- a elaboração de material didáctico sobre diversas temáticas na área das Ciências da Terra.

Documentos relacionados
Escola Secundária de S. João da Talha

1. Classifique como verdadeira (V) ou falsa (F) cada uma das seguintes afirmações, relativas aos diferentes subsistemas terrestres.

Ano Séculos Milhar de anos MILHÕES DE ANOS (M.a.)

A MEDIDA DO TEMPO GEOLÓGICO E A IDADE DA TERRA

FICHA DE TRABALHO. 1. Distinga sistema fechado, sistema aberto e sistema isolado.

1. Elabore um mapa de conceitos sobre o tema As rochas, arquivos que relatam a história da Terra.

è Reconhecer a importância das rochas no fornecimento de informações sobre o passado da Terra.

O tempo geológico é um tempo longo e a Terra possui uma idade aproximada de 4600 milhões de anos. Durante este período desenvolveu-se a Vida na

Apêndice VIII Teste diagnóstico da componente de Geologia. Formação das Rochas Magmáticas

A medida do tempo geológico e a idade da Terra

O metamorfismo é caracterizado por: mudanças mineralógicas crescimento de novos minerais sem adição de novo material (processo isoquímico);

ESCOLA SECUNDÁRIA DE SANTA MARIA DA FEIRA. Biologia e Geologia 10ºAno Ficha de Trabalho Nº2. Nome: Nº: T: Data

ESTRUTURA GEOLÓGICA E AS FORMAS DE RELEVO

Marco G E O G R A F I A ESPAÇO NATURAL TIPOS DE ROCHAS ROCHAS E MINERAIS

Metamorfismo e rochas metamórficas

AGG00209 INTRODUÇÃO A PETROFÍSICA QUESTIONÁRIO 1 MINERAIS E ROCHAS

Biologia e Geologia - 10º Ano Rochas e a história da Terra. Nome: N º: Turma: Data: Professor: Encarregado(a) de Educação:

A cristalização desses minerais ocorre a temperaturas diferentes dados serem diferentes os seus pontos de SOLIDIFICAÇÃO

Composição química: 74,2% de SiO 2 (rocha ácida) e mais de de Al 2 O 3, K 2 O e Na 2 O.

CIÊNCIAS O CICLO DAS ROCHAS

Métodos de datação das rochas. Anabela Araújo ESV - 10ºCT5

CICLO DAS ROCHAS. Na natureza nada se perde, tudo se transforma. Lavoisier

RADIOATIVIDADE. Manoel S. D Agrella Filho

INTEMPERISMO. Intemperismo físico. Intemperismo Químico

Quais os principais agentes de metamorfismo? Qual a relação entre o metamorfismo e a tectónica de placas?

A GEOLOGIA, OS GEÓLOGOS E OS SEUS MÉTODOS

Adaptações metamórficas, ex.

METAMORFISMO: AGENTES DE METAMORFISMO E PRINCIPAIS ROCHAS METAMÓRFICAS

Unidade 3. Geologia, problemas e materiais do quotidiano. Capitulo 2. Processos e materiais geológicos importantes em ambientes terrestres.

GEOGRAFIA PROF. CARLOS 1ª SÉRIE ENSINO MÉDIO

Prof. Dr. Renato Pirani Ghilardi Dept. Ciências Biológicas UNESP/Bauru - SP. Tipos de Rochas

Como se estuda o clima do passado?

Diferenciação magmática

Planificação Anual 2017/2018 CIÊNCIAS NATURAIS

O método Rb-Sr. Os cuidados na coleta de amostras para a sistemática Rb-Sr, no geral são os mesmos dos para a coleta para Ar-Ar e Sm-Nd.

CRITÉRIOS ESPECÍFICOS DE AVALIAÇÃO (Aprovados em Conselho Pedagógico, 21 outubro de 2014) CIÊNCIAS NATURAIS 7º ano de escolaridade

A crusta terrestre é formada por uma grande variedade de rochas - materiais que ocorrem naturalmente, constituídos por um ou mais minerais.

