MAGNO LUIZ VIDOTTO APLICATIVO COMPUTACIONAL PARA DIMENSIONAMENTO E TOMADA DE DECISÃO DE SISTEMAS DE AQUECIMENTO SOLAR DE ÁGUA



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Transcrição:

MAGNO LUIZ VIDOTTO APLICATIVO COMPUTACIONAL PARA DIMENSIONAMENTO E TOMADA DE DECISÃO DE SISTEMAS DE AQUECIMENTO SOLAR DE ÁGUA CASCAVEL PARANÁ - BRASIL FEVEREIRO - 2014

MAGNO LUIZ VIDOTTO APLICATIVO COMPUTACIONAL PARA DIMENSIONAMENTO E TOMADA DE DECISÃO DE SISTEMAS DE AQUECIMENTO SOLAR DE ÁGUA Dissertação apresentada à Universidade Estadual do Oeste do Paraná, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Energia na Agricultura, para obtenção do título de Mestre. Orientador: Prof. Dr. Carlos Eduardo Camargo Nogueira CASCAVEL PARANÁ - BRASIL FEVEREIRO 2014

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) Ficha catalográfica elaborada por Jeanine da Silva Barros CRB-9/1362 V698a Vidotto, Magno Luiz Aplicativo computacional para dimensionamento e tomada de decisão de sistemas de aquecimento solar de água / Magno Luiz Vidotto Cascavel, PR: UNIOESTE, 2014. 57 p. Orientador: Prof. Dr. Carlos Eduardo Camargo Nogueira Dissertação (Mestrado) Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Energia na Agricultura, Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas. Bibliografia. 1. Energia solar. 2. Aquecimento de água. 3. Análise econômica. I. Universidade Estadual do Oeste do Paraná. II. Título. CDD 21.ed. 621.47

ii

Dedico este trabalho a todos os profissionais engajados no desenvolvimento e na difusão da tecnologia solar térmica. iii

AGRADECIMENTOS Agradeço, primeiramente, ao Professor Carlos Eduardo Camargo Nogueira, pela orientação, apoio e incentivo durante o desenvolvimento deste trabalho. Aos Professores Jair Antonio Cruz Siqueira e Ricardo Lessa Azevedo, pela amizade e sábias contribuições. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelo auxílio financeiro. Aos demais professores, funcionários e colegas de turma do Programa de Pós-Graduação em Energia na Agricultura da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, pelo apoio e incentivo, especialmente aos colegas Darlisson Bentes dos Santos, Gilson Debastiani e Lana Ferreira Calza. Finalmente, agradeço a minha mãe, Vera Lucia de Castilho, pela dedicação, paciência, compreensão, incentivo e amor. iv

SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS... VII LISTA DE TABELAS... VIII RESUMO... IX ABSTRACT... X 1. INTRODUÇÃO... 1 2. REVISÃO DE LITERATURA... 3 2.1 O Sol... 3 2.2 Radiação solar... 4 2.3 Sistema de aquecimento solar de água... 7 2.3.1 Coletores solares... 9 2.3.2 Reservatório térmico (boiler)... 12 2.3.3 Tubulações isoladas termicamente... 13 2.3.4 Bomba hidráulica... 13 2.3.5 Fonte auxiliar de energia... 13 2.4 Programas computacionais para dimensionamento de sistemas de aquecimento solar de água... 15 3. MATERIAL E MÉTODOS... 17 3.1 Cálculo da demanda diária de água quente... 18 3.2 Cálculo da demanda mensal de energia... 19 3.3 Dimensionamento dos aquecedores de passagem elétricos... 19 3.4 Dimensionamento dos aquecedores de passagem a gás... 20 3.5 Dimensionamento dos aquecedores de acumulação elétricos... 21 3.6 Dimensionamento dos aquecedores de acumulação a gás... 21 3.7 Cálculo da área coletora e do volume do reservatório térmico... 22 3.7.1 Metodologia da Carta F... 22 3.7.2 Metodologia da NBR 15569... 27 3.8 Dimensionamento do sistema auxiliar de aquecimento... 28 3.9 Determinação do tipo de circulação e da pressão de operação do sistema... 28 3.10 Análise econômica... 30 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO... 32 v

4.1 Aplicativo Solardim... 32 4.2 Exemplos de dimensionamento de sistemas de aquecimento solar de água.. 40 4.2.1 Resultados do dimensionamento... 41 4.2.2 Balanço energético... 42 4.2.3 Viabilidade econômica... 43 6. CONCLUSÕES... 45 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 46 APÊNDICES... 50 vi

LISTA DE FIGURAS Figura 1: Estrutura do Sol... 3 Figura 2: Espectro da radiação solar.... 5 Figura 3: Instrumentos para medição da radiação solar.... 6 Figura 4: Esquema de um sistema passivo direto.... 8 Figura 5: Esquema de um sistema ativo direto.... 8 Figura 6: Corte de um coletor solar plano.... 9 Figura 7: Extração de calor utilizando heat-pipe.... 10 Figura 8: Extração de calor do tipo tubo em U.... 11 Figura 9: Extração de calor por transferência direta (water-in-glass).... 11 Figura 10: Detalhes internos e externos de um reservatório térmico.... 12 Figura 11: Bomba hidráulica.... 13 Figura 12: Sistema solar com aquecedores de passagem a gás.... 14 Figura 13: Sistema de aquecimento conjugado.... 15 Figura 14: Distâncias recomendadas para um sistema em termossifão.... 29 Figura 15: Diagrama de blocos do aplicativo desenvolvido.... 32 Figura 16: Tela inicial do Solardim.... 33 Figura 17: Elementos Locais.... 34 Figura 18: Geometria do sistema.... 35 Figura 19: Sistema solar.... 36 Figura 20: Reservatório térmico.... 37 Figura 21: Aquecedor auxiliar... 37 Figura 22: Consumo de água quente da edificação.... 38 Figura 23: Resultados do dimensionamento.... 38 Figura 24: Análise Econômica.... 39 vii

LISTA DE TABELAS Tabela 1: Vazão nos pontos de utilização em função do aparelho sanitário... 18 Tabela 2: Dia médio do mês... 25 Tabela 3: Configurações dos sistemas solares... 40 Tabela 4: Dados de entrada comuns aos sistemas... 40 Tabela 5: Parâmetros econômicos... 41 Tabela 6: Resultados do dimensionamento... 41 Tabela 7: Balanço energético dos sistemas dimensionados... 43 Tabela 8: Análise econômica para os sistemas dimensionados segundo a metodologia da NBR 15569... 44 Tabela 9: Análise econômica para os sistemas dimensionados segundo a metodologia da Carta-F... 44 viii

