A PROBLEMÁTICA DOS RESÍDUOS DE EMBALAGENS DE AGROTÓXICOS NO BRASIL



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Transcrição:

A PROBLEMÁTICA DOS RESÍDUOS DE EMBALAGENS DE AGROTÓXICOS NO BRASIL Luciana Pranzetti Barreira * Bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual Paulista UNESP. Mestrado em Agronomia, área de Concentração Energia na Agricultura pela Universidade Estadual Paulista UNESP. Doutoranda da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo USP, Área de concentração Saúde Ambiental. Arlindo Philippi Junior Faculdade de Saúde Pública Universidade de São Paulo/USP Endereço (*): R. Raul Pompéia, 375 Apto 73 Pompéia CEP: 05025-010 São Paulo-SP Tel: (11) 9750-1266 Email: lubarreira@yahoo.com.br RESUMO A problemática da geração de resíduos é hoje um forte atrativo para estudo entre especialistas da área de meio ambiente, não somente pela quantidade gerada mas principalmente pela diversidade de produtos colocados diariamente no mercado e que geralmente são descartados de forma irregular e sem controle ambiental, causando impactos ao meio ambiente e à saúde da população. Nesse trabalho será enfocada apenas uma parcela de resíduos gerados pela população, representado pelos agrotóxicos e sua embalagens, que possuem significante importância quando se trata de saúde pública e meio ambiente. O Brasil consome por ano 288.000 toneladas de agrotóxicos, acondicionados em cerca de 107.000.000 embalagens, com peso de aproximadamente 23.000 toneladas. As embalagens vazias de agrotóxicos têm sido descartadas sem controle e fiscalização e a prática de enterrá-las, atualmente é considerada inadequada devido aos altos riscos de contaminação. Entretanto, normas e leis estão cada vez mais rígidas e abordando aspectos que levam em consideração a saúde pública e ambiental, como por exemplo a Lei Federal n 0 9974/00. Palavras Chaves: resíduos sólidos especiais, embalagens de agrotóxicos, saúde pública, meio ambiente INTRODUCÃO As últimas duas décadas de nosso século vêm registrando um estado de profunda e complexa crise mundial que afeta todos os aspectos de nossa vida a saúde, o modo de vida, a qualidade do meio ambiente, as relações socioeconômicas, a tecnologia e a política (CAPRA, 1982). GUIMARÃES (1999) citado por WELLAUSEN et al. (2000) traduz de forma brilhante esse pensamento: Se há uma síntese possível para este final de século* ela pode ser caracterizada pelo esgotamento de um estilo de desenvolvimento que se mostrou ecologicamente predatório (no uso de recursos naturais), socialmente perverso (na geração de pobreza e desigualdade), politicamente injusto (na concentração do poder), culturalmente alienado (em relação à natureza) e eticamente censurável (no respeito aos direitos humanos e aos das demais espécies). * Considera-se também, o novo século.

A partir desse pensamento nota-se a amplitude de problemas que permeiam a sociedade contemporânea, principalmente os sócio-ambientais. Dentre inúmeros problemas ambientais que podem ser analisados por essa ótica, estão os resíduos sólidos e suas conseqüências para o ambiente e sociedade em geral. De uma forma reducionista, considera-se que o processo de urbanização e a industrialização são os principais fatores responsáveis pela multiplicação dos problemas gerados com a produção de resíduos pela população. De certa forma, por muitas décadas, as indústrias têm sido grandes produtoras de bens consumíveis e poluidoras em potencial do meio ambiente. Esse fato caracteriza-se pela necessidade das indústrias retirarem cada vez mais insumos para produção de novos produtos e gerar resíduos, que descartados de forma irregular e em grandes quantidades, poluem e contaminam o ambiente. Atualmente, as indústrias estão sendo pressionadas a se adequarem às normas e legislações quanto a questão dos resíduos, principalmente pelo efeito que a mídia exerce sobre a opinião pública e que, consequentemente, tem influência direta nas tomadas de decisões do Poder Público. No caso das indústrias multinacionais, o rigor ainda é maior pela necessidade de serem competitivas no mercado nacional e estrangeiro e obterem certificações de qualidade dos seus produtos com menor agressão possível à natureza. Neste âmbito certifica-se que não somente a indústria é a grande vilã na geração de resíduos. Considera-se que