TÍTULO: Avaliação da Qualidade da Água de Poços Artesianos na Sede do Município de Itapipoca Autores: OLIVEIRA, Bruno Peixoto de ; MESQUITA, Charles Jefferson Ferreira; SOUZA, Petronio Augusto Simão. Curso de Licenciatura Plena em Química Faculdade de Educação de Itapipoca/Universidade Estadual do Ceará, Av. da Universidade s/n, CEP 62500-000 Itapipoca Ceará Brasil. 1. Resumo: Devido à cultura já estabelecida em municípios de pequeno porte do semi-árido brasileiro em utilizar águas subterrâneas, provenientes, principalmente de poços artesianos, conhecidos como cacimbões ou poços rasos para o consumo humano, foi proposto este projeto, que tem como objetivo analisar a qualidade da água destes poços na sede do município de Itapipoca alertando aos proprietários desses poços artesianos que, por mais que a água seja de qualidade aceitável ainda é mais recomendável a utilização da água proveniente do sistema de abastecimento público, pois esta tem todo um tratamento adequado que garante a sua potabilidade. O trabalho foi realizado mapeando a cidade em três áreas quanto à presença ou ausência de abastecimento de água e esgoto. As amostras foram coletadas de água de poços rasos nessas áreas e foram divididas em dois períodos, o período da época chuvosa e o período da época de seca. As análises destas amostras foram realizadas com base em parâmetros qualitativos e utilizado metodologias alternativas para realização das mesmas. Os resultados finais mostram que a água da maioria dos poços analisados, como esperado, tanto no período chuvoso quanto no período de seca, possui boa qualidade, mas somente testes mais aprofundados, podem nos dar a certeza de que as águas podem ser utilizadas para o consumo humano, classificadas em potáveis. 2. Introdução A água é um recurso natural de suma importância para a vida, pois além de satisfazer as necessidades básicas da população humana também ajuda no desenvolvimento da agricultura, pesca entre outras atividades(sousa, 2005) Acompanhar o ciclo das águas na Natureza é fascinante. Suas reservas no planeta apresentam números significativos, cobrindo uma área que corresponde, aproximadamente, a 75% da superfície terrestre, formando os oceanos, rios, lagos etc. Contudo, isso não é motivo para desperdiçá-la ou mesmo poluí-la. Mais de 97% desta água encontra-se no mar, indisponível para beber e para a maioria dos usos agrícolas. Três quartas partes da água doce estão presentes em geleiras e nas calotas polares. A água potável, responsável pelo funcionamento da grande máquina que é a vida na Terra, e que usamos para os mais variados fins é proveniente de lagos e rios, constituindo, em seu conjunto, menos de 0,01% do suprimento total de água. (SOUSA, 2005)
Além das fontes de águas fluviais como rios, lagos, lagoas, açudes que fornecem água para o uso da população, também devemos destacar a importância de outra fonte de água potável utilizada pelas populações que são os chamados poços artesianos. O termo "poço artesiano" data do século XII, ano de 1.126, quando foi perfurado na cidade de Artois, França, o primeiro poço desse tipo. Estes se classificam em poços artesianos e semi-artesianos. Na América do Sul datam do pré-colombiano e os poços artesianos e semi-artesianos escavados com enxada são comuns no continente desde a época colonial. "Em quase todo forte, monastério e outros prédios coloniais ainda podem ser encontrados esses poços", lembra Aldo Rebouças, professor titular do Instituto de Geociências da USP, em artigo recente no Episodes - Journal of International Geosciences. (COMCIENCIA, on line). Quando a própria pressão natural da água é capaz de levá-la até a superfície, temos um poço artesiano. Quando a água não jorra, sendo necessário a instalação de aparelhos para a captação da mesma, tem-se um poço semi-artesiano. Os poços artesiano e semiartesiano são tubulares e profundos. Existe também o poço caipira, conhecido no nordeste brasileiro como cacimba, que obtém água dos lençóis freáticos - rios subterrâneos originados em profundidades pequenas. Devido ao fato de serem rasos, os poços caipiras estão mais sujeitos as contaminações por água de chuva e até mesmo por infiltrações de esgoto. A