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Transcrição:

1. A complexa realidade histórico-geográfica da Cachemira Uma das áreas mais problemáticas do mundo atual é o subcontinente indiano. Dentre as várias tensões geopolíticas ali existentes, a que chama mais a atenção é aquela que opõe a Índia ao Paquistão, Nas últimas décadas, as tensões entre esses dois Estados adquiriram dimensões mais perigosas dado ao fato de que ambos os países já possuem o acesso a armas nucleares. Um dos pontos centrais das rivalidades entre indianos e paquistaneses é a disputa pela Cachemira, região que já foi palco de confrontos entre os dois países em vários momentos desde que ambos conseguiram se libertar do jugo colonial britânico em 1947. A Cachemira é uma região histórico-geográfica cujos limites não são muito precisos e que se situa no contato entre a Ásia Central fundamentalmente muçulmana e os mundos indiano e chinês. Com um território de aproximadamente 220 mil km2 (pouco menor que o estado de São Paulo), abriga pouco mais de 10 milhões de habitantes e está dividida entre Índia, Paquistão e China. Na prática, ela é constituída por um conjunto heterogêneo de seis entidades bem distintas, no interior das quais as realidades políticas, étnicas, religiosas e lingüísticas são bastante variadas. A chamada Cachemira indiana corresponde ao estado de Jamu-Cachemira, tem pouco mais de 100 mil km2, uma população de aproximadamente 6,5 milhões e é o único estado da Índia onde a maioria da população, cerca de 85%, é constituída por muçulmanos. Desde o final da década de 1980, a região tem sido palco de movimentos separatistas particularmente violentos. Essa parte da Cachemira pode ser dividida em três regiões distintas. A primeira delas corresponde ao vale do rio Jhelum, núcleo histórico da Cachemira, onde se localiza a cidade de Srinagar, sua capital e principal núcleo urbano. A população dessa área é estimada em 3 milhões e os muçulmanos de rito sunita, correspondem a mais de 90% do efetivo populacional regional. A segunda é a região de Jamu, situada na parte meridional da Cachemira, vizinha ao estado indiano do Punjab. É uma área nos contrafortes do Himalaia, povoada por quase 3 milhões de pessoas, das quais 2/3 aproximadamente professam o hinduísmo. A terceira área da Cachemira indiana é conhecida como Ladakh e corresponde a uma região muito acidentada, fracamente povoada (cerca de 150 mil habitantes), cujos habitantes, em sua maioria, são de cultura tibetana que professam o budismo. Existe ainda nessa área uma significativa minoria muçulmana. A Cachemira sob o controle do Paquistão possui cerca de 78 mil km2, é habitada por quase 3,5 milhões de pessoas e compreende duas regiões distintas. A primeira delas corresponde aos Territórios do Norte, administrada diretamente pelo governo federal e é formada pelas áreas de Gilgit e Baltistão. Nesta parte paquistanesa da Cachemira vivem cerca de 600 mil pessoas, a maioria formada por muçulmanos de rito xiita. A segunda área da Cachemira paquistanesa é conhecida como Azad Cachemir (Cachemira Livre), possui uma extensão de 13 mil km2 e uma população pouco inferior a 3 milhões de pessoas, em sua maior parte muçulmanos xiitas. Ela tem uma condição político-administrativa muito peculiar: dispõe de uma Constituição e parlamento próprios, é dirigida por um Primeiro Ministro e beneficia-se de uma autonomia relativa em relação aos poderes legislativo, executivo e judiciário. Todavia, os aspectos ligados à defesa, relações exteriores e finanças são de responsabilidade exclusiva do governo do Paquistão. Por fim, a Cachemira chinesa, tem pouco mais de 40 mil km2, tem apenas alguns milhares de habitantes e corresponde quase que totalmente a área conhecida como Aksai-chin. Esta área está ligada à região autônoma do Tibete chinês e é historicamente ligada a influência tibetana. Uma parte dessa região foi conquistada pela China à Índia em 1962. Cachemira: diferentes concepções A Índia defende uma concepção de Cachemira bastante ampla, levando em conta considerações de ordem histórica. Os indianos entendem como Cachemira a totalidade dos territórios que eram administrados pelo marajá da Cachemira no século XIX, monarca que obteve esses territórios por herança (Jamu), por compra (vale do Jhelum) e por conquista militar (Ladakh e Baltistão). Dentro dessa concepção geográfica mais ampla, o país reivindica a totali dade do território cachemir, inclusive as áreas que atualmente estão sob o controle do Paquistão