RESUMO VIDOTTO, Magno Luiz, Me., Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Fevereiro de 2014; Aplicativo computacional para dimensionamento e tomada de decisão de sistemas de aquecimento solar de água. Orientador: Prof. Dr. Carlos Eduardo Camargo Nogueira. O presente trabalho teve como objetivo a elaboração de um aplicativo computacional para realizar o dimensionamento de sistemas solares de aquecimento de água de pequeno porte. O aplicativo foi desenvolvido usando a plataforma MATLAB e seu algoritmo foi estruturado de modo a minimizar a intervenção do usuário. No desenvolvimento do aplicativo foram utilizadas metodologias consolidadas e relações práticas buscando a otimização técnica e econômica da instalação. Como metodologias de projeto foram utilizadas a Carta-F e a NBR 15569, acrescidas de análise econômica. O banco de dados foi construído utilizando dados de desempenho de equipamentos comerciais provenientes do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) e dados meteorológicos fornecidos pelo Atlas Solarimétrico Brasileiro e pelo Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR). O aplicativo desenvolvido possibilita o dimensionamento de sistemas de circulação natural e de circulação forçada, constituídos por coletores planos ou coletores a vácuo do tipo U, reservatório térmico horizontal e fonte de energia auxiliar (elétrica ou a gás). Também permite que o usuário modifique, a qualquer instante, os parâmetros de entrada, possibilitando simular diferentes situações de utilização e encontrar a melhor solução técnica/econômica sem recorrer ao uso de métodos demorados. Além disso, sua utilização se mostra bastante simples, exigindo do utilizador não mais do que o conhecimento básico em energia solar. Palavras-chave: Energia solar; Aquecimento de água; Análise econômica. ix

ABSTRACT VIDOTTO, Magno Luiz. Me., Universidade Estadual do Oeste do Paraná, in February, 2014; Software for sizing and decision-making of solar water heating systems. Adviser: Carlos Eduardo Camargo Nogueira, Dr. The present work proposes the development of a software for sizing small solar water heating systems. The application was developed using the MATLAB platform and its algorithm was structured to minimize the user intervention. The software was developed using consolidated methodologies and practices relationships, aiming at the technical and economical project optimization. The used project methodologies were the F-Chart and NBR-15569, together with an economic analysis. The database was build using commercial equipment performance data from the official tests of the Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) and meteorological data from the Atlas Solarimétrico Brasileiro and Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR). The developed software allows the sizing of natural and forced circulation systems, composed of flat plate collectors or evacuated collectors type U, horizontal thermal storage tank and auxiliary power supply (electric or gas). It also allows the user to modify the input parameters at any time, making possible to simulate different situations and find the best technical and economical solution without the use of time-consuming methods. Moreover, its use proves to be quite simple, requiring no more than the basic knowledge of solar energy. Keywords: Solar energy; Water heating; Economic analysis. x

1 1. INTRODUÇÃO O aumento da demanda global por energia, a possibilidade de redução da oferta de combustíveis fósseis e a crescente preocupação com a preservação do meio ambiente estão impulsionando a pesquisa e o desenvolvimento de fontes de energia menos poluentes, renováveis e que produzam pouco impacto ambiental (VICHI; MANSOR, 2009). Muitas alternativas energéticas já estão disponíveis e vêm sendo aplicadas em diversos países: energia eólica, biomassa, PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas), energia solar térmica e energia solar fotovoltaica. Dentre estas, a energia solar térmica para o aquecimento de água tem se destacado devido à sua importância social, tecnológica, econômica, ambiental e à abundância do recurso solar em todas as regiões do planeta (ABRAVA, 2008). Tradicionalmente os sistemas de aquecimento solar de água são constituídos por coletores solares, reservatório térmico, fonte auxiliar de energia e tubulações para distribuição do fluido aquecido. Os coletores são responsáveis pela captação da radiação solar, conversão em energia térmica e aquecimento da água. O reservatório térmico tem por função armazenar a água aquecida pelos coletores solares durante o dia e disponibilizá-la nos horários de uso. Já o sistema auxiliar tem por objetivo complementar o aquecimento em períodos de baixa insolação ou em situações onde a demanda de água quente é maior que a capacidade de geração do aquecedor solar (LIMA, 2003). Dentre as várias possibilidades de aplicação desses sistemas, a mais comum é o aquecimento de água para banho em residências. Atualmente o sistema elétrico é o mais utilizado no aquecimento de água para banho no Brasil. No setor residencial se tem 26% do consumo de eletricidade atribuído a este fim, o que representa 6% do consumo total de energia elétrica nacional. Além disso, esta utilização está altamente concentrada entre as 18 e 21h, o que ocasiona sérios problemas de geração e distribuição de energia neste intervalo (PRADO et al., 2007). Uma das alternativas para reduzir estes impactos seria a utilização, em maior escala, da energia solar para aquecimento de água, algo que é totalmente viável num país como o Brasil onde a média anual de radiação solar incidente varia entre 1200 e 2400 kwh/m 2 /ano, valores bem superiores aos dos países da União Europeia, onde se utiliza mais intensamente o recurso solar, como Alemanha (900-1250 kwh/m 2 /ano), França (900-1650 kwh/m 2 /ano) e Espanha (1200-1850 kwh/m 2 /ano) (PEREIRA et al., 2006).

2 Contudo, um dos obstáculos para a difusão dos sistemas de aquecimento solar em terras brasileiras tem sido o alto investimento inicial, em equipamentos e instalação, quando comparado aos sistemas convencionais. Outro ponto importante diz respeito à prática de dimensionamento adotada no país. A maioria dos fabricantes e vendedores de sistemas de aquecimento utilizam tabelas com recomendações de dimensionamento que indicam o número de placas recomendadas em função do número de usuários e do número de pontos de consumo de água quente da edificação. Tal procedimento pode até produzir bons resultados para projetos familiares típicos, mas quando se trata de um dimensionamento diferente, atendendo a uma demanda particular, ou havendo uma instalação em um clima distinto, eles falham e comprometem a confiabilidade na tecnologia solar (BORGES, 2000; SOUZA, 2009). Este trabalho teve por objetivo desenvolver um aplicativo computacional para auxiliar no dimensionamento de sistemas solares de aquecimento de água de pequeno porte. Pretende-se com a elaboração dessa ferramenta tornar o dimensionamento desses sistemas menos empírico e mais próximo da realidade, levando em conta as particularidades de consumo de água quente da instalação, as características climáticas do local, os dados de desempenho dos equipamentos, a orientação dos coletores, as alternativas e o custo do sistema complementar. Os objetivos específicos do trabalho foram: Construir um banco de dados com os valores de radiação solar e de temperatura do ar para os principais municípios do Paraná; Construir um banco de dados com as especificações técnicas e os custos dos componentes de um sistema de aquecimento solar de água; Corrigir a radiação solar em função do posicionamento do coletor solar; Calcular a fração solar para uma determinada localidade em função da configuração do sistema; Calcular a área de coletores solares em função do tipo e do modelo de coletor previamente selecionado; Calcular o volume do reservatório térmico para suprir a demanda diária de água quente da edificação; Dimensionar o sistema de aquecimento auxiliar; Realizar a análise econômica dos sistemas dimensionados.