a geração exacerbada de resíduos é oriunda de modelos desenfreados de consumo seguida de altíssimas taxas de desperdício, conseqüência inerente de um processo decadente de modo de vida. Como agravante a essa situação, a falta de gerenciamento, controle, fiscalização e políticas públicas de proteção ambiental visando adequar o desenvolvimento econômico à preservação dos recursos naturais, têm trazido sérias conseqüências à saúde pública e ao meio ambiente. Segundo diversos autores, com foco na saúde da população, existe uma total inte-relação entre as alterações do meio ambiente e a qualidade de vida dos indivíduos. Dentre as várias manifestações que essas alterações podem causar, as mais freqüentes e de fácil percepção são os agravos á saúde das pessoas (PELICIONI, et al, 2000). Portanto, considerando os resíduos sólidos, foco desse estudo, quaisquer que sejam sua natureza (domésticos, industriais, infectantes, outros), atingem diretamente a saúde da população e do meio ambiente. Além disso, problemas ambientais extremamente relevantes devem ser levados em conta, principalmente quanto à sua composição, periculosidade e, no caso dos resíduos sólidos, também a produção de percolados potencialmente tóxicos. Segundo FERREIRA (2000), até poucos anos atrás, os resíduos sólidos domiciliares (RSD) eram considerados como de pequeno risco para o ambiente, pois continham basicamente resíduos orgânicos e outros materiais pouco impactantes. Atualmente, a introdução de novos produtos na vida moderna, sua quantidade crescente no mercado e desconhecimento dos impactos decorrentes de sua disposição, considera-se que os RSD representam uma ameaça a integridade do ambiente por conterem itens que podem ser classificados como perigosos. Neste contexto, os resíduos de embalagens de inseticidas e agrotóxicos, enquadram-se na categoria de resíduos perigosos por conterem substâncias químicas que modificam o ambiente nas suas mais diferentes formas de vida. Além disso, comprometem de forma definitiva a cadeia natural, contaminando o solo, a água e o ar e influenciado diretamente a saúde da população, seja ela de qualquer nível social. A problemática que envolve esse tipo de resíduo concentra-se na disposição pós-uso. O destino das embalagens vazias de agrotóxicos não sofria, há poucos anos atrás, nenhum tipo de fiscalização e controle, e hoje, sabe-se, que a prática de enterrá-las é considerada inadequada devido aos altos riscos de contaminação. 2

Portanto, esse trabalho, concentra-se em um estudo resumido do tema, onde leva-se em conta a legislação vigente posta em prática em maio deste ano, a qual possui, entre tantos avanços, a distribuição de responsabilidades entre os fabricantes, revendedores e usuários e será tratado a seguir. A PROBLEMÁTICA DO USO DE AGROTÓXICOS Desde que os primeiros homens deixaram de ser nômades e se reuniram em comunidades, a produção de alimentos para suprir as necessidades do grupo tornou-se uma preocupação constante. Para tanto, houve a necessidade de controlar as pragas, doenças e ervas daninhas que poderiam colocar em risco as colheitas, passando o homem a utilizar produtos que diminuíssem o risco de perda de safras, caracterizado pelo então chamados agrotóxicos. Os primeiros registros de utilização de agrotóxicos vêm da Roma antiga. Segundo se sabe, os romanos usavam a fumaça proveniente da queima de enxofre para controlar pulgões que atacavam as plantações de trigo, bem como sal para controlar ervas daninhas. Mais recentemente, nos primórdios da século XIX, os chineses utilizavam arsênico misturado em água para controlar insetos. Já no inicio século XX, descobriu-se que produtos derivados de plantas, como exemplo, a rotenona e a piretrina, controlavam diferentes tipos de insetos e, em 1915, foi desenvolvida uma formulação líquida com esses componentes para ser utilizada em controle de doenças fúngicas e tratamento de sementes. Os primeiros herbicidas surgiram por volta de 1900, mas o grande avanço no desenvolvimento dos agrotóxicos, de maneira geral, aconteceu por volta de 1940, com a descoberta do DDT e todos os produtos subsequentes (Revista Meio Ambiente Industrial, 2001). O surgimento de produtos químicos empregados no combate às pragas da lavoura representou grande progresso na agricultura, sobretudo na produção em grande escala, trazendo