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Transcrição:

O FESTIVAL HEB-SED COMO RECURSO DE LEGITIMAÇÃO DO PODER FARAÔNICO Maíra Malta Cairo Fonsêca 1 Alexandre Galvão Carvalho 2 INTRODUÇÃO O objetivo deste trabalho é analisar o festival Heb-Sed como um recurso cênico e ideológico de renovação e legitimação do poder real no Antigo Egito, ultilizando como fonte a análise feita por Eric Uphill do templo Bastet de Osorkon II, em Bubastis, articulando-a posteriormente às perspectivas teóricas de Georges Balandier sobre a teatrocracia e de Marcel Mauss acerca do fato social total. Os rituais no antigo Egito constituem um aspecto fundamental da legitimação do poder real. Com objetivos e funções diferentes, a maioria dos festivais são realizados como uma forma de súplica e agradecimento aos deuses por manterem o caos fora da sociedade egípcia. Serviam para manter a ordem no cosmos e na sociedade, como por exemplo: fazer com que uma colheita seja bem-sucedida, que o rio volte a encher e que a paz e a prosperidade voltem ou continuem a reinar. Os Rituais são caracterizados por cultos diários e, em outros casos, realizados em ocasiões especiais, como o Festival Heb- Sed, principal evento de renovação das capacidades reais e divinas, caracterizado pela realização de diversos rituais, para assegurar a manutenção da ordem cosmológica e terrena. De acordo com a formulação ideológica da realeza faraônica, o poder do faraó se gasta com o tempo. Nesse sentido, o festival Heb-Sed, realizado inicialmente com intervalo de 30 anos, e depois com intervalos menores, é uma dramaturgia política-religiosa, que opera com o imaginário por meio da teatralização da renovação do poder real, colocando em cena as hierarquias constitutivas do Egito Antigo. 1 Estudante de graduação do curso de História da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia UESB. Endereço eletrônico: maira.cairo@gmail.com 2 Orientador. Professor Dr. Do curso de História da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Endereço eletrônico: galvaocarvalho@uol.com.br 1498

METODOLOGIA Para o tipo de trabalho que queremos desenvolver, isto é, contextualizar historicamente o trabalho de autores paradigmáticos e das correntes historiográficas mais recentes acerca do papel da realeza nos festivais divinos, faz-se mister um levantamento exaustivo das fontes secundárias. Os textos escritos no Egito antigo não serão nossa fonte primária, mas sim os textos dos autores que refletiram sobre o tema no seio da historiografia social, portanto, no século XX e XXI. Fontes literárias interpretadas por especialistas iconográficos e traduções serão o foco de documentos a serem utilizados nesta pesquisa. O uso de fontes secundárias é fundamental, visto que essas fontes referem-se a interpretações de especialistas acerca de imagens retratadas em templos, palácios e túmulos, chamadas por Edward Bleiberg (1997) de fontes cerimoniais, que incluem cenas em tumbas e templos representando a entrega de tributos, presentes, ou outros grupos de mercadorias. Elas, por outro lado, compreendem textos que descrevem festas, ofertas de reis aos deuses, e doações privadas aos templos. Todas estas fontes são úteis no estabelecimento da ideologia oficial por trás da economia egípcia. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nosso principal objetivo na pesquisa é mostrar que o poder do rei é cosmogônico e que, sem esse ritual, o Egito Antigo estaria fortemente ameaçado pelo caos. Além disso, os rituais serviam para renovar os poderes do rei, que se gastavam com o tempo. Esses festivais divinos serviam como forma de legitimar a descendência divina por meio da teatrocracia e do dom e contra dom. No festival Heb-Sed o centro atuante é a entidade faraônica, o rei, ser divino descendente dos deuses em linha direta, o único representante da comunidade egípcia diante dos deuses. O festival é um recurso fundamental utilizado pelo Estado, liderado pelo faraó, a fim de reforçar seu poder real. Neste contexto, são utilizados recursos cênicos no seio da esfera politica, como um poderoso recurso de manutenção e conservação do poder, utilizando-se as crenças de caráter religioso, com forte penetração no imaginário da população. As manifestações de dramaturgia na realeza egípcia estão presentes para 1499

