIDUAL DE TIAMETOXAM E IMIDACLOPRIDO USADOS EM TRATAMENTO DE SEMENTES DE ALGODOEIRO NO CONTROLE DE Aphis gossypii GLOVER, 1877 (Hemiptera: Aphididae) SOB CONDIÇÕES DE CASA-DE-VEGETAÇÃO Miguel F. Soria (UFGD), Danielle Thomazoni (UFGD), Roni P. Fortunato (UFGD), Paulo R. B. da Fonseca (UFGD), Paulo E. Degrande (UFGD / degrande@ufgd.edu.br) RESUMO Este trabalho objetivou avaliar sob condições de casa-de-vegetação a residualidade dos inseticidas tiametoxam (Cruiser 700 WS), nas dosagens de 210, 350 e 490 g de i.a. 100 kg -1 de sementes e imidacloprido (Gaucho 600 FS), na dosagem 360 g de i.a. 100 kg -1 de sementes, no controle de Aphis gossypii, em algodoeiro. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com cinco tratamentos e cinco repetições. A eficiência foi calculada utilizando-se a fórmula de Abbott. As parcelas foram constituídas de um vaso plástico com substrato (solo+vermiculita), contendo duas plantas de algodoeiro. Aos 20 dias após a emergência das plantas, estas foram infestadas com 10 indivíduos (ninfas e/ou adultos ápteros) de A. gossypii. Semanalmente os pulgões vivos eram contabilizados e eliminados, sendo reinfestadas com 10 indivíduos. Cruiser 700 WS na dosagem de 350 e 490 g de i.a. 100 kg -1 sementes e Gaucho 600 FS na dosagem de 360 g de i.a.100 kg -1 sementes apresentaram a mesma residualidade no controle de A. gossypii. O afídeo demonstrou ser excelente bioindicador de residualidade de inseticidas neonicotinóides utilizados em tratamento de sementes. Palavras-chave: persistência, inseticida sistêmico, pulgão, neonicotinóide. INTRODUÇÃO Dentre as pragas-chaves que atacam a cultura do algodão destaca-se o pulgão Aphis gossypii Glover, 1877 (Hemiptera: Aphididae) pela sua ocorrência durante todo o ciclo da cultura (GALLO et al., 2002, BELLETINI et al., 2001). Nas colônias, os insetos têm aproximadamente 0,5 a 1,5 mm de tamanho, coloração variável do amarelo-claro ao verde-escuro, onde se alimentam da seiva de folhas novas e brotações provocando o encarquilhamento e deformação dessas regiões (GALLO et al., 2002, SANTOS, 1999, 2001a, 2001b). Quando se alimentam excretam um líquido açucarado favorável ao desenvolvimento de um fungo denominado de Capnodium spp. (fumagina), que interfere na atividade fotossintética e respiratória das folhas e deprecia a qualidade da fibra caso o ataque ocorra na fase de aparecimento dos capulhos (AGUILLERA et al., 2005, GALLO et al., 2002, SANTOS, 1999, 2001b). Esses afídeos também são vetores potenciais das viroses do vermelhão e do mosaico-dasnervuras, podendo esta última, dependendo da sua incidência e época de ocorrência, ocasionar a perda total da produção (AGUILLERA et al., 2001, SANTOS, 2001a). GALLO et al. (2002) afirmaram que quando não controlados, os danos diretos provocados por essa praga podem reduzir a produção em cerca de 40%. Santos (1999) sugeriu que o tratamento de sementes com inseticida sistêmico pode proteger a cultura do algodoeiro do ataque dos pulgões até os 25 dias após emergência da cultura a campo, sendo o período crítico de ataque entre 10 e 100 dias após a emergência. Konno (2005) e Santos (1999) afirmaram que lavouras de algodão cultivadas com variedades suscetíveis às viroses requerem intensa proteção contra os pulgões. De acordo com Santos (2001b), o

manejo do pulgão em variedades suscetíveis às viroses pode ser realizado de forma preventiva através da utilização de inseticidas via tratamento de sementes. Dentre os inseticidas utilizados para o controle inicial de pulgões encontram-se o tiametoxam e o imidacloprido (SANTOS, 1999). Este trabalho teve como objetivo avaliar sob condições de casa-de-vegetação a ação residual dos inseticidas tiametoxam (Cruiser 700 WS) e imidacloprido (Gaucho 600 FS) via tratamento de sementes no controle de A. gossypii em algodoeiro. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi conduzido em casa-de-vegetação, na Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), em Dourados (22º14 de latitude Sul, 54º44 de longitude Oeste e altitude de 452 m), estado de Mato Grosso do Sul. O fator estudado foi o tratamento de sementes com inseticida. Os tratamentos foram: tiametoxam (Cruiser 700 WS pó dispersível para tratamento de sementes, 700 g de ingrediente ativo (i.a.)