vantagem da utilização do manancial subterrâneo é que este se encontra relativamente melhor protegido dos agentes de infecção, tornando-a própria para o consumo humano sem um prévio tratamento, entende-se, com isso que as águas subterrâneas são consideradas naturalmente potáveis. Mas vale ressaltar que deve haver um controle sob a utilização e preservação desses mananciais, afim de que o mesmo não sofra uma contaminação ou mesmo venha a se deteriorar com o uso irregular(rebouças,----). Nesse contexto as informações disponíveis sobre as águas subterrâneas são ainda insuficientes e muito dispersas. As pesquisas existentes são poucas, descontinuadas e inconsistentes. Os dados que são gerados diariamente, por ocasião da execução de qualquer obra, com finalidade de pesquisar ou captar água subterrânea, e que poderiam conter informações técnicas preciosas e reais, tanto sobre os aspectos geológicos das camadas de rochas existentes, como das características físico-químicas das águas, estão pulverizados e de certa forma indisponibilizados nas diversas empresas privadas e órgãos de governo. Isto porque, dentre os vários fatores que contribuem para a desorganização e ineficácia no gerenciamento e controle nas ações das obras hídricas subterrâneas, mencionamos a ausência de profissional capacitado para o
estudo e execução da obra, pouca e quase sempre ineficiente fiscalização, ingerência política em algumas etapas de caráter estritamente técnico e, sobretudo falta de interação e integração entre os diversos órgãos responsáveis pelo cadastramento e acompanhamento das empresas, obras e serviços. Devido à cultura já estabelecida em municípios de pequeno porte do semi-árido brasileiro em utilizar águas subterrâneas, proveniente principalmente de poços artesianos como cacimbões e poços rasos para o consumo humano, foi proposto e desenvolvido esse projeto que tem como objetivos: analisar a qualidade da água destes poços na sede do município de Itapipoca (coordenadas 03º30 0.40 S e 039º34 43.4 W), o qual está localizado a 139 km de Fortaleza na região norte do estado, e tem uma população estimada de aproximadamente 103.000 habitantes, e alertar aos proprietários desses poços artesianos que por mais que a água seja de qualidade aceitável ainda é mais recomendável a utilização da água proveniente do sistema de abastecimento público, pois esta tem todo um tratamento adequado que garante a sua potabilidade. 3. Procedimento Experimental Na primeira etapa do projeto foi feito o mapeamento e posterior divisão da cidade de Itapipoca em áreas quanto à presença ou ausência de abastecimento de água e esgoto constando de três grandes áreas, Área A: com abastecimento de água tratada e coleta de esgoto; Área B: com abastecimento de água tratada e sem coleta de esgoto; Área C: sem abastecimento de água tratada e sem coleta de esgoto, posteriormente foram coletadas as amostras de água de poços dessas áreas. As coletas de água foram divididas em duas fases distintas que seguem um cronograma das chuvas na região. A primeira fase de coletas se deu no período chuvoso do ano de 2008 (entre os meses de março e abril) e a segunda fase de coletas se deu no período seco do mesmo ano (entre os meses de outubro e novembro). Foram feitas análises destas amostras com base em parâmetros qualitativos sempre utilizando metodologia alternativa para realização das análises. As análises seguiram ensaios físico-químicos como aparência (cor e turbidez), temperatura, ph, acidez e alcalinidade,
determinação de sulfatos, determinação de cloretos, teor de agente redutores (substâncias facilmente oxidáveis), determinação de sólidos residuais, sendo que todos esses ensaios estão diretamente relacionados à potabilidade da água. 4. Resultados e Discussão Resultados das Análises Amostra 1 Determinação de Sólidos 0,0027g 0,0036g Amostra 2 Determinação de Sólidos 0,0036g 0,0035g Amostra 3 Determinação de Sólidos 0,0056g * Determinação de Acidez Acidez Aceitável * Determinação de Alcalinidade Alcalinidade Aceitável * Determinação de Agente Redutores Teor Aceitável * Determinação de Cloretos - * Determinação de Sulfatos Teor Elevado * * Este poço estava aterrado na 2 a. coleta.