autenticação do poder real, retomando em mitos casos as narrativas míticas. Além disso, as súplicas, oferendas e homenagens feitas do rei aos deuses em troca da renovação de seu poder, e os presentes recebidos pelo rei pela aristocracia denotam as diversas formas de reciprocidade presentes no ritual. A renovação do poder real era compartilhada com a participação dos sacerdotes e mulheres que se faziam presentes no ritual, reforçando o aspecto teatral do ritual. A população, por seu lado, assistia ao espetáculo, ou melhor, ao teatro do poder, esperando também receber parte de seu quinhão neste dom e contra dom. Com a renovação dos poderes reais, estaria mantido o equilíbrio e estabilidade do reino e, automaticamente, do cosmos, resultando, na prática, em boas colheitas, por exemplo. Por meio da investigação do festival Heb-Sed, em geral realizado de 30 em 30 anos, é possível comprovar a relação entre o poder real e o funcionamento do cosmos. Este festival envolvia toda a população e era um instrumento fundamental de dramatização do poder e de reciprocidade entre o faraó, os deuses e a população, constituindo-se em um dos mais poderosos festivais de legitimação do poder real. CONCLUSÕES A pesquisa reafirmou a importância do ritual na cultura e sociedade egípcia antiga. A utilização de conceitos teóricos da antropologia como a teatrocracia (BALANDIER, 1980) e reciprocidade (CARVALHO, 2004) ajudaram a entender que esses rituais são partes estruturais da manutenção do poder real. A dramatização do festival, com o envolvimento de diversos atores sociais, e a entrega de oferendas por parte da aristocracia ao rei e deste aos deuses, em troca da renovação de sua autoridade, como um ato de reciprocidade, são elementos fundamentais para a compreensão do festival como fato social total, pois envolve esferas politicas-religiosas e econômica da sociedade. O rei ao realizar a distribuição de recompensas aos deuses garantia a prosperidade do futuro, um recurso imaginário e concreto que une o faraó aos deuses e viceversa, e o faraó ao seu reino, na convocação de um futuro vantajoso para todos. O mito da unidade torna-se o da teatralização do poder efetivado pelas operações de reciprocidade. Foi possível perceber na pesquisa, que o festival é mais uma dramatização dos elementos centrais presentes na ideologia egípcia: a ideia de nascer, viver, morrer e nascer de novo, presentes nos mitos formulados a partir da observação dos fenômenos naturais (sol, por exemplo), transmutados para os mitos da realeza divina, está presente nas várias etapas do festival. O templo, um espaço de gestação do festival; as procissões, a vestimenta do rei, 1500

a dança são elementos que representam a vitalidade do rei, com a presença da população e a nobreza participam; e o ritual final, o clímax do festival, no qual o Rei desce para a sua tumba com a realização de ações mágicas com a qual ele é deitado, decapitado simbolicamente - representando a morte de Osíris - e penetra na outra vida. Após o sepultamento simbólico ocorre a cerimônia do despertar, relacionada com o seu renascimento. Depois que o rei renasce, são realizados os banquetes que envolviam toda a população que se regozijava com o renascimento do faraó e reestabelecimento da ordem cósmica, posto que, o poder faraônico é cosmogônico e necessário para o equilíbrio do cosmos, personificado pela deusa MAAT. Palavras chave: Antigo Egito. Festival. Heb-Sed. Poder. Religião. REFERÊNCIAS CARDOSO, Ciro F. Os festivais divinos no antigo Egito. In: CHEVITARESE, A. L.; ARGÔLO, P. F.; RIBEIRO, R. S. Sociedade e Religião na Antiguidade Oriental. Rio de Janeiro: Fábrica de Livros/SENAI, 2000. CARDOSO, Ciro F.; VAINFAS, Ronaldo. Novos Domínios da História. Rio de Janeiro: Elisevier, 2012. BLEIBERG, Edward. Understanding the Ancient Egyptian Economy. Brooklyn Museum, 2007. JANSSEN, J. Dom e contra dom no Egito antigo como um traço econômico. The JournalOfEgyptianArchaelogy, 1982. BALANDIER, Georges O Poder em cena. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1980. CARVALHO, Alexandre. Interação social, reciprocidade e profetismo no mundo antigo. Vitória da Conquista: Edições Uesb, 2004. Grover, Rachel A. Queenship and Eternal Life: Tije Offereing Palm Ribs at the Sed- Festival Thrones of Amenhotep III. Studia Antiqua 6, no. 1, 2008. GALÁN, José Manuel. The Ancient Egyptian Sed-Festival and the Exemption from Corvee. Chicago, Journal of Near Eastern Studies, Vol. 59, No. 4 (2000), pp. 255-264 1501

DEGREEF, Jean Daniel. The Heb Set Festival Sequence and pbrooklyn 47.218.50. Göttinger Miszellen, 2009. UPHILL, Eric. The Egyptian Sed-Festival Rites. Chicago, Journal of Near Eastern Studies, Vol. 24, No. 4, 1965. FRANKFORT, Henri. Reyes y Dioses: El ceremonial del rey: el festival de Sed. Madrid: Revista de Occidente, S.A. 1976. FLAMMINI, Roxana. Ritualidad en el antiguo egipto: Argentina, El festival de sed. Ediciones de la Universidad Católica Argentina, 2003. 1502