3 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 O Sol O Sol, além de fonte de vida, é a origem de praticamente todas as formas de energia que o homem vem utilizando ao longo de sua história e pode ser a resposta para a questão do abastecimento energético no futuro. Em apenas uma hora esse astro despeja sobre a Terra um montante de energia superior ao consumo global de um ano inteiro (SILVA, 2006). Brilhando a pelo menos 5 bilhões de anos, estima-se que ele continuará emanando energia por outros 6 bilhões de anos (FERNANDES; GUARONGHI, 2007). O Sol é responsável por aproximadamente 99,86% da massa do sistema solar e é constituído basicamente por hidrogênio (74% da massa ou 92% de seu volume) e hélio (24% da massa ou 7% do volume) (SILVA, 2006). Sua estrutura interna pode ser visualizada na Figura 1. Figura 1: Estrutura do Sol. Fonte: HKU Universidade de Hong Kong 1. A fotosfera, com cerca de 330 km de espessura e temperatura de 5800 K, é a camada visível do Sol. Logo abaixo da fotosfera se localiza a zona convectiva, que se estende por 104325 km (15% do raio solar). Abaixo dessa camada está a zona radiativa, por onde a energia flui por radiação (OLIVEIRA; SARAIVA, 2013). 1 Disponível em: <http://www.physics.hku.hk/~nature/notes/lectures/chap11.html>. Acesso em: abr. 2013.

4 O núcleo, com temperatura média de 15 milhões K, é a região na qual a energia solar é produzida por meio de reações nucleares. Nessas reações, 4 núcleos de hidrogênio são transformados em 1 núcleo de hélio e a diferença de massa entre esses dois elementos é convertida totalmente em energia. Estima-se que a cada segundo o Sol tem aproximadamente 4 milhões de toneladas de matéria transformadas em energia (ALVES, 2010). Devido aos obstáculos até a superfície, a luz produzida no núcleo do Sol leva cerca de 1 milhão de anos para deixá-lo. Uma vez na superfície, leva apenas 8 minutos e 20 segundos para chegar a Terra, percorrendo os 150 milhões de quilômetros que a separam do Sol. A cromosfera é a camada da atmosfera solar logo acima da fotosfera. Essa camada tem cor avermelhada e é visível durante os eclipses solares. Estende-se por 10 mil km acima da fotosfera e sua temperatura cresce da base para o topo, tendo um valor médio de 15 mil K. Acima da cromosfera se encontra a coroa solar, que se estende por 2 raios solares e é visível durante os eclipses totais (OLIVEIRA; SARAIVA, 2013). 2.2 Radiação solar A energia radiante emitida pelo Sol, sob a forma de ondas eletromagnéticas, é chamada de radiação solar. Em uma visão quântica, esta radiação é composta por um fluxo de fótons de energia. A radiação solar que atinge o topo da atmosfera terrestre provém da região da fotosfera solar. Sua composição espectral corresponde aproximadamente a de um corpo negro com temperatura de 5800 K. Cerca de 50% desta radiação situa-se na parte visível do espectro eletromagnético (400 a 700 nm) e a outra metade encontra-se, sobretudo, na zona do infravermelho próximo (700 a 1400 nm). Uma pequena parcela situa-se, ainda, na região ultravioleta do espectro (100 a 400 nm) (SILVA, 2006). A Figura 2 mostra o espectro da radiação solar no topo da atmosfera terrestre e ao nível do mar. Também mostra o espectro da radiação de um corpo negro com a mesma temperatura. Nota-se que parte importante da energia solar que chega a Terra é transportada na faixa visível do espectro.

5 Figura 2: Espectro da radiação solar. Fonte: PAGLIARO et al., 2008. A quantidade de radiação solar recebida em certa altura e local do sistema Atmosfera-Terra depende basicamente de 4 fatores: 1 - Constante solar (1368 W/m 2 ): Refere-se à quantidade média de radiação recebida num ponto, perpendicular aos raios solares, localizado no exterior da atmosfera terrestre a meia distância do Sol. Varia ligeiramente dependendo da energia emitida pelo Sol e da distância Terra-Sol (CRESESB, 2006). 2 - Transparência da atmosfera: Tem papel importante na quantidade de radiação que atinge a superfície terrestre, dado que diferentes constituintes atmosféricos absorvem ou refletem energia de diversas formas e quantidades. Do total de radiação incidente na atmosfera terrestre, apenas 51% pode ser convertido em trabalho. Dos 49% restantes, 4% são refletidos de volta ao espaço pela superfície terrestre, 26% são espalhados ou refletidos para o espaço pelas nuvens e partículas atmosféricas e 19% são absorvidos pelos gases atmosféricos, partículas e nuvens (PIDWIRNY, 2006). 3 - Duração do dia: Quanto maior a duração do dia, maior será a possibilidade de insolação. Por sua vez, a duração do dia varia com a latitude e com as estações do ano. 4 - Ângulo de incidência dos raios solares: O ângulo dos raios solares que atingem a superfície terrestre varia consideravelmente com a latitude. Uma superfície perpendicular a um feixe vertical de raios solares receberá a quantidade máxima de radiação, enquanto que em locais onde os raios solares são oblíquos, a insolação será menor em razão dos raios solares serem forçados a atravessar uma camada mais espessa da atmosfera que reflete e absorve energia, espalhando-a.

