RELATÓRIO PARCIAL PARA AUXÍLIO DE PESQUISA. Título da Pesquisa: Gramíneas forrageiras para cobertura do solo em sistema plantio direto

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Transcrição:

RELATÓRIO PARCIAL PARA AUXÍLIO DE PESQUISA Projeto Agrisus N o : 1314/14 Título da Pesquisa: Gramíneas forrageiras para cobertura do solo em sistema plantio direto Interessado (Coordenador do Projeto): Osvaldo Guedes Filho Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso Endereço: Rodovia Rondonópolis-Guiratinga km 06 (MT-270) CEP: 78.735-901 Cidade: Rondonópolis Estado: Mato Grosso Fone: (66) 3410-4063 Cel.: (66) 8114-2977 e-mail: osvaldoguedes@yahoo.com.br Local da Pesquisa: Rondonópolis/MT Valor financiado pela Fundação Agrisus: R$ 19.800,00 Vigência do Projeto: 31/03/14 a 30/08/2016 RELATÓRIO PARCIAL DA PESQUISA: 1. INTRODUÇÃO O sistema plantio direto é considerado o mais importante sistema de manejo conservacionista do solo para a produção de grãos da agricultura moderna, sendo cultivado em uma área de aproximadamente 117 milhões de hectares no mundo, dos quais cerca de 32 milhões de hectares no Brasil (FEBRAPDP, 2013). A manutenção de cobertura na superfície do solo protegendo-o da erosão e, adicionalmente, conservando a água no solo e aumentando o teor de carbono orgânico são alguns dos benefícios que faz desse um sistema de manejo sustentável do solo (LAL, 2000). Um dos maiores entraves para a expansão do sistema plantio direto na região de Cerrados é a manutenção da cobertura do solo ao longo do ano devido, principalmente, às condições climáticas: altas temperaturas e elevadas precipitações pluviométricas, que ocasionam uma acelerada decomposição da matéria orgânica, resultando, muitas vezes, em solo descoberto mesmo sob plantio direto. A formação de palha é fundamental para permitir uma adequada proteção da estrutura do solo e desenvolvimento das culturas, além de ser uma das premissas básicas do sistema plantio direto. Assim, o sistema de integração agricultura-pecuária tem se tornado uma opção para fornecer o aporte de palha necessário à manutenção da estabilidade do sistema plantio direto (BORGHI e CRUSCIOL, 2007), pela consorciação de milho com uma espécie forrageira (CECCON et al., 2013). Marchão et al. (2007) destaca que a inclusão de pastagens no sistema de rotação de culturas

em plantio direto pode resultar na melhoria da qualidade física e fertilidade do solo, devido a ausência de preparo durante o ciclo da pastagem, presença de um sistema radicular denso contribuindo para agregação do solo e ciclagem de nutrientes, e aumento da macrofauna do solo. Para Stone et al. (2003), o sistema radicular das forragens tem a capacidade de atuar como descompactador biológico da estrutura o solo, com o fornecimento de condições favoráveis à maior infiltração de água e de ar, melhorando suas propriedades físicas, químicas e biológicas e aumentando a eficiência da adubação mineral. Umas das principais vantagens da consorciação de forrageiras com culturas graníferas é que a forragem produzida pode ser utilizada tanto na alimentação animal (PARIZ et al., 2010) quanto com vistas apenas na cobertura do solo para o cultivo subsequente, que na região dos Cerrados geralmente tem-se a soja como principal cultura de verão (CHIODEROLI et al., 2010). As principais forrageiras que têm sido utilizadas na consorciação com o milho safrinha são as do gênero Urochloa e Panicum (KLUTHCOUSKI et al., 2000). Além da grande quantidade de biomassa produzida, as espécies pertencentes a esses gêneros apresentam uma elevada relação C/N, a qual é fundamental na redução da velocidade de decomposição dos resíduos (TIMOSSI et al., 2007), um rápido crescimento inicial, além da facilidade de manejo na dessecação para implantação da cultura subsequente (CECCON, 2007). Todavia, não existem estudos conclusivos que apontem uma ou outra espécie forrageira, simultaneamente, como sendo a melhor em termos de produção de palha, melhoria dos atributos físicos e químicos do solo, e por consequência melhor produtividade das culturas envolvidas na rotação. A consorciação de forrageiras com culturas produtoras de grãos em plantio direto é ainda um sistema relativamente novo, o que gera muitas dúvidas quanto aos efeitos destas forrageiras no solo, na quantidade de palha produzida e na competição com as graníferas. Portanto, torna-se importante conhecer o comportamento de gramíneas forrageiras quando inseridas no sistema de rotação de culturas, principalmente, com relação à sua produção de massa seca e tempo de decomposição, que podem afetar diretamente as propriedades físicas e químicas do solo e a produtividade dos grãos (CHIODEROLI et al., 2010). Embora alguns estudos já tenham abordado a temática da consorciação de milho com gramíneas forrageiras, os mesmos têm priorizado o potencial de produção de palha das forrageiras e seus efeitos sobre a produtividade de milho e soja. O presente projeto visa agrupar num mesmo estudo as principais gramíneas forrageiras produtoras de palha (Urochloa brizantha cv Marandu, Urochloa ruziziensis, Urochloa humidicola, Urochloa decumbes, Panicum maximum cv Tanzânia, Panicum maximum cv Mombaça), e avaliar os efeitos dessas forrageiras sobre as propriedades físicas e químicas do solo, as quais são fundamentais para a sustentabilidade global de um agroecossistema.