Revisão sobre Rochas e Minerais. Sheila R. Santos 1

Revisão sobre Rochas e Minerais

U3 PROCESSOS E MATERIAIS GEOLÓGICOS IMPORTANTES EM AMBIENTES TERRESTRES II MINERALOGIA E TEXTURAS DAS R. METAMÓRFICAS

Paulo Tumasz Junior. Geologia

Estrutura geológica e formas de relevo. Professora: Jordana Costa

GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA:ESTRUTURA GEOLÓGICA, TIPOS DE ROCHAS E RECURSOS MINERAIS. MÓDULO 04 GEOGRAFIA I

As rochas metamórficas

NÃO CONFUNDA ROCHA COM MINERAL!! As rochas, por sua vez, não possuem uma composição unitária nem tampouco uma fórmula química definida.

Serão as Rochas e os Minerais o mesmo? As rochas são constituídas por minerais.

FICHA (IN)FORMATIVA Nº 1 Biologia e Geologia Módulo 6

Agrupamento de Escolas da Sertã

PLANIFICAÇÃO ANUAL Documentos Orientadores: Metas Curriculares e Aprendizagens Essenciais de Ciências Naturais de 7º ano, Projeto Educativo

Acesso ao Ensino Superior a maiores de 23 anos EXAME DE GEOLOGIA 23 de Maio de 2011

Geofísica Nuclear. Introdução

ACESSO AO ENSINO SUPERIOR EXAME LOCAL EXAME DE GEOLOGIA

GEOLOGIA PARA ENGENHARIA CIVIL TEMPO GEOLÓGICO

Hélder Giroto Paiva - EPL FATORES DE METAMORFISMO

GEOLOGIA PARA ENGENHARIA CIVIL TEMPO GEOLÓGICO

7.º ano. Planificação

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE ARRAIOLOS Ciências Naturais-7º Ano de Escolaridade Ano Letivo:2017/ Planificação Anual

Planificação Anual GR Disciplina Ciências Naturais 7ºAno

Identificação macroscópica de Rochas Metamórficas

Capítulo I INTRODUÇÃO

PLANIFICAÇÃO CIÊNCIAS NATURAIS (7.º ANO) 2017/2018 Docentes: João Mendes e Vanda Messenário

Geologia, problemas e materiais do quotidiano

Nome: Nº Turma: Leia atentamente os enunciados das perguntas e responde nos locais indicados na folha de prova da última página.

A Terra é constituída basicamente de três camadas: Crosta, Manto e Núcleo.

Desde a descoberta da radioatividade em 1896, por A. H. Becquerel, ela tem. sido aplicada em diversas áreas do conhecimento. Nas Geociências, a

Através do estudo dos materiais rochosos é possível colher informações sobre o passado da Terra

Lição 20 Sumário 24/10/17

O método 14 C, Traço de fissão e Re-Os MÉTODOS DE DATAÇÃO

Planificação de Ciências Naturais 7º ano de escolaridade

DISCIPLINA DE CIÊNCIAS NATURAIS - 7º ANO PLANIFICAÇÃO ANUAL 2014/2015

Compreendendo a Terra

Lê atentamente o enunciado de cada pergunta, antes de responder à mesma. Não é permitido o uso de corrector

ROCHAS MAGMÁTICAS OU ÍGNEAS

Introdução à Geocronologia

COLÉGIO NOSSA SENHORA DA PIEDADE. Programa de Recuperação Paralela. 2ª Etapa ª Série Turma: FG

GEOLOGIA GERAL GEOGRAFIA

Ficha de Trabalho de Biologia e Geologia (ano 2)

ROCHAS SEDIMENTARES. Prof.ª Catarina Reis

PROCESSOS E MATERIAIS GEOLÓGICOS IMPORTANTES EM AMBIENTES TERRESTRES

PLANO DE ESTUDOS DE CIÊNCIAS NATURAIS 7.º ANO

Geologia do Brasil. Página 1 com Prof. Giba

No início. Desgaseificação do seu interior de gases voláteis. Os gases libertados constituíram a atmosfera primitiva da Terra.

ESCOLA SECUNDÁRIA/3 DA RAINHA SANTA ISABEL

PLANO DE ESTUDOS DE CIÊNCIAS NATURAIS - 7.º ANO

Magmas e formação de rochas ígneas

GEOLOGIA PARA ENGENHARIA CIVIL MINERAIS E ROCHAS: ROCHAS ÍGNEAS E SEDIMENTARES

Ficha de trabalho Biologia e Geologia - 10º Ano Rochas e a sua génese

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E ENGENHARIAS DEPARTAMENTO DE PRODUÇÃO VEGETAL. DPV 053 Geologia e Pedologia