6 A radiação solar que finalmente atinge a superfície terrestre é constituída pela radiação solar direta e pela radiação solar difusa. A radiação direta é a parcela que chega a superfície do solo diretamente. Já a radiação difusa é a parcela de energia proveniente das demais direções que, em dias de céu limpo, corresponde a 15% do total da radiação incidente. A soma dessas duas parcelas é denominada de radiação solar global (VIENELLO; ALVES, 1991). Para medir a energia radiante que atinge a superfície terrestre são utilizados os aparelhos conhecidos como solarímetros, piranômetros ou radiômetros (Figura 3). O conhecimento dessa medida é de extrema importância na identificação e na quantificação da influência das condições atmosféricas e climáticas que podem interferir na eficiência das instalações de captação e conversão da energia solar em outras formas de energia (CRESESB, 2006). Figura 3: Instrumentos para medição da radiação solar. Fonte: ABRAVA 2 Por sua vez, a radiação solar pode ser utilizada como fonte de energia térmica para aquecimento de fluídos (conversão heliotérmica), ser convertida diretamente em energia elétrica (conversão fotovoltaica) ou ainda ser utilizada de forma passiva através da absorção ou penetração nas edificações, reduzindo a demanda de energia para aquecimento e iluminação. 2 Disponível em: <http://www.forumclima.pr.gov.br/arquivos/file/curso2.pdf>. Acesso em abr. 2013.

7 2.3 Sistema de aquecimento solar de água A instalação mais simples para aproveitamento de energia solar é aquela destinada ao fornecimento de água quente para uso em sistemas de pequeno porte. Estas instalações são constituídas basicamente por coletores solares, reservatório de água quente, tubulações isoladas termicamente e por uma fonte auxiliar de energia. Em alguns casos, é incluída nesta configuração uma bomba de circulação que garante uma vazão fixa de água no coletor e um consequente controle sobre sua eficiência. Estes sistemas podem ser classificados, segundo o uso da bomba, em sistemas ativos ou sistemas passivos (COMETA, 2004; LISBOA, 2012). No sistema passivo a água circula naturalmente devido ao gradiente de pressão provocado pela diferença de temperatura entre o reservatório térmico e os coletores. Em função da sua simplicidade e da baixa demanda por manutenção, este sistema é o mais utilizado no Brasil. As desvantagens dele é que o reservatório térmico deve obrigatoriamente estar acima do nível dos coletores e a distância percorrida pela água quente não deve ser muito grande, pois a perda de carga pode prejudicar a circulação (POZZEBON, 2009). No sistema ativo a circulação de água é realizada por meio de uma bomba hidráulica. A bomba é controlada por sensores de temperatura instalados nas tubulações de entrada e de saída dos coletores. Quando a diferença de temperatura entre esses pontos atinge um valor preestabelecido a bomba é acionada. Seu desligamento ocorre quando a diferença de temperatura torna-se muito pequena ou quando a água do reservatório atinge um valor desejável. Nessa configuração, o reservatório pode ser instalado em qualquer posição em relação aos coletores solares. Contudo, por exigir mais dispositivos para o seu funcionamento o custo deste sistema tende a ser superior ao do sistema passivo (SOUZA, 2009). Os sistemas solares de aquecimento de água podem ainda ser classificados em diretos e indiretos. Nos sistemas diretos o fluido armazenado no reservatório térmico é o mesmo que circula nos coletores solares. Já nos sistemas indiretos, os coletores aquecem um fluido refrigerante (óleo, etileno-glicol ou propileno-glicol) que transfere calor para a água por meio de um trocador de energia térmica. Estes últimos, por serem muito dispendiosos, são mais utilizados em regiões de clima muito severo para evitar que ocorra o congelamento da água (LIMA, 2003).

8 As Figuras 4 e 5 mostram a representação esquemática de sistemas passivos e ativos, respectivamente. Figura 4: Esquema de um sistema passivo direto. Fonte: Lima, 2003. Figura 5: Esquema de um sistema ativo direto. Fonte: Lima, 2003. Nas seções a seguir, há uma breve descrição dos principais equipamentos que compõem um sistema de aquecimento solar de água.

9 2.3.1 Coletores solares O coletor é o principal componente de um sistema de aquecimento solar. Ele é o responsável pela captação da radiação solar, pela conversão em energia térmica e pelo aquecimento do fluido de trabalho. Atualmente, os coletores mais empregados são: o coletor plano, mundialmente mais utilizado, e o coletor de tubos a vácuo, com mercado em ascensão devido ao excelente desempenho em regiões de clima frio (ROSA, 2012). O coletor solar plano (Figura 6) é constituído por uma caixa retangular de alumínio, hermeticamente fechada e termicamente isolada por revestimentos de poliuretano expandido ou lã de vidro. No seu interior há uma serpentina de cobre por onde o fluido escoa. Em volta da serpentina existe uma placa absorvedora, também de cobre, pintada de preto fosco para facilitar a absorção de calor. Na parte superior há uma cobertura de vidro transparente que permite a entrada de radiação solar e evita que parte do calor da placa absorvedora se perca para o meio. Figura 6: Corte de um coletor solar plano. Fonte: Vida Solar 3. Os coletores planos podem atingir temperaturas de até 80ºC e são muito utilizados no aquecimento de água em residências, edifícios, hospitais, hotéis e indústrias. Suas principais vantagens são: a simplicidade de construção, o custo relativamente baixo, a facilidade de reparo e a durabilidade (ABRAVA, 2008). 3 Disponível em: <http://vidasolar.saomanuel.com/wp-content/uploads/2012/05/coletor-solar-em- Corte.jpg> Acesso em jun. 2013.

10 O coletor solar de tubos a vácuo é uma tecnologia relativamente nova e de melhor eficiência que a do coletor plano. Esses coletores permitem atingir temperaturas de trabalho acima de 80ºC e, por isso, podem ser utilizados em aplicações que requerem um fornecimento de energia mais elevado. O tubo a vácuo mais comum é composto por dois tubos concêntricos de vidro com parede dupla. A parede interna é revestida por nitrato de alumínio, que possui excelente capacidade de absorção de calor. Entre o tubo interno e o externo está o isolamento a vácuo, que é o principal responsável por atenuar as perdas térmicas (MANEA et al. 2011). Os coletores a vácuo podem utilizar diferentes formas de extração de calor. As mais comuns são: a utilização de tubos de calor (heat-pipe), tubos em U (U-tube) e a transferência direta (water-in-glass) (SHUKLA et al. 2013). Na primeira forma de extração, um tubo de cobre denominado heat-pipe é inserido dentro do tubo a vácuo. O heat-pipe contém em seu interior um fluido facilmente evaporável (metanol, etanol ou acetona) que sofre um ciclo de evaporação/condensação. Ao absorver calor, o líquido evapora, deslocando-se para a parte mais elevada do coletor onde transfere calor para a água que circula no cabeçote. Mais frio, o fluido condensa e regressa por gravidade até a parte inferior do tubo de calor, reiniciando o ciclo. Devido à baixa capacidade térmica, este tipo de coletor oferece uma resposta rápida à incidência solar. Entretanto, seu custo mais elevado faz com que não seja muito utilizado (MANEA, 2012). A Figura 7 mostra o esquema de funcionamento de um coletor deste tipo. Figura 7: Extração de calor utilizando heat-pipe. Fonte: Prosun India 4. 4 Disponível em: <http://www.prosunindia.com/images/hwheat1.gif> Acesso em jun. 2013.