2. MATERIAL & MÉTODOS O experimento está sendo realizado em área experimental do Instituto de Ciências Agrárias e Tecnológicas da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Campus Rondonópolis, estando situada no município de Rondonópolis/MT, a uma altitude média de 227 m e nas coordenadas 16 28 S e 54 38 O. A precipitação média anual da região é de 1800 mm e segundo a classificação climática de Köppen o clima local é tipo Aw. O solo da área é classificado como Latossolo Vermelho de acordo com Embrapa (2006). O delineamento experimental utilizado é em blocos casualizados, consistindo de sete tratamentos: milho + Urochloa brizantha cv Marandu, milho + Urochloa ruziziensis, milho + Urochloa humidicola, milho + Urochloa decumbens, milho + Panicum maximum cv Tanzânia, milho + Panicum maximum cv Mombaça e milho sem consorciação, distribuídos em três repetições, totalizando 21 parcelas experimentais. As atividades para instalação do experimento foram iniciadas em agosto de 2014 com a coleta de amostras deformadas para caracterização química do solo. Na Tabela 1 estão as principais características químicas e granulométricas do solo. Tabela 1. Características químicas e granulométricas do solo da área antes da instalação do experimento ph P K S Ca Mg Al H+Al Zn Mn Cu Fe B M.O. Argila Silte Areia CaCl2 mg dm -3 cmolc dm -3 mg dm -3 g kg -1 4,2 0,8 42 13 0,3 0,1 1,2 6,7 0 16 0,3 69 0 20,8 400 100 500 Através da análise química foi calculada a quantidade de calcário a ser aplicado na área pelo método da saturação por bases (Boletim 100). Devido à grande quantidade a ser aplicada, a calagem foi parcelada em duas doses de calcário CALPAR com PRNT de 86%, sendo incorporado com grade aradora. No final de outubro de 2014 foi feito o estaqueamento, alinhamento e demarcação das parcelas experimentais e blocos. Como houve uma demora para iniciar o período chuvoso, a cultura da soja (Cultivar Anta 82) foi semeada em 5 de novembro de 2014. As sementes foram inoculadas previamente antes da semeadura. As recomendações de adubação, tanto na semeadura quanto em cobertura, foram feitas de acordo com o Boletim 100 (Raij et al., 1997). O controle de plantas espontâneas foi feito pela aplicação de herbicidas de folhas largas e de estreitas no início de dezembro de 2014. Três aplicações preventivas de fungicida em relação à ferrugem asiática foram efetuadas entre dezembro e janeiro de 2014. Conjuntamente com o fungicida foram aplicados inseticidas para controle de lagartas e percevejos. Amostras indeformadas de solo foram coletadas para caracterização física do solo da área experimental, bem como medidas de resistência à penetração. O teor indireto de clorofila foi medido com o clorofilog (Falker) no início de janeiro de 2015.