consigo um novo conceito de produção. O conjunto de produtos químicos recebeu as denominações de defensivos agrícolas, pesticidas, praguicidas, produtos fitossanitários ou agrotóxicos, este último termo restrito ao Brasil, por força da Lei n 0 7.802/89 (Kotaka e Zambrone, 2001). A Legislação Federal de Agrotóxicos e Afins, conforme a Lei n 0 7.802, de 11 de Julho de 1989, Art. 2 0, define-os como a) os produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora e da fauna, afim de preservá-la da ação danosa de seres vivos considerados nocivos; b) substância e produtos empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento. A preocupação crescente de especialistas e ambientalistas em relação ao uso de agrotóxicos é devido à grande quantidade dessas substâncias utilizadas nas práticas agrícolas que resultam em impactos ambientais pouco conhecidos, além dos inúmeros problemas relacionados à saúde pública, decorrentes de seu uso, principalmente, de forma inadequada. Dentre os inúmeros problemas decorrentes da prática de utilização de agrotóxicos, podem ser citados: 1. Contaminação ambiental por uso excessivo de agrotóxicos A contaminação do ambiente, principalmente do solo e da água, por perdas de agrotóxicos para áreas não-alvo tem provocado críticas severas ao uso desses produtos e grandes preocupações quando noticiados os efeitos nocivos que esses desperdícios provocam. 3

Aspectos como o tipo de aplicação, o número de tratamentos, formulação do agrotóxico aplicado, dose recomendada, tipos de equipamentos e outros fatores são parcialmente interdependentes e devem ser criteriosamente obedecidos para conseguir melhores efeitos biológicos e menos impactos ambientais. As principais fontes de contaminação direta do solo por agrotóxicos são evidenciadas no ato da aplicação, quando o produto é lançado diretamente no solo ou quando há vazamento ou derramamento do equipamento por má conservação ou uso inadequado. De forma indireta, o solo pode receber os agrotóxicos por várias fontes como, por exemplo, pela incorporação dos restos de cultura tratada, pela ação do vento e lavagem das plantas pela água de chuva ou de irrigação. No caso da água, a contaminação direta dá-se, principalmente, pela aplicação e dispersão do agrotóxico, por fezes de animais contaminados, esgoto e despejo de restos de caldas e a lavagem de tanques de equipamentos. De uma forma indireta, a contaminação é feita pelo processo de lixiviação e pelo manuseio inadequado. 2. Alimentos contaminados por agrotóxicos Com o desperdício nas aplicações dos produtos, geralmente os alimentos comercializados possuem enormes quantidades de produtos químicos que têm efeitos nocivos para a saúde da população. 3. Falta de EPI S nas aplicações de agrotóxicos A falta de informação da maioria dos agricultores da necessidade de se utilizar equipamentos de proteção individual (EPI) também é um fator de grave risco quando se trata do uso de agrotóxicos, principalmente no que diz respeito a intoxicações: impacto sobre a saúde pública, com sérios riscos de desenvolvimento de câncer e podendo levar à morte. A substância química, por si só, não é totalmente má ou boa. A caracterização do risco que ela representa será conseqüência do tipo de uso, da dose utilizada e da exposição a que um indivíduo é submetido, aliado à toxicidade inerente ao produto (Kotaka e Zambrone, 2001). Portanto, a utilização dos EPI s nas aplicações de agrotóxicos é de extrema importância para a saúde do trabalhador. 4. Embalagens e resíduos de agrotóxicos Os resíduos químicos tóxicos presentes em embalagens de agrotóxicos e afins, quando abandonados no ambiente ou descartados em aterros e lixões, sob ação da chuva, podem migrar para águas superficiais e subterrâneas, contaminando o solo e lençóis freáticos (CEMPRE, 2000). A tríplice lavagem das embalagens, conforme recomendada na Lei n 0 9974/00, antes do seu descarte, pode ser uma das práticas para a solução desse problema juntamente com a educação ambiental continuada sobre os perigos inerentes ao uso impróprio desses produtos. Além disso, muitas vezes por falta de informação e educação dos agricultores (maioria sem qualificação profissional), essas mesmas embalagens são utilizadas de forma totalmente irregular como recipientes para armazenamento de água para uso