e China. Já o Paquistão tem uma concepção geográfica mais limitada que repousa sobre considerações sócioculturais nas quais tenta estabelecer uma ligação direta entre a identidade nacional cachemir e a religião muçulmana. Por conta disso, o país não reivindica senão uma parte do Jamu-Cachemira indiana, considerando inclusive que as porções orientais da região o Ladakh e o Aksai-chin, não fazem parte da verdadeira Cachemira. Todavia se o governo do Paquistão vê oficialmente a questão sob o ângulo da identidade religiosa, de forma não oficial, pesam os aspectos de ordem estratégica. Num eventual controle paquistanês sobre esses territórios, se abriria um novo Colégio Dinâmico R.T37, 2693 Setor Bueno Goiânia Goiás (62) 4009-7828 www.colegiodinamico.com.br 1

acesso à China, uma tradicional aliada e, sobretudo permitiria ao Paquistão controlar amplos espaços drenados por todos os grandes rios que atravessam seu território, inclusive todo o médio vale do rio Indo. Às dificuldades de delimitação geográfica da região junta-se uma outra incerteza quanto à existência da nacionalidade cachemir. Embora a maioria da população da região seja muçulmana, a Cachemira foi, ao longo dos séculos, um importante lugar para o hinduísmo e para o budismo antes de iniciado o processo de expansão islâmica datada do século XIV. Esse rico passado pré-islâmico não desapareceu totalmente, fato que pode ser comprovado pela presença de mais de 1,5 milhão de não-muçulmanos vivendo na região. Assim, a Cachemira se caracteriza por uma heterogeneidade lingüística, cultural e étnica, fator que se reflete na dualidade quanto às definições de caráter identitário das populações autóctones. No interior dos movimentos que lutam contra o domínio da Índia, alguns privilegiam um combate de caráter religioso, onde fica expresso o desejo de integrar a região ao Paquistão. Outros, no entanto, lutam pela preservação de uma identidade nacional cachemir que busque independência num contexto pluriconfessional. 2. Estados Unidos: imigração e desigualdades sociais O fenômeno da imigração nos Estados Unidos constitui-se num aspecto muito importante quando se analisa a evolução da população desse país. Só para se ter idéia do volume de pessoas envolvidas, de 1850 aos dias atuais, entraram nos EUA cerca de 70 milhões de imigrantes. O Brasil, no mesmo período recebeu uma quantia de imigrantes cerca de 14 vezes menor.. A imigração nos EUA durante os últimos 150 anos esteve ligada à aplicação de um arsenal jurídico no qual se alternaram fases de maiores facilidades de entradas de imigrantes, com outras nas quais os que desejavam se fixar em território norteamericano encontravam dificuldades quase intransponíveis para conseguir o seu intento. Nos últimos 150 anos podem ser identificadas três fases da imigração. Na primeira delas, entre 1850 e 1930, cerca de 38 milhões de imigrantes (aproximadamente 90% deles de origem européia) chegaram aos EUA. Nessa fase, podem ser distinguidos dois períodos. O primeiro deles, de 1850 a 1890, é marcado pela presença maciça de imigrantes originários do norte e noroeste da Europa. Desta última data até o final da década de 1920, a maioria dos imigrantes era oriunda da região do Mediterrâneo, italianos principalmente, e de eslavos. As causas do expressivo contingente migratório neste período estão ligadas, na área de origem, à transição demográfica que se verificava no continente europeu, que liberava excedentes de população. Os EUA, por sua vez, atraíam os imigrantes por conta principalmente da abundância de terras disponíveis (região das planícies centrais), da corrida do ouro (Califórnia) e pelo expressivo crescimento industrial (região Nordeste e sul dos Grandes Lagos). A segunda fase da onda migratória para os EUA vai de 1930 a 1965 é é marcada por diminuição expressiva do número de imigrantes. Chegam nessa fase apenas 5,5 milhões de imigrantes e, embora os europeus continuem majoritários (mais ou menos 50%), canadenses e mexicanos juntos passaram a representar cerca de 1/3 do total. As causas dessa queda expressiva do número de imigrantes estão ligadas à ocorrência das duas guerras mundiais, à crise de 1929 e à implementação das leis de cotas, que freou a entrada de imigrantes, especialmente daqueles originários da porção sul e leste do continente europeu. Ao mesmo tempo, o número de mexicanos para os EUA aumentou significativamente a partir de 1942 por conta do chamado Programa bracero, que estimulou a vinda de mão-de-obra agrícola temporária. Muitos