Intemperismo. Profa. Maristela Bagatin Silva

MODIFICAÇÕES SEDIMENTARES NA

SEDIMENTOS E ROCHAS SEDIMENTARES

CONTEÚDOS OBJETIVOS TEMPO AVALIAÇÃO

Teste de avaliação Teste de avaliação Teste de avaliação Teste de avaliação Teste de avaliação Teste de avaliação 6 50

O documento das metas curriculares de Ciências Naturais, a que pode aceder em Metas Curriculares CN, indica que:

AGRUPAMENTO de ESCOLAS de SANTIAGO do CACÉM Ano Ano Letivo 2015/2016 PLANIFICAÇÃO ANUAL

Geologia, problemas e materiais do quotidiano

As rochas plutónicas rochas ígneas rochas magmáticas solidificação do magma extrusivas e as intrusivas rochas intrusivas plutônicas fareníticas

ORIENTAÇÕES PARA O USO DO OBJETO CICLO DAS ROCHAS

Ø As rochas sedimentares quimiogénicas resultam da precipitação de substâncias que se encontram dissolvidas na água.

GEOLOGIA GERAL GEOGRAFIA

Transcrição:

Desde a sua abertura em Maio de 2005 que o CENTRO CIÊNCIA VIVA DE ESTREMOZ tem tido uma relação de proximidade com as escolas, que constituem sem dúvida o seu principal grupo de visitantes. Desde sempre que temos procurado que esta relação não se esgote nas visitas dos grupos escolares ao Centro dinamizando, em estreita colaboração com a ESCOLA DE CIÊNCIAS E TECNO- LOGIA DA UNIVERSIDADE DE ÉVORA, actividades/produtos que possam ser úteis para os professores. Surgem então: - as acções de formação (em ambiente de sala de aula ou no campo), que são actualmente realizadas de uma forma regular no nosso Centro de Formação (www.ccvestremoz.uevora.pt/home/index.php?codtopico=8&item=0); - a orientação de visitas de campo para grupos escolares (http://www.ccvestremoz.uevora.pt/home/index.php?txt=info&codtopico=3&item=41); - a elaboração de material didáctico sobre diversas temáticas na área das Ciências da Terra. Desde 2014 que algum deste material tem surgido com regularidade sob a forma de Conversas da Terra, um conjunto de textos profusamente ilustrados com desenhos originais que temos vindo a distribuir de uma forma aberta (www.ccvestremoz.uevora.pt/home/index.php?txt=info&codtopico=9&item=66). Criámos também há alguns anos o TIRA-TEIMAS, onde respondemos de uma forma individual a perguntas que nos sejam colocadas (www.ccvestremoz.uevora.pt/home/index.php?codtopico=10&item=0). Pela frequência com que alguns professores têm recorrido a este serviço e pelos temas abordados percebemos que, apesar das respostas do TIRA-TEIMAS não terem a forma elaborada e mais completa dos textos das Conversas da Terra, seria útil difundir algumas junto da comunidade escolar, evidentemente omitindo a identidade de quem nos colocou a questão. Nada melhor do que uma Semana da Ciência e Tecnologia para dar início a mais uma forma de trabalho conjunto do CENTRO CIÊNCIA VIVA DE ESTREMOZ com a comunidade escolar. Estremoz, 24 de Novembro de 2017 a equipa do Centro Ciência Viva de Estremoz

