Passos Coelho 'entrega' partido a Jorge Moreira da Silva

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1 Passos Coelho 'entrega' partido a Jorge Moreira da Silva mudanças 0 novo homem forte do PSD foi conselheiro de Cavaco Silva, líder da JSD e esteve quase a entrar para o Governo, mas foi traído pela orgânica desenhada por Passos Coelho e Paulo Portas. José Luís Arnaut chefia a nova Comissão de Auditoria Financeira. Paulo Rangel marcou o dia ao exigir às grandes empresas que partilhem a austeridade. ATUAL PÁGS. 4 E 5

2 Paulo Rangel pressiona grandes empresas a partilharem austeridade Desafio. Ex- rival de Passos assumiu defesa do primeiro- - ministro, que tem sido acusado de proteger rendas da EDP e poupar cortes em algumas empresas do sector público PAULA SÂ e HUGO FILIPE COELHO Paulo Rangel assumiu ontem a despesa da defesa do Governo e do primeiro-ministro e lançou um repto aos grandes grupos económicos para que não passem ao lado do esforço que o País está a fazer. Num momento em que Passos Coelho sofre o desgaste da demissão do secretário de Estado da Energia e está debaixo do fogo da oposição por, alegadamente, proteger as rendas da EDP e os salários de alguns empresas, o seu ex-rival apelou às empresas, abanca e às autarquias para que se "associem num pacto nacional para pôr Portugal na rota do crescimento". Em horário nobre, pouco depois de se saber que continua a liderar a lista oficial ao Conselho Nacional, Rangel subiu à tribuna para assegurar que "não há cidadão nem entidade pública que não esteja a fazer sacrifícios". O eurodeputado empolgou o congresso com um ataque acérrimo ao descalabro da governação socialista, que exemplificou com o caso da Parque Escolar e com a insistência do TGV. "Não é preciso olhar para o passado para encontrar a culpa do PS, basta olhar para o presente." A guerra política com o PS entrou ontem portas adentro do Congresso do PSD. Seguro não deixou passar em claro a omissão de Passos Coelho no primeiro dia de Congresso sobre os desempregados e os mais desfavorecidos. No encerramento da Convenção Autárquica do PS em Braga, o líder socialista repetiu a acusação de que Passos é o primeiro-ministro com "maior insensibilidade social da história democrática" e insistiu que não vai apoiar a reforma autárquica. As palavras fizeram ricochete no Pavilhão Atlântico. Depois de anunciar os novos nomes para o partido, Passos fez uma curta e inesperada intervenção para rejeitar categoricamente a ideia de que está a proteger sectores mais favorecidos da sociedade. "Temos protegido os mais vulneráveis e os que têm menos recursos. É falso que as medidas adotadas este ano nos cortes salariais da função pública não se apliquem a toda a administração pública." Depois devolveu a crítica e explicou que o regime de exceção para algumas empresas vem dos que agora "nos criticam", ou seja, do Governo de José Sócrates. O ataque mais feroz à herança socialista veio de um antigo líder do partido. Luís Filipe Menezes deixou um apelo a Passos: "Nos próximos anos não cale a sua voz a denunciar o descalabro socialista." O provável candidato laranja à Câmara do Porto levantou o Congresso quando se dirigiu aos autarcas: "Nos quinze anos em que o partido esteve na mó de baixo, foram os autarcas que o aguentaram." E deixou um aviso ao líder: "Talvez daqui a um ano lhe vá roubar um secretário de Estado para esta causa", referindo-se a Marco António Costa e à sua sucessão na Câmara de Gaia. A contestação temida por parte dos autarcas descontentes com a reforma do poder local foi muito mais branda do que o esperado. Resultado do trabalho de bastidores de Miguel Relvas, que na sexta-feira jantou com os delegados autarcas e ontem reuniu o seu secretário de Estado do Poder Local, Paulo Júlio, com o presidente da Associação de Freguesias. Quando o líder dos autarcas laranja subiu à tribuna, foi para pedir que a proposta da agregação de freguesias seja "atenuada".

