Proposta de Regulamento Europeu (ECSB) e RJFC. Diogo Pereira Duarte

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Transcrição:

Proposta de Regulamento Europeu (ECSB) e RJFC Diogo Pereira Duarte

Primeiras considerações sobre a articulação entre o ECSB e o RJFC

noção Método de financiamento através da Internet (plataforma de crowdfunding); Onde se divulga ( pitch ) uma campanha (oferta) dirigida a uma comunidade em rede ( crowd ) com o objetivo de obter fundos para um projeto; Pelo qual os financiadores (backers) enviarão, aceitando o oferta, fundos para os anunciantes (project owners) entidades financiadas; Por uma/ou várias das seguintes modalidades: donativos; recompensa; capital; empréstimo

crowdfunding no ECSB serviço de facilitar a concessão de empréstimos e a receção e transmissão de ordens ou a colocação de instrumentos financeiros sem tomada firme (1 e 7 da secção A do anexo I da DMIF II), prestados por uma plataforma de crowdfunding e desde que a oferta relacionada não exceda 1.000.000 A plataforma de crowdfunding é um sistema de informação eletrónica onde são prestados serviços para angariação de capital ou obtenção de crédito e tornar as ofertas disponíveis para os investidores Uma oferta significa uma comunicação aos investidores destinada a permitir aos investidor sobre os benefícios de estabelecer uma transação relativa a um projeto de crowdfunding. Um investidor será qualquer pessoa que adquire valores mobiliários (transferable security), ou que concede um empréstimo através de uma plataforma de crowdfunding

ECSB: exceção à intermediação financeira Nova categoria de intermediários autorizados pela ESMA: CSP Não podem estar autorizados ao abrigo da DMIF II e a DMIF II não se lhes aplica, embora exerçam atividades que qualificam como serviços e atividades de investimento (receção e transmissão de ordens e colocação de instrumentos financeiros)

Definição do RJFC financiamento colaborativo é o tipo de financiamento de entidades, ou das suas atividades e projetos, através de plataformas eletrónicas acessíveis através da internet, a partir das quais procedem à angariação de parcelas de investimento provenientes de um ou vários investidores individuais Capital: a entidade financiada remunera o financiamento através de uma participação no capital social, distribuição de dividendos ou partilha de lucros Por empréstimo: a entidade financiada remunera o financiamento através do pagamento de juros fixados no momento da angariação

RJFC: sem exceção à intermediação financeira? A emissão de instrumentos financeiros depende de intermediação (artigo 10º RJFC) A intermediação financeira depende de habilitação legal (artigo 15º Regulamento) As plataformas poderão ser agentes vinculados de intermediário financeiro

CAMPANHA DE CROWDFUNDING

limites às ofertas ECSB Limite de 1.000.000. Montantes superiores supõem intermediação financeira Não se impede a combinação de meios de financiamento RJFC: A oferta está sujeita a um limite máximo de angariação (18º/1) e apenas pode ser disponibilizada numa plataforma de financiamento colaborativo (18º/3); O limite máximo agregado de angariação é de 1.000.000 ou 5.000.000 (se dirigidas exclusivamente a pessoas referidas nas als. a) e b) do n.º 2 do artigo 12º Regulamento; Não se impede a combinação de meios de financiamento

deveres de informação ECSB: KIIS Proibição de campanhas publicitárias para os CSP RJIC: Dever de elaborar IFIFC (artigo 16º Regulamento) Deveres especiais em menções publicitárias (artigo 18º)

PROTEÇÃO DOS INVESTIDORES

teste de adequação ECSB: Entry knowledge test Acesso progressivo

limites ao investimento RJFC: Existem limites ao investimento: a) 3.000,00 por oferta; b) 10.000,00 no total dos investimentos através de financiamento colaborativo no período de 12 meses. O cumprimento do último dos limites verifica-se por declaração no IFIC

proteção de investidores Não estão sujeitos a limites os investimentos feitos por (12º Regulamento): a) Pessoas coletivas; b) Pessoas singulares com rendimento anual superior a 70.000; c) Investidores qualificados. A verificação faz-se por declaração anexa ao IFIFC (artigo 12º/ 4 do Regulamento).

PRESTADORES DE SERVIÇOS DE CROWDFUNDING

âmbito dos serviços de crowdfunding ECSB Podem receber transmitir ordens e colocar instrumentos financeiros (sem tomada firme) e facilitar empréstimos Podem exercer discricionariedade relativamente parâmetros das ordens dos clientes Podem prestar serviços de custodia, nos termos da lei aplicável, incluindo por terceiro Podem estabelecer canais de comunicação para favorecer mercado secundário Podem prestar serviços de pagamento se autorizados como instituição de pagamento Tem de disponibilizar o KIIS e fiscalizar a sua conformidade legal Não podem prestar consultoria para investimento Os CSP não podem ter participação financeira em ofertas de crowdfunding na sua plataforma

âmbito dos serviços de crowdfunding RJICSF A intermediação financeira depende de habilitação legal (artigo 15º Regulamento). As plataformas poderão ser agentes vinculados de intermediário financeiro. Receção de fundos e transferência é atividade reservada a instituição de serviços de pagamentos, que deve ser autorizada e registada no BdP, por força do art. 4 do DL 317/2009, de 30 de outubro (artigo 20º Regulamento); As plataformas podem ser agentes de instituições de pagamentos e de instituições de moeda eletrónica (artigo 18º DL 317/2009) do referido diploma

âmbito dos serviços de crowdfunding as plataformas não podem fornecer aconselhamento ou recomendações quanto ao investimento (artigo 5º/ 2); não podem gerir fundos de investimento ou deter valores mobiliários e deter fundos ou instrumentos financeiros dos clientes (artigo 5º/ 2 e 21º/3); Têm de disponibilizar o IFIFC

ECSB e RJFC: acesso à atividade /medidas organizativas Medidas exigentes sobre acesso e organização da atividade, das quais avultam as relativas as conflitos de interesses

CONCLUSÃO

Obrigado! diogoduarte@fd.ul.pt Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa fb.me/inovacaofinanceira