Amostra 4 Determinação de Sólidos 0,0038g 0,0069g Determinação de Alcalinidade Alcalinidade Elevada Alcalinidade Elevada Determinação de Agente Redutores Teor Elevado Teor Elevado Determinação de Sulfatos Teor Aceitável Teor Elevado Amostra 5 Determinação de Sólidos 0,0038g 0,0038g Amostra 6 Determinação de Sólidos 0,0035g * Determinação de Acidez Acidez Aceitável * Determinação de Alcalinidade Alcalinidade Aceitável * Determinação de Agente Redutores Teor Aceitável * Determinação de Cloretos - * Determinação de Sulfatos Teor Elevado * * Este poço estava completamente seco na 2 a. coleta. Amostra 7 Determinação de Sólidos 0,0086g 0,0088g Determinação de Alcalinidade Alcalinidade Elevada Alcalinidade Elevada Determinação de Agente Redutores Teor Elevado Teor Elevado
Amostra 8 Determinação de Sólidos 0,0013g 0,0019g Determinação de Sulfatos Teor Aceitável Teor Aceitável * Este poço estava completamente seco na 2 a. coleta. Amostra 9 Determinação de Sólidos 0,0046g * Determinação de Acidez Acidez Aceitável * Determinação de Alcalinidade Alcalinidade Aceitável * Determinação de Agente Redutores Teor Aceitável * Determinação de Cloretos - * Determinação de Sulfatos Teor Elevado * * Este poço estava completamente seco na 2 a. coleta. Amostra 10 Determinação de Sólidos 0,0039g * Determinação de Acidez Acidez Aceitável * Determinação de Alcalinidade Alcalinidade Aceitável * Determinação de Agente Redutores Teor Aceitável * Determinação de Cloretos - * Determinação de Sulfatos Teor Elevado * * Não foi possível fazer a segunda coleta, casa fechada. Amostra 11 Determinação de Sólidos 0,0032g 0,0025g
Amostra 12 Determinação de Sólidos 0,0035g 0,0014g Determinação de Sulfatos Teor Elevado Teor Aceitável Amostra 13 Determinação de Sólidos 0,0016g 0,0025g Determinação de Alcalinidade Alcalinidade Aceitável Alcalinidade Elevada Amostra 14 Determinação de Sólidos 0,0047g 0,0048g Amostra 15 Determinação de Sólidos 0,0107g 0,0096g Determinação de Alcalinidade Alcalinidade Aceitável Alcalinidade Elevada Determinação de Agente Redutores Teor Elevado Teor Elevado
Amostra 16 Determinação de Sólidos 0,0028g 0,0031g Amostra 17 Determinação de Sólidos 0,0028g 0,0033g Determinação de Agente Redutores Teor Elevado Teor Aceitável Determinação de Sulfatos Teor Aceitável Teor Elevado De acordo com as análises feitas em ambos os períodos, podemos concluir que a maioria das amostras de águas coletadas possui uma boa qualidade, mas somente com testes mais aprofundado como o Teste de Coliformes Fecais e Coliformes Totais é que poderemos garantir a potabilidade da água coletada. Entre todas as amostras coletadas apenas três poços foram reprovados com base nos parâmetros analisados, pois os mesmo apresentavam um alto teor de agentes redutores (substâncias facilmente oxidáveis), parâmetros esse que por si só já nos indica que a água não deve ser utilizada para o consumo humano. Os altos teores de agentes redutores nesses três poços em especial indicam matéria orgânica em decomposição nos mesmos. 5. Conclusão Como era esperado a maioria dos poços artesianos analisados proviam água de boa qualidade, pois a água dos mananciais subterrâneos em geral é de boa qualidade. Mas precisamos ainda de teste mais específicos como o Teste de Coliformes Fecais e Coliformes Totais para assim garantirmos a potabilidade das águas analisadas. Com todos os resultados das análises já em mãos, iniciaremos agora a última fase do nosso projeto, onde serão produzidos os laudos que
atestam ou não a qualidade da água de cada poço analisado. Concomitantemente a produção dos laudos será feita à conscientização dos proprietários dos poços para a utilização da água do Sistema de Abastecimento Público, pois nela existe todo um controle e uma série de parâmetros de análises que garantem a potabilidade da água consumida. 6. Bibliografia COMCIÊNCIA, www.comciência.br/reportagens/aguas/aguas05.htm REBOUÇAS, A. da C., Águas subterrâneas no novo modelo do saneamento básico, s/d SOUSA, J. R., A qualidade da água na região de Itapipoca: uma visão Físico-Química, Projeto de Pesquisa apresentado a FUNCAP, 2005.