domiciliar, fazendo com que os problemas de saúde pública se agravem devido à ingestão de produtos tóxicos. Uma alternativa eficiente é a capacitação e educação ambiental transmitida aos agricultores através de orientação de fabricantes e revendedores com cartilhas e cursos. Esse tipo de orientação, além de fornecer o conhecimento do perigo que essas embalagens representam quando má utilizadas, enfatizam também a importância do descarte correto das mesmas, contribuindo de forma eficiente com a diminuição dos problemas relacionados à saúde pública e contaminação do ambiente. BRASIL COMO PAÍS AGRÍCOLA O Brasil, embora apresente um parque industrial diversificado com grande inserção de empresas multinacionais, e sendo considerado país em desenvolvimento, ainda possui sua economia baseada na agricultura, com seu potencial agrícola apontado como fator estimulante para o desenvolvimento de forte indústria local de adubos e defensivos químicos para lavouras. 4

O movimento de globalização coincidiu com a abertura comercial brasileira, iniciada em 1990. O fenômeno de concentração de negócios nas indústrias de especialidades químicas, resultou na junção de grandes indústrias, aumentando ainda mais os seus poderes. Muitas das empresas desse setor produtivo separaram a área de defensivos agrícolas de suas demais atividades devido, principalmente, às diferenças de escopo e de comportamento de mercado em relação aos produtos domissanitários e, também devido as fortes pressões ambientalistas sobre a opinião pública. Devido a essas pressões, sobretudo iniciada na década de 60, as normas nacionais e internacionais sobre agroquímicos já são bem restritas e, em face ao apelo ambiental, a resposta dos governos de vários países, incluindo o do Brasil, consiste em editar normas cada vez mais exigentes. As vantagens dessas restrições podem ser resumidas em ofertas de produtos cada vez menos impactantes ao homem e ao ambiente, além de maior eficiência dos produtos e do processo de produção. No que diz respeito às embalagens de agrotóxicos, estas normas, hoje em dia, estão bem rigorosas. Normas e leis fazem-se realmente necessárias devido ao crescimento efetivo do mercado de produtos químicos que é avaliado em US$ 2,5 bilhões no Brasil, segundo levantamento do Sindag - Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola. Os segmentos líderes desse mercado são os herbicidas, com 52% das vendas e os inseticidas, com 27,5%(Fairbanks, 2001). Apesar dos números expressivos, que colocam o País como terceiro mercado do mundo para defensivos agrícolas, ao lado do Japão e atrás dos Estados Unidos e da Comunidade Européia, eles encobrem um mercado extremamente atrativo quando considerado o potencial produtivo das terras brasileiras, demonstrando a necessidade de leis e normas mais eficientes. DESCARTE DE EMBALAGENS DE AGROTÓXICOS Segundo levantamento das entidades de fabricantes AENDA, ANDEF e SINDAG 1, relativo ao ano de 1999, o país consome por ano 288.000 toneladas de agrotóxicos, acondicionados em cerca de 107.000.000 embalagens (Prates e Corrêa, 2001). As embalagens vazias de agrotóxicos sempre foram descartadas sem controle e fiscalização e a prática de enterrá-las, atualmente, é considerada inadequada devido aos altos riscos de contaminação do solo e das águas subterrâneas. No início da década de 90, buscando melhorar essa situação, a indústria de agrotóxicos criou um Programa Nacional de Destinação de Embalagens Vazias. Através desse programa as indústrias produtoras de agrotóxicos organizaram a instalação de Centrais e Postos de Recebimento de embalagens descartadas. As Centrais de Recebimento são unidades mais completas que os Postos de Recebimento, com equipamentos para reduzir o volume das embalagens através de prensagem ou enfardamento e encaminhamento para reciclagem, enquanto os postos apenas armazenam as embalagens recebidas e as encaminham para as Centrais. Segundo esse programa, os postos de recebimento devem ser construídos numa região agrícola ou industrial, não sendo permitido a implantação desses postos em área urbana. Além disso, os trabalhadores dos postos devem ser treinados para executar o recebimento, a inspeção, a classificação, o manuseio e o armazenamento correto e seguro das embalagens vazias e recebidas. Segundo dados da AENDA (Associação das Empresas Nacionais de Defensivos Agrícola), existem no país cerca de 60 Unidades de Recebimento instaladas. A destinação final das embalagens que chegam às Centrais tem sido a 5