As avaliações na cultura da soja: altura da planta, altura de inserção da primeira vagem, número de vagens por planta, produção de grãos, diâmetro do caule, massa de 1000 grãos, foram efetuadas em fevereiro de 2015, previamente à colheita. Previamente à colheita foi feita a dessecação da soja. A colheita foi realizada em cada parcela considerando 2 linhas de soja ao longo de 2 metros. A semeadura do milho safrinha foi feita dia 24/02/15 utilizando o híbrido Syngenta Transgênico Agrisure (Status viptera 3). As gramíneas forrageiras que consistem nos tratamentos em si foram semeadas a lanço nas entrelinhas da cultura do milho nos dias 03 e 04/03/15. As recomendações de adubação para a cultura do milho, tanto na semeadura quanto em cobertura, foram feitas de acordo com o Boletim 100 (Raij et al., 1997). Foram feitas duas aplicações de herbicidas para controle das plantas invasoras e três aplicações preventivas de inseticida e fungicida na cultura do milho. Em meados de junho de 2015 foram determinadas as seguintes características na cultura do milho: estande final, altura da planta, altura de inserção da primeira espiga, diâmetro do caule. A colheita do milho foi realizada, em 21/07/2015, considerando 2 linhas ao longo de 3 metros. Nessa área útil foram determinados: número de espigas por hectare, produção de grãos, massa de 1000 grãos e produção da massa seca da palhada. Já para as gramíneas forrageiras será avaliada a produção de massa seca da parte aérea e das raízes, anteriormente à semeadura da safra de soja 2015/2016. Para avaliação da produção de massa seca das gramíneas forrageiras será realizado o corte a 5 cm da superfície do solo com o auxílio de quadro de madeira com dimensões 0,25 x 1,0 m (0,25m 2 ) que será lançado aleatoriamente em três repetições na parcela experimental para coleta do material vegetal. As análises químicas e físicas do solo previstas serão efetuadas no segundo semestre conforme cronograma do projeto em duas profundidades: 0,0-0,10 m e 0,10-0,20 m. As amostras deformadas e indeformadas serão retiradas antes da semeadura da próxima safra de soja, a qual ocorrerá provavelmente entre setembro e outubro de 2015. A análise de variância será usada para avaliar os efeitos dos tratamentos dentro de cada profundidade nas propriedades químicas e físicas do solo, bem como sobre as características produtivas, estruturais e nutricionais da planta. Quando significativas, as médias serão comparadas pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Todas as análises estatísticas serão realizadas no software SAS (SAS INSTITUTE, 2002). 3. RESULTADOS E SUA DISCUSSÃO Como forma de justificar melhor a ausência de resultados neste segundo relatório será feito um breve resumo do histórico do experimento. Embora o início das atividades do projeto tenha começado em agosto de 2014, a implantação do experimento se deu com a semeadura da cultura da soja no início de Novembro de 2014. No final de fevereiro de 2015 foi feita a semeadura do milho

safrinha e início de março de 2014 a semeadura das gramíneas forrageiras, as quais consistem nos tratamentos em si do experimento. Ao longo desse período foram realizadas avaliações na cultura da soja e do milho apenas como forma de caracterizar e poder comparar posteriormente com os próximos ciclos, visto que a influência dos tratamentos se dará a partir do próximo ciclo da cultura da soja (2015/2016). As avaliações das gramíneas forrageiras serão realizadas em setembro/outubro de 2015, ou seja, momento posterior ao do presente relatório. De acordo com o cronograma, estão programadas amostragens deformadas e indeformadas para a realização das análises químicas e físicas previstas em setembro/outubro de 2015 antes da semeadura da soja (a depender do período chuvoso). A partir dessas análises químicas e físicas do solo é que os dados serão analisados estatisticamente com o objetivo de observar a influência dos tratamentos nas propriedades do solo. E a partir das avaliações do próximo ciclo de soja e milho também verificar a influência dos tratamentos no desenvolvimento e produção dessas culturas. Provavelmente, a partir, do próximo relatório (01/02/16) é que teremos parte dos resultados referentes as análises químicas e físicas do solo. 4. CONCLUSÕES De acordo com o exposto no tópico acima, consequentemente, ainda não temos conclusões observadas no presente no estudo. 5. DESCRIÇÃO DAS DIFICULDADES E MEDIDAS CORRETIVAS. Foram encontradas dificuldades relacionadas ao manejo da cultura da soja devido a escassez de máquinas e equipamentos agrícolas na UFMT, como pulverizador e colhedora. Existe também dificuldade em adquirir sementes em menor quantidade. As condições climáticas também dificultaram o trabalho, tendo em vista que o início do período chuvoso está começando cada vez mais tarde, comprometendo assim o cultivo do milho safrinha. Para contornar esses problemas, na falta de um determinado maquinário a operação tem sido feita manualmente. Quanto as sementes de forrageiras, algumas têm sido adquiridas via internet onde empresas comercializam em menor quantidade. 6. Bibliografia BORGHI, É.; CRUSCIOL, C.A.C. Produtividade de milho, espaçamento e modalidade de consorciação com Brachiaria brizantha no sistema plantio direto. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.42, n.2, p.163-171, 2007. CECCON, G.; STAUT, L.A.; SAGRILO, E.; MACHADO, L.A.M.; NUNES, D.P.; ALVES, V.B. Legumes and forage species sole or intercropped with corn in soybean-corn succession in midwestern brazil. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 37:204-212, 2013.