desses braceros seriam expulsos do país no início da década de 1950. Na terceira fase, 1965 até os dias atuais, o número de imigrantes entrados nos EUA ultrapassou o número de 25 milhões. Esta fase é caracterizada pela grande entrada de hispânicos (cerca de 48% do total) e de asiáticos (35%) e da pequena participação de imigrantes de origem européia (12%). Houve também um grande crescimento da entrada de refugiados e de imigrantes clandestinos, mais da metade desses últimos, oriundos do México. Todo esse grande fluxo de imigrantes foi e continua sendo explicado pela combinação de problemas político-econômicos e da pressão demográfica nos países subdesenvolvidos e pelo expressivo crescimento econômico dos EUA, especialmente na última década do século XX. Segundo estimativas, em 2010, cerca de 21% do contingente total da população dos Estados Unidos será composta por hispânicos, os negros serão aproximadamente 16% e, os asiáticos, mais ou menos 11%. Um dos grandes desafios internos dos EUA será o de ter a capacidade de elaborar um novo modelo de integração das diversas minorias que compõem o tecido social do país. Minorias e desigualdades sociais Atualmente nos EUA, os brancos de origem não hispânica representam um pouco menos de ¾ da população do país. As minorias, quase 30% do efetivo total, são representadas pelos negros (13%), hispânicos (12%), asiáticos (4%) e cerca de Colégio Dinâmico R.T37, 2693 Setor Bueno Goiânia Goiás (62) 4009-7828 www.colegiodinamico.com.br 2

0,8% são americanos nativos, isto é, aqueles que habitavam o território norte-americano antes da chegada dos colonizadores. Todos esses grupos minoritários têm apresentado um crescimento demográfico superior ao da maioria branca não hispânica. A minoria negra é essencialmente urbana e está concentrada principalmente nas regiões centro-leste e sul do país. Esta última região que, em 1910 concentrava 90% dessa minoria, hoje abriga apenas metade do contingente dessa minoria. Os negros são majoritários em algumas cidades do sul e do nordeste, como é o caso da capital, Washington, onde formam 2/3 da população e, em Nova Iorque, a principal metrópole dos EUA, se constitui na cidade com o maior número de negros do país. Já a minoria hispânica não forma um grupo homogêneo. Ela não é identificada por critérios raciais, mas sobretudo por aspectos lingüísticos e religiosos (a maioria tem como língua original o espanhol e professa o catolicismo). Os hispânicos, que praticamente dobraram o seu contingente nos EUA nos últimos vinte anos, se constituem atualmente no principal elemento tanto da imigração legal, quanto da clandestina. Eles se concentram nas regiões Sul e Oeste dos EUA, com a preponderância de mexicanos na Califórnia e no Texas, de porto-riquenhos em Nova Iorque e de cubanos na Flórida. Por conta de seu crescimento demográfico e do intenso fluxo migratório os hispânicos, por volta de 2010, se tornarão a mais importante minoria dos Estados Unidos. Os asiáticos, que tiveram seu crescimento triplicado nos últimos 25 anos, têm mais de 60% de seu contingente concentrado nas principais cidades dos estados americanos localizados junto à costa do Pacífico. Há um certo consenso entre a maioria branca de que eles representam a imagem de uma minoria modelo do ponto de vista da integração. Por fim, os americanos nativos, depois de passarem por um verdadeiro genocídio durante cinco séculos estão, devido sua alta natalidade, como que renascendo demograficamente. São encontrados principalmente em reservas indígenas do oeste e em algumas cidades do país. Do ponto de vista social, estas minorias em seu conjunto apresentam indicadores de pobreza bem mais elevados que aqueles registrados junto à maioria branca. Por exemplo, um branco não hispânico vive em média 7 anos à mais que um negro. Se os brancos que vivem abaixo da linha de pobreza representam cerca de 10% do contingente de seu grupo, este índice é cerca de três vezes maior para negros e hispânicos. A taxa de desemprego entre os brancos é de cerca de 10%, enquanto que entre os hispânicos e negros ela atinge 15% e 20%, respectivamente. A minoria negra é, no entanto, a mais afetada pelas desigualdades sociais: 32% dos desempregados do país, 43% das pessoas que cumprem penas em presídios, 48% das vítimas de homicídios, 40% dos condenados à morte e 30% dos casos registrados de AIDS. Esses dados mostram a falta de capacidade da sociedade do mais importante país do planeta em integrar suas minorias, que continuam a buscar sua parte naquilo que se convencionou chamar de sonho americano. 