INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENTOMOLOGIA



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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENTOMOLOGIA CARACTERIZAÇÃO DE OVOS E LARVAS DE ESPÉCIES DE ANASTREPHA (DIPTERA: TEPHRITIDAE) UTILIZANDO ANÁLISES MORFOLÓGICAS E MOLECULARES VIVIAN DE SIQUEIRA DUTRA Manaus - Amazonas Janeiro - 2012

ii VIVIAN DE SIQUEIRA DUTRA CARACTERIZAÇÃO DE OVOS E LARVAS DE ESPÉCIES DE ANASTREPHA (DIPTERA: TEPHRITIDAE) UTILIZANDO ANÁLISES MORFOLÓGICAS E MOLECULARES ORIENTADORA: DRA. BEATRIZ RONCHI TELES CO-ORIENTADORA: DRA. JANISETE GOMES DA SILVA MILLER Tese apresentada ao Programa de Pós Graduação em Entomologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor em Ciências Biológicas (Entomologia). Manaus - Amazonas Janeiro - 2012

iii BANCA EXAMINADORA Dr. Aldo Malavasi Biofábrica Moscamed Brasil, Juazeiro, Bahia Dr. Elton Lucio de Araujo Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Mossoró, Rio Grande do Norte Dra. Iara Sordi Joachim Bravo Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia Dra. Keiko Uramoto Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, São Paulo Dr. Marco Antonio Costa Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, Bahia Dr. Miguel Francisco de Souza Filho Instituto Biológico, Campinas, São Paulo Dr. Roberto Antonio Zucchi Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, São Paulo

iv D978 Dutra, Vivian de Siqueira Caracterização de ovos e larvas de espécies de Anastrepha (Diptera: Tephritidae) utilizando análises morfológicas e moleculares / Vivian de Siqueira Dutra. --- Manaus : [s.n.], 2011. xvi, 157 f. : il. Tese (doutorado) --- INPA, Manaus, 2012 Orientador : Beatriz Rochi Teles Co-orientador : Janisete Gomes da Silva Área de concentração : Entomologia 1. Moscas-das-frutas. 2. PCR-RFLP (marcador molecular). 3. Ovos. 4. Larvas. 5. Morfologia. I. Título. CDD 19. ed. 595.770415 Sinopse: Este estudo descreve ovos e larvas de espécies de Anastrepha (Diptera: Tephritidae), ampliando o conhecimento sobre esses estágios de vida. Também utilizou a análise molecular para auxiliar na correta identificação de larvas associando-as com adultos de sua respectiva espécie. Como informações adicionais foram registradas novas interações entre espécies de Anastrepha, hospedeiros e parasitoides. Palavras-chave: Entomologia Agrícola, moscas-das-frutas, imaturos, PCR-RFLP

v Faça do Senhor a sua grande alegria e Ele dará a você os desejos do seu coração. Deixe nas mãos do Senhor tudo o que você for fazer. Confie Nele de todo o coração e Ele fará o que for necessário. Salmos 37: 4-5

vi AGRADECIMENTOS A Deus, Senhor de minha vida e meu melhor amigo por tantas bênçãos e por mais uma oportunidade de crescimento. Ao INPA pela infraestrutura. Aos doutores do Programa de Pós Graduação em Entomologia pelo aprendizado. Ao CNPq pela concessão da bolsa de doutorado e financiamento do projeto. As minhas orientadoras Dra. Beatriz Ronchi Teles e Dra. Janisete Gomes da Silva Miller pelo incentivo, confiança e amizade. Ao Dr. Elton Araujo e Dra. Keiko Uramoto pelos exemplares doados. À Dra. Neusa Hamada pela disponibilidade do Laboratório de Citotaxonomia e Insetos Aquáticos - INPA. Aos membros da banca examinadora Dr. Aldo Malavasi, Dr. Elton Lucio de Araujo, Dra. Iara Sordi Joachim Bravo, Dra. Keiko Uramoto, Dr. Marco Antonio Costa, Dr. Miguel Francisco de Souza Filho e Dr. Roberto Antonio Zucchi pelas sugestões e comentários para o enriquecimento do trabalho. Ao meu marido Weber Novaes, companheiro e amigo em todos os momentos. Aos meus pais Ismael e Daize Dutra, minha irmã Vanessa Dutra, meu cunhado Marco Aurélio e minha sobrinha Ana Júlia pelo apoio e torcida à distância. Também a toda minha família, tios, tias, primos, sogros e cunhado pelo apoio. Aos meus amigos Danielle e Rafael Tonon, Taciane Almeida, Walter Santos, Lisiane Dilli, Claudemir Campos, Ana Pes, Vanderly Souza, Jamile Moraes, Thiago Onari, Renata e Felipe Gomes pelas conversas, sugestões e risadas quando eu mais precisava. Aos amigos que ajudaram nas coletas de material Mírian Santos, Marcos Vinicuis Garcia, Tatiana Senra, José Nilton Costa, Claudemir Campos, Ulisses Neiss, Ana Claúdia Araújo e Felipe Gomes. As amigas de laboratório Aline Mesquita, Lucivânia Amaral, Renata Bastos, Taciane Almeida e Vanderly Souza. Aos amigos dos Laboratórios de Citotaxonomia e Insetos Aquáticos (INPA) e de Genética e Biologia Molecular da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), em especial Kátia Lima. A Lenir Mota pelo apoio e amizade construída. Por fim, a todos que torceram por mim.

vii RESUMO A identificação de espécies de Anastrepha Schiner (Diptera: Tephritidae) é baseada principalmente nas características do acúleo das fêmeas. No entanto, estágios imaturos são comumente interceptados em frutos nas barreiras quarentenárias. Assim, a identificação desse gênero através das larvas é altamente desejável. Este estudo teve por objetivo ampliar os conhecimentos sobre os estágios imaturos de espécies de Anastrepha por meio da caracterização morfológica e molecular. A morfologia dos ovos de 11 espécies e das larvas de oito espécies de Anastrepha foi descrita detalhadamente pela primeira vez. Caracteres diagnósticos para diferenciar os ovos das onze espécies incluem ornamentação do córion; presença ou ausência das aerópilas; posição da micrópila; formato da borda ao redor da micrópila e presença ou ausência de apêndice respiratório. Os ovos de Anastrepha montei Lima e Anastrepha curitis Stone possuem uma camada de superfície porosa no pólo anterior provavelmente utilizada para respiração. Tal caractere não havia sido relatado anteriormente para ovos de tefritídeos. Caracteres diagnósticos para diferenciar as larvas das oito espécies estudadas incluem presença ou ausência de espinhos dorsais nos segmentos torácicos e abdominais, número de espinhos ventrais nos segmentos torácicos e abdominais, formato do lóbulo anal, número de cerdas no espiráculo posterior e algumas características do esqueleto céfalo-faríngeo como comprimento total, tamanho e formato da mandíbula. Para a caracterização molecular foi utilizada a técnica da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) associada ao Polimorfismo do Comprimento dos Fragmentos de Restrição (RFLP). Foram analisadas duas regiões do DNA mitocondrial (COI e 16S) e uma do DNA nuclear (ITS1) para 13 espécies de Anastrepha com seis enzimas de restrição. Os melhores resultados para diferenciação das espécies foram obtidos com os fragmentos 16S e ITS1 para Anastrepha atrigona Hendel, A. curitis, Anastrepha manihoti Lima, Anastrepha pulchra Stone, Anastrepha striata Schiner, Anastrepha sororcula Zucchi e Anastrepha zenildae Zucchi. Novas associações de moscas-das-frutas com hospedeiros e parasitoides foram registrados. Palavras-chave: moscas-das-frutas, imaturos, ornamentação do córion, espiráculo posterior, PCR-RFLP.