11 Na extração do tipo U (Figura 8) um tubo de cobre em forma de U é montado no interior do tubo a vácuo. A água fria entra por uma das extremidades do tubo, absorve calor, e sai quente pela outra. Atualmente, este tipo de extração é mais utilizado que o heat-pipe (LIANGDONG et al., 2010). Figura 8: Extração de calor do tipo tubo em U. Fonte: JanSun 5. Na extração por transferência direta (Figura 9), a água tem contato com o tubo de vidro interno do coletor. Com a incidência de radiação solar o tubo aquece a água que sobe ao reservatório localizado na parte superior. Este método de extração é o mais utilizado em função da simplicidade e do baixo custo de fabricação do coletor. Entretanto, se um dos tubos vier a ser danificado todo o sistema pode ser comprometido (BUDIHARDJO e MORRISON, 2009). Figura 9: Extração de calor por transferência direta (water-in-glass). Fonte: Adaptado de Budihardjo e Morrison, 2009. 5 Disponível em: <http://img.diytrade.com/cdimg/1727744/24806602/0/1330312616/u_pipe_solar _Collector_Series.jpg> Acesso em jun. 2013.

12 2.3.2 Reservatório térmico (boiler) O reservatório térmico (Figura 10) tem por função armazenar a água aquecida pelos coletores solares durante o dia e disponibilizá-la nos horários de uso. Sua capacidade de armazenamento costuma ser muito próxima da demanda de água quente da instalação. Ele é constituído por corpo externo em alumínio, isolante térmico (lã de vidro, lã de rocha ou poliuretano expandido), corpo interno (aço inox ou cobre) e tubulações. Quando necessário, pode apresentar em seu interior um sistema de aquecimento auxiliar (resistência elétrica e termostato) e de proteção contra corrosão (anodos de sacrifício) (ABRAVA, 2008). Figura 10: Detalhes internos e externos de um reservatório térmico. Fonte: Vida Solar 6. Os reservatórios térmicos costumam ser classificados em função da pressão de trabalho e do posicionamento físico. Em relação à pressão de trabalho, podem ser do tipo fechado (pressurizado) ou aberto (não pressurizado). Os fechados trabalham com pressões acima da atmosférica e são normalmente pressurizados por uma caixa de água mais elevada. Já os abertos trabalham sempre em pressão atmosférica. Quanto ao posicionamento físico, os reservatórios podem ser do tipo horizontal ou vertical. Os primeiros são mais utilizados por questões de economia de espaço. Porém, os do tipo vertical propiciam uma melhor estratificação térmica ao reduzir a área de troca de calor entre as camadas de água, o que aumenta o desempenho do sistema (LAFAY, 2005). 6 Disponível em: <http://vidasolar.saomanuel.com/wp-content/uploads/2012/05/reservatorio-termico- Solar.jpg> Acesso em jun. 2013.

13 2.3.3 Tubulações isoladas termicamente De acordo com a ABRAVA (2008), as tubulações utilizadas em sistemas de aquecimento solar podem ser de cobre, aço galvanizado ou outro material que suporte as pressões e temperaturas de operação do sistema. Atualmente, as tubulações em cobre são as mais empregadas por atenderem bem as exigências requeridas e apresentarem um razoável custo-benefício. Estas tubulações são comumente isoladas com polietileno expandido para minimizar as perdas de calor para o ambiente. 2.3.4 Bomba hidráulica A bomba hidráulica (Figura 11) é utilizada na impossibilidade de se instalar os coletores solares abaixo do reservatório térmico. Sua função é promover a circulação do fluido de trabalho entre esses dois componentes. As bombas hidráulicas mais empregadas em sistemas de pequeno porte variam de 1/25 a 1/4 cv e são geralmente do tipo centrífuga com rotor em bronze. Seu acionamento é feito, como dito anteriormente, por um controlador diferencial de temperatura. Figura 11: Bomba hidráulica. Fonte: Texius 7. 2.3.5 Fonte auxiliar de energia Embora o sistema de aquecimento de água por energia solar seja de acumulação, ele não é projetado para fornecer 100% da demanda de água quente durante todo o ano. Caso fosse, a instalação se tornaria superdimensionada o que a inviabilizaria do ponto de vista econômico. Por esse motivo, eles são comumente especificados para fornecer de 60 a 80% da energia térmica necessária (ABRAVA, 2008). 7 Disponível em: <http://www.texius.com.br/images/residencial/3b.jpg>. Acesso em: jul. 2013.

14 Para suprir o déficit de energia, essas instalações contam com uma fonte auxiliar. Este apoio pode estar localizado no interior do reservatório térmico (acumulação) ou em série com a saída de água para o consumo (passagem). No primeiro caso, o sistema auxiliar é constituído por uma ou mais resistências elétricas blindadas, acionadas automaticamente por meio de um termostato, ou manualmente, pelo próprio usuário. No segundo caso, o sistema auxiliar pode ser um aquecedor de passagem a gás ou elétrico (resistências elétricas). O aquecedor de passagem a gás é constituído por uma unidade de aquecimento na qual há um queimador que permite a combustão adequada do gás, e um trocador de energia térmica que transfere o calor gerado para a água. Já os aquecedores de passagem elétricos são geralmente resistências elétricas e utilizam a energia dissipada por efeito joule para aquecer a água. Os aquecedores de passagem utilizados em sistemas solares normalmente contam com dispositivos de controle de temperatura e de potência, de modo a fornecer apenas a energia necessária para complementar o aquecimento (COMGÁS, 2011). A Figura 12 mostra o esquema de funcionamento de um sistema solar com apoio de aquecedores de passagem a gás liquefeito de petróleo (GLP). Figura 12: Sistema solar com aquecedores de passagem a gás. Fonte: Adaptado de COMGÁS, 2011.