3. Fluxos migratórios contemporâneos As migrações internacionais nos últimos dois séculos podem ser divididas em pelo menos três fases distintas. A primeira delas, do século XIX até a Segunda Guerra Mundial; a segunda, de 1945 até o início dos anos 1970 e, a última fase, seria aquela que vem ocorrendo nos últimos trinta anos. A primeira fase teve como uma de suas características principais o fato de que a grande maioria dos imigrantes era originária do continente europeu. Cerca de 50 milhões de europeus deixaram o Velho Continente nesta fase. Essa intensa imigração teve como causa principal uma forte pressão populacional resultante da explosão demográfica pela qual os países do continente vinham passando desde meados do século XIX. É claro que a evolução dos meios de comunicação, especialmente aqueles relacionados à navegação transoceânica, em muito contribui para que esses fluxos acontecessem. Os imigrantes eram originários de toda a Europa, mas os britânicos, italianos, alemães, espanhóis, russos e portugueses se constituíram em mais de 80% do total. De maneira geral, eles se dirigiram para países novos como os EUA, que recebeu aproximadamente 33 milhões de imigrantes, a Argentina (6,4 milhões), o Canadá (5,2 milhões), o Brasil (4,4 milhões) e a Austrália (3 milhões). Juntaram-se a estes fluxos aqueles formados por europeus que se dirigiram para as colônias. Um pouco mais tarde o fluxo aumentou por conta dos asiáticos. Primeiramente os chineses e depois os japoneses imigraram para as terras do Novo Mundo. Por volta de 1880, a América do Norte recebeu cerca de meio milhão de asiáticos. O fluxo se modificou no período entre-guerras. Sua principal característica foi a diminuição numérica dos imigrantes, não só pelo alívio das pressões demográficas na Europa, como também pelas conseqüências da Primeira Guerra Mundial. Também contribuiu de forma decisiva a adoção, por parte da maioria dos países tradicionalmente receptores, de leis que Colégio Dinâmico R.T37, 2693 Setor Bueno Goiânia Goiás (62) 4009-7828 www.colegiodinamico.com.br 3

restringiam a imigração, especialmente para aqueles que se dirigiam para os EUA. Por fim, a crise econômica desencadeada em 1929, contribui de forma significativa para a redução dos fluxos migratórios. Os fluxos migratórios da segunda fase (1945/70) Depois da Segunda Guerra, os fluxos migratórios mudaram radicalmente. A Europa com o fim do conflito, precisava promover sua reconstrução e, para isso, era necessário um tipo de mão-de-obra não-qualificada para desenvolver determinadas ocupações que um europeu médio não estava mais disposto a exercer. O continente europeu deixava de ser uma área essencialmente repulsora de população. A Europa recebeu nessa época cerca de 13 milhões de imigrantes. Os principais países receptores foram a ex- Alemanha Ocidental, a França, a Grã Bretanha, a Bélgica, a Suíça e a Holanda. Á guisa de comparação, no mesmo período, os EUA receberam quase 3 milhões de imigrantes a menos. A origem dos imigrantes também mudou. O Terceiro Mundo forneceu a maior parte dessas dos imigrantes. As razões de saída dos imigrantes estiveram ligadas, entre outros motivos, à pressão demográfica que esses países passaram a sofrer. A bacia do Mediterrâneo forneceu aproximadamente 8 milhões de imigrantes (magrebinos, turcos, iugoslavos) e, ainda que a imigração de italianos e espanhóis para países e regiões mais desenvolvidas da própria Europa tenha diminuído sensivelmente nos anos 1960, os movimentos migratórios que tinham como origem Portugal se prolongaram pela década seguinte..os outros fluxos em direção ao continente europeu vieram da África. Já os imigrantes que se dirigiram aos EUA tinham como origem o Caribe, o México, a América do Sul e Central, além daqueles originários dos países do Oriente Médio, sul e sudeste asiáticos.. Os fluxos migratórios da dos últimos trinta anos Por volta do meio da década de 1970, os fluxos migratórios denominados por alguns como migrações de trabalho diminuíram sensivelmente ou simplesmente estancaram em razão da crise econômica e do aumento do desemprego. A imigração clandestina passou a ser o componente maior das migrações que se dirigiam para a Europa e para os EUA. Em função do fechamento das destinações tradicionais, a imigração passou a se dirigir para países como a Itália, Espanha, Portugal e Grécia, aproveitando a entrada desses três últimos na Comunidade Européia. Esses