viii ABSTRACT The identification of species of Anastrepha Schiner (Diptera: Tephritidae) is based on the shape of the female s aculeus. However, it is the immature stages that are commonly intercepted at ports of entry. Thus, the correct identification of immature stages is highly desirable. This study aimed at contributing to the identification of the immature stages of Anastrepha species using a morphological and a molecular approach. The morphology of eggs of 11 species and larvae of eight species of Anastrepha was described in details for the first time. Diagnostic characters that can distinguish among the eggs of the 11 species include chorion ornamentation; location, presence or absence of aeropyles; location of the micropyle; pronounced rim of the chorion surrounding the micropyle and presence or absence of a respiratory appendage. The eggs of Anastrepha montei Lima e Anastrepha curitis Stone have a narrow patch of seemingly porous surface of the anterior pole. This character is reported for tephritid for the first time. Diagnostic characters that can distinguish among the larvae of the eight species studied include presence or absence of dorsal spinules on segments thoracic and abdominal, number of ventral spinules on the segments thoracic and abdominal, shape of the anal lobe, number of the posterior spiracular hairs and some characteristics of the cephalopharyngeal skeleton such as total length, size and shape of the mandible. PCR-RFLP (polymerase chain reaction associated to restriction fragment length polymorphism analysis) was used for the molecular characterization. Two regions of the mitocondrial DNA (COI and 16S) and one region of the nuclear DNA (ITS1) were screened using six restriction enzymes to screen 13 Anastrepha species. Interesting results to distinguish among species were obtained for the fragments 16S and ITS1 for Anastrepha atrigona Hendel, A. curitis, Anastrepha manihoti Lima, Anastrepha pulchra Stone, Anastrepha striata Schiner, Anastrepha sororcula Zucchi, and Anastrepha zenildae Zucchi. New associations of fruit flies with their hosts and parasitoids were reported for the first time. Key words: fruit flies, immature stage, chorion ornamentation, posterior spiracular, PCR- RFLP.

ix SUMÁRIO Lista de Tabelas... xxii Lista de Figuras... xivi Lista de Anexos... xvi Introdução Geral... 17 Objetivo Geral... 20 Objetivos Específicos... 20 Capítulo 1 Associação de espécies de Anastrepha (Diptera: Tephritidae) e seus parasitoides obtidos de hospedeiros nativos e introduzidos coletados em alguns municípios brasileiros Resumo... 22 Introdução... 22 Material e Métodos... 23 Coleta de adultos... 23 Identificação dos adultos... 23 Resultados... 24 Discussão... 25 Conclusões... 26 Agradecimentos... 26 Natural Host Plants and Native Parasitoids Associated with Anastrepha pulchra and Other Anastrepha Species (Diptera: Tephritidae) in Central Amazon, Brazil (nota científica)... 30 Resumo... 32 Host Plant of Anastrepha pulchra (Diptera: Tephritidae) in Central Amazon, Brazil - Mistaken Identity Resolved (nota científica)... 35 Resumo... 37 Capítulo 2 Egg Morphology of Anastrepha spp. (Diptera: Tephritidae) in the fraterculus Group Using Scanning Electron Microscopy Resumo... 39

x Introdução... 39 Material e Métodos... 39 Resultados... 41 Discussão... 45 Agradecimentos... 47 Description of Eggs of Anastrepha spp. (Diptera: Tephritidae) in the spatulata Group Using Scanning Electron Microscopy Resumo... 55 Introdução... 55 Material e Métodos... 56 Descrições... 57 Discussão... 59 Agradecimentos... 62 Description of Eggs of Anastrepha curitis and Anastrepha leptozona (Diptera: Tephritidae) Using SEM Resumo... 68 Introdução... 68 Material e Métodos... 69 Resultados... 69 Discussão... 71 Agradecimentos... 73 Capítulo 3 Description of Larvae of Anastrepha spp. (Diptera: Tephritidae) in the fraterculus Group Resumo... 78 Introdução... 78 Material e Métodos... 79 Resultados... 79 Discussão... 93 Agradecimentos... 95 Description of Third Instar Larvae of Five Anastrepha Species (Diptera: Tephritidae)

xi Resumo... 100 Introdução... 99 Material e Métodos... 101 Resultados... 102 Discussão... 117 Agradecimentos... 119 Capítulo 4 Associação de adultos e larvas de espécies de Anastrepha (Diptera: Tephritidae) utilizando a técnica de PCR-RFLP Resumo... 127 Introdução... 127 Material e Métodos... 129 Análises morfológicas... 129 Coleta de adultos... 129 Identificação dos adultos... 129 Análises moleculares... 130 Extração de DNA... 130 Reação em cadeia da polimerase (PCR)... 130 Reação de Purificação dos fragmentos amplificados... 131 Sequenciamento (COI)... 132 PCR-RFLP... 132 Mapas de restrição... 133 Análise dos resultados... 133 Resultados... 133 Discussão... 136 Conclusões... 138 Agradecimentos... 138 Síntese... 139 Referências Bibliográficas... 140

xii LISTA DE TABELAS Capítulo 1 Associação de espécies de Anastrepha (Diptera: Tephritidae) e seus parasitóides obtidos de hospedeiros nativos e introduzidos coletados em alguns municípios brasileiros Tabela 1. Famílias e espécies botânicas, peso, número de frutos, número de pupas, espécies de Anastrepha e Braconidae...26 Natural Host Plants and Native Parasitoids Associated with Anastrepha pulchra and other Anastrepha Species (Diptera: Tephritidae) in Central Amazon, Brazil (nota científica) Tabela 1. Espécies de Anastrepha e parasitoides coletados na Amazônia Central, Brasil...32 Capítulo 2 Egg morphology of Anastrepha spp. (Diptera: Tephritidae) in the fraterculus group using SEM Tabela 1. Diagnose dos ovos de seis espécies do grupo fraterculus analisadas neste estudo...49 Description of eggs of Anastrepha spp. (Diptera: Tephritidae) in the spatulata group using Scanning Electron Microscopy Tabela 1. Diagnose dos ovos de três espécies de Anastrepha do grupo spatulata analisadas neste estudo...63 Description of eggs of Anastrepha curitis and Anastrepha leptozona (Diptera: Tephritidae) using SEM Tabela 1. Diagnose dos ovos de Anastrepha curitis e Anastrepha leptozona analisadas neste estudo...74 Capítulo 3 Description of Third Instar Larvae of Five Anastrepha Species (Diptera: Tephritidae) Tabela 1. Diagnose de cinco espécies de larvas de Anastrepha analisadas neste estudo...120 Capítulo 4