CECCON, G. Milho safrinha com solo protegido e retorno econômico em Mato Grosso do Sul. Revista Plantio Direto, v.16, n.97, p.17-20, 2007. CHIODEROLI, C.A.; MELLO, L.M.M.; GRIGOLLI, P.J.; SILVA, J.O.R.; CESARIN, A.L. Consorciação de braquiárias com milho outonal em plantio direto sob pivô central. Engenharia Agrícola, v.30, n.6, p.1101-1109, 2010. EMBRAPA. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Sistema brasileiro de classificação dos solos. 2.ed. Rio de Janeiro: CNPS, 2006. 306 p. FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE PLANTIO DIRETO NA PALHA. Á rea de plantio direto no Brasil. Disponível em: <http://www.febrapdp.org.br>. Acesso em 10 de dezembro de 2013. KLUTHCOUSKI, J.; COBUCCI, T.; AIDAR, H.; YOKOYAMA, L.P.; OLIVEIRA, I.P.; COSTA, J.L.S.; SILVA, J.G.; VILELA, L.; BARCELLOS, A.O.; MAGNABOSCO, C.U. Sistema Santa Fé Tecnologia Embrapa: integração lavoura-pecuária pelo consórcio de culturas anuais com forrageiras, em áreas de lavoura, nos sistemas direto e convencional. Santo Antonio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2000. 28p. (Circular Técnica, 38). LAL, R. Physical management of soils of the tropics: priorities for the 21th century. Soil Science, v.135, p.191-207, 2000. MARCHÃO, R.L.; BALBINO, L.C.; SILVA, E.M.; SANTOS JUNIOR, J.D.G.; SÁ, M. A. C.; VILELA, L.; BECQUER, T. Qualidade física de um Latossolo Vermelho sob sistemas de integração lavoura-pecuária no Cerrado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.42, n.6, p.873-882, 2007. PARIZ, C.M.; FERREIRA, R.L.; SÁ, M.E. de; ANDREOTTI, M.; CHIODEROLI, C.A.; RIBEIRO, A.P. Qualidade fisiológica de sementes de Brachiaria e avaliação da produtividade de massa seca, em diferentes sistemas de integração lavoura-pecuaria sob irrigação. Pesquisa Agropecuária Tropical, v.40, p.330-340, 2010. SAS INSTITUTE. SAS: user s guide statistics. 9 th ed. Cary, 2002. 943p. STONE, L.F.; MOREIRA, J.A.A.; KLUTHCOUSKI, J. Influência das pastagens na melhoria dos atributos físicos-hídricos do solo. In: KLUTHCOUSKI, J.; STONE, L.F.; AIDAR, H. Integração lavoura-pecuária. Santo Antônio de Goiás: Embrapa, 2003. p.173-181. TIMOSSI, P.C.; DURIGAN, J.C.; LEITE, G.J. Formação de palhada por braquiárias para adoção do sistema plantio direto. Bragantia, v.66, n.4, p.617-622, 2007. Rondonópolis, 01 de Agosto de 2015 Osvaldo Guedes Filho NOME DO COORDENADOR