Tira-Teimas 1.1 Como explicar que o isótopo radioativo Rubídio-87 (que se desintegra no isótopo estável Estrôncio-87) com um período de semi-vida tão longo (cerca de 49 000 milhões de anos) seja usado na datação absoluta das rochas da Terra, quando esta tem apenas cerca de 4 570 milhões de anos e as rochas mais antigas estão longe deste valor? RESPOSTA Diversos aspectos devem ser colocados em relação à questão colocada. 1.º- O principal tem a ver com a precisão e a capacidade dos métodos analíticos detectarem quantidades muito pequenas dos isótopos em causa capacidade essa que é mesmo bastante grande. mas mesmo muito grande Só para se ter uma ideia dos prodígios tecnológicos podemos citar o exemplo da célebre anomalia de irídio ligada ao impacto meteorítico do final do Cretácico, que é da ordem dos 7 ppb (partes por milhar de milhão). Detectar uma anomalia desta ordem de grandeza é o mesmo que individualizar 7 habitantes da Terra na totalidade da população do nosso planeta. Por isso, quando se utiliza o sistema Rubídio-87/Estrôncio87 o que é importante é a capacidade de detectar variações percentuais muito pequenas das quantidades destes isótopos pois, como é evidente (e a própria pergunta chama a atenção para este facto) com um período de semi-vida tão longo as variações são necessariamente muito pequenas. 2.º- Evidentemente que até poderia ser melhor utilizar outros pares isotópicos com períodos de semi-vida da ordem das centenas ou dezenas de milhões de anos pois assim a variação seria maior e a precisão das medições poderia ser melhor. No entanto, nos materiais rochosos estudados nem sempre estes pares isotópicos abundam e, muito dos pares isotópicos que conhecemos da geocronologia isotópica têm períodos de semi-vida muito grandes... Sem pretender ser muito exaustivo o período de semi-vida do samário-147/neodímio-143 é de cerca de 106 000 Ma, o Urânio-238/Chumbo-206 de 4 500 Ma e o Potássio-40/Árgon 40 de 1 250 Ma. 3.º- A utilização de um par isotópico depende evidentemente dos isótopos em causa existirem nos minerais que nos interessam datar e, no caso do Rubídio-87/Estrôncio-87 ele é muito frequente na moscovite, na biotite e no feldspato potássico, razão porque é muito utilizado na datação de rochas ígneas e metamórficas. 4.º- Finalmente, e numa perspectiva mais geral, se estivermos a pensar em isótopos radioctivos com períodos de semi-vida muito curtos (da ordem dos milhões - dezenas de milhões de anos ou menos) eles já terão desaparecido da Terra (a não ser que exista uma fonte que gere de novo os isótopos-pai) pois decaíram completamente para os isótopos filhos estáveis. Por exemplo, o Césio-137 tem período de semi-vida de apenas 37 anos, razão pela qual já

Tira-Teimas 1.2 1. Nas ROCHAS SEDIMENTARES normalmente este método não é muito utilizado pois, na generalidade destas rochas (particularmente nas detríticas), os minerais são herdados de outras rochas pré-existentes e, por isso as idades que se iriam obter dariam a idade do processo de formação dessas rochas originais e não do processo sedimentar que formou a rocha sedimentar que se está a estudar. Convém salientar que, como já foi referido, um dos princípios básicos da geocronologia isotópica é que os isótopos pai ficaram "presos" nas malhas cristalinas durante o processo de formação do mineral, não tendo tido possibilidades de entrar ou sair dessa malha o mesmo acontecendo aos isótopos filhos que se geram. Se isso acontecer, as razões isotópicas alteram-se e as idades que se obtêm são muito diferennão existia no nosso planeta. No entanto, quer os ensaios nucleares na atmosfera (muito frequente em meados do século XX), quer os desastres nucleares de Chernobil (1986) e Fukushima (2011) geraram de novo grandes quantidades deste isótopo instável. Também podemos utilizar o Carbono-14 para datações (essencialmente de materiais arqueológicos), pois apesar de ter um período de semi-vida de apenas 5730 anos (decaindo para Azoto-14), ele é continuamente gerado na alta atmosfera devido à interacção dos átomos de azoto com a radiação solar. (surgida no seguimento da resposta anterior) Muito obrigada pelos esclarecimentos, mas estes suscitaram outra questão: no ponto 3.º da vossa resposta fazem referencia à datação absoluta de rochas metamórficas, quando nos livros do secundário se assume que uma das limitações da datação absoluta está no facto de não se aplicar às rochas metamórficas (nem sedimentares) por estas se formarem a partir de outras pré-existentes? RESPOSTA Os processos de datação isotópica trabalham quantificando pares de isótopos (pais e filhos) "fechados" nas malhas cristalinas de alguns minerais. Por isso, o que estes métodos datam são minerais e não rochas. Depois de se obter uma idade é preciso interpretar o seu significado e, esta interpretação nem sempre é fácil ou objecto de uma única interpretação. O problema é normalmente bastante complexo, estando frequentemente associado a grandes controvérsias entre os geólogos sobe o significado dos valores obtidos. Por isso, ao contrário do que o nome "absoluta" com que frequentemente a geocronologia isotópica surge, o "absoluto" é... pouco absoluto... Sem pretender fazer uma análise detalhada destes processos de datação aplicados aos vários tipos de rocha, seguem algumas ideias:

Tira-Teimas 1.3 tes das da formação do mineral; nestas situações ocorreu o chamado "resetting" e o processo é reiniciado (semelhante ao que acontece no "resentting" dos computadores). Ora as temperaturas associadas aos processos sedimentares são muito baixas (tipicamente inferiores 100º ou 120ºC) e por isso não estamos normalmente a formar malhas cristalinas durante a formação das rochas sedimentares detríticas, e as que se formam quando se geram minerais sedimentares (e.g. calcite, dolomite, gessos e afins) são muito fáceis de serem alteradas pelos processos de meteorização, o que inviabiliza a geocronologia isotópica clássica que temos vindo a referir. Como os métodos isotópicos se têm vindo a tornar mais fáceis de implementar e por isso baratos, têm surgido nos últimos anos imensos trabalhos de datação isotópicas em rochas sedimentares detríticas, em especial datando um mineral que é o zircão que é extremamente resistente e por isso muito frequente neste tipo de rocha. No entanto, estes estudos datam cerca de 100 zircões para cada amostra. Olhando para a distribuição de idades obtidas, consegue-se por vezes, a partir do estudo das populações de idades, tirar algumas ideias sobre as possíveis fontes de origem dos minerais que formaram a rocha sedimentar. Embora estes estudos tenham alguma utilidade do ponto de vista paleogeográfico, do ponto de vista das idades, a única coisa que nos dizem é qual a idade máxima que a rocha pode ter pois, por exemplo, se foi encontrado um zircão com 600 milhões de anos a rocha não pode ser mais antiga do que essa idade. No entanto, é preciso ter presente que os zircões só se formam em condições de temperatura bastante elevadas e por isso a idade obtida data essencialmente o último evento geológico com temperaturas altas que geraram os minerais incluídos na rocha sedimentar e por isso a idade dessa rocha pode ser muito mais recente. 2. Nas ROCHAS MAGMÁTICAS a interpretação dos resultados obtidos pela datação isotópica é normalmente mais simples pois sendo um processo que implica a existência de um magma, a sua cristalização origina as malhas cristalinas que normalmente são eficientes a "aprisionar" os isótopos, permitindo quantificar as razões isotópicas e, deste modo, estimar a idade de formação do mineral. No entanto, também aqui são precisos alguns cuidados na interpretação dos valores obtidos. Um dos primeiros problemas resulta de um magma conter quase sempre material sólido, cristais ou rochas, que não fundiram e se os métodos de datação utilizarem estas estruturas cristalinas obtêm-se idades mais antigas. Apenas a título de exemplo, quando se utilizam zircões para datar granitos carbónicos portugueses é frequente obter muitos zircões do Ordovícico, do Proterozóico ou até do Arcaico; com efeito, a temperatura de fusão do zircão é muito superior à dos magmas (em especial se ele e granítico), pelo que o processo magmático pode não ter sido suficiente para o fundir. Por isso, nestes trabalhos é muito importante estudar bastante bem a forma dos grãos que se estão a utilizar, em especial garantir que eles são euédricos não apresentando evidências de terem sido sujeitos a processos erosivas / corrosivos, indicadores de que os cristais tiveram uma história anterior. No entanto, quando os estudos são feitos com cuidado, é normalmente possível utilizar obter idades fiáveis das rochas magmáticas.

Tira-Teimas-1.4 3. A terminar vai então a resposta à pergunta que nos fez mais recentemente A datação das ROCHAS METAMÓRFICAS. Mais uma vez a questão está em saber o que se está a datar. As rochas metamórficas resultam de transformações mineralógicas no estado sólido de rochas anteriores. Estas transformações implicam a recristalização dos minerais e por isso a destruição das redes cristalinas pré-existentes e a formação de novas redes cristalinas. Por isso, se os processos de datação isotópica incidirem sobre os MINERAIS FORMADOS DURANTE O PROCESSO METAMÓRFICO é perfeitamente possível datar os eventos metamórficos que deram origem às rochas metamórficas. Para que isso seja possível, mais uma vez são precisos estudos microscópicos detalhados para saber quais os minerais que se formaram nos processos metamórficos; são estes minerais que permitem datar a rocha. É importante salientar que é preciso que estes estudos sejam feitos com cuidado pois os processos metamórficos são complexos e normalmente polifásicos. Por exemplo, a formação da Cadeia Varisca que afectou a generalidade das rochas paleozóicas ibéricas, resultou da actuação de 3 eventos metamórficos principais e, por isso, quando se fazem as datações destas rochas é preciso saber que evento metamórfico se está a datar e todos eles estão datados na Ibéria.