/l) nas dosagens de 210, 350 e 490 g de i.a./100 kg de sementes; imidacloprido (Gaucho 600 FS suspensão concentrada para tratamento de sementes, 600 g de i.a./l) na dosagem de 360 g de i.a./100 kg de sementes e uma testemunha sem inseticida. O delineamento estatístico utilizado foi o inteiramente casualizado com cinco tratamentos e cinco repetições. Cada unidade experimental foi composta por um vaso plástico, de 18 x 32 cm com capacidade para 2,5 kg de substrato, contendo em cada um, solo (calcareado e adubado quimicamente) misturado com vermiculita na proporção de 3:1 e duas plantas de algodoeiro, cultivar NuOpal Bollgard. Cinco sementes de cada tratamento foram semeadas em uma parcela. Aos doze dias após a emergência, duas plântulas foram selecionadas para comporem a unidade experimental, descartando-se as demais. Em seguida, dez indivíduos (ninfas e/ou adultos ápteros) de A. gossypii foram infestados sobre cada plântula com o auxílio de um pincel. Os dados dos tratamentos foram obtidos entre seis e oito dias após a infestação, a partir do momento da primeira infestação, através da contagem do número de pulgões vivos presentes em cada plântula. Os pulgões contabilizados eram retirados das parcelas, eliminando a população estabelecida pela infestação anterior. Após cada avaliação, as plantas das unidades experimentais eram reinfestadas com 10 indivíduos (ninfas e/ou adultos ápteros) de A. gossypii. A rega das plantas era realizada junto ao colo dos algodoeiros e diretamente no substrato, sem que houvesse precipitação da água na parte aérea do vegetal. Os dados do número de pulgões vivos de cada avaliação foram transformados em X + 0, 5, com posterior análise dos dados através da análise de variância e comparação das médias pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. A eficiência dos inseticidas foi calculada com os dados originais utilizando-se a fórmula de Abbott (1925), para que fosse possível a análise da persistência dos inseticidas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados do número de pulgões vivos contabilizados semanalmente em cada tratamento e a percentagem de eficiência dos inseticidas testados são apresentados nas Tabelas 1 e 2 respectivamente.

Tabela 1. Média do número de pulgões (A. gossypii) vivos em cada tratamento ao longo das avaliações em condições de casa-de-vegetação. Dourados, MS, 2006. 20 DAE 2 27 DAE 33 DAE 40 DAE 47 DAE 55 DAE 62 DAE 70 DAE TRATAMENTO DOSAGEM 1 7 DAI 3 4 6 DAR MT 5 MT MT MT MT MT MT MT Cruiser 700 WS 210 0,7071 b 0,7071 b 0,7071 b 0,7071 b 0,8106 b 0,7071 b 0,7071 b 3,5822 ab Cruiser 700 WS 350 0,7071 b 0,7071 b 0,7071 b 0,7071 b 0,8106 b 0,7071 b 0,7071 b 0,7657 b Cruiser 700 WS 490 0,7071 b 0,7071 b 0,7071 b 0,7071 b 0,7071 b 0,7071 b 0,7071 b 0,7071 b Gaucho 600 FS 360 0,7071 b 1,0243 b 0,7071 b 0,9405 b 1,2919 b 0,7071 b 0,7071 b 0,7071 b Testemunha - 3,8563 a 4,4997 a 3,0480 a 5,8324 a 4,6674 a 3,6070 a 3,2753 a 5,7562 a F - 19,559 10,672 35,985 46,801 15,448 8,225 5,900 6,429 D.M.S. - 1,3471 2,1576 0,7382 1,4025 1,8273 1,9128 2,0002 3,8242 C.V. (%) - 53,263 74,592 33,203 41,679 58,276 78,560 86,613 87,755 1 Dosagem em g ou ml de i.a. 100 kg -1 sementes. 2 DAE Dias após a emergência da cultura. 3 DAI Dias após a infestação com pulgões. 4 DAR Dias após a reinfestação com pulgões. 5 MT Média do número de pulgões vivos transformadas em raiz quadrada de (x+0,5). Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% (n=10). Tabela 2. Percentagem de eficiência dos inseticidas testados em tratamento de sementes para o controle de A. gossypii em condições de casa-de-vegetação. Dourados, MS, 2006. 20 DAE 2 7 DAI 3 27 DAE 4 33 DAE 6 DAR 40 DAE 47 DAE 55 DAE 62 DAE 70 DAE M 5 %E 6 M %E M %E M %E M %E M %E M %E M %E Cruiser 700 WS 210 0 100 0 100 0 100 0 100 0 100 0 100 0 100 21,3 41,8 Cruiser 700 WS 350 0 100 0 100 0 100 0 100 0 100 0 100 0 100 0,1 99,7 Cruiser 700 WS 490 0 100 0 100 0 100 0 100 0 100 0 100 0 100 0 100 Gaucho 600 FS 360 0 100 0,8 96,7 0 100 0,5 98,6 1,4 94,3 0 100 0 100 0 100 Testemunha - 16,4-24,7-11,2-35,6-24,7-16,6-14,7-36,6-1 Dosagem em g ou ml de i.a. 100 kg -1 sementes. 2 DAE Dias após a emergência da cultura. 3 DAI Dias após a infestação com pulgões. 4 DAR Dias após a reinfestação com pulgões. 5 M Média dos dados originais do número de pulgões vivos contabilizados em cada tratamento (n=10). 6 %E Percentagem de eficiência.