xiii Associação de adultos e larvas de espécies de Anastrepha (Diptera: Tephritidae) utilizando a técnica de PCR-RFLP Tabela 1. Oligonucleotídeos iniciadores (primers) utilizados na amplificação via PCR...129 Tabela 2. Programas específicos para amplificação de cada par de oligonucleotídeos iniciadores (primers) para espécies de Anastrepha...130

xiv LISTA DE FIGURAS Capítulo 2 Egg morphology of Anastrepha spp. (Diptera: Tephritidae) in the fraterculus group using SEM Figura 1. Ovos de espécies de Anastrepha (pólo anterior à esquerda). (A) A. antunesi. (B) A. bahiensis. (C) A. coronilli. (D) A. distincta. (E) A. turpiniae. (F) A. zenildae...47 Figura 2. Vista com Microscopia Eletrônica de Varredura do ovo de A. antunesi...48 Figura 3. Vista com Microscopia Eletrônica de Varredura dos ovos de A. bahiensis...50 Figura 4. Vista com Microscopia Eletrônica de Varredura do ovo de A. coronilli...50 Figura 5. Vista com Microscopia Eletrônica de Varredura do ovo de A. distincta...51 Figura 6. Vista com Microscopia Eletrônica de Varredura dos ovos de A. turpiniae...52 Figura 7. Vista com Microscopia Eletrônica de Varredura dos ovos de A. zenildae...52 Description of eggs of Anastrepha spp. (Diptera: Tephritidae) in the spatulata group using Scanning Electron Microscopy Figura 1. Ovos de espécies de Anastrepha (pólo anterior à esquerda). (A) A. manihoti. (B) A. pickeli. (C) A. montei......62 Figura 2. Vista com MEV do ovo de A. manihoti...62 Figura 3. Vista com MEV do ovo de A. montei...64 Figura 4. Vista com MEV do ovo de A. pickeli...64 Figura 5. Vista com MEV da micrópila dos ovos de Anastrepha (pólo anterior à esquerda)...65 Description of eggs of Anastrepha curitis and Anastrepha leptozona (Diptera: Tephritidae) using SEM Figura 1. Ovos de espécies de Anastrepha (pólo anterior à esquerda). (A) A. curitis. (B) A. leptozona...73 Figura 2. Vista com MEV do ovo de A. curitis...73 Figura. 3. Vista com MEV do ovo de A. leptozona...75 Capítulo 3 Description of Larvae of Anastrepha spp. (Diptera: Tephritidae) in the fraterculus Group

xv Figura 1. Vista com Microscopia Eletrônica de Varredura (A, B e C) e microscopia ótica para larvas de terceiro instar (D à G) e segundo instar (H à J) de A. bahiensis...95 Figura 2. Vista com Microscopia Eletrônica de Varredura (A, B e C) e microscopia ótica para larvas de terceiro instar (D à G) e segundo instar (H à J) de A. coronilli...96 Figura 3. Vista com Microscopia Eletrônica de Varredura (A, B e C) e microscopia ótica para larvas de terceiro instar (D à G) e segundo instar (H à J) de A. turpiniae...97 Description of Third Instar Larvae of Five Anastrepha Species (Diptera: Tephritidae) Figura 1. Vista com Microscopia Eletrônica de Varredura (A à C) e microscopia ótica para larvas de terceiro instar (D à G) e segundo instar (H à J) de A. curitis...119 Figura 2. Vista com Microscopia Eletrônica de Varredura (A à C) e microscopia ótica para larvas de terceiro instar (D à G) de A. pickeli...121 Figura 3. Vista com Microscopia Eletrônica de Varredura (A à C) e microscopia ótica para larvas de terceiro instar (D à G) de A. pulchra...122 Figura 4. Vista com microscopia ótica para larvas de terceiro instar de A. sororcula...123 Figura 5. Vista com Microscopia Eletrônica de Varredura (B e C) e microscopia ótica para larvas de terceiro instar (A, D à G) de A. zenildae...124 Capítulo 4 Associação de adultos e larvas de espécies de Anastrepha (Diptera: Tephritidae) utilizando a técnica de PCR-RFLP Figura 1. Gel de agarose 2% com produtos de PCR do fragmento COI digerido pela enzima VspI...133 Figura 2. Gel de agarose 2% com produtos de PCR do fragmento 16S digerido pelas enzimas SspI, DraI e VspI...134 Figura 3. Gel de agarose 2% com produtos de PCR do fragmento ITS1 digerido pela enzima VspI...135

xvi LISTA DE ANEXOS Anexo 1. Comprovação da publicação da nota científica intitulada Natural Host Plants and Native Parasitoids Associated with Anastrepha pulchra and other Anastrepha Species (Diptera: Tephritidae) in Central Amazon, Brazil...150 Anexo 2. Comprovação da publicação da nota científica intitulada Host Plant of Anastrepha pulchra (Diptera: Tephritidae) in Central Amazon, Brazil - Mistaken Identity Resolved...152 Anexo 3. Comprovação da publicação do manuscrito intitulado Egg morphology of Anastrepha spp. (Diptera: Tephritidae) in the fraterculus group using SEM...154 Anexo 4. Comprovação da publicação do manuscrito intitulado Description of eggs of Anastrepha spp. (Diptera: Tephritidae) in the spatulata group using Scanning Electron Microscopy...155 Anexo 5. Comprovação de aceito do manuscrito intitulado Description of Larvae of Anastrepha spp. (Diptera: Tephritidae) in the fraterculus Group...156

17 INTRODUÇÃO GERAL A família Tephritidae pertence à ordem Diptera, subordem Brachycera, infraordem Muscomorpha (= Cyclorrhapha), série Schizophora, seção Acalyptratae e superfamíllia Tephritoidea (Norrbom 2004; Zucchi 2000; Hernández-Ortiz et al. 2010). A superfamília Tephritoidea reune as famílias Lonchaeidae, Ulidiidae (= Otitidae), Pallopteridae, Piophilidae, Platystomatidae, Pyrgotidae, Richardiidae e Tephritidae (Norrbom 2004; Hernández-Ortiz et al. 2010). A família Tephritidae abrange 4.448 espécies, distribuídas em 484 gêneros, sendo considerada uma das maiores famílias de Diptera (White e Elson-Harris 1992; Norrbom 2004), e sua maior diversidade de espécies é registrada nas regiões tropical e subtropical (Norrbom 2004). Dentre os diversos gêneros de tefritídeos, seis apresentam espécies que podem acarretar prejuízo econômico à fruticultura. Esses gêneros pertencem a duas subfamílias, Dacinae e Trypetinae. Na subfamília Dacinae, Tribo Ceratitidini está o gênero Ceratitis MacLeay, e na Tribo Dacini, os gêneros Bactrocera Macquart e Dacus Drew. Na subfamília Trypetinae, Tribo Carpomyini está o gênero Rhagoletis Loew, e na Tribo Toxotrypanini estão inseridos os gêneros Toxotrypana Gerstaecker e Anastrepha Schiner (Zucchi 2000; Norrbom 2000). O gênero Anastrepha possui mais de 250 espécies descritas (Norrbom e Korytkowski 2009, 2011; Norrbom e Uchôa 2011), apresentando ampla distribuição geográfica desde a América do Norte (Flórida, Texas e México), América Central (inclusive Ilhas do Caribe) e América do Sul (exceto Chile e sul da Argentina) (Malavasi et al. 2000). Moscas-das-frutas do gênero Anastrepha são encontradas em todas as regiões brasileiras e até o momento tem-se o registro de distribuição de 112 espécies para o Brasil (Zucchi 2007, 2008). Na região Norte, a maior diversidade de espécies é encontrada atualmente no Amazonas, com o registro de 32 espécies (Zucchi 2007, 2008; Zucchi et al. 2011b). Dentre as espécies de Anastrepha que ocorrem no Brasil, sete causam prejuízos econômicos à fruticultura, Anastrepha fraterculus (Wiedemann), Anastrepha grandis (Macquart), Anastrepha obliqua (Macquart), Anastrepha pseudoparallela (Loew), Anastrepha sororcula Zucchi, Anastrepha striata Schiner e Anastrepha zenildae Zucchi (Zucchi 2000; Malavasi et al. 2000). A identificação das espécies de Anastrepha é baseada em características morfológicas das fêmeas, como padrão alar, coloração do corpo, formato e comprimento do acúleo. Dentre