15 O aquecedor de passagem a gás também pode ser utilizado de modo conjugado ao reservatório térmico (Figura 13), sendo considerado, na prática, como um aquecedor de acumulação, uma vez que possui o mesmo princípio de funcionamento: o reservatório mantém armazenado um volume de água quente, a certa temperatura, disponível para uso (COMGÁS, 2011). Figura 13: Sistema de aquecimento conjugado. Fonte: COMGÁS, 2011. 2.4 Programas computacionais para dimensionamento de sistemas de aquecimento solar de água Existem diversos programas para dimensionamento de sistemas de aquecimento solar de água. Cada programa tem sua particularidade, priorizando certos aspectos e aplicações. A seguir, apresenta-se uma pequena lista desses programas. O TermoDim é uma ferramenta computacional brasileira, livre de custos, que permite determinar a área de coletores solares e o volume do reservatório térmico para sistemas de pequeno e grande porte operando em regime de termossifão. Este programa foi desenvolvido em Visual Basic como parte do trabalho de Doutorado de Antônio Siqueira (2003), e exige o conhecimento dos parâmetros geométricos do sistema, dos dados meteorológicos e de informações a respeito dos coletores solares e do perfil de consumo da edificação. O método de dimensionamento

16 utilizado pelo TermoDim foi elaborado a partir de uma série de simulações efetuadas com o software TRNSYS (Transient System Simulation Program). O SolTerm (LNEG - Laboratório Nacional de Energia e Geologia, 2005) é um software comercial desenvolvido em Portugal que possibilita a simulação e o dimensionamento de sistemas solares de aquecimento de água operando em circulação forçada. O software também permite ao usuário realizar uma análise econômica, bem como determinar a contribuição destes sistemas na redução da emissão de CO 2 para a atmosfera. No Solterm estão disponíveis 16 sistemas para seleção. Esses sistemas incluem coletores solares, reservatórios térmicos, permutador de calor, motobombas, tubulações hidráulicas e aquecedores elétricos e a gás. O dimensionamento do sistema é realizado explorando uma sequência de (re)definição e/ou ajuste de componentes seguido de simulação energética e análise dos resultados até se estar satisfeito com o desempenho obtido para o projeto. O SolarEnergy (COSTA, 2009) é outro software português, desenvolvido em Visual Basic e disponível gratuitamente, que realiza o dimensionamento e a simulação de sistemas solares ativos e passivos levando em consideração as características do local, a tipologia de utilização do sistema, o perfil de consumo, os dados do coletor solar entre outros parâmetros. O SolarEnergy utiliza como metodologia de cálculo o F-Chart e também realiza a análise de viabilidade econômica dos sistemas dimensionados. O Helios-Chart (SOUZA, 2009) é um programa comercial brasileiro, desenvolvido em C++, que realiza a simulação, o dimensionamento e a análise econômica de sistemas solares ativos para instalações de médio e grande porte utilizando o F-Chart como metodologia de cálculo. Os sistemas são dimensionados utilizando dados de equipamentos comerciais provenientes do PBE e dados de radiação solar do Atlas Solarimétrico Brasileiro. Existem outras ferramentas para o dimensionamento de instalações solares térmicas, porém com maiores limitações, como o RETScreen International (2003) que é um aplicativo em Microsoft Excel, livre de custos, que realiza a análise de projetos de energias renováveis, tanto do ponto de vista do dimensionamento como da análise custo-benefício.

17 3. MATERIAL E MÉTODOS Este capítulo descreve a metodologia utilizada na confecção do aplicativo desenvolvido. Inicialmente são feitas algumas considerações sobre a concepção do aplicativo. Em seguida, são apresentados os componentes do sistema, o banco de dados e a sequência de cálculo. A ideia central deste trabalho foi elaborar uma ferramenta, de interface amigável, que permitisse o dimensionamento de sistemas solares de aquecimento de água requerendo o mínimo de informação do usuário. Partindo desse princípio, chegou-se a uma configuração onde o usuário deve indicar o local, os detalhes geométricos da instalação, selecionar o modelo do coletor, a fonte auxiliar e inserir os dados de consumo de água quente da edificação. A partir disso, o programa oferece um dimensionamento, que pode ser modificado com base na análise econômica ou a critério do usuário. O aplicativo foi desenvolvido no ambiente computacional MATLAB (Matrix Laboratory, Mathworks, Inc., versão R2012a) e trabalha com sistemas de aquecimento solar de pequeno porte (demanda de até 1000 L.dia -1 ), utilizando coletores planos ou coletores a vácuo do tipo U, em sistemas ativos ou sistemas passivos com reservatório térmico horizontal e fonte de energia auxiliar. Como fontes auxiliares são utilizadas a elétrica e o gás, podendo ser do tipo acumulação ou passagem. Para fins de comparação econômica, o aplicativo também dimensiona aquecedores estritamente elétricos ou a gás. Para o cálculo da área coletora e do volume do reservatório térmico são empregadas duas metodologias: a da Carta F, proposta por Duffie et. al. (1977), e a da NBR 15569 (ABNT, 2008). A metodologia da Carta-F já está bastante consolidada e é amplamente utilizada em projetos de aquecimento solar, e por esta razão foi adotada. A metodologia da NBR 15569 é uma simplificação da Carta-F e foi adotada para fins de comparação de resultados. Inicialmente, foi elaborado um banco de dados com os valores de radiação solar e de temperatura do ar para alguns municípios do Paraná. Os dados de radiação solar foram obtidos do Atlas Solarimétrico Brasileiro, já os dados de temperatura do ar são provenientes do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR). Também foi confeccionado um banco de dados com as especificações técnicas, custo e desempenho de coletores solares, reservatórios térmicos, aquecedores de passagem e de acumulação. As especificações técnicas e o desempenho dos equipamentos são provenientes dos testes oficiais do Programa Brasileiro de

18 Etiquetagem (PBE) e o custo foi levantado a partir de pesquisa em mercado. O banco de dados foi elaborado utilizando o programa Microsoft Excel 2010. A seguir são apresentados os modelos matemáticos utilizados no desenvolvimento do aplicativo. 3.1 Cálculo da demanda diária de água quente Para calcular a demanda de água quente da edificação foi adotado o método das vazões nos pontos de consumo (NBR 5626, 1998). Este método consiste em realizar o levantamento dos consumos de cada aparelho sanitário que possui previsão de consumo de água quente. Nesse levantamento são verificadas as vazões de funcionamento desses aparelhos. O somatório da vazão de cada equipamento multiplicada pelo tempo médio de sua utilização e pela frequência de uso determina o volume de água quente a ser disponibilizada para o consumo na edificação. A Tabela 1 apresenta valores típicos para uso residencial. Tabela 1: Vazão nos pontos de utilização em função do aparelho sanitário Peça de utilização Vazão (L.min -1 ) Banheira 18 Bidê 6 Chuveiro ou ducha 6 a 12 Lavadora de pratos ou de roupas 18 Lavabo 9 Pia da cozinha 6 a 15 Tanque 15 Fonte: NBR 5626, 1998. A princípio, o aplicativo desenvolvido se restringirá a finalidade banho. Assim, para calcular a demanda diária de água quente foi utilizada a Equação 1: = (1) Onde: = volume total de água quente consumido na edificação (L.dia -1 ); = vazão da ducha (L.min -1 ); = tempo médio de cada banho (min); = total de banhos diários.