Até os 62 dias após a emergência da cultura (DAE) os números médios de pulgões dos tratamentos constituídos pelos diferentes inseticidas não se diferenciaram estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5%. Em todas as avaliações, a testemunha sempre apresentou um número médio de pulgões significativamente maior do que os demais tratamentos, demonstrando a ação de controle dos inseticidas e a sensibilidade das plântulas oriundas das sementes não tratadas. O número de pulgões da colônia formada pela infestação aumentava ao longo da semana nas plântulas da testemunha, indicando que os insetos encontravam condições favoráveis para reprodução nas plantas não tratadas. Aos 70 DAE, Cruiser 700 WS na dosagem de 210 g de i.a. 100 kg -1 sementes apresentou um aumento significativo do número de pulgões com relação aos demais tratamentos (350 e 490 g i.a. 100 kg -1 de sementes de Cruiser 700 WS e 360 g de i.a. 100 kg -1 sementes de Gaucho 600 FS ), evidenciando a redução da eficiência de controle do pulgão. Nessa época (70 DAE), os valores das médias de pulgões vivos de Cruiser 700 WS na dosagem de 350 e 490 g de i.a. 100 kg -1 sementes e de Gaucho 600 FS na dosagem de 360 g de i.a.100 kg -1 sementes não se diferenciaram estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5%. Todos os inseticidas testados apresentaram eficiência de controle acima de 94% até os 70 DAE, com exceção de Cruiser 700 WS na dosagem de 210 g de i.a. 100 kg -1 de sementes que apresentou 41,8% de eficiência aos 70 DAE. Isto pode ser explicado por ser o tratamento com a menor quantidade de ingrediente ativo utilizado para 100 kg de sementes. De acordo com Santos (1999), a ação do inseticida sistêmico utilizado no tratamento de sementes de algodoeiro pode proteger a cultura do ataque dos pulgões até 25 dias após a emergência da cultura no campo. Trabalhos de campo realizados por Parussolo et al. (2005), Bellettini et al. (2001) e Souza et al. (2001), com o intuito de avaliar a eficiência de diferentes dosagens de tiametoxam e imidacloprido utilizados via tratamento de sementes de algodoeiro, no controle de A. gossypii, obtiveram resultados de eficiência acima de 80% até os 30 dias após a emergência da cultura. Gallo et al. (2002) afirmaram que a circulação do inseticida sistêmico na planta depende da intensidade da atividade metabólica da mesma, e que a permanência do tóxico na planta é dependente dessa atividade uma vez que o inseticida circula juntamente com a seiva. Os mesmos autores ainda afirmam que a atividade metabólica da planta será maior ou menor de acordo com as condições climáticas, do solo e da própria espécie ou variedade da planta. Dessa maneira, o efeito residual de controle dos tratamentos por tanto tempo pode ser explicado pelas condições em que as plantas utilizadas no experimento foram cultivadas, demonstrando que A. gossypii foi excelente bioindicador da residualidade dos inseticidas testados. Possivelmente porque as plantas estavam confinadas em vasos de pouco volume, o sistema radicular pode ter sofrido um impedimento físico para seu pleno desenvolvimento, resultando em plantas com baixa estatura, sem terem atingido o estádio reprodutivo, mesmo aos 70 DAE. O pouco desenvolvimento da parte aérea das plantas, sem que houvesse a formação de novas estruturas morfológicas externas (ramos, pecíolos, folhas e estruturas reprodutivas), provavelmente não permitiu a translocação do inseticida e a sua conseqüente diluição na planta. Fato este que pode diminuir a eficiência do tratamento com o passar do tempo, pois a concentração do inseticida no interior da planta será reduzida. Normalmente nos sistemas de cultivo as plantas encontram condições favoráveis para o seu crescimento, apresentando intensa atividade metabólica, reduzindo o efeito residual de inseticidas sistêmicos utilizados no tratamento de sementes. Portanto, novos estudos para se avaliar a residualidade de inseticidas através da metodologia proposta neste trabalho devem ser realizados com o intuito de se confirmar os resultados aqui apresentados.