18 estas características, a principal e determinante para a correta identificação é o acúleo, no ápice do qual são observados caracteres como comprimento, formato, presença ou ausência de constrição antes da serra, número e formato dos dentes (Zucchi 2000; Araujo e Zucchi 2006). Há descrições de ovos para 39 espécies de Anastrepha (Emmart 1933; Lawrence 1979; Steck e Malavasi 1988; Steck e Wharton 1988; Carroll e Wharton 1989; Murillo e Jirón 1994; Norrbom et al. 1999; Selivon e Perondini 1999; Norrbom e Korytkowski 2009; Dutra et al. 2011a, 2011b; Figueiredo et al. 2011). Quanto às larvas, estudos sobre descrição morfológica de espécies de Anastrepha também são escassos. Descrições de larvas de primeiro e/ou segundo instares foram realizadas apenas para Anastrepha bistrigata Bezzi, A. grandis, Anastrepha ludens Loew e Anastrepha suspensa (Loew) (Lawrence 1979; Steck e Malavasi 1988; Steck e Wharton 1988; Carroll e Wharton 1989). As larvas de terceiro instar, foram descritas apenas para 13 espécies (Steck e Wharton 1988; Steck et al. 1990; Norrbom et al. 1999). Para auxiliar na correta identificação das larvas, a técnica molecular de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) associada ao Polimorfismo do Comprimento dos Fragmentos de Restrição (RFLP) tem sido utilizada em estudos de genética de populações de Ceratitis capitata (Wiedemann) (Gasparich et al. 1995,1997; Silva et al. 2003) e também para a identificação de 29 espécies da tribo Ceratitidini na África (Barr et al. 2006). Baseado na técnica PCR RFLP, foi desenvolvido um método para identificar quatro espécies de Rhagoletis no Chile (Salazar et al. 2002) e oito espécies de Bactrocera (Muraji e Nakahara 2002). Apesar de o gênero Anastrepha ter espécies de importância quarentenária, até o momento apenas cinco espécies foram analisadas no estudo realizado por Armstrong et al. (1997), A. grandis, A. ludens, A. obliqua, Anastrepha serpentina (Wiedemann) e A. striata. Nesse estudo, os autores desenvolveram um protocolo utilizando PCR RFLP para diferenciar estágios imaturos de espécies de Anastrepha, Bactrocera e Ceratitis de importância quarentenária para a Nova Zelândia. A metodologia de PCR-RFLP tem o objetivo de detectar polimorfismos de fragmentos de DNA com rapidez e baixo custo. O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas e em 2008 produziu mais de 43 milhões de toneladas de frutas, representando 5% da produção mundial. Apesar de todo o sucesso neste setor, o mercado exportador brasileiro enfrenta algumas dificuldades para a expansão competitiva, como baixo consumo de frutas comercializadas no Brasil, pouca capacitação dos pequenos produtores e restrições quarentenárias impostas pelos países importadores, que têm por objetivo evitar a introdução de novas pragas em seu território (Abanorte 2009).

19 A principal forma de dispersão de espécies de Anastrepha tem sido o transporte de frutos infestados de uma localidade para outra. Com o intuito de evitar a proliferação de novas pragas, vários países vêm adotando medidas de proteção que exigem que os frutos importados passem por um rigoroso tratamento quarentenário, para eliminação de diferentes estágios de vida de possíveis novas pragas (Duarte e Malavasi 2000). Assim, a correta identificação das larvas de Anastrepha é importante para que as estratégias de controle sejam mais específicas e mais eficazes, pois estágios imaturos são comumente interceptados em frutos nas barreiras quarentenárias ou pontos de entrada e é necessário aguardar a emergência de fêmeas para a identificação da espécie. Baseado nessas informações este trabalho teve por objetivo ampliar os conhecimentos sobre ovos e larvas de algumas espécies de Anastrepha por meio da caracterização morfológica e molecular, visando a sua descrição e subsídios para o desenvolvimento de um protocolo para rápida identificação e que possa ser utilizado em programas de controle e quarentena. Vale ressaltar contudo que esse estudo não trabalhou com as mais importantes espécies quarentenárias para os países importadores. Porém fornece uma consistente perspectiva nesse contexto.

20 OBJETIVO GERAL Ampliar os conhecimentos sobre ovos e larvas de espécies de Anastrepha por meio da caracterização morfológica e molecular com a sua descrição detalhada e o fornecimento de subsídios para o desenvolvimento de um protocolo que possa ser utilizado em programas de defesa vegetal. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 1. Descrever os ovos das espécies Anastrepha antunesi Lima, Anastrepha bahiensis Lima, Anastrepha coronilli Carrejo & González, Anastrepha curitis Stone, Anastrepha distincta Greene, Anastrepha leptozona Hendel, Anastrepha manihoti Lima, Anastrepha montei Lima, Anastrepha pickeli Lima, Anastrepha turpiniae Stone e A. zenildae. 2. Descrever as larvas de segundo e terceiro instares de A. bahiensis, A. coronilli, A. curitis e A. turpiniae. Descrever larvas de terceiro instar de A. pickeli, Anastrepha pulchra Stone, A. sororcula e A. zenildae. 3. Obter o código de barras de DNA ( DNA barcodes ) de Anastrepha antunesi, A. atrigona Hendel, A. bahiensis, A. coronilli, A. curitis, A. distincta, A. manihoti, A. pickeli, A. pulchra, A. striata, A. sororcula, A. turpiniae e A. zenildae por meio do sequenciamento do gene mitocondrial COI para inclusão no banco de dados do Tephritid Barcode Initiative. 4. Obter o perfil de haplótipos de adultos e larvas das 13 espécies de Anastrepha citadas no objetivo 3 por meio do uso de PCR-RFLP para dois genes do DNA mitocondrial (COI e 16S) e uma região do DNA nuclear (ITS1).