3 Passos entrega partido a Jorge Moreira da Silva novidades Renovação na comissão permanente prepara o partido para as eleições autárquicas. Poucas mudanças e um regresso. Arnaut assume a nova Comissão de Auditoria Os nomes estiveram em segredo até à última hora e os convites decorreram nos bastidores do segundo dia de congresso. Jápassava das sete quando Pedro Passos Coelho anunciou que o homem forte do partido passa a ser Jorge Moreira da Silva, agora primeiro vice-presidente. O líder laranja delega neste ex-conselheiro de Cavaco Silva, que esteve até ao fim para ir para o Governo com uma pasta ministerial, a condução do partido enquanto ele estiver concentrado na governação e a missão espinhosa de organizar o PSD para as próximas eleições nos Açores e nas autarquias. Jorge Moreira da Silva fica ao comando de uma Comissão Permanente renovada. Pedro Pinto, autarca e antigo companheiro de Passos na JSD, e Teresa Leal Coelho, sua mandatária nacional nas diretas e figura de peso nabancadaparlamentar, entram para os lugares da ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, e do economista Diogo Leite Campos. Dos anteriores vice-presidentes resistem Nilza Sena, Manuel Rodrigues e Marco António Costa, apesar de este último desempenhar funções governativas como secretário de Estado da Segurança Social. Pedro Passos Coelho decidiu também manter na secretaria geral do partido - o cargo que deu a Miguel Relvas quando chegou liderança do partido - o discreto José Matos Rosa. A lista para o Conselho Nacional apoiada por Passos foi novamente encabeçada por Paulo Rangel e feita em parceria com o eurodeputado que há dois anos era visto como o sucessor de Manuela Ferreira Leite. A ala barrosista também acabou por ficar representada num novo órgão. José Luís Arnaut, braço direito do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, regressa para presidir à Comissão Nacional de Auditoria Financeira. Pedro Passos Coelho anunciou também que vai propor que Fernando Ruas continue àfrente damesa do Congresso. H.F.c.eP.S. Graça Carvalho lidera movimento de mulheres do PSD MUDANÇAS Maria da Graça Carvalho lidera um movimento informal de mulheres sociais -democratas que se bate pela introdução de quotas no partido. E que neste congresso tentaram pressionar a liderança a abrir os órgãos dirigentes a mais mulheres. "Sabemos que este não é um combate de um congresso, mas de todos os dias", admitiu ao DN a antiga ministra da Educação do Governo de Durão Barroso. A eurodeputada social-democrata diz que Pedro Passos Coelho se mostrou sensível à necessidade de uma maior participação das mulheres na vida do partido, "mas tem sido difícil passar do apoio à prática". Apesar de tudo, refere, "já temos uma presidente da Assembleia da República". A distrital de Lisboa do PSD, liderada por Nuno Pinto Luz, foi das primeiras a acolher a proposta das quotas na sua proposta de alteração de Estatutos, mas a proposta acabou por não ir a votos. Maria da Graça Carvalho cita os números do partido para exemplificar o parco número de mulheres em órgãos nacionais do PSD: de 55 membros eleitos para o Conselho Nacional, só um era mulher; na Comissão Política Permanente também só existiam duas mulheres das 18 distritais, também só uma é liderada por uma social- - democrata, a de Santarém, por Isaura Morais. H.F.Ce RS.

4 A AFIGURA At M Alberto João jardim Na véspera, Passos Coelho tinha ensaiado uma tirada de ironia com o presidente do Governo Regional da Madeira. Ontem, acabado de chegar do almoço, Alberto João Jardim subiu à tribuna para um discurso aceso. Defendeu a sua obra na Madeira, apesar do descalabro das finanças. Criticou os que pensam que só com medidas financeiras podem transformar o País. Mas acabou com um apelo à unidade do partido: críticas à parte, este é o momento para sermos "um por todos e todos por um". O MOMENTO Votação dos estatutos Levados pelo entusiasmo da JSD, os delegados aprovaram uma proposta de revisão dos estatutos que revolucionava o método de eleição dos órgãos dirigentes nacionais. Sem se aperceberem, passaram por cima da proposta de Passos Coelho, que se levantou com ar de enfado para os chamar à razão. A votação foi repetida, mas o episódio trouxe à memória a aprovação da "lei da rolha" de Santana Lopes. Há dois anos, o PSD também se levantou para aprovar uma norma que proibia críticas ao líder em vésperas de eleições. PA FRASE LUÍS FILIPE MENEZES "O primeiro-ministro Cavaco Silva é hoje Presidente da República; o PM António Guterres, que falhou, é presidente de uma instituição das Nações Unidas; Barroso cumpriu o seu dever e é presidente da Comissão Europeia; o engenheiro Sócrates é estudante em Paris. Pelo menos na Sorbonne não se fazem exames ao domingo" Um ataque violento ao legado socialista. Menezes não esquece o ex-primeiro- -ministro e recupera a suspeita no caso da licenciatura da Universidade Independente

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