CONCLUSÕES Cruiser 700 WS na dosagem de 350 e 490 g de i.a. 100 kg -1 sementes e Gaucho 600 FS na dosagem de 360 g de i.a.100 kg -1 sementes apresentaram a mesma residualidade no controle de A. gossypii. Reduzir a dosagem de Cruiser 700 WS abaixo de 350 g de i.a. 100 kg -1 sementes diminui o poder residual do inseticida no controle de A. gossypii. CONTRIBUIÇÃO PRÁTICA E CIENTÍFICA DO TRABALHO O trabalho contribui através de metodologia experimental que poderá ser empregada em futuros estudos que visem à avaliação da ação residual de inseticidas utilizados na cultura do algodão. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABBOTT, W. S. A method of computing the effectiveness of an insecticide. Journal of Economic Entomology. v.18, p.265-267, 1925. AGUILLERA, L. A.; BOTTAN, A. J.; DEGRANDE, P. E.. Avaliação de inseticidas para o controle do pulgão (Aphis gossypii). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO. 5., 2005, Salvador. Anais... Campina Grande: Embrapa Algodão, 2005. CD ROM. BELLETINI, S. et al. Eficiência de inseticidas em tratamento de sementes no controle do pulgão (Aphis gossypii Glover, 1877) no algodoeiro. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO. 3., 2001, Campo Grande. Anais... Campina Grande: Embrapa Algodão/UFMS/Embrapa Agropecuária Oeste, 2001. p. 252-254. GALLO, D. et al. Entomologia Agrícola. Piracicaba: FEALQ, 2002. 920 p. KONNO, R. H.. Subsídios para um programa de manejo da resistência de Aphis gossypii Glover, 1877 a inseticidas na cultura do algodão. 2005. 72f. Tese (Doutorado) Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, 2005. PARUSSOLO, T. de A. et al. Inseticidas utilizados para tratamento de sementes no controle de Aphis gossypii (Hemiptera: Aphididae) na cultura do algodoeiro. In: Congresso Brasileiro de Algodão. 5., 2005, Salvador. Anais... Campina Grande: Embrapa Algodão, 2005. CD ROM. SANTOS, W. J. dos. Identificação, biologia, amostragem e controle das pragas do algodoeiro. In: Algodão: tecnologia de produção. Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste, 2001a. P. 181-226. SANTOS, W. J. dos. Manejo integrado de pragas para o algodoeiro do cerrado. In: FUNDAÇÃO MT. Boletim de Pesquisa de Algodão. Rondonópolis, 2001b. p. 75-121. SANTOS, W. J. dos. Monitoramento e controle das pragas do algodoeiro. In: Cultura do Algodoeiro. Piracicaba: POTAFOS, 1999. p. 101-116. SOUZA, C. M. F. de Almeida et al. Efeito residual do inseticida thiametoxan para o controle de Aphis Gossypii (Homoptera: Aphididae) na cultura do algodão. In: Congresso Brasileiro de Algodão. 3., 2001, Campo Grande. Anais... Campina Grande: Embrapa Algodão/UFMS/Embrapa Agropecuária Oeste, 2001. p. 225-227.