19 O algoritmo desenvolvido considera que a duração média de cada banho é de aproximadamente 10 minutos. Também permite selecionar até 10 banhos diários e vazões de no máximo 10 L.min -1 (valor recomendado pela ABRAVA). 3.2 Cálculo da demanda mensal de energia A demanda de energia para aquecer o volume de água ao final do mês foi calculada mediante a utilização da Equação 2 (ABRAVA, 2008). = ( ) (2) Onde: = energia útil para aquecimento da água (kwh.mês -1 ); = volume total de água quente consumido na edificação (L.dia -1 ); = número de dias do mês correspondente; = massa específica da água (1 Kg.L -1 ); = calor específico da água (0,001163 kwh.kg -1.ºC -1 ); = temperatura de consumo (ºC); = temperatura ambiente média mensal do local de instalação ( C). No caso dos sistemas que utilizam aquecedores de acumulação a T c é substituída pela temperatura de armazenamento da água (T arm ), correspondente a 45ºC. 3.3 Dimensionamento dos aquecedores de passagem elétricos A potência nominal do aquecedor de passagem elétrico foi calculada mediante a seguinte equação (ABRAVA, 2008): = ( ) (3) Onde: = potência nominal do aquecedor de passagem elétrico (kw); = vazão máxima de água da instalação (Kg.h -1 ); = temperatura ambiente média anual (ºC).

20 Após calcular a potência do aquecedor, o aplicativo busca no banco de dados os equipamentos com potência entre 0,9 a 1,2 do valor calculado. Caso não encontre um equipamento dentro dessa faixa, o aplicativo seleciona o aquecedor de potência nominal imediatamente superior à calculada. Por sua vez, o consumo mensal de energia do aquecedor elétrico foi calculado utilizando a Equação 4: = η (4) Onde: = consumo médio mensal de energia do aquecedor elétrico (kwh.mês -1 ); = energia útil para aquecimento da água (kwh.mês -1 ); η = rendimento do aquecedor elétrico (decimal). 3.4 Dimensionamento dos aquecedores de passagem a gás A potência nominal do aquecedor de passagem a gás foi calculada por meio da seguinte expressão (COMGÁS, 2011): = ( ) (5) Onde: = potência nominal do aquecedor de passagem a gás (kw). Já o consumo mensal de energia do aquecedor de passagem a gás foi calculado utilizando a equação abaixo: = η (6) Onde: = consumo médio mensal de energia do aquecedor a gás (kwh.mês -1 ); η = rendimento do aquecedor a gás (decimal).

21 3.5 Dimensionamento dos aquecedores de acumulação elétricos A potência nominal do aquecedor de acumulação elétrico foi calculada por meio da Equação 7 (ABRAVA, 2008). = ( ) (7) Onde: = potência nominal do aquecedor de acumulação elétrico (kw); = volume de armazenamento (Kg); = tempo de aquecimento (h). Para calcular o consumo mensal de energia do aquecedor de acumulação elétrico foi utilizado a Equação 8: = η (8) Onde: = consumo médio mensal de energia do aquecedor elétrico (kwh.mês -1 ); η = rendimento do aquecedor elétrico (decimal). 3.6 Dimensionamento dos aquecedores de acumulação a gás A potência nominal do aquecedor de acumulação a gás foi calculada por meio da seguinte expressão (COMGÁS, 2011): = ( ) (9) Onde: = potência nominal do aquecedor de acumulação a gás (kw); = volume de armazenamento (Kg). Já o consumo mensal de energia do aquecedor de acumulação a gás foi calculado utilizado a Equação 10:

22 = η (10) Onde: = consumo médio mensal de energia do aquecedor a gás (kwh.mês -1 ); η = rendimento do aquecedor a gás (decimal). 3.7 Cálculo da área coletora e do volume do reservatório térmico 3.7.1 Metodologia da Carta F Esta metodologia foi desenvolvida por Duffie et. al. (1977) com base na compilação e consolidação dos resultados de várias simulações matemáticas realizadas no software TRNSYS e avaliações de condições operacionais reais de instalações de aquecimento solar. O método da Carta F pode ser utilizado tanto no projeto de sistemas passivos quanto no de sistemas ativos. Para calcular a área coletora, esta metodologia exige a seleção prévia do modelo de coletor solar e o conhecimento dos dados meteorológicos e da demanda de energia do local de instalação. Com essas informações pode-se obter a área coletora por meio de correlações entre a contribuição da energia solar (fração solar) e a demanda mensal de energia para o aquecimento de água. A fração solar para análises mensais é expressa pela Equação 11. = 1,029Y 0,065X 0,245Y + 0,0018 + 0,0215 (11) Onde: = fração solar mensal para o mês correspondente. O parâmetro X está relacionado às perdas térmicas do coletor solar, conforme Equação 12: = ( ), (12) Onde: = área total de coletores solares (m²);

23 = produto do fator de remoção de calor pelo coeficiente global de perdas térmicas do coletor solar, correspondente à inclinação da curva de eficiência térmica instantânea (kw.m -2.ºC -1 ); = temperatura de referência, considerada constante, e igual a 100ºC; = duração do mês (h); = capacidade específica de armazenamento desejada (L.m -2 ); = capacidade específica de armazenamento adotado pelo método da Carta-F, correspondente a 75 L.m -2. O parâmetro X necessita ser corrigido devido à diversidade da situação brasileira frente à realidade americana, no que se refere à necessidade de aquecimento de água e do ambiente na maioria das residências. Quando o uso da energia solar restringe-se somente ao aquecimento da água, Duffie e Beckman (2006) propuseram a correção mostrada na Equação 13. = 11,6 + 3,86 + 1,18 2,32 100 (13) Onde: = temperatura na qual a água é admitida na rede pública (ºC); = temperatura da água de consumo (ºC); = temperatura ambiente média mensal do local de instalação ( C). O parâmetro Y está relacionado com a energia absorvida pela placa do coletor, conforme Equação 14: = ( ) (14) ( ) = produto do fator de remoção, transmissividade do vidro e absortividade da tinta dos coletores, para ângulo médio de incidência da radiação direta; = radiação solar global diária em média mensal incidente no plano do coletor por unidade de área (kwh.m -2.dia -1 ).