21 Capítulo 1 Dutra, V.S; Ronchi-Teles, B.; Silva, J.G. Associação de espécies de Anastrepha (Diptera: Tephritidae) e seus parasitóides obtidos de hospedeiros nativos e introduzidos coletados em alguns municípios brasileiros. Manuscrito formatado para Acta Amazonica.

22 Associação de espécies de Anastrepha (Diptera: Tephritidae) e seus parasitoides obtidos de hospedeiros nativos e introduzidos coletados em alguns municípios brasileiros Vivian S. DUTRA 1, Beatriz RONCHI-TELES 2, Janisete G. SILVA 3 RESUMO A dificuldade encontrada para determinar os hospedeiros para espécies de Anastrepha ocorre devido a relatos equivocados ou incompletos, pois geralmente coletas de adultos são realizadas com armadilhas o que impossibilita a associação com frutos hospedeiros. O objetivo deste trabalho foi conhecer a diversidade de espécies de Anastrepha e sua relação com hospedeiros e parasitoides obtidos de frutos nativos e introduzidos coletados em alguns municípios brasileiros. Dos frutos coletados, foram obtidos exemplares de 19 espécies de Anastrepha e seis espécies de parasitoides braconídeos. Dentre as espécies de moscas-dasfrutas obtidas, Anastrepha obliqua (Macquart) foi a mais abundante (17,7%) e Doryctobracon areolatus (Szépligeti) o parasitoide mais abundante (86,0%). Também são relatados alguns primeiros registros de associação de moscas-das-frutas com hospedeiros e parasitoides. PALAVRAS CHAVE: moscas-das-frutas, hospedeiros, braconídeos. INTRODUÇÃO Os insetos da família Tephritidae, também conhecidos como moscas-das-frutas, são consideradas pragas para a fruticultura pelo fato das fêmeas depositarem seus ovos na superfície de frutos verdes ou em amadurecimento (Aluja 1994; Salles 2000). Dos ovos eclodem larvas que se alimentam da polpa dos frutos, favorecendo o aparecimento de fungos e bactérias que aceleram o apodrecimento e a queda prematura dos frutos, causando danos aos mesmos e consequentemente prejudicando a comercialização (Aluja 1994; Duarte e Malavasi 2000; Nascimento e Carvalho 2000; Salles 2000). A família Tephritidae compreende aproximadamente 4.500 espécies (White e Elson- Harris 1992; Norrbom 2005). O gênero Anastrepha Schiner possui cerca de 240 espécies descritas e algumas dessas espécies causam prejuízo à fruticultura (Zucchi 2008; Norrbom e Korytkowski 2009). No Brasil, há o registro de ocorrência de 112 espécies de Anastrepha 1 Programa de Pós-Graduação em Entomologia, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Caixa Postal 478, 69011-970 Manaus, AM, Brasil. 2 Coordenação de Biodiversidade, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Caixa Postal 478, 69011-970 Manaus, AM, Brasil. 3 Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Santa Cruz, Rodovia Ilhéus/Itabuna km 16, 45650-000, Ilhéus, BA, Brasil.

23 (Norrbom et al. 1999; Jesus et al. 2008; Uramoto et al. 2008; Zucchi 2007, 2008; Uramoto e Zucchi 2010). A dificuldade encontrada na determinação de algumas plantas hospedeiras para as espécies de Anastrepha ocorre devido a relatos equivocados ou incompletos, pois em geral são utilizadas apenas armadilhas para coleta de adultos, impossibilitando a associação correta e direta com os frutos hospedeiros. Também são relativamente escassos os estudos em relação aos hospedeiros nativos. A correta associação entre os tefritídeos e seus hospedeiros, seria melhor registrada com a coleta de frutos de plantas introduzidas e nativas de diversas regiões (Norrbom e Kim 1988; Hernández-Ortiz e Pérez-Alonso 1993; Aluja 1994; Hernández-Ortiz e Aluja 1994; Zucchi 2000). Este trabalho teve como objetivo conhecer a diversidade de espécies de Anastrepha e a associação com hospedeiros e parasitoides de frutos nativos e introduzidos coletados em alguns municípios brasileiros. MATERIAL E MÉTODOS Coleta de adultos Foram coletados frutos de hospedeiros nativos e introduzidos de espécies de Anastrepha nos municípios de Manaus (03º06 07 S; 60º01 30 W), Maués (03º23 01 S; 57º43 07 W) e Presidente Figueiredo (02 02 04 S; 60 01 30 W) no estado do Amazonas; de Porto Velho (08º45 43 S; 63º54 14 W) no estado de Rondônia, de Boa Vista (02º49 11 S; 60º40 24 W) no estado de Roraima e de Camamu (13º56 41 S; 39º06 14 ), Itabuna (14º47 08 S; 39º16 49 W), Maracás (13º26 28 S; 40º25 51 W), Una (15º17 36 S; 39º04 31 W) e Valença (13º22 13 S; 39º04 23 W) no estado da Bahia;. As amostras de frutos foram pesadas e armazenadas individualmente em frascos plásticos de 500 ml contendo vermiculita e cobertos por organza. Após aproximadamente dez dias, a vermiculita foi peneirada e as pupas obtidas foram contadas e transferidas para frascos plásticos de 30 ml contendo vermiculita úmida e cobertos com organza até a emergência dos adultos. Os adultos foram mortos em álcool absoluto e posteriormente foram contados, sexados e identificados. As amostras botânicas foram identificadas por Mário Terra e José Lima. Identificação dos adultos A identificação das espécies de Anastrepha foi realizada através das fêmeas. O acúleo de cada fêmea foi extrovertido e colocado entre lâmina e lamínula para análise das características ao microscópio óptico. A identificação em nível de espécie foi baseada em