países passaram a ter a função de escala temporária em direção aos países tradicionais de acolhimento como a Alemanha e França. Por outro lado, os choques do petróleo tiveram como efeito diversificar os fluxos, já que a decolagem econômica dos países produtores, como alguns do Golfo Pérsico, a Líbia, a Nigéria e Venezuela passaram a atrair imigrantes. Essa não foi uma migração durável e nem familiar já que em função de conjunturas econômicas desfavoráveis, muitos desses imigrantes foram obrigados a voltar a seus países de origem. Foi o que aconteceu, por exemplo, com os imigrantes de Gana expulsos da Nigéria ou os da Tunísia que tiveram que deixar a Líbia. Cerca de 7 milhões de pessoas se dirigiram para países da região do Golfo Pérsico, sobretudo originários de países próximos dos produtores de petróleo, mas também da Ásia de Sul e Sudeste ( filipinos, indianos e paquistaneses). Atualmente, maioria dos imigrantes continua a se dirigir preferencialmente para os EUA e Europa. Em contrapartida, os países onde se originam os fluxos de saída são muito diversos. Um dos aspectos mais importantes dos recentes movimentos migratórios refere-se à composição da imigração. As leis restritivas, paradoxalmente, favoreceram a vinda legal de membros das famílias dos imigrantes já estabelecidos (mulheres e crianças) em detrimento de homens adultos que, por sua vez passaram a trilhar cada vez mais o caminho da imigração ilegal. Nas últimas décadas do século XX, a imigração familiar correspondeu a 55% dos imigrantes entrados na Suíça, 70% na França e 90% na Bélgica. A acolhida de refugiados fez seu número aumentar em função da multiplicação dos conflitos regionais. No total, os EUA acolheram 5,8 milhões de pessoas entre 1980 e 1990 e, sem dúvida, quase esse mesmo número somente entre 1990/95. As leis norte-americanas de 1980 e 1986 tentaram regularizar cerca de 4 milhões de imigrantes clandestinos. As quotas, revisadas periodicamente, são fixadas e privilegiam a chegada de mão-de-obra qualificada e diplomada. As admissões passaram a ser bastante seletivas e o imigrante do Terceiro Mundo pobre, sem formação e que não fala a língua do país que o acolhe, praticamente não tem chance de ser aceito. Dependendo do caso, o acolhimento só é possível para refugiados políticos, cuja importância numérica é cada vez maior. Novos fluxos migratórios Colégio Dinâmico R.T37, 2693 Setor Bueno Goiânia Goiás (62) 4009-7828 www.colegiodinamico.com.br 4

Segundo a ONU, em 1995, havia entre 120 e 130 milhões de pessoas vivendo fora de seu país, não sendo contados aí aqueles indivíduos classificados como refugiados. A última década do século XX conheceu uma diversificação das destinações. Os países mediterrâneos componentes da União Européia passaram à condição de terra de acolhimento de imigrantes. Ao mesmo tempo, os fluxos migratórios se acentuaram na Ásia de sudeste e leste. Novos fluxos migratórios ligados à abertura das fronteiras da Europa de Leste e da antiga URSS passaram a se dirigir especialmente para a Alemanha. Antes da queda do Muro de Berlim em 1989, existiam vivendo no Leste Europeu e Rússia, cerca de 4 milhões de alemães; desses, mais ou menos metade retornou ao solo da Alemanha unificada. A Alemanha também acolheu aproximadamente 1 milhão de refugiados das guerras que se verificaram no território da antiga Iugoslávia, fato que reforçou ainda mais a condição de principal país de acolhimento de imigrantes no continente europeu. Hoje, em território alemão, existem cerca de 6,5 milhões de estrangeiros, cerca de 1/3 do total de imigrantes acolhidos por todos os 15 membros da União Européia. Os fluxos migratórios ocasionados pelo fim do bloco comunista são ainda mal conhecidos, visto que o campo migratório continua aberto e amplo. Deve-se lembrar também que cerca de 1 milhão de judeus deixou a Rússia e dirigiu principalmente para Israel. As autoridades russas estimam que as trocas de população entre a Rússia e as ex-repúblicas que compunham a URSS envolveram no mínimo 10 milhões de pessoas. Fora isso, não se deve esquecer que existe algo em torno de 15 milhões de russos vivendo nas ex-repúblicas soviéticas. Entre 1991 e 2000, os fluxos migratórios mundiais em direção à Europa norte-ocidental devem ter sido da ordem de 15 milhões de pessoas, sendo que metade delas vindas do antigo bloco soviético e, o restante, originários do Magreb, África em geral e Ásia. Colégio Dinâmico R.T37, 2693 Setor Bueno Goiânia Goiás (62) 4009-7828 www.colegiodinamico.com.br 5