24 Para calcular a radiação solar global incidente sobre a superfície inclinada foi utilizado a Equação 15 (DUFFIE; BECKMAN, 2006). Esta equação implica em uma série de cálculos apresentados adiante. = 1 + 1 + 2 + 1 2 (15) Onde: = radiação solar horizontal diária em média mensal (kwh.m -2.dia -1 ); = radiação solar difusa incidente no plano inclinado (kwh.m -2.dia -1 ); = refletância da vizinhança nas proximidades do coletor solar (adotou-se = 0,25. De acordo com IQBAL (1983), valores entre 0,20 e 0,25 comtemplam o índice de reflexão da maior parte das superfícies terrestres); = razão entre a radiação extraterrestre incidente no plano inclinado e na horizontal, calculada pela Equação 16: = ( )+ ( + ) + + (16) Onde: = declinação solar (º), corresponde a posição angular do sol ao meio-dia solar em relação ao plano do Equador; = latitude (º), corresponde à posição angular (ao norte ou ao sul) em relação à linha do Equador (definida como latitude zero); = inclinação do coletor (º), corresponde ao ângulo entre o plano da superfície do coletor e a horizontal; = ângulo azimutal da superfície (º), corresponde ao ângulo formado entre a direção norte-sul e a projeção no plano horizontal da normal à superfície do coletor solar; ângulo horário do pôr-do-sol para a superfície horizontal (º); ângulo horário do pôr-do-sol para a superfície inclinada (º).

25 A declinação solar foi calculada por meio da Equação 17: = 23,45 2 284 + 365 (17) Onde: d = dia do ano, igual a unidade, em 1º de janeiro. Para minimizar o erro do valor que representa a radiação solar diária em média mensal, utilizou-se o dia médio de cada mês (Tabela 2). Tabela 2: Dia médio do mês Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Dia 17 16 16 15 15 11 17 16 15 15 14 10 Fonte: KLEIN, 1977. O ângulo horário do pôr-do-sol para a superfície horizontal, em graus, foi obtido utilizando a Equação 18. = cos ( ) (18) calculado por: Já o ângulo horário do pôr-do-sol ajustado para a superfície inclinada foi = í cos ( ) cos ( ( + ) ) (19) Para calcular o segundo termo da Equação 15 é necessário, inicialmente, calcular a radiação solar extraterrestre ( ), dada pela Equação 20. = 24 3600 1 + 0,033 cos 2 365 ( + ) (20) Onde: = 1,367 kw.m -2 ; = radiação solar extraterrestre, corresponde à radiação incidente no topo da atmosfera.

26 Em seguida é preciso decompor a radiação solar em suas componentes direta e difusa. Para isso, deve-se calcular o índice de claridade em média mensal ( ), definido pela Equação 21. = (21) RABL 1979). Por fim, calcula-se a utilizando a Equação 22 (COLLARES-PEREIRA; = 0,775 + 0,00606 ( 90) [0,505 + 0,00455 ( 90)] cos(115 103) (22) Após corrigir a radiação solar e obter os parâmetros X e Y calcula-se a fração solar mensal. Por sua vez, a fração solar anual será obtida a partir da média ponderada das contribuições mensais de aquecimento solar e da demanda de energia (Equação 23). 12 i i i 1 F 12 (23) i 1 f E E i Onde: F = fração solar anual. Para chegar à área de coletores solares o algoritmo desenvolvido calcula, inicialmente, o volume do reservatório térmico ( ) utilizando a relação abaixo: 0,75 1,25 (24) Em seguida o aplicativo busca no banco de dados o reservatório comercial que atende às exigências da Equação 24. Na sequência varia a de 50 a 250 L.m -2 (com incrementos de 10 L.m -2 ) e calcula a área coletora. Para cada valor de área encontrado o algoritmo calcula a fração solar anual e depois realiza uma análise econômica para encontrar o sistema com o menor custo anual, ou seja, o algoritmo encontra a área coletora ótima de acordo com a configuração do sistema.

27 3.7.2 Metodologia da NBR 15569 Esta metodologia é uma simplificação do método da Carta-F e foi elaborada considerando uma fração solar anual teórica de 70%. De modo similar à primeira, é preciso selecionar previamente o modelo de coletor solar, conhecer os dados meteorológicos e a demanda de energia do local de instalação. A partir disso, a área coletora ( ) é obtida por meio da Equação 25. 12 ( Ei E p ) S i 1 A c 12 (25) E i 1 M Onde: = energia útil para aquecimento da água (kwh.mês -1 ); = somatório das perdas térmicas dos circuitos primário e secundário (kwh.mês -1 ), calculada pela Equação 26. = 0,15 (26) = fator de correção para inclinação e orientação do coletor solar, dado pelas Equações 27 (para 15º < < 90º) e 28 (para < 15º). = 1 1 [1,2 10 ( ) + 3,5 10 ] (27) = 1 1 [1,2 10 ( ) ] (28) Onde: = inclinação do coletor em relação ao plano horizontal (º); = inclinação ótima do coletor para o local de instalação (º) (latitude + 10º); = ângulo de orientação dos coletores solares em relação ao norte geográfico (º).

28 = produção média mensal de energia específica do coletor solar (kwh.m -2 ), calculada pela Equação 29. = ( ) (0,0249 ) (29) Onde: = radiação solar horizontal diária em média mensal (kwh.m -2.dia -1 ); = número de dias do mês correspondente. Para dimensionar o reservatório térmico, a NBR utiliza a seguinte relação: 0,75 (30) Onde: = volume do reservatório de água quente (L); = volume diário de água quente consumido (L). 3.8 Dimensionamento do sistema auxiliar de aquecimento A potência do sistema de aquecimento auxiliar (elétrico ou a gás) foi calculada utilizando as equações 3, 5, 7 e 9, apresentadas anteriormente. Já a demanda mensal de energia auxiliar foi calculada utilizando a equação abaixo (ABRAVA, 2008): = (1 ) (31) Onde: = energia auxiliar do sistema de aquecimento solar (kwh.mês -1 ); = fração solar do mês correspondente. 3.9 Determinação do tipo de circulação e da pressão de operação do sistema Para especificar o tipo de circulação do sistema solar foram utilizadas as relações matemáticas exibidas na Figura 14 e as considerações apresentadas na sequência.