Direita admite mudanças na lei para criminalizar a má gestão Diário de noticias, por Hugo Filipe Coelho 17-10-11 Direita admite mudanças na lei para criminalizar a má gestão Dinheiro público. PSD e CDS estudam formas de clarificar a lei. JSD admite avançar com uma acção judicial contra José Sócrates Depois das palavras, a maioria vai passar aos actos. PSD e CDS admitem vir a aprovar alterações à lei para responsabilizar criminalmente os políticos que fizeram má gestão de dinheiros públicos. O calendário ainda não está definido, mas na maioria admite-se que as alterações legislativas avançarão em breve. A criminalização da gestão danosa e o reforço de poderes do Tribunal de Contas são hipóteses consideradas. O mote foi dado pelo primeiro-ministro no debate de sexta-feira sobre o Orçamento para 2012, quando prometeu apurar PPP por PPP, contrato por contrato, empresa a empresa, quem esteve na origem dos encargos insustentáveis para o Estado. 1
Precisamos de ir mais longe na responsabilização, não é político-partidária, é na responsabilização dos agentes que estão na origem de encargos extraordinários para a sociedade portuguesa, afirmou Passos Coelho. O deputado social-democrata Hugo Velosa disse ao DN que a responsabilização dos políticos está já na lei, mas que seria bom que fosse clarificada e que estivesse menos dispersa. Eu julgo que houve casos em que o Ministério Público podia ter avançado para a acusação e não o fez. O que penso que o PSD vai fazer é procurar clarificar o que está na lei, afirmou, notando que a própria ministra da Justiça deu alguns sinais nesse sentido. Do lado do CDS, o sinal foi dado no debate quando o líder da bancada, Nuno Magalhães, disse que os responsáveis pela divida não devem ficar impunes. Em declarações ao i, o líder da bancada afirmou ontem que todas as leis são aperfeiçoáveis. O debate jurídico foi aberto há precisamente um ano por Passos Coelho. Se dissermos que a despesa irá ser cem e ela for 300, aqueles que são culpados pelo resvalar dessa despesa têm de 2
ser civil e criminalmente responsáveis pelos seus actos e acções, afirmou o líder da oposição num jantar com militantes. Na altura, o PSD excluiu qualquer alteração legislativa e o assunto só agora voltou à agenda mediática, por causa do buraco escondido nas contas da Madeira e do impopular Orçamento para 2012 em que o Governo cortou os subsídios de férias e Natal aos funcionários públicos e pensionistas. Passos tinha prometido não deitar culpas no passado, mas nem ele nem o partido resistiram em culpar Sócrates pelo descalabro financeiro que obrigou aos sacrifícios. Duarte Marques anunciou que vai escrever uma carta ao procurador a pedir-lhe que investigue a responsabilidade financeira do anterior Governo. Hoje, o líder da JSD levará à discussão no conselho da Jota a hipótese de avançarem com uma acção judicial contra os ex-governantes. Ontem foi a vez de Luís Filipe Menezes culpar Vítor Constando pelo corte do subsídio de Natal, por não ter fiscalizado devidamente o BPN quando era presidente do Banco de Portugal. O autarca de Gaia criticou a má gestão do Metro do Porto, mas garantiu que é o único autarca que está de mãos lavadas. Os ministros e as empresas mais despesistas Finanças 3
Passos Coelho quer saber quem, como e porquê estiveram na origem de encargos insustentáveis. O CDS quer saber porque é que essas pessoas continuam impunes. A JSD pede ao PGR que accione meios para levar a julgamento os vários responsáveis pela situação a que o País chegou. Os alvos (não político-partidários) são os agentes que estão na origem de encargos extraordinários. Estes são os responsáveis políticos da última década. TEIXEIRA DOS SANTOS 2005 a 20110 Governo de Passos Coelho fala na herança de 8,3%, BAGÃO FÉLIX 2004 a 2005 Subida acentuada. Entrega ao Governo de Sócrates um défice de 5,9%. MANUELA FERREIRA LEITE 2002 a 2004 2,9% em 2002, 3% em 2003 e 3,4% em 2004. GUILHERME D OLIVEIRA MARTINS 2001 a 2002 Há um pico em 2001 de 4,3% que é travado em 2002. 4
PINA MOURA 1999 a 2001 Desceu em 1999 para 2,7% mas subiu para 2,9% e depois para 4,3%. SOUSA FRANCO 1995 a 1999 herança de 5% que baixou para os 2,7% entregues à Pina Moura. EDUARDO CATROGA 1993 a 1995 Recebe 7,5% que baixa para 5% no final mandato. BRAGA MACEDO 1991 a 1993 Em 1992 conseguiu um breve oásis de 4,4%. Em 1993 deixou 7,5%. 16 mil milhões de passivo As oito empresas públicas de transportes acumulam um passivo acima dos 16 mil milhões de euros. Soflusa e Transtejo, por exemplo, (com uma passivo de 192 milhões), têm uma oferta 200% superior à procura. O Metro de Lisboa tem a oferta 400% acima do necessário. A Carris só em juros paga 30 milhões de euros. Os STCP têm essa factura nos 29 milhões de euros. A EP lidera a crise nos transportes. CP COMBOIOS DE PORTUGAL 5
3796 milhões de euros é o valor do passivo da empresa. REFER 6000 milhões de euros de passivo e encargos com pessoal superior às receitas próprias. METRO PORTO 3435 milhões de euros de passivo e oferta 440% superior à procura. METRO LISBOA 1372 milhões de euros de passivo. Ministro da Economia defende fusão com Carris ESTRADAS DE PORTUGAL 20 700 milhões de euros é a dívida estimada em 2034 já descontando receitas de portagens. Diário de Notícias 2011-10-16 Publicado em 17 de Outubro de 2011 6