A C Ó R D Ã O (3ª Turma) GMMGD/af/ed/lbp AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À LEI 13.467/2017. EXECUÇÃO. PENHORA DE VAGA DE GARAGEM. MATRÍCULA PRÓPRIA NO REGISTRO DE IMÓVEIS. EXAME DA LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL. ÓBICE DO ART. 896, 2º, DA CLT C/C SÚMULA 266 DO TST. Tratando-se de recurso de revista, este estreito veículo só tem pertinência nas estritas hipóteses jurídicas do art. 896, a, b e c, da CLT (conhecimento, observado o seu 9º), respeitados os limites ainda mais rigorosos do 2º do citado artigo (execução de sentença). Nesse quadro lógico de veiculação necessariamente restrita do recurso de revista, não há como realizar seu destrancamento, pelo agravo de instrumento, se não ficou demonstrada inequívoca violação direta à CF. É que, na lide em apreço, a revisão do julgado sob perspectiva diversa depende da interpretação da legislação infraconstitucional. Óbice da Súmula 266 do TST. De todo modo, a jurisprudência desta Corte é pacífica no sentido de que a vaga de garagem que possua matrícula própria no Cartório de Registro de Imóveis, ainda que referenciada a apartamento específico, não constitui bem de família, mesmo que o apartamento tenha esse caráter, podendo, assim, ser penhorada. Nessa linha, a Súmula 449 do STJ. Agravo de instrumento desprovido. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento em Recurso de Revista n TST-AIRR-1530-43.2011.5.02.0076, em que é Agravante MARIA LÚCIA GATTI WEIGAND e são Agravados ARLITO ALVES
fls.2 PEREIRA FILHO, OAK TREE TRANSPORTES URBANOS LTDA. e LUIS ARTHUR GATTI WEIGAND. O Tribunal Regional do Trabalho de origem denegou seguimento ao recurso de revista da Executada. Inconformada, a Parte interpõe o presente agravo de instrumento, sustentando que o seu apelo reunia condições de admissibilidade. Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho, nos termos do art. 83, 2º, do RITST. EXECUÇÃO. LEI 13.467/2017. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À PROCESSO ELETRÔNICO. É o relatório. V O T O Tratando-se de recurso interposto em processo iniciado anteriormente à vigência das alterações promovidas pela Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017, e considerando que as relações jurídicas materiais e processuais produziram amplos efeitos sob a normatividade anterior, as matérias serão analisadas com observância das normas então vigorantes, em respeito ao princípio da segurança jurídica, assegurando-se a estabilidade das relações já consolidadas (arts. 5º, XXXVI, CF; 6º da LINDB; 912 da CLT; e 14 do CPC/2015). I) CONHECIMENTO apelo. Atendidos todos os pressupostos recursais, CONHEÇO do
fls.3 II) MÉRITO PENHORA DE VAGA DE GARAGEM. MATRÍCULA PRÓPRIA NO REGISTRO DE IMÓVEIS. EXAME DA LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL. ÓBICE DO ART. 896, 2º, DA CLT C/C SÚMULA 266 DO TST O Tribunal Regional assim decidiu: 2. Mérito Insurge-se a agravante contra a decisão de f.l 467, que manteve a constrição dos imóveis de matrícula n 47047 e 47048 do 13 Cartório de Registro de Imóveis de São Paulo, sustenttado que o artigo 1331 do Código Civil condiciona a possibilidade de alienação das vagas à autorização expressa da convenção de condomínio, o que não ocorre na situação em tela, eis que a convenção de condomínio do Edifício Green Flat veda a cessão das vagas de garagens a pessoas estranhas ao condomínio. Razão não assiste à agravante. A vaga de garagem de apartamento residencial, individualizada como unidade autônoma, com registro individual e matrícula própria, box de estacionamento, como objeto de circulação econômica, desligado do principal pode ser vendida, permutada ou cedida a outro condômino, saindo da propriedade de um para o outro, continuando útil à sua finalidade de uso, visto que não está sob o domínio da comunhão geral, mas identificado como unidade autônoma. In casu, verifica-se das certidões do 13 Cartório de Registro de Imóveis de São Paulo (fls. 339/342) que as Vagas de estacionamento em questão possuem matrícula própria, n 47047 e 47048, constituindo unidade autônoma em relação ao apartamento residencial. Portanto, resta inaplicável à espécie o disposto no artigo 1331 do Código Civil, assim como a convenção condominial. TRT: Sobre o tema, oportuna a transcrição dos seguintes julgados deste E. ''EMENTA: PENHORA VAGA DE GARAGEM. É perfeitamente possível a penhora da vaga de garagem que possua matrícula própria no registro de imóveis, pois se trata de propriedade independente do
fls.4 apartamento, nos. termos da Súmula n 449 do C. STJ. O fato do Regulamento Interno do Condomínio vedar a utilização da vaga de garage por pessoa estranha ao condomínio, de modo algum impede que tal bem seja penhorado e levado à hasta pública. Turma 6 Data de publioação 13/05/2015 Ementa do ACÓRDÃO N 20150377015 Juiz relator REGINA MARIA VASCONCELOS DUBUGRAS" "PENHORA. VAGA DE GARAGEM COM MATRICULA IMOBILIÁRIA PRÓPRIA. POSSIBILIDADE. Quando a vaga de garagem possui fração ideal do terreno, área e localização descrita em matricula própria distinta da unidade condominial, a permitir sua divisão física, constitui unidade autônoma, independente da unidade condominial, sendo, portanto, passível de alienação, e oneração, como lojas e salas em edifício coletivo, não constituindo acessório da unidade condominial, mas bem principal. Turma 17 Data de publicação 06/10/2015 Ementa do ACÓRDÃO N 20150879525 Juiz Relator ALVAROALVES NOGA" Mantenho, pois, a r. decisão hostilizada, por seus próprios fundamentos. (g.n) A Executada, em suas razões recursais, pugna pela reforma do acordão regional. Pauta seu apelo em violação dos arts. 1, III, 5, XXXVI e 6, da CF. Sem razão. Tratando-se de recurso de revista, este estreito veículo só tem pertinência nas estritas hipóteses jurídicas do art. 896, a, b e c, da CLT (conhecimento, observado o seu 9º), respeitados os limites ainda mais rigorosos do 2º do citado artigo (execução de sentença). Nesse quadro lógico de veiculação necessariamente restrita da revista, não há como realizar seu destrancamento, pelo agravo de instrumento, se não ficou demonstrada inequívoca violação direta à CF. É que, na lide em apreço, a revisão do julgado sob perspectiva diversa depende da interpretação da legislação infraconstitucional (art. 1331 do CCB), o que encontra óbice na Súmula 266 do TST.
fls.5 De qualquer forma, no que concerne à penhora de vagas de garagem, a jurisprudência desta Corte é pacífica no sentido de que a vaga de garagem que possua matrícula própria no Cartório de Registro de Imóveis, ainda que referenciada a apartamento específico, não constitui bem de família, mesmo que o apartamento tenha esse caráter. Pode, assim, ser penhorada. Nesse sentido, citem-se os seguintes julgados: AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. EXECUÇÃO. APELO INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI N.º 13.015/2014. VAGA DE GARAGEM COM MATRÍCULA PRÓPRIA NO REGISTRO DE IMÓVEIS. BEM DE FAMÍLIA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. PENHORA. POSSIBILIDADE. NÃO COMPROVAÇÃO DE VIOLAÇÃO DIRETA DE PRECEITO DE NATUREZA CONSTITUCIONAL. A jurisprudência desta Corte segue no sentido da possibilidade de penhora de vaga de garagem que possua matrícula própria, autônoma, no registro de imóveis, em relação ao bem de família. Agravo de Instrumento conhecido e não provido. ( AIRR - 209200-74.1994.5.02.0261, Relatora Ministra: Maria de Assis Calsing, Data de Julgamento: 16/11/2016, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 18/11/2016) AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA EM EXECUÇÃO. ILEGITIMIDADE DA PARTE. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. A interposição de recurso de revista a decisões proferidas em execução de sentença vincula-se à demonstração de violação direta e inequívoca de preceito da Constituição da República. Se a parte não aponta violação de dispositivo constitucional, pressuposto específico de recorribilidade na fase de execução, resulta carente de fundamentação o apelo, à míngua do seu correto enquadramento, nos termos do artigo 896, 2º, da CLT e da Súmula n.º 266 do. Agravo de instrumento não provido. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO. RECURSO DE REVISTA. PENHORA. BEM DE FAMÍLIA. INDIVISIBILIDADE. VAGA DE GARAGEM. MATRÍCULA PRÓPRIA NO REGISTRO DE IMÓVEIS. SÚMULA N.º 449 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. 1. Para os efeitos da impenhorabilidade de que trata a Lei n.º 8.009/1990, exige-se que o bem indicado à penhora seja o único imóvel utilizado pelo casal ou pela entidade familiar para moradia permanente. 2. Nos termos da Súmula n.º 449 do Superior Tribunal de Justiça, a impenhorabilidade do bem de família não alcança, no entanto, a vaga de garagem, quando possuir matrícula própria no registro de imóveis. Assim, basta - como ocorre nos autos - que a vaga de garagem possua tal característica para que se autorize a sua penhora, sem qualquer gravame do
fls.6 bem de família propriamente dito. 3. Agravo de instrumento não provido. (AIRR - 15081-07.2010.5.04.0000, Relator Ministro: Lelio Bentes Corrêa, Data de Julgamento: 20/05/2015, 1ª Turma, Data de Publicação: DEJT 22/05/2015) AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO. PENHORA. BEM DE FAMÍLIA. INDIVISIBILIDADE. VAGA DE GARAGEM. MATRÍCULA PRÓPRIA NO REGISTRO DE IMÓVEIS. SÚMULA N.º 449 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. 1. Para os efeitos da impenhorabilidade de que trata a Lei n.º 8.009/1990, exige-se que o bem indicado à penhora seja o único imóvel utilizado pelo casal ou pela entidade familiar para moradia permanente. 2. Nos termos da Súmula n.º 449 do Superior Tribunal de Justiça, a impenhorabilidade do bem de família não alcança, no entanto, a vaga de garagem, quando possuir matrícula própria no registro de imóveis. Assim, basta - como ocorre nos autos - que a vaga de garagem possua tal característica para que se autorize a sua penhora, sem qualquer gravame do bem de família propriamente dito. 3. Agravo não provido. (Ag-AIRR - 222600-12.1992.5.02.0008, Relator Desembargador Convocado: Marcelo Lamego Pertence, Data de Julgamento: 18/11/2015, 1ª Turma, Data de Publicação: DEJT 20/11/2015) Por tais fundamentos, mostra-se inviabilizado o processamento da revista, nos termos do 2º do art. 896 da CLT e da Súmula 266 do TST. instrumento. Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo de ISTO POSTO ACORDAM os Ministros da Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, negar provimento ao agravo de instrumento. Brasília, 28 de fevereiro de 2018. Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001) MAURICIO GODINHO DELGADO Ministro Relator