24 Steyskal (1977), Silva e Ronchi-Teles (2000), Zucchi (2000) e Zucchi et al. (2011a). Os espécimes testemunho foram depositados na Coleção de Invertebrados do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus, Amazonas, Brasil. RESULTADOS Foram coletados 74,53 kg de frutos hospedeiros de 28 espécies botânicas pertencentes a 17 famílias (Tabela 1). No período de 2008 a 2009, as coletas foram realizadas ao longo dos meses. Em 2010 e 2011, as coletas foram realizadas somente nos meses de janeiro a junho. Dentre as espécies botânicas coletadas, 23 apresentaram frutos infestados. Foram coletados 3.665 frutos e obtidas 8.009 pupas, destas emergiram 3.782 adultos (1.640 machos e 2.142 fêmeas). Foram obtidos exemplares de 19 espécies de Anastrepha: Anastrepha antunesi Lima, Anastrepha atrigona Hendel, Anastrepha bahiensis Lima, Anastrepha coronilli Carrejo & González, Anastrepha curitis Stone, Anastrepha distincta Greene, Anastrepha fractura Stone, Anastrepha fraterculus (Weidemann), Anastrepha leptozona Hendel, Anastrepha manihoti Lima, Anastrepha obliqua (Macquart), Anastrepha pickeli Lima, Anastrepha pulchra Stone, Anastrepha serpentina (Wiedemann), Anastrepha sororcula Zucchi, Anastrepha striata Schiner, Anastrepha turpiniae Stone, Anastrepha zenildae Zucchi e uma espécie de Anastrepha ainda não identificada (possivelmente espécie nova). Também foram obtidos 537 parasitoides da família Braconidae (Hymenoptera) das espécies Asobara anastrephae (Muesebeck), Doryctobracon areolatus (Szépligeti), Doryctobracon brasiliensis (Szépligeti), Opius bellus Gahan, Opius sp. e Utetes anastrephae (Viereck) (Tabela 1). Dentre as espécies de moscas-das-frutas obtidas, A. obliqua, A. fraterculus, A. fractura e A. bahiensis foram as mais abundantes com 17,7%, 12,9%, 11,5% e 9,5%, respectivamente. Exemplares de A. obliqua foram obtidos em nove hospedeiros diferentes, sendo quatro espécies botânicas da família Anacardiaceae, três de Myrtaceae, uma de Malpighiaceae e uma de Oxalidaceae (Tabela 1). Desses nove hospedeiros, cinco são de espécies de plantas introduzidas e quatro de plantas nativas. Na Tabela 1, está a associação de A. striata com três espécies nativas da família Myrtaceae; A. bahiensis e A. fraterculus ambas com duas espécies nativas de Moraceae e Myrtaceae, respectivamente; A. manihoti e A. pickeli com uma espécie nativa de Euphorbiaceae; A. sororcula e A. zenildae ambas com uma espécie nativa de Myrtaceae; A. leptozona e A. serpentina ambas com uma espécie nativa de Sapotaceae; A. antunesi, A. atrigona, A. bahiensis, A. coronilli, A. curitis, A. distincta, A. fractura e A. pulchra com uma espécie nativa das famílias Anarcardiaceae, Loganiaceae, Moraceae, Melastomataceae,

25 Passifloraceae, Fabaceae (Mimosoideae), Celastraceae e Sapotaceae, respectivamente. Anastrepha turpiniae foi obtida em frutos de um hospedeiro introduzido da família Combretaceae. Com relação aos parasitoides, a espécie mais abundante foi D. areolatus (86,0%). NaTabela 1, estão as associações de D. areolatus parasitando as espécies A. bahiensis, A. coronilli, A. fractura, A. fraterculus, A. obliqua, A. pickeli, A. pulchra, A. striata e A. turpiniae; Opius sp. parasitando A. bahiensis, A. obliqua e A. fraterculus; O. bellus parasitando A. fractura e A. manihoti; U. anastrephae parasitando A. manihoti, A. coronilli e A. obliqua e D. brasilensis parasitando A. fractura. DISCUSSÃO Neste estudo, foram observadas várias associações entre moscas-das-frutas, hospedeiros e parasitoides e algumas delas são novos registros dessas relações como A. fractura e o hospedeiro Salacia sp. da família Celastraceae. Até então havia o registro de apenas um hospedeiro Maquira sclerophylla (Ducke) C.C. Berg da família Moraceae para A. fractura (Costa et al. 2009). Também foram observadas novas associações entre moscas-das-frutas e parasitoide para A. coronilli e U. anastrephae, A. manihoti e O. bellus, A. turpiniae e D. areolatus, A. fractura e A. anastrephae, D. brasilensis e O. bellus. Até o momento, havia sido relatado A. coronilli sendo parasitada por D. areolatus; A. fractura por D. areolatus e os parasitoides figitídeos Aganaspis nordlanderi Wharton e Aganaspis pelleranoi (Brèthes); A. manihoti por U. anastrephae e para A. turpiniae não havia sido registrado nenhum parasitoide (Zucchi 2008; Costa et al. 2009). Foram listadas na Tabela 1, outras associações observadas entre espécies de Anastrepha, hospedeiros e parasitoides que já haviam sido relatadas previamente (Ovruski et al. 2000; Zucchi 2008; Costa et al. 2009; Marinho et al. 2009; Silva et al. 2010; Ronchi-Teles et al. 2011; Zucchi et al. 2011b). No presente estudo, foram realizados novos registros de associações entre moscas-dasfrutas, hospedeiros e parasitoides coletados em alguns municípios brasileiros, bem como confirmadas outras associações. Estudos sobre esse tema são fundamentais para o acréscimo de novas informações sobre as interações entre esses organismos. Estas informações tornamse referência para outros trabalhos a serem desenvolvidos com moscas-das-frutas e também podendo ser úteis, por exemplo, para a elaboração de medidas para controle biológico dessas espécies.

26 CONCLUSÕES Neste estudo, foi registrada uma nova associação entre A. fractura e Salacia sp. da família Celastraceae. Novas associações entre moscas-das-frutas e parasitoides braconídeos foram registradas para A. turpiniae e D. areolatus; A. manihoti e O. bellus; A. coronilli e U. anastrephae; A. fractura e A. anastrephae, D. brasilensis e O. bellus. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a Ana Claúdia Araújo, Claudemir Campos, Felipe Gomes, José Nilton Medeiros da Costa, Marcos Vinicius Garcia, Mírian Santos, Neusa Hamada, Tatiana Senra, Weber Novaes e Ulisses Neiss pelo auxílio durante as coletas dos exemplares. Esse estudo foi financiado pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - projeto n 575664/2008-8), pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES projeto n 23038.037185/2008-41) e pela Rede Amazônica de Pesquisas sobre Moscas-das-Frutas (Chamada 05/2006 Agrofuturo). Os autores também agradecem ao CNPq pela bolsa de doutorado concedida a VSD.

Tabela 1. Hospedeiros e parasitoides de espécies de Anastrepha. Famílias Espécies Hospedeiros Espécie de Espécie de Peso Frutos Pupas Anastrepha e o n. de Braconidae e o n. (kg) (n) (n) exemplares de exemplares Anacardiaceae Anacardium occidentale L. Nativo 0,9 23 15 4 A. obliqua 2 D. areolatus Mangifera indica L. Introduzido 2,5 6 109 27 A. obliqua 5 D. areolatus Spondias cytherea Sonn. Introduzido 0,09 8 0 0 0 Spondias mombin L. Nativo 8,2 1.055 1.481 149 A. obliqua 4 A. antunesi 87 D. areolatus 43 Opius sp. 3 U. anastrephae Spondias purpurea L. Introduzido 1,2 213 43 7 A. obliqua 0 Celastraceae Salacia sp. Nativo 0,6 14 731 181 A. fractura 60 D. areolatus 3 A. anastrephae 1 D. brasiliensis 1 O. bellus Combretaceae Terminalia catappa L. Introduzido 4,9 64 300 77 A. turpiniae 41 D. areolatus Duckeodendraceae Duckeoendendron cestroides Kulm. Nativo 0,04 14 0 0 0 Euphorbiaceae Manihot esculenta Crantz Nativo 5,1 88 429 114 A. pickeli 3 A. manihoti 128 D. areolatus 4 O. bellus 2 U. anastrephae Fabaceae Inga edulis Mart. Nativo 2,9 17 323 111 A. distincta 0 (Mimosoideae) Loganiaceae Strychnos jobertiana Baill. Nativo 0,3 12 17 8 A. atrigona 0 Malpighiaceae Malpighia glabra L. Introduzido 1,3 93 79 17 A. obliqua 21 D. areolatus 12 Opius sp. Melastomataceae Bellucia grossularioides (L.) Nativo 3,7 476 264 50 A. coronilli 14 D. areolatus 27

Moraceae Triana Helicostylis scabra (Macbr.) C.C. Berg. 1 U. anastrephae Nativo 0,9 92 290 115 A. bahiensis 48 D. areolatus Pouroma cecropiaefolia Mart. Nativo 4,6 14* 113 35 A. bahiensis 9 D. areolatus Myrtaceae Eugenia stipitata Mc Vaugh Nativo 3,3 37 296 56 A. obliqua 0 Psidium acutangulum D. C. Nativo 1,2 7 82 33 A. striata 0 Psidium guajava L. Nativo 10,3 343 1.140 183 A. fraterculus 61 A. striata 3 A. obliqua 2 A. sororcula 1 A. zenildae Psidium guineense Swart. Nativo 2,5 207 164 21 A. fraterculus 21 A. striata 1 Opius sp. 13 D. areolatus 1 Opius sp. 11 D. areolatus Syzygium jambolanum (Lam.) DC. Introduzido 2,1 201 2 0 2 D. areolatus Syzygium malaccense L. Introduzido 4,8 143 86 13 A. obliqua 1 U. anastrephae Oxalidaceae Averrhoa carambola L. Introduzido 0,7 24 35 3 A. obliqua 3 D. areolatus Passifloraceae Passiflora nitida Kunth. Nativo 3,4 33 205 42 A. curitis 0 Peridiscaceae Peridiscus lucidus Benth. Nativo 0,5 23 0 0 0 Rhamnaceae Ziziphus mauritiana Lam Introduzido 1,3 194 1 0 0 Sapotaceae Chrysophyllum prieurii A. DC. Nativo 0,4 55 14 6 Anastrepha sp. 0 Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk. Nativo 5,2 161 1.490 105 A. serpentina 61 A. leptozona Pouteria oblanceolata Pires Nativo 1,6 62 300 119 A. pulchra 20 D. areolatus * Esse valor refere-se ao número de cachos coletados. Novo registro de hospedeiro Novo registro de parasitoide 0 28

Ronchi-Teles, B.; Dutra, V.S.; Tregue-Costa, A.P.; Aguiar-Menezes, E.L.; Mesquita, A.C.A.; Silva, J.G. 2011. Natural Host Plants and Native Parasitoids Associated with Anastrepha pulchra and other Anastrepha Species (Diptera: Tephritidae) in Central Amazon, Brazil. Florida Entomologist, 94(2): 347-349 (Anexo 1). 29

30 NATURAL HOST PLANTS AND NATIVE PARASITOIDS ASSOCIATED WITH ANASTREPHA PULCHRA AND OTHER ANASTREPHA SPECIES (DIPTERA: TEPHRITIDAE) IN CENTRAL AMAZON, BRAZIL BEATRIZ RONCHI-TELES 1, VIVIAN SIQUEIRA DUTRA 1, ALEXANDRA PRISCILLA TREGUE COSTA 1, ELEN DE LIMA AGUIAR-MENEZES 2, ALINE CRISTINA ARAUJO MESQUITA 1 E JANISETE GOMES SILVA 3 1 Coordenação de Pesquisas em Entomologia, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Caixa Postal 478, 69011-970 - Manaus, Amazonas, Brasil 2 Departamento de Entomologia e Fitopatologia, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Caixa Postal 74538, 23890-000 - Seropedica, Rio de Janeiro, Brasil 3 Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Santa Cruz, Rodovia Ilhéus-Itabuna km 16, 45650-000 - Ilhéus, Bahia, Brasil A Amazônia brasileira abriga uma alta diversidade de moscas-das-frutas do gênero Anastrepha Schiner (Diptera: Tephritidae) tendo sido registradas 53 espécies de um total de 103 que ocorrem no Brasil. Destas, 12 espécies de Anastrepha ocorrem exclusivamente na Amazônia brasileira (Zucchi et al. 1996; Silva & Ronchi-Teles 2000; Zucchi 2008). Na Amazônia Central, a maioria dos estudos sobre espécies de moscas-das-frutas foram realizados em áreas de sistemas agroflorestais (Silva et al. 1996; Zucchi et al. 1996), utilizando armadilhas para a coleta dos exemplares (Ronchi-Teles & Silva 2005), e apenas um estudo foi realizado em áreas de florestas não perturbadas, tendo como foco os parasitoides (Costa et al. 2009). Assim, informações sobre a associação entre hospedeiro / moscas-das-frutas / parasitoides ainda é limitada. Neste estudo, foram registradas associações entre moscas-das-frutas e hospedeiros para espécies de Anastrepha na Amazônia Central e no Brasil, e também foram identificados parasitoides braconídeos associados com espécies de Anastrepha.

31 As coletas foram realizadas em uma área de 30 km 2 da Reserva Florestal Adolpho Ducke (RFAD) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), localizado a nordeste de Manaus (02º53 S, 59º59 W) no estado do Amazonas, Brasil. Essa área possui cerca de 100 km 2 de floresta primária. A média anual de temperatura é de 26,5ºC, com a máxima mensal de 38,6 ºC (Dezembro) e mínima de 18,2 ºC (Julho) e média anual de umidade relativa é de 82% (Araújo 1970). Foram coletados frutos maduros ou em amadurecimento aleatoriamente no chão e na copa das árvores a cada duas semanas, no período de outubro/2002 a junho/2003, de março a maio/2009, e de março a maio/2010. Os frutos foram coletados em uma área de floresta de cerca de 30 km 2, onde todas as espécies de árvores já haviam sido identificadas por botânicos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Os frutos coletados foram contados, pesados e armazenados em frascos plásticos de 500 ml contendo uma camada de vermiculita e cobertos com organza até a obtenção das pupas. As pupas obtidas foram contadas e colocadas em frascos plásticos de 30 ml contendo uma camada de vermiculita e cobertos com organza até a emergência dos adultos. Espécimes testemunho foram depositados na Coleção de Invertebrados do INPA. Foi coletado um total de 63,7 kg de frutos de 50 espécies de plantas que fazem parte de 18 famílias botânicas. Um total de 1.398 frutos pesando 19,7 kg de 13 espécies de plantas representado sete famílias botânicas foram infestados por moscas-das-frutas e obtidas 880 pupas (Tabela 1). Foram registradas as associações entre Anastrepha pulchra Stone e Mouriri collocarpa Ducke (Melastomataceae), espécie de árvore nativa e o parasitoide Doryctobracon areolatus (Szépligeti) (Hymenoptera: Braconidae) para o Brasil, pela primeira vez. Anastrepha pulchra foi registrada no Panamá, Venezuela e Brasil (Amazônia) (Norrbom 2002). Também foram registrados dois novos hospedeiros para Anastrepha atrigona Hendel: Strychnos jobertiana Baillon (Loganiaceae) e Pouteria durlandii (Standley) Baehni (Sapotaceae). Três espécies de parasitoides himenópteros Opius bellus Gahan, Opius sp. (Braconidae), e Aganaspis pelleranoi (Brèthes) (Figitidae) foram observados parasitando A. atrigona, pela primeira vez. Até o momento, A. atrigona foi registrada apenas na Venezuela, Guiana, Suriname e Brasil (estado do Amazonas) (Norrbom et al. 1999; Zucchi 2008).

32 Foi registrado um novo hospedeiro para Anastrepha bahiensis Lima, Helicostylis scabra (Macbride) Cornelis Christiaan Berg (Moraceae). Anastrepha bahiensis ocorre no México e no Brasil (em vários estados) (Norrbom et al. 1999; Zucchi 2008). Neste estudo, também foram encontradas Anastrepha bondari Lima, Anastrepha coronilli Carrejo & González, Anastrepha obliqua Macquart e Anastrepha striata Schiner. Seus hospedeiros listados na Tabela 1 já foram registrados anteriormente, bem como vários outros (Norrbom 2002; Zucchi 2007, 2008). Foram observadas quatro novas espécies de Anastrepha, ainda não descritas. Esses exemplares foram obtidos em uma espécie de Annonaceae, uma de Bignoniaceae e duas em espécies de Sapotaceae, respectivamente (Tabela 1). Três espécies de braconídeos (D. areolatus, Opius sp. e O. bellus) e duas espécies de figitídeos (Aganaspis nordlanderi Wharton e A. pelleranoi) foram associadas com espécies de Anastrepha. Também foi realizado o primeiro registro de A. nordlanderi parasitando A. coronilli. Neste estudo, os braconídeos e figitídeos registrados foram encontrados previamente associados com outras espécies de Anastrepha (Canal & Zucchi 2000; Guimarães et al. 2000; Ovruski et al. 2000). Os autores agradecem a Claudemir M. Campos e Ulisses G. Neiss pelo auxílio durante as coletas, José Lima pela identificação das plantas, Carter R. Miller, Gary J. Steck e dois revisores anônimos pelos comentários feitos em uma versão anterior desse manuscrito. Esse estudo foi financiado pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - projeto n 575664/2008-8). RESUMO Um hospedeiro natural (Mouriri collocarpa) e um parasitoide (Doryctobracon areolatus) foram registrados pela primeira vez para Anastrepha pulchra no Brasil. Foram registrados novos hospedeiros para Anastrepha atrigona e Anastrepha bahiensis na Amazônia brasileira. Também foram registrados parasitoides atacando A. atrigona, Anastrepha coronilli e A. pulchra.

TABELA 1. ESPÉCIES DE ANASTREPHA E PARASITOIDES COLETADOS NA AMAZÔNIA CENTRAL, BRASIL. N. de Peso N. de Espécies de Anastrepha Espécies de parasitoides Família Botânica Espécies Botânicas Hospedeiros frutos (kg) pupas (n) (n) Annonaceae Anonaceae (unidentified) Nativo 3 0.317 10 8 Anastrepha sp.1 0 Bignoniaceae Clytostoma sp. Nativo 2 0.096 2 1 Anastrepha sp.3 1 Anastrepha sp.4 Loganiaceae Strychnos jobertiana Baill. Nativo 56 1.970 17 12 A. atrigona 0 Melastomataceae Bellucia grossularioides (L.) Triana Nativo 758 5.029 68 59 A. coronilli 7 D. areolatus 0 1 A. nordlanderi Melastomataceae Mouriri collocarpa Ducke Nativo 13 0.153 108 59 A. pulchra 18 D. areolatus Moraceae Helicostylis scabra (Macbr.) Moraceae C.C.Berg. Helicostylis tomentosa (Planch. & Endl.) Rusby Nativo 92 0.978 290 218 A. bahiensis 48 D. areolatus Nativo 239 2.794 275 162 A. bahiensis 24 D. areolatus Moraceae Naucleopsis sp. Nativo 21 0.803 9 8 A. bondari 0 Myrtaceae Eugenia patrisii Vahl. Nativo 15 0.083 16 14 A. obliqua 1 A. pelleranoi Myrtaceae Psidium guajava L. Nativo 12 0.486 5 3 A. striata 0 Sapotaceae Chrysophyllum prieurii A.DC. Nativo 55 2.970 12 6 Anastrepha sp.4 0 Sapotaceae Pouteria durlandii (Standl.) Baehni Sapotaceae Pouteria williamii (Aubrév. & Pellegrin) T.D. Penn. Primeiro registro de hospedeiro Novo registro de hospedeiro Novo registro de parasitoide Nativo 19 0.567 66 29 A. atrigona 10 Opius bellus Nativo 8 0.358 2 1 Anastrepha sp.2 0 2 Opius sp. 2 A. pelleranoi 33

Ronchi-Teles, B.; Dutra, V.S.; Silva, J.G. 2011. Host Plant of Anastrepha pulchra (Diptera: Tephritidae) in Central Amazon, Brazil - Mistaken Identity Resolved. Florida Entomologist, 94(3): 719-720 (Anexo 2). 34

35 HOST PLANT OF ANASTREPHA PULCHRA (DIPTERA: TEPHRITIDAE) IN CENTRAL AMAZON, BRAZIL - MISTAKEN IDENTITY RESOLVED BEATRIZ RONCHI-TELES 1, VIVIAN SIQUEIRA DUTRA 2 E JANISETE GOMES SILVA 3 1 Coordenação de Biodiversidade, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Caixa Postal 478, 69011-970 - Manaus, Amazonas, Brasil 2 Programa de Pós-Graduação em Entomologia, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Caixa Postal 478, 69011-970 - Manaus, Amazonas, Brasil 3 Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Santa Cruz, Rodovia Ilhéus- Itabuna km 16, 45650-000 - Ilhéus, Bahia, Brazil Anastrepha pulchra Stone é uma das 11 espécies de Anastrepha Schiner que pertencem ao grupo serpentina e não é considerada praga de importância econômica (Norrbom et al. 1999; Norrbom 2002). Registros de ocorrência de A. pulchra estão restritos ao tipo-localidade no Panamá (Stone 1942) e na Venezuela em Aragua e Bolivar (Caraballo 1981; Norrbom 2002). No Brasil, A. pulchra foi coletada em armadilhas e registrada em Iranduba estado do Amazonas, pela primeira vez (Ronchi-Teles 2009). O conhecimento sobre a biologia de A. pulchra é muito escasso. Caraballo (1981) fez o primeiro registro de associação para A. pulchra com uma planta hospedeira da família Sapotaceae na Venezuela, contudo nenhuma informação sobre essa espécie de hospedeiro foi disponibilizada. Norrbom (2002) realizou uma revisão taxonômica do grupo serpentina e afirmou que o único relato de planta hospedeira para A. pulchra é uma espécie indeterminada de Sapotaceae citando Caraballo (1981) como fonte da informação. No Brasil, Ronchi-Teles (2009) registrou A. pulchra infestando frutos da família Sapotaceae coletados na Reserva Florestal Adolpho Ducke no estado do Amazonas, infelizmente esses frutos que não foram identificados e nenhum gênero ou espécie do suposto hospedeiro foi conhecido. Em recente tentativa para investigar potenciais hospedeiros e associação com parasitoides para A. pulchra, foram coletados frutos na Reserva Ducke (RD) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), localizado a nordeste de Manaus (02 53 S, 59 59 W) no estado do Amazonas, Brasil. A reserva compreende uma área de 100 km 2 de