transformação em conduítes, no caso de embalagens plásticas, tarugos/vergalhões, quando embalagens metálicas e vidros industriais a partir de vítreas (Prates e Corrêa, 2001). Com a finalidade de estabelecer normas e leis referentes ao destino final dos resíduos e das embalagens, ao registro, à classificação, ao controle, à inspeção e à fiscalização de agrotóxico além de outros itens mais abrangentes em relação à produção e à comercialização, o Brasil dispõe de tais leis e decretos federais como segue: Em termos federais a Lei n o 7.802/1989, o Decreto n o 98.816/1990, a Lei n o 9.974/2000, o Decreto n o 3.550/2000 e o Decreto n o 3.694/2000, dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins. A LEI FEDERAL N o 9.974/00 A Lei n o 9.974/00 altera a Lei n o 7802/89 e dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins (Diário Oficial, 2000). A Lei Federal n o 9.974/00 e os Decretos n os 3.550 e 3.694 distribuíram as responsabilidades para o destino das embalagens e produtos impróprios ou em desuso entre usuários, comerciantes e fabricantes e entrou em vigor em 31 de Maio de 2002. O não cumprimento das responsabilidades previstas na nova legislação poderá implicar em penalidades previstas na lei de crimes ambientais (Lei 9.605 de 13/02/98), como multas e até pena de reclusão. Responsabilidades sobre o Descarte de Embalagem de Agrotóxicos Responsabilidade dos Usuários É de responsabilidade dos usuários devolver as embalagens vazias dos produtos adquiridos aos próprios comerciantes que possuam instalações adequadas ou em postos de recebimento. Até o momento da devolução das embalagens (um ano a partir da compra ou de acordo com instruções expressas pela fiscalização oficial), os usuários devem armazenálas, de forma adequada em sua na propriedade, em local abrigado de chuva, que seja ventilado e separado de alimentos ou rações, tal qual fazem com os produtos (embalagens cheias), tomando o cuidado para guardar as notas fiscais de compra e comprovantes de devolução. Cabe ainda, aos usuários, proceder a uma lavagem especial das embalagens rígidas (plásticas, metálicas ou de vidro) que acondicionam formulações para serem diluídas em água, de acordo com a NBR 13.968 da ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas. Esse procedimento denominado por tríplice-lavagem é descrito a seguir: 1. Esvaziar completamente o conteúdo da embalagem no tanque do pulverizador; 2. Adicionar água limpa à embalagem até ¼ do seu volume; 3. Tampar bem a embalagem e agitá-la por aproximadamente 30 segundos; 4. Despejar a água de lavagem no tanque do pulverizador. 5. Repetir o mesmo procedimento mais duas vezes; 6. Após a lavagem, tampar e perfurar ou inutilizar a embalagem de forma a impedir a reutilização. 7. É importante para facilitar a identificação dos produtos, que o rótulo seja mantido intacto. 6

Segundo Baptista (1996) a operação da tríplice-lavagem, além de ser extremamente simples, é também muito eficiente, com dados indicando 99,997% de remoção dos ingredientes ativos, transformando a embalagem de agrotóxico, antes considerada resíduo especial, em resíduos comuns passíveis de reciclagem. Responsabilidade dos Comerciantes Aos comerciantes cabe a responsabilidade de adequar suas instalações ou construir postos de recebimento ou planejar formas a facilitar a devolução das embalagens por parte dos usuários, indicando na nota fiscal o local de devolução das embalagens vazias, além de orientá-los sobre o procedimento correto no manejo das embalagens. Responsabilidade dos Fabricantes Cabe aos fabricantes dar o destino final às embalagens e/ou aos produtos devolvidos pelo usuário, seja por meio de reciclagem, incineração ou outro fim indicado pela tecnologia e amparado legalmente. O problema que envolve o descarte correto, seja por meio da reciclagem ou incineração, está concentrado no produto contido nas embalagens se estas não sofreram a tríplice lavagem como recomendado em lei. A preocupação constante de especialistas na área ambiental e de saúde pública, está justamente na saúde do trabalhador que opera a recicladora no caso de transformação das embalagens em conduítes. Sabe-se que antes do início da nova lei, as Centrais de Recebimento não recebiam embalagens contaminadas e que a partir de 31 de Maio esse recebimento passava a ser obrigatório, estando a embalagem contaminada ou não. A única maneira que os operadores percebem se a embalagem está contaminada, é extremamente subjetivo, ou seja, através do contato visual e olfativo, contribuindo para mais um problema de saúde pública. CONCLUSÃO O estudo da situação das embalagens de agrotóxicos no Brasil é de real e imediata importância devido à crescente oferta desses produtos no mercado e sua grande utilização nas culturas agrícolas em todo o país. O descarte inadequado das embalagens pós-consumo põem em risco a saúde humana e animal por conterem substâncias químicas perigosas, e geralmente são descartadas de forma irregular por parte dos agricultores que não dispõem de informações sobre seus riscos potenciais à saúde pública e ao ambiente. A partir do momento que a nova lei n 0 9974/00 entrou em vigor, desde Maio de 2002, compartilhando responsabilidades entre todos os agentes envolvidos com a produção, revenda e uso de agrotóxicos, a situação e toda a problemática que envolve o descarte das embalagens de agrotóxicos tendem a uma solução visando um desenvolvimento mais sustentável com melhoria da qualidade de vida dos agricultores e maior responsabilidade das empresas fabricantes de agrotóxicos. A lei n 0 9974/00 é um instrumento novo na legislação brasileira e o acompanhamento da aplicação da lei será uma importante contribuição à saúde pública e à melhoria da qualidade de vida da população. Essa contribuição também será em termos econômicos e ambientais devido a discussão sobre a possibilidade de reciclagem dessas embalagens após a tríplice-lavagem. Portanto, a lei citada acima é extremamente atual e divide as responsabilidades do descarte das embalagens pós-uso entre todos os agentes envolvidos nessa questão, como indústria, revendedores e produtores rurais. A necessidade de fiscalização e controle mais eficientes nessa questão é tema de âmbito nacional, juntamente com uma gestão integrada das indústrias com o poder público e toda a sociedade para uma busca mais efetiva da sustentabilidade ambiental. 7

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas - NBR 13.968 Baptista de, G.C. Descontaminação, reciclagem e descarte de embalagens de agrotóxicos. NOTESALQ, Ano IV. Abril /1996, número 10. Brasil. Ministério da Agricultura, do abastecimento e da Reforma Agrária. Legislação Federal de Agrotóxicos e Afins. Brasília: MAARA, 1995. p. 7-13 CAPRA, F. O ponto de Mutação A Ciência, a Sociedade e a Cultura Emergente. Editora Cultrix. 1982. 447 p. DIÁRIO OFICIAL Lei 9974/2000. FAIRBANKS, M. Defensivos Agrícolas. Revista Química e Derivados. Editora QD Ltda. Ano XXXVI. N 0 396. Agosto, 2001. p. 26-45. FERREIRA, J.A. Resíduos Sólidos: Perspectivas Atuais. In: Resíduos Sólidos, Ambiente e Saúde. Uma Visão Multidisciplinar. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2000. p. 19-40. KOTAKA, E. T.; ZAMBRONE, F. A. D. Contribuições para a Construção de Diretrizes de Avaliação do Risco Toxicológico de Agrotóxicos. Capinas, SP: ilsi, 2001. 160p. LIXO MUNICIPAL: Manual de Gerenciamento Integrado. 2 a Edição. São Paulo: IPT/CEMPRE, 2000 PELICIONI, A. C. et al. Educação Ambiental na Formação de Agentes Comunitários. In: Educação Ambiental: Desenvolvimento de Cursos e Projetos/ Arlindo Philippi Junior, Maria Cecília Focesi Pelicioni, editores. São Paulo: Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública. Núcleo de Informações em Saúde Ambiental: Signus Editora, 2000. PRATES, H.S.; CÔRREA, R.M.L. Descarte Regulamentado de Embalagens de Agrotóxicos. SAA/Coordenadoria de Defesa Agropecuária Campinas/SP. Boletim Informativo, 2001. Revista MEIO AMBIENTE INDUSTRIAL. Os Erros e Acertos na Utilização de Agrotóxicos. Edição 24 n 0 23, Março/Abril de 2000. p. 70-77. WELLAUSEN, E.R.F et al. Coleta Seletiva em Condomínio Residencial: Educação Ambiental e Gestão Integrada. In: Educação Ambiental: Desenvolvimento de Cursos e Projetos/ Arlindo Philippi Junior, Maria Cecília Focesi Pelicioni, editores. São Paulo: Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública. Núcleo de Informações em Saúde Ambiental: